Em visita à Escola da Ponte, em Portugal, perguntei aos
alunos sobre qual é a relação da escola com seus pais?
A resposta de uma das alunas me
impressionou: “Nesta escola meus pais podem entrar quando quiserem, mesmo que
seja somente para dar um abraço em mim. Eles podem visitar a escola porque participam
das atividades que eu faço e da minha vida. Os portões estão sempre abertos,
seja qual for a hora; eles não precisam marcar hora para me ver. Já na outra
escola que estudei anteriormente, meus pais precisavam marcar hora para falar
com a direção ou com os meus professores, e se precisassem me ver, não podiam,
precisavam de uma autorização. Aqui não; eles serão bem recebidos o tempo todo
e assim eu me sinto segura e feliz porque meus pais estão comigo aqui na
escola, e eu sei que se eu precisar eles podem vir”.
Na escola da Ponte a família não é
excluída e a escola está tão certa de seu Projeto que não precisa ter medo dos
pais; pelo contrário, eles são partem importante do processo de desenvolvimento
e aprendizagem de seus filhos. Pais presentes, aprendizagem eficaz e eficiente,
crianças autônomas, responsáveis, que possuem noção de cidadania com seus
direitos e deveres conscientes. Sonho?
Não! Na Ponte isto é realidade devido ao compromisso da gestão, do corpo
docente, dos funcionários, dos pais e das próprias crianças. Percebi que a
escola está envolvida como um todo, que existe um compromisso, de fato, com o
processo de ensino e aprendizagem; e mais do que isto, existe um compromisso
real com a vida daqueles seres humanos em formação democrática.
Vocês devem estar pensando que
isso funciona porque é uma questão cultural europeia. Mas será que aqui no
Brasil não podemos ter este exemplo? Não precisamos copiar literalmente, mas
adaptar à nossa realidade. Será que ensinamos na escola, e na família, o verdadeiro
valor do que seja estudar? Será que ensinamos que entre Escola e Família há uma
complementaridade real, ou será que as consideramos como adversárias fazendo
com que cada uma jogue na outra a responsabilidade de educar e de ensinar?
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