Quando terminamos nossa visita
pela escola da Ponte fomos até o auditório e as crianças que nos recepcionaram foram
até lá. Arrumaram as mesas e cadeiras, sentaram-se no palco do auditório, e nos
perguntaram o que mais queríamos saber sobre a Escola, dizendo que poderíamos
perguntar. Eu imediatamente fiz a seguinte indagação: Como vocês se sentem
estudando nesta escola?
Não citarei os nomes, mas somente
as respostas dadas. Uma das alunas, que está no último ano ─ o que corresponde,
no Brasil, ao 9º ano do Ensino Fundamental porque na Escola da Ponte não há o
Ensino Médio ─ nos disse assim: “Eu sinto orgulho desta Escola, e tenho vontade
de nunca sair daqui. Esta Escola é única, é diferente; aqui eu posso falar sem
medo, opinar sobre o que eu penso, sem ter que me preocupar”. Com essa resposta
pude perceber que essa garota está vivenciando um momento de luto, porque ela
terá que ser transferida para continuar seus estudos em uma escola “normal”.
Outra criança, que estudou em
outra escola uma parte de sua vida e que agora está na Ponte há quatro anos,
nos disse que gosta muito de estar ali porque ela pode falar, contar sobre as
coisas que pensa e que sente; que nessa Escola ela se sente acolhida, que os
professores são amigos. Explicou que ela pode conversar com eles sobre ela
mesma, seus problemas e que na antiga escola ela tinha medo de falar; disse que
não troca esta escola por nada na vida!
O garoto relatou que tem vontade
que a escola tenha ensino secundário (Ensino Médio, no Brasil), até ele chegar
lá. Que se alguém o tirasse daquela escola, ele se agarraria na gestora, ou nas
portas, e que ninguém conseguiria tirá-lo de lá!
Percebi, por essas falas, que os
alunos amam estar nesse lugar! Eles têm noção de que tudo ali é diferente e,
então, para eles, ser diferente é ser especial. A garota que está no último ano
disse que se for preciso ela parar com tudo o que está fazendo para falar sobre
a Ponte, ela assim o fará porque o Projeto desenvolvido pela Escola consegue
preparar os alunos para a vida como um todo. Explicou, também, que neste ano ela
faz parte de uma das chapas para decidir a mesa da Assembleia, ou seja, as crianças
dessa Escola acabam vivenciando, na prática, o que é ter direitos e deveres
desde cedo! Elas possuem vez e voz, decidem e fazem parte do Conselho Gestor da
escola para melhorias e discussões sobre os problemas que enfrentam em seus
cotidianos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário