Uma escola integral e integrada
deve ter a preocupação e ações com o todo. Para mim, isso significa uma
educação voltada para o corpo e a mente. Dançar é uma das maneiras de ensinar,
na prática, a expressão do corpo humano em movimento e no ambiente. A dança
disciplina o corpo, os pensamentos, sentimentos e ações. Ela é mais uma
linguagem a ser trabalhada na escola e não fora dela, porque faz parte das
manifestações artísticas de um povo. Ela auxilia na sociabilidade, na quebra da
timidez, dentre outros tantos benefícios!
Não estou aqui dizendo que a
escola deva fazer danças para que os alunos se apresentem em alguma data especial; é mais do
que isto! É levar a criança a adquirir consciência corporal entendendo sua relação
com o espaço e com a natureza.
A dança é uma manifestação
artística que integra corpo e mente de forma indissociável, já que somos um
todo vivendo conosco e com os outros interagindo num espaço chamado planeta
Terra. A criança que vive de forma muito sedentária, com o uso excessivo de
tablet, computador e celular, pode vir a
apresentar encurtamento de alguns músculos por volta dos 10 anos de idade, além
de limitações oftalmológicas. Isso pode ocorrer pelo fato de não realizar os
movimentos micro e macro como a natureza proporciona que façamos. Esta tensão
muscular inadequada pode provocar uma postura incorreta, além do agravo em visão,
audição e o estado de concentração. Passos de dança e alongamentos contribuem
para evitar este tipo de tensão.
Brincadeiras com danças podem ser
ensinadas desde bem cedo porque até as crianças podem nos ajudar a montar
coreografias a partir de seus próprios gestos e movimentos. Para que eles se
interessem pela dança é preciso que se leve em consideração o repertório que
eles possuem e, aos poucos, ir inserindo movimentos que eles desconhecem ou
pouco fazem.
Um dos princípios da educação
infantil é que a criança cuide de seu próprio corpo e, para isto, se faz
necessário que ela o conheça e reconheça. Muitas vezes conversando com professoras
de educação infantil elas me dizem que, para elas, cuidar do próprio corpo é
ensinar as crianças a se alimentarem sozinhas (autonomia), a lavarem as mãos
antes das refeições, a escovarem os dentes depois do lanche, a se limparem
sozinhas no banheiro, essas coisas dos hábitos e atitudes da vida diária. No
meu conceito, cuidar do próprio corpo vai muito além destas atividades de
rotina na educação infantil porque, ao fazer exercícios que sejam de dança ela
aprenderá, de forma lúdica e espontânea, a ouvir e acompanhar ritmos com
expressões e movimentos dos membros e do
corpo como um todo. Isso é possibilitar um caminho para o conhecimento;
primeiramente somos e sentimos corpo e depois começamos a perceber que temos
raciocínio para pensar e planejar nossas ações. Cada coisa a seu tempo!
A dança, além de ser um exercício
de reconhecimento dos limites do corpo, também proporciona uma manifestação
artística/cultural que precisa ser ensinada e vivenciada para fazer parte do
currículo como um todo. Somos um todo integrado dentro de um espaço e, mais do
que isto, vivemos dentro de um planeta que possui vida. Dança é vida, é arte, e
expressão! É ser e estar neste mundo. Dança também é a sustentabilidade da vida
de novas gerações.
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