sexta-feira, 29 de maio de 2015

Minha filha estranha os outros! Não sei mais o que fazer!

Vivem me perguntando por que os filhos (as) estranham as pessoas quando ainda bebês. Uma mãe me disse que passa a maior vergonha porque sua filha de 2 anos não quer ir no colo de outras pessoas. Perguntei à mãe, como os adultos aos quais ela se referia, se direcionavam à criança. Ela me respondeu que como ela é um pouco acima do peso, os adultos apertam suas perninhas, uns dizem que querem morder a bochecha, chegam até mesmo a beliscar de fraquinho a menina. Outros dizem “que fofinha, dá vontade de morder”!

Imaginem uma criança de dois anos que ainda não entende direito o que nós, adultos, falamos de maneira subjetiva, ou mesmo em linguagem figurada! Para elas, morder é morder, beliscar é beliscar, e por aí vai! Não existe para a criança de dois anos frases subjetivas ou figuradas! Agora pensem, imaginem, alguém com o dobro, ou triplo do seu tamanho, querendo te morder... comparem o tamanho da boca do adulto, ao de uma criança de dois anos! Até parece a boca enorme do Lobo mau da estória da Chapeuzinho Vermelho!  Pois bem: brincadeiras à parte, realmente é assustador!


Como não ter medo, ou chorar, se alguém tão mais forte do que você lhe diz estas frases? É natural que elas não queiram ir no colo e comecem a chorar desesperadamente; errado seria se a criança ouvisse tamanha barbaridade e ficasse quietinha e sociável; isto sim, seria de estranhar. Alguns adultos, sem noção, cometem estas falhas dizendo essas frases e tendo esse tipo de atitudes... e depois querem que as crianças ainda os abracem, beijem, enfim, que correspondam com afetividade à grande ameaça iminente? A garota, filha desta mãe que me trouxe essa cena, está certa e coberta de razão ao querer se esquivar, tendo medo e estranhamento daqueles adultos! Afinal de contas, até mesmo nós, quando nos deparamos com uma situação de alguém que não conhecemos, se aproximar muito e chegar até nós para conversar, esse fato acaba por gerar, em nós, um acanhamento e até mesmo uma sensação de invasão de privacidade, que dirá uma criança que está aprendendo a perceber o mundo e o seu entorno? Por que exigir de um ser de dois anos que seja tão sociável com alguém que nunca viu, ou se viu não se lembra porque sua memória ainda está sendo formada? Isto é ridículo e alguns adultos são tão insensíveis que cometem e deixam a criança mais irritada ainda; ela chora, e acaba com o momento que poderia ser tão prazeroso. Por favor, pensem no que falam e fazem com os pequenos! Precisamos de adolescentes e adultos saudáveis, e não neuróticos e violentos.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Meu filho conta muita mentira, isto é normal?

Esta foi uma pergunta de uma mãe em uma de minhas redes sociais. Perguntei quantos anos a criança tinha e ela me disse, oito anos. Não aqui entrar nos fatos em si, mas nas possíveis causas da mentira.

Se uma criança se sente insegura porque já levou bronca, ou até mesmo tapas, por ter contato a verdade em alguma situação anterior, com certeza ela poderá ficar com medo de contar a verdade e os pais não acreditarem nela; resta, portanto, usar da mentira para se defender. Isto não é nada bom por que um filho não deve ter medo de seus pais; deve se sentir seguro para compartilhar com eles tudo o que pensa, deve se sentir acolhido pelos mais velhos para que possa receber orientação e respaldo. No entanto, nem sempre é assim que acontece! Eu sempre tenho dito: conversem sem recriminar, ouçam seus filhos porque quando forem adolescentes, outras pessoas poderão fazê-lo e, se vocês não tiverem feito isso desde a sua infância, eles poderão se perder por não possuírem a pessoa com quem falar em casa.

Outro fator que precisa ser pensado é sobre a questão de ter na família alguém que mente muito e esta criança estar ouvindo este adulto mentir! A criança poderá modelar o adulto mentiroso, achar bonito e passar a ter este comportamento também. Os dois fatos precisam de atenção redobrada: se for medo, precisam eliminar do ambiente este medo e tornar a vida em família mais saudável. Se for um adulto mentiroso que a criança está copiando, precisa conversar com ela e explicar, analisar a vida deste adulto para que ela não o veja como exemplo bom e sim como alguém que possui atitudes que não são boas de serem copiadas. Muitas vezes uma narrativa, uma estória que tenha esse tema em um livro de contos ou fábulas para essa faixa etária, pode auxiliar bem!   

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Menino não pode cozinhar... Será?

Fico indignada em estarmos em 2015 e pessoas ainda querem diferenciar os gêneros dizendo o que as meninas e os meninos, separadamente, podem, ou não, fazer! Como se estas diferenças fossem interferir na opção sexual quando adultos. Então, o fato de classificar as atividades ou brincadeiras por gênero ainda é cultural, e o nosso país ainda está repleto de hipocrisias e preconceitos.

Mas o que quero deixar claro é que cozinhar não é tarefa somente das meninas, e que qualquer gênero pode realizar tal tarefa com maestria, ou não! Eu, por exemplo, não gosto de cozinhar e não me esmero em aprender tal tarefa; consequentemente, nem por isto deixo de ser mulher por conta dessa não- afinidade.

Existem tantos chefs (homens) famosos, que realizam esta tarefa tão bem. É ignorância confundir tarefas que antes eram designadas somente às mulheres com questões de sexualidade e gênero. Ninguém vai deixar de ser homem por realizar esta função. Cozinhar é uma arte de misturar temperos e, com isto, produzir sabores e sensações diferenciadas.

Mães e pais: eduquem seus filhos para saberem sobreviver em qualquer situação de suas vidas, portanto, ensinem também a cozinharem; isto servirá ─ e muito ─ em sua vida de adolescente e de adulto! Não somos eternos, o ato de se alimentar de forma saudável tem sido, cada vez mais, necessário nos dias atuais e, além do mais, seus filhos precisam aprender a enfrentar a vida como ela é.  Procurem imaginar seus filhos já adultos, estudando fora de sua cidade, cozinhando pratos deliciosos e saborosos para eles e para mais alguém! Isto é uma atitude moderna, compatível com os tempos da atualidade do século XXI. Existem culturas nas quais as crianças aprendem a realizar a culinária desde muito cedo, sendo, portanto, um fator cultural bastante antigo. Claro que tudo é feito com os devidos cuidados para não se machucarem.

Então, Bom apetite!

terça-feira, 26 de maio de 2015

“Isto é muito fácil! Você pode fazê-lo”

Às vezes queremos incentivar as crianças dizendo a elas que o que estão tentando realizar é fácil. Cuidado! O que parece ser fácil para nós, adultos ─ que já aprendemos por que passamos pela experiência ─ pode não ser para elas que nunca vivenciaram tal situação. E no lugar de incentivo, o tiro pode sair pela culatra, fazendo-as pensarem que algo pode estar errado com elas, já que é tão fácil e não conseguem!
O sentimento de “sou um fracassado” pode aparecer e eles se sentirem incompetentes por não conseguirem realizar algo que é tão simples, conforme lhes é dito. Isto poderá diminuir a autoestima e as crianças se sentirem desencorajadas, querendo desistir. Na próxima vez nem tentam por que o sentimento de incapacidade é acionado, junto com a memória de não ter sido capaz... e aí acaba ficando tudo muito mais forte.
O que fazer? Digam-lhes: “isto pode ser difícil antes da gente aprender como se faz. Eu também não conseguia fazer até que um dia alguém me ensinou”. O, então, “sim, isso é difícil, precisa estar muito atento pra se conseguir fazer, demora um pouco, mas depois de algum treino a gente consegue”. Vejam a diferença que esse tipo de atitude imprime na criança: saber que o adulto age com verdade e mostra que ele também já passou por dificuldades para aprender ou realizar algo, que ele não é o super-isso, super-aquilo que tudo sabe e tudo faz! Saber e sentir que o adulto é um ser humano e que também já foi criança, que agora esse adulto pode auxiliar porque aprendeu e sabe o caminho!
Agindo assim, passaremos para as crianças que se elas conseguirem terminar o que lhes foi proposto sentirão que são grandes! Grandes por terem conseguido realizar algo difícil! Isso aumenta a autoestima e incentiva os pequenos a buscarem novos desafios. Tudo depende de como você, adulto, fala e interage com as crianças.


segunda-feira, 25 de maio de 2015

Fazer pelas crianças a lição de casa: certo ou errado?

Uma mãe relatou que seu filho de seis anos não consegue fazer a lição de casa e que muitas vezes, para ele não levar bronca, ou bilhetes da professora, quem faz o dever de casa é ela. Embora ela saiba que está errada, acaba fazendo, mas acabou me pedindo socorro. Vamos lá:

A lição de casa deve ser o reforço pelas atividades que foram dadas em sala de aula, e nunca devem ter um conteúdo novo. Assim, essa mãe deve rever com a criança o que foi dado em classe; esse é o primeiro passo quando eles dizem que não conseguem fazer. Então, fazer por eles não é adequado porque lhes dá a sensação de não serem capazes de fazer, rouba-se deles a oportunidade de aprenderem habilidades para a vida, além de fazê-los se sentir incompetentes diante do desafio.  O contrário disso é oferecer-lhes a satisfação de se sentirem independentes. Quando fazemos algo para alguém dizemos ocultamente: “Você não é capaz!” Ora, o que isto tem de construtivo na vida de uma criança?


Estudar junto, rever o que foi dado em sala de aula, entender as dificuldades do filho, propor maneiras diferentes com materiais concretos, ou mesmo com a ajuda da internet, pode representar algumas boas saídas. Às vezes, a criança não compreendeu direito o conteúdo dado em sala de aula ou, então, há falhas em conteúdos de conhecimentos anteriores para sua compreensão; um exemplo é que para ensinar as quatro operações, antes a criança precisa saber os números e a sua sequência. Enfim, temos que dar oportunidades de fazer com que nossas crianças se sintam com satisfação pessoal por sentirem que são capazes de resolver algo por conta própria. A autoestima sobe e, com isso, a aprendizagem ocorre, de fato, para a vida toda.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Boa noite!

Uma aluna me contou que todas as noites encontra com o mesmo rapaz na portaria do prédio onde mora, que ele mexe, brincando, com sua filha de dois anos e meio, e diz assim batendo na cabecinha dela: “Boa noite!” A menina, por sua vez, não responde e a mãe acaba ficando sem graça com o rapaz. Perguntei a ela se a filha sabia o que significava “boa noite” e ela me respondeu que a garota sabe o que é noite e o que é dia. Continuei minha indagação: mas ela sabe o que é “boa noite” e “bom dia”?   Ela me respondeu que boa e bom ela não sabe. Pois é: nós, adultos, achamos que as crianças com dois anos e meio sabem tudo e não é bem assim.

Essa menina, ainda por cima, leva um tapinha na cabeça todos os dias e deveria responder de maneira educada para este adulto? É óbvio que ela não deve gostar do tapinha e, além do mais, não sabe/não entende o que o rapaz lhe está desejando! Para os adultos esta cena é muito comum, mas para a criança, que não entende nem uma coisa e nem a outra, com certeza não é!  


Imagine você, adulto, levando um tapinha na cabeça todas as noites de alguém que lhe deseja um boa noite!  Vocês não acham que entre o tapa e a frase tem alguma coisa de antagônico?  Fazemos coisas que até Deus duvida e depois queremos que as crianças sejam educadas em uma situação como esta! Criança é espontânea e se ela sente que não está bem, não vai responder, mas como os adultos não sabem o que fazer, esperam que as crianças sejam gentis com quem lhes dá um tapinha em sua cabeça, à noite, quase na hora de dormir! Pode isto?

quinta-feira, 21 de maio de 2015

“Deixe que eu faço, você está fazendo tudo errado mesmo!”

Estava na casa de uns amigos quando vi a cena que irei contar para vocês. Uma menina de 10 anos estava fazendo bolo de caneca no micro-ondas. Ela colocava os ingredientes, mexia a massa, enfim, estava se divertindo, o dia estava chuvoso e ela resolveu fazer o bolo para todos nós. Mas ela colocou massa demais em algumas canecas e quando foi para o micro-ondas o bolo esparramou da caneca e sujou a bandeja. Quando sua mãe viu a sujeira imediatamente deu uma bronca na menina e não deixou que ela terminasse o que estava fazendo. Repreendeu-a na frente de todos e, é claro que a garota se sentiu mal e envergonhada! Ficou emburrada e não quis mais nem ficar perto de nós; a tarde que parecia agradável acabou se transformando em um verdadeiro pesadelo para a garotinha.

A mãe continuou a fazer os bolos de caneca, mas sem a presença da menina. Fiquei tão irritada com aquela cena que precisei me segurar, afinal, eu não estava em minha casa e aquela menina não era minha filha, claro! Mas a mãe, em vez de incentivar a filha a continuar a fazer o bolo, explicar que ela deveria ter colocado massa somente até a metade da caneca porque o bolo continha fermento e iria crescer, portanto, poderia esparramar, não! Ela simplesmente ficou brava e, ainda por cima, disse que faria por ela já que ela estava fazendo tudo errado. Além disso, falou isso tudo na frente de todos que ali estavam. Que falta de noção dessa mãe: será que uma menina de 10 anos teria todo o conhecimento de tudo o que estava sendo feito, do crescimento do bolo, do fermento, enfim, será que ela sabia? Com certeza que não!


Nota zero para essa mãe, que em nada ajudou na construção de conhecimento para sua filha, do que seja fazer um bolo de caneca, se sentir feliz quando nos fosse servir, juntamente com o café que estava sendo preparado... e a nossa tarde que parecia ser deliciosa, já que a menina estava nos oferecendo algo que gosta de comer e que sabia fazer ─ pelo menos na sua medida, para uma ou duas pessoas, e não para 6 ─ a tarde passou a ser chata, pesada e vergonhosa pela atitude tomada por sua mãe. Comi o bolo, o qual desceu goela abaixo meio que atravessado! Chamei a garota, procurei elogiar a massa do bolo, a consistência e, principalmente a ideia que ela teve! No entanto, mesmo com o meu elogio ela estava triste porque além de ter se sentido exposta pela bronca que a mãe lhe deu na frente de todos, ela tinha preparado alguns confetes, chocolate granulado e castanhas para colocar em cima... mas acabou ficando tudo interrompido pela atitude inadequada de sua mãe! Pois bem: se esta garota não gostar de cozinhar, no futuro, saberemos o porquê. Uma atitude corretiva sem respeito, cuidado e orientação, fazendo cobranças e exposições... é possível que esta menina não goste de cozinhar pelo resto de sua vida!

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Cabeça não foi feita para ficar de enfeite...

Um menino de 6 anos fazia tarefa de casa quando solicitou a ajuda de sua mãe porque não estava conseguindo realizar as contas sozinho. A mãe explicou uma vez, mas o menino continuava sem entender como é que fazia. A mãe, nervosa com os fatos, e estressada do trabalho, começou a humilhar o menino dizendo que cabeça foi feita para pensar, que ele era burro, avoado, etc.

Ora: uma pessoa que realiza este tipo de comportamento realmente não nasceu para ser mãe maternal, porque dizer essas barbaridades para uma criança de 6 anos que não consegue fazer contas sozinho, é um verdadeiro absurdo! Com essa idade, muitas crianças estão começando o processo do raciocínio lógico, de aprender o que significam as contas de matemática, como é que aqueles números correspondem à realidade, ou seja, muitas vezes elas precisam visualizar no concreto o que significa adicionar, subtrair... Parece fácil para o adulto, mas para quem ainda está aprendendo pode ser muito difícil.


Por que dificultar a aprendizagem de matemática de uma criança de apenas seis anos? Ela poderá não gostar de matemática para o resto de sua vida, por acabar guardando em sua memória os apelidos e designações que sua mãe lhe passou; e isso, pode se transformar em raiva em relação a um tipo de conhecimento fundamental e que faz parte o tempo todo de nossa vida cotidiana: a tal da matemática! Quando uma criança está aprendendo ela precisa de adultos calmos, presentes e, mais do que isto, precisa de pessoas que se preocupem com a aprendizagem em si e não com xingamentos e humilhações. Xingar, humilhar só piora o processo de aprendizagem, e o produto poderá ser catastrófico na vida desta criança para sempre. Amem seus filhos e lhes ensinem, se for o caso, até que eles possam compreender como é que o abstrato se refere ao concreto. Ensinem sem cobrança e sem pressa! Se precisar, expliquem 10 vezes, mas façam com calma, respeito e amor!

terça-feira, 19 de maio de 2015

Cuide de seus pensamentos e falas

Vejo muitas famílias reclamarem o tempo todo, de tudo, na frente das crianças. Se está sol e calor, reclamam; se está chovendo, também reclamam... ou seja, são pessoas adultas que nunca estão satisfeitas com nada. E neste ambiente de eternas reclamações existem crianças absorvendo tudo, já que os adultos são os exemplos para as crianças.

Pessoas realizadas não reclamam, mas enfrentam as dificuldades sem medo. Um ambiente encorajador de pessoas que veem o lado positivo da vida mostra aquelas que agradecem se o dia está quente, e ficam gratas com a chuva, pois entendem que nenhum dia é igual ao outro e que tudo passa.


Minha preocupação são as crianças que vivem neste ambiente sombrio de reclamações o tempo todo: como poderão se desenvolver de forma saudável se tudo que está a sua volta é ruim?    Como ser um adolescente que busca sua independência de pensamentos, sentimentos e ações positivas se em seu entorno tudo é reclamação e nada há de gratidão? O ato de agradecer e a gratidão fazem parte da vida positiva de uma pessoa para que ela possa adquirir novos e maiores desafios que a vida lhe impõe. Pessoas positivas agradecem pelo dia quente, pelo dia chuvoso entendendo que a vida é feita de momentos, que tudo é passageiro e que, acima de tudo, a vida está presente. A vida se manifesta com o seu tempo, a sua forma e a sua força e, neste plano, a vida é passageira; não sabemos quanto tempo estaremos por aqui, afinal, temos um dia de entrada, mas não sabemos o dia da saída. Então, por que não buscar ser feliz no tempo que estamos aqui? Para que isso seja possível precisamos de modelos de adultos realizados, felizes e agradecidos.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A Criança vence os adultos por birra: certo ou errado?

Estava na fila de uma loja de departamentos de um shopping, e na minha frente estavam uma mulher, um homem e um menino de uns 4 anos. Enquanto os pais pagavam a conta, o garoto foi até a prateleira e pegou um cinto do Homem Aranha. Ele experimentou sozinho e colocou para os pais pagarem. A mãe logo disse que não iria levar, enquanto o pai não se manifestou em nada. Nesse momento, o garoto simulou que iria bater na mãe com o cinto, fazendo isso na frente de todos que estavam naquela fila do caixa, dentro da loja. Bem, chegando a sua vez de pagar pelas compras feitas, a senhora colocou sobre o balcão os produtos que havia escolhido e sobre os quais estaria realizando o pagamento, e o cinto do Homem Aranha ela o manteve dentro da sacola da loja.  Deu uns passos e se dirigiu para o outro lado do caixa para aguardar o pacote com suas compras. Nesse momento o filho, dando uma de esperto, pegou o cinto e o colocou junto das compras no momento em que a mãe se afastava e o pai inseria o cartão de pagamento na máquina. Ele insistiu com o pai e este, diante da solicitação do filho, pediu à moça do caixa que colocasse o produto na conta. A mãe, por sua vez, quando percebeu a manobra do filho e a concordância do marido, ficou inconformada e disse que aquilo estava errado, que não se poderia dar ao garoto tudo o que ele queria, que se fosse assim sempre ele acabaria querendo cada vez mais, enfim, falou e falou, enquanto o pai pouco lhe ouvia; acabou pagando pelo produto e o menino agradeceu-lhe bastante alegre! Vamos às análises:

Não pode haver discrepância de atitudes entre pai e mãe ─ principalmente na frente da criança e de pessoas estranhas ─ porque isso acaba gerando um fator de que um fica como bonzinho e o outro como o mau. Quando a criança percebe isto, ela tende a se aproveitar dessa situação para fazer cada vez mais chantagens. O menino ameaçou bater na mãe, mas não no pai. Por quê?  Provavelmente, porque esse tipo de situação já ocorreu outras vezes: a mãe é a chata e a castradora, enquanto o pai é o benevolente e generoso.

Não devemos dar tudo o que a criança quer, principalmente na hora que ela quer. Isso não é educativo, não auxilia de forma alguma no desenvolvimento da personalidade e da compreensão da vida social. Afinal, a vida adulta é cheia de limites e de frustrações e as crianças devem aprender a lidar com isso desde pequenas. Atrás de mim, na fila daquela loja, estavam duas senhoras conversando e observando a cena que eu acabo de relatar; nessa conversa eu ouvia o que uma dizia prá outra: “Eu dei pro meu, quando era pequeno, tudo o que ele queria, cedi a todas as chantagens que ele me fazia, principalmente porque eu ficava longe dele o dia todo porque eu trabalhava. Hoje, com 22 anos, eu não consigo mais dar o que ele quer. Mal consigo pagar a faculdade, mas ele quer trocar de carro, quer roupa de marca, tênis caro... Nossa! Como eu me arrependo de não ter dado um breque naquele tempo!” 

Então, pais: Nós nunca sabemos como será o dia de amanhã. Vamos imaginar que o rapaz de 22 anos pudesse ter, ainda, todas as coisas que o dinheiro pode comprar... mas apaixonou-se loucamente por uma garota que apenas o quer como um amigo, um colega de faculdade; imaginemos que essa garota também estivesse apaixonada por outro rapaz, namorando e sendo feliz. Quem é que vai dar, agora, a esse rapaz que se acostumou a ter tudo o que queria, a garota pela qual ele está apaixonado? E se ele não a conseguir, o que fará para lidar com essa frustração, se ele nunca esteve sujeito a isso?
Pois bem: limites se aprendem na vida, dos zero aos sete anos, principalmente!


sexta-feira, 15 de maio de 2015

“Não chore, não é nada sério!”

Quando alguém está chorando, algum motivo tem. Choramos de alegria, ou de tristeza, mas nunca em vão. Chorar é expressar uma emoção ou um sentimento que guardamos dentro de nós. Chorar é algo sério. Então, por que dizer a uma criança que o choro não é algo sério? A criança chora de fome, de dor, de raiva, de alegria... algum motivo tem e identificar este motivo requer, por parte do adulto, uma observação do que está acontecendo naquele momento.

Muitos pais ignoram este fato e acham que é frescura. No lugar de perguntarem o que está acontecendo, poderiam perguntar: “Posso te ajudar de alguma forma?” Mas, não! Acabam não dando importância ao fato e ─ acreditem ─ isso dói ainda mais para a criança! Então, ter uma atitude de demonstrar que você está junto com ela, independente de qualquer situação, é mostrar carinho e afeto, é dar segurança a um momento de incertezas e de dúvidas. É dizer assim: “Filho, estou com você para o que você precisar. Conte comigo sempre!” Sim, porque quando um adulto expressa diante de uma criança o que ele está sentindo, isso é muito importante porque traz proximidade, confiança, e acaba ensinando à criança que ela precisa aprender a se expressar e a colocar para fora o que ela sente, como pensa diante do fato/situação, como pode agir sem se ferir e sem ferir ao outro.

Expressar as emoções e sentimentos é importante para a saúde psíquica de qualquer ser humano. Incentivar a falar sobre o choro é importante, ao invés de ter que engoli-lo. Às vezes, para um adulto, as crianças choram por nada, por exemplo: se quebram uma garrafinha de água, choram!
~Isto parece sem importância para alguns adultos, mas perguntar o por quê ela está chorando, não perguntam. E se ela desejava muito a garrafinha? E se a garrafinha fazia parte de um brinquedo que ela estava realizando naquele exato momento, se era um personagem importante... Às vezes o choro pode expressar tanta coisa, mas não o levamos a sério.


Outro fato importante, é que, dependendo da idade da criança, se ela ainda não sabe direito expressar o que está sentindo sobre algum fato ou situação acontecida, falar sobre o assunto ajuda a entender a própria dinâmica do cotidiano. Choro é sério, sim, e deve ser levado a sério por você, adulto! Nunca diga a uma criança que chora que ela não precisa chorar porque não é nada sério o que ocorreu. Ao contrário: apóie nesse momento. Quantos de nós gostaríamos de ter alguém que, quando estivéssemos chorando, viesse e nos consolasse! Se nem mesmo nós sabemos verbalizar e nos expressar diante do que sentimos? Não façamos para os outros aquilo que não queremos que façam conosco, independente da idade que seja. 

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Pratique o desapego com as crianças

Criança precisa aprender a se desapegar de roupas, calçados e brinquedos desde pequena. Roupa e sapato até que é mais fácil porque elas crescem e o vestuário não serve mais; porém, com relação aos brinquedos, a tarefa é mais complicada.

Uma vez a cada seis meses é importante rever quais são os brinquedos que já não utilizam mais, que não querem, ou que estão quebrados. Uma boa dica é utilizar três caixas onde uma pode ser de doação, outra de lixo e a última, de brinquedos que ainda estão utilizando. Outra dica de economia e educação para a vida é vender alguns brinquedos de boa utilidade e que não querem mais e, com o dinheiro, ensinar à criança que ela poderá comprar outros brinquedos que sejam de seu desejo.

Desapegar de algo material é uma atitude importante, é um treinamento para aprender a se desapegar de dores emocionais, quando estas existirem. Muitas pessoas, quando são adolescentes ou adultos, sofrem pela perda de alguém, pelo fim de um namoro, enfim, por várias situações de perdas e lutos, e acabam sofrendo muito porque não possuem o comportamento de se desapegar; acabam ficando agarradas a sofrimentos ─ muitas vezes desnecessários ─ e não conseguem enxergar o lado bom da vida. Sofrem durante anos, ou mesmo por uma vida inteira, tudo porque não aprenderam a lidar com perdas emocionais. Que tal começar a praticar, com seu filho, o desapego desde pequeno? Desapegar-se de coisas materiais é uma forma de aprender a lidar com as perdas de maneira construtiva para o resto de suas vidas.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

“Você é feio, gordo e burro, eu não quero brincar com você”

Uma professora me relatou que dois meninos estavam brincando, quando um deles expressou verbalmente a frase acima, e que ela não sabia o que fazer, porque ninguém queria brincar com o garoto que está acima do peso, que transpira bastante, que não aguenta correr ou mesmo fazer uma atividade interessante! Disse que nas brincadeiras de corrida, ou competição entre equipes, as crianças até choravam porque não queriam o garoto no grupo e falavam abertamente, para quem quisesse ouvir, que se o menino entrasse no grupo deles eles iriam perder porque ele não aguentava correr. Desesperada, essa educadora me pediu auxílio.

Isto é muito sério e corriqueiro de acontecer nas instituições de ensino. Propus à professora que não incentivasse, por enquanto, brincadeiras de corridas, ou mesmo as que envolvessem exercício físico que ele não conseguisse realizar a contento.  Depois, pedi que fizesse dinâmicas nas quais as crianças se reconhecessem em suas dificuldades, ou seja, atividades que mostrassem ao grupo todo as facilidades que alguns têm em alguns aspectos, e as dificuldades também. Existem algumas dinâmicas infantis de reconhecimento do próprio corpo e de sua capacidade cognitiva. Pedi que não conversasse com o grupo todo na frente do menino, mas que esclarecesse a todos que ser gordo pode ser uma doença física, e que conversasse sobre o problema obesidade sem expor o garoto. Que eles se colocassem no lugar do menino, se gostariam de serem chamados de feios, gordos ou burros... que pensassem antes de ofender alguém, que não fizessem para o outro aquilo que eles não gostariam que alguém fizesse para eles, enfim, propus à professora que trabalhasse com o grupo o processo de exercer a alteridade, o que em psicologia é se colocar no lugar do outro na relação interpessoal. Este conceito é aprendido, e devemos educar as crianças desde pequenas a ter este comportamento. Mas isto deve ser vivenciado sem castigos ou chantagens, e sim exercitando a amorosidade de uns pelos outros.

Indiquei, também, que ela procurasse os pais do garoto para saber por que ele está acima do peso, se é uma doença física, emocional ou até mesmo alimentação inapropriada. Disse a ela que é importante, como professora, saber do que se trata para propor dinâmicas que ajudem este menino a superar este problema e a conseguir interagir com a sala de forma harmônica e respeitosa. Por exemplo, se é por conta de alimentação, na escola ela poderá propor situações que envolvam frutas na alimentação das crianças, explicações sobre a função dos alimentos e nutrientes em nosso organismo, enfim, sugeri que ela soubesse do problema, para depois agir; mas nunca expor o fato abertamente na frente do garoto.


terça-feira, 12 de maio de 2015

“Será que posso usar o banheiro em paz, pelo menos um minutinho?”

Uma mãe se queixou de que sua filha é muito grudada com ela e que nem para ir ao banheiro a menina se solta, que fica na porta o tempo todo. Com essa queixa, ela me pediu socorro e eu acabei lhe fazendo alguns questionamentos: Você, mãe, se sente segura para deixar sua filha de quatro anos sozinha enquanto você vai ao banheiro? Ela me respondeu que não, que tem medo da menina se machucar, de pegar alguma coisa e quebrar, de aprontar alguma coisa e de que algo ruim possa lhe acontecer. Que ela sempre fica atenta, de olho aberto onde a filha está, onde está mexendo, o que está fazendo, etc, o dia todinho! Disse, também, que ela não se perdoaria se alguma coisa acontecesse com a menina. Tornei a lhe perguntar: O que você diz para ela quando quer ir ao banheiro e ficar sozinha? Não digo nada; saio de fininho para que ela não perceba, mas se eu me ausento, se ela não me vê, fica me procurando e começa a chorar.

Bem, o caso é mais complicado do que vocês imaginam. Na verdade, essa mãe é completamente insegura e possui medos de que a criança se machuque, de que ela morra. Enfim, essa mãe se sente cobrada por ela mesma, tendo que ser uma excelente mãe, uma perfeita guardiã da filha 24 horas por dia! E isto, como não é normal e nem saudável, a está levando à exaustão, é óbvio! Ninguém consegue ser o guarda-costas de ninguém o tempo todo! Principalmente dentro de casa, quando se supõe que esse lugar seja um espaço de conforto, de relaxamento, de descontração!

Todos nós precisamos de espaço para nós mesmos, até para percebermos quem somos e o que queremos. Perguntei a ela por que se sente tão cobrada e ela me respondeu que não teve mãe, que ela ficou órfã aos dois anos de idade, e que foi criada pelo pai e pelos irmãos mais velhos. Por isso, ela sentia que sua filha deveria ter a presença constante de sua mãe lhe dando atenção e proteção!
Pois bem, o caso é grave mesmo: ela não possui referência de ser mãe, porque não teve, e o medo da morte, da perda, vem por conta da morte da mãe. Ela me relatou, também, que outras pessoas da família que estão a sua volta cobram para que ela seja uma excelente mãe, que não precisa trabalhar fora porque o que o marido ganha é mais do que suficiente para manter a família, enfim, essas coisas acabaram por torná-la cada vez mais obrigada a desempenhar uma excelente função materna. Aconselhei-a a procurar ajuda de um especialista e resolvi contar esta história para que as pessoas não julguem o comportamento de alguém apenas pela aparência dos fatos, já que nós não sabemos o que cada um sente dentro de si, qual é a história que se traz registrada na memória das emoções. Esta cobrança é algo que vem de sua infância e precisa ser trabalhada para que ela não prejudique o desenvolvimento de sua filha, afinal, essa criança precisa aprender a “respirar sozinha”!


Então, não é a menina que não a deixa sozinha para ir ao banheiro, mas é ela que tem a insegurança dentro de si e que não deixa a filha sozinha por nem um minuto apenas!  A criança aprende e sente o que o adulto está fazendo. Essa mãe precisa de ajuda para que ela se sinta forte o suficiente para deixar sua filha sozinha por 5 ou 10 minutos, sem ter medo de que algo ruim possa lhe acontecer.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

“Porque não come, fica de castigo no banheiro!”

Ouvi este absurdo de uma mãe que tem dois filhos, um de sete e o outro de quatro anos. Ambos são magros, esbeltos e, como toda criança, gostam de brincar. Muitas vezes, não querem comer para poderem brincar mais, ou porque realmente não estão com fome... porque toda pessoa com fome quer comer! A mãe me disse que eles não experimentam nada de novo, não comem frutas e nem verduras, e quando comem, querem somente batata frita e carne moída com arroz e feijão. Que ela já tentou de tudo, e que agora é assim: não comeu, vai ficar de castigo! Cada filho trancado em um banheiro do apartamento! Fiquei horrorizada com esta atitude da mãe, mas a compreendi que estava no seu limite e que precisava de ajuda. Vamos lá:

A alimentação da criança tem a ver com a alimentação da família em si. Se a mãe não comeu frutas, verduras e coisas saudáveis na gestação, isto irá influenciar na alimentação do filho depois, mas claro que poderá ser corrigido. Experimentar legumes e frutas novas deve ser algo para todos da família, ou seja, os hábitos alimentares da família precisam mudar: devem começar a fazer as refeições todos juntos, devem estabelecer metas para que todos cumpram, enfim, o que os pais querem que os filhos façam, eles primeiro devem fazer e dar o exemplo.  Muitas vezes vejo pais querendo que as crianças comam isto ou aquilo, quando nem eles próprios comem. Isto, no meu conceito, é errado, porque se é para ser uma alimentação saudável, todos devem comer e não apenas os pequenos.

Agora, o que quero comentar é o fato do castigo: se essa mãe achou que colocando os filhos de castigo, no banheiro, iria surtir o efeito esperado, me desculpem, mas isto é ignorância! Primeiro porque os meninos são pequenos demais para ficarem presos num lugar como o banheiro que oferece perigo. Segundo porque eles podem aliar comida com algo de privação total e podem vir a ter problemas mais sérios ainda quando adolescentes ou adultos. Terceiro porque não se estabelece novos hábitos alimentares com punição. E quarto, porque banheiro é um local associado à higiene pessoal e íntima, nada tendo a ver com alimentação, ou seja, porque não comi fico aqui nesse lugar onde se faz xixi, coco e se toma banho? Como assim?


A comida e o ato de comer deve ser algo prazeroso na vida das pessoas; é pela nutrição e boa alimentação que nós conseguimos força e energia para nos mantermos saudáveis. Já imaginaram um adulto preso no banheiro porque não quer comer naquele dia, ou então por que come demais? Então, por que fazer com os pequenos isto?  A alimentação deve ser um momento de saciedade e de felicidade, e não de castigos ou punições descabidas. Pensem nisto. 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

SUSTAINABLE PLAYROOM












“Vá trocar de roupa, assim eu não saio com você. Eu tenho vergonha de você”

Já pensaram em ouvir de alguém a quem você ama ter vergonha de sair com você por causa de uma roupa que usa ou que deixa de usar? Será que uma roupa é mais importante do que o que a pessoa realmente é? Eu já ouvi uma frase assim quando tinha 12 anos, de uma pessoa bem próxima, eu me lembro até hoje. Claro que, na época, doeu muito, mas os anos se passaram, eu perdi o contato com esta pessoa, e embora seja uma pessoa da minha família, quase nunca nos vemos porque moramos bem distantes.

Pais: cuidado com o que falam aos filhos, afilhados, sobrinhos... sua expressão tem um significado muito forte para as crianças. É muito duro ouvir de um adulto que ele sente vergonha de você! É muito ruim, em nada contribui para a autoestima, para algum tipo de ensinamento ou de aprendizado. Existem maneiras e maneiras de se falar sem ferir.  Se acha que a roupa esta inapropriada para o local aonde vão, que tal explicar o porquê de não colocar aquela roupa naquele local, mas falar com calma, explicando, educando. Uma maneira interessante é dizer para a criança, por exemplo, “vamos ao supermercado de roupa de piscina ou de praia? Vamos ao shopping de pijama? Vamos à praia de bota e blusa de lã?


Perguntar sempre para que a criança vá adquirindo discernimento e entendendo os por quês da vida. Infelizmente parece mais fácil humilhar, ridicularizar. Vejo isto ocorrer com tanta frequência em famílias dos mais diversos níveis sociais.  Se os seus pais fizeram isto com você, pergunte-se a si mesmo o que isso contribuiu para que você desenvolvesse a sua autoestima? Quanto você se ama e gosta de si? Quanto é feliz hoje com os comportamentos de seus pais para com você? Se não gostaram dos comportamentos que seus pais tinham com vocês, quando eram crianças, não reproduzam isso com seus filhos. Seria muito melhor dizer: “tenho orgulho de você, de sua capacidade, de sua maneira de se vestir, porém, acho que para aquele lugar, aquela festa esta roupa não está apropriada, vamos escolher outra juntos? ” Faça deste momento algo leve, uma boa diversão; ocupa muito tempo? Mas é importante ter tempo para quem amamos. Afinal, nossa vida é curta! Como é que vocês gostariam de ser lembrados quando partirem? Como pessoas agradáveis, seres humanos, de fato, ou como pessoas más, chatas, inconvenientes? Pensem nisso!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

“Se você ficar bonzinho eu te dou uma balinha”

Estava saindo de um restaurante quando duas crianças (meninos pequenos) estavam se dirigindo ao carro com o pai e com a babá. Sei que era a babá, pois já os tinha observado dentro do restaurante. Todos caminhavam suavemente, sem problemas; o menor estava andando com a babá na frente e o maior com o pai atrás.

O menor conversava com a babá querendo algo, e ela então disse que se ele ficasse bonzinho era lhe daria balinhas. Pura chantagem emocional! Então, adestramos crianças com chantagens? Mas será este o mais correto na educação?  Em minha opinião não! Se ele queria algo, o adulto deveria conversar se era possível realizar o seu desejo naquele momento, mas usar de chantagem, não! Até porque, na maior parte das vezes a promessa acaba não se cumprindo, então fica um erro sobre o outro dentro do processo de educação! Vejam só!


Criança é muito inteligente e aberta, capta tudo o que está ao seu redor; assim, acaba aprendendo a usar de chantagens da mesma forma como o adulto faz com ela. Depois, não adianta reclamar quando elas fazem “birra” (chantagem emocional) para querer algo; afinal, elas são ensinadas a terem esse tipo de comportamento! Chantagem com alimentos é pior ainda pode causar transtornos alimentares na adolescência, ou na vida adulta. Uma das piores coisas é ter alguém te chantageando emocionalmente, isto revela uma baixa autoestima e também insegurança. Será que queremos crianças fracas, adolescentes inseguros e adultos imaturos?

quarta-feira, 6 de maio de 2015

BRINQUEDOTECA SUSTENTÁVEL: Projeto Drª. Vanda Minini








“Sem fazer arte! Mais alguma recomendação... deixa ver”

Estava em uma livraria e vi uma cena que me deixou intrigada. Uma mãe, com dois filhos (uma menina e um menino) viam alguns livros infantis tranquilamente e acabaram escolhendo um livro cada um. Pensei comigo: olha só que bom! A mãe deixa os filhos escolherem o que eles querem ler! Dentro de mim eu já estava dando os parabéns para essa mãe quando, bastou pensar em elogio e a cena mudou de alegria e elogio prá feiura e tristeza. Vejam só:

A mãe foi pagar pela compra e logo que fez o pagamento, o menino de uns seis anos mais ou menos saiu na frente e foi andando, sem perceber que a mãe parou num estande da própria loja e ficou olhando os livros ali expostos. Quando ela percebeu que o filho não estava ao lado da irmã e próximo a ela, foi logo falando alto e repreendendo o garoto na frente de todos: “Cadê o João? Se ele não está aqui é porque está fazendo arte! Tá correndo na frente e se escondendo da gente! Que papel feio...” e aí o sermão foi disso prá pior, alto prá todo mundo ouvir! O menino, sem entender nada do que se passava, foi logo se justificando dizendo prá mãe que ele não tinha visto que ela havia parado e que ele continuou andando, indo prá saída da livraria.  Acho que justamente porque ele começou a falar e a se justificar, essa mãe achou que o filho a estava desacatando, sei lá, então, essa mãe, imbuída de todo o autoritarismo, por achar que o filho estava sendo mal criado, acabou por repreendê-lo na frente de todos que estavam ali perto, em tom áspero e bem alto!


Pais, por favo, não olhem somente o que as crianças fazem ou falam, mas pensem no por quê elas respondem àquilo que vocês dizem. Muitas vezes elas estão devolvendo a agressão que estão recebendo; outras vezes, nem estão sendo agressivas, mas apenas explicando os fatos. O grande problema é que com a vida agitada que os adultos levam, muitas vezes nem dá prá perceberem o erro que cometem. Pior ainda: o adulto, por se saber mais velho, acredita que a criança deva agir sempre com total submissão em pleno século XXI. Ora, pais: estamos no ano de 2015, uma nova era de pensar, de sentir, de agir e de se relacionar diante do mundo. Se vocês não acompanharem a evolução do comportamento infanto-juvenil acabarão ficando para trás. Ou será que já ficaram?

terça-feira, 5 de maio de 2015

“Pode tirar esta roupa!”

“... você vai com esta que separei, nem adianta chorar. Vai ter que colocar a que eu escolhi.”

Vejo muito esta cena ocorrer em alguns lares, e decidi escrever para alertar mães e pais. Se é para ir à igreja, a uma festa de aniversário, se é Natal, Ano Novo, ou mesmo outro evento importante na família, algumas mães separam roupas, calçados, meias e tudo mais, para que os filhos coloquem aquilo que elas querem aquilo que elas consideram importante para se vestir e usar, e não o que a criança gosta ou se sente confortável. Vocês devem estar pensando: “Mas está certo! A mãe não vai deixar o filho sair de qualquer jeito? Afinal, o que vão falar dela? Que não cuida, não olha, que é desleixada...” Quando as pessoas valorizam as aparências, elas vão falar mesmo, porque são assim, esse é o critério.

Agora, quando o que importa é a presença da pessoa, o prazer de se sentir bem estando com ela, então não damos valor à roupa, ao calçado, à própria aparência, porque o que importa é a presença e a felicidade de estar junto de alguém que amamos, de fato.


Outro aspecto importante que preciso ressaltar aqui é a questão da autonomia: as crianças precisam decidir o que vão vestir e como devem se vestir para onde vão; se a mãe é extremamente autoritária e controladora, não deixando que a criança decida e nem que opine sobre nada daquilo que diz respeito a sua vida, como é que a criança aprenderá a ter escolhas certas e autonomia para decidir o que é bom ou ruim para si mesma? É quando são pequenos que precisamos ensinar para, depois, não termos problemas na adolescência ou na vida adulta. Tudo se aprende na infância...

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pais dão pouca atenção para o filho que dá menos trabalho

Quando uma família tem dois ou mais filhos, cada um tem a sua personalidade e jeito de ser, ou seja, tem aquele que é quietinho, que estuda, que come direito, que não apresenta “problemas”... e tem outro que dá o que pensar o tempo todo. Pois bem, geralmente os filhos que não dão trabalho aos pais acabam recebendo um tratamento diferenciado ─ quase beirando ao esquecimento ─ porque os próprios pais acham que com esse filho não tem com o que se preocupar! Engano de vocês!

Esta criança que recebe menor atenção, ou carinho, por parte dos pais, pode se sentir injustiçada e, na adolescência, começar a fazer efeito contrário: dar o que pensar! A base de formação de todo ser humano se encontra na infância e, portanto, é uma fase que merece de cuidados e atenção dobrados por parte dos adultos. Além disso, cada adulto é uma referência para a criança, fazendo com que ela busque se espelhar nesse adulto, seja pelo lado da semelhança, seja pelo lado da oposição; só isso já exige de nós, adultos, que sejamos atentos com a forma como agimos em nossas vidas e, principalmente, como agimos com as crianças, com nossos filhos, independente do temperamento que cada um tem.


Um filho que dá menos trabalho, não significa que ele saiba se virar sozinho, e nem que não tenha ”problemas”; ao contrário, ele pode, sim, estar camuflando uma situação, ou até mesmo uma frustração. Ele vê e ouve tanto os pais chamarem a atenção daquele que dá trabalho, que pode acabar desenvolvendo uma atitude e um jeito camuflado de ser, cujo fio condutor seja o medo e, para tal, o disfarce e a mentira acabam servindo de escudo. Medo não é respeito, nem uma forma saudável de viver a vida. Medo é ter um freio de mão sempre puxado, olhando para os lados para saber qual o melhor jeito de ser diante daquele ambiente. Então, quando acentuamos, na criação dos filhos, que o “ser bonzinho” não precisa de presença, nem de atenção, e que o “problemático” precisa disso tudo de forma reforçada, vejam que informação estamos passando para o desenvolvimento de nossos filhos! Pais: deem a mesma atenção a ambos os tipos de temperamento. Sei que é difícil, mas é necessário!