É
muito comum, na literatura de educação infantil, vocês encontrarem o conceito
de que crianças produzem cultura e são produzidas por ela. Mas o que significa
isto, de fato?
Primeiro
precisamos entender o conceito de cultura aqui utilizado. Hannah Arendt no seu
livro: Entre o passado e o futuro (1972:267), nos relata que “Cultura é o modo
de relacionamento do homem com as coisas do mundo”. Neste sentido, o modo como
as crianças se relacionam com outras pessoas ─ sejam elas crianças ou adultos ─
e como se relacionam com o ambiente no qual convivem e vivem, é cultura. E elas
moldam e são moldadas por esta cultura para formar o seu “EU”. Portanto,
produzem e são produzidas nas culturas infantis, ou seja, nas vivências,
experiências, nas relações e contatos.
As
crianças, por exemplo, brincam com um cabo de vassoura que vira cavalo, mudando
o rumo estabelecido dos objetos para atender às suas necessidades do momento.
Elas olham o mundo de maneira espontânea, criando e recriando brincadeiras de
acordo com a sua vontade. Olhar o mundo da criança a partir do ponto de vista
da criança, entendendo como ela se relaciona com os objetos e com as pessoas,
pode revelar para nós, adultos, surpresas e uma outra maneira de ver a
realidade. Uma realidade cercada de crianças e de suas culturas infantis. Isto
é importante para que enxerguemos seu mundo e sua forma de se relacionar, e
para que possamos planejar as atividades de acordo com o que elas pensam, sem
achar que elas não sabem nada, que são um mero receptáculo oco à espera de um
conteúdo que venha lhes preencher! Mas também, não podemos propor atividades
e/ou situações significativas que não estejam de acordo com o seu
desenvolvimento naquele determinado tempo. O ditado popular: “ nem tanto no
céu, nem tanto na terra”, cabe aqui
neste momento. As atividades e/ou situações significativas não podem ser fáceis
e nem difíceis demais, mas devem, sempre, respeitar as culturas infantis às
quais as crianças pertencem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário