terça-feira, 31 de março de 2015

“Que lindos olhos azuis você tem!”

Estava na manicure quando entrou uma garotinha loirinha, de olhos azuis, com sua mãe; ela aparentava ter uns cinco anos de idade. A atendente verbalizou a frase do título, mas a menina ficou quieta e não falou nada. A mãe, então, verbalizou: “Gabriela, diz obrigada para a moça!” A menina respondeu: “Já estou cansada de ouvir isto!” A mãe ficou sem graça e repreendeu a menina falando-lhe para que pedisse desculpas à manicure, que era muito feio falar assim em público, enfim, fez um sermão danado na frente de todos. A menina continuou quieta e a mãe, diante do silêncio da filha, acabou por pedir desculpas à profissional, e ainda ameaçou a menina dizendo em tom áspero: ”Lá em casa nós conversamos!”

Nesta cena me dei conta de quanto nós, adultos, invadimos as crianças com as nossas falas e acabamos mexendo com as mesmas sem que elas queiram; depois, quando essas crianças se mantém alheias às solicitações que fazemos, ou quando nos respondem de uma maneira que consideramos inadequada, acabamos por considerá-las culpadas e, então, usamos de ameaças por terem realizado tamanha façanha.


Vejam só: quem “provocou” a garota foi alguém que não é do seu convívio. Então, por que ela precisaria agradecer à pessoa desconhecida? Outra coisa: quantas vezes ela já deve ter ouvido, por parte de pessoas desconhecidas, que é linda com aqueles olhos azuis, quando, na verdade, ela gostaria de ouvir a mesma frase elogiosa por parte de alguém de sua família, alguém realmente próximo a ela afetivamente? Poderíamos pensar, por exemplo, que ela herdou os olhos azuis de sua mãe e que, por litígio de separação do casal, o pai ─ que talvez não tenha os mesmos belos olhos azuis─ não teça nenhum tipo de elogio a esse traço genético para não reforçar essa semelhança com sua ex-mulher? Penso que muitos adultos provocam as crianças sem necessidade e quando elas não gostam, ou não compartilham da situação em questão, ainda são obrigadas a serem simpáticas? Pode isto?

segunda-feira, 30 de março de 2015

Escolha da babá: assepsia x desenvolvimento

Uma mãe me perguntou como ela deveria agir na escolha de uma babá, já que ela gostaria que sua filha ficasse em casa e não em uma escola infantil. Ela já havia experimentado algumas pessoas, e não estava encontrando a pessoa certa; então, o que ela deveria fazer?

Bem, achar que uma babá será igual a uma mãe cuidadosa, é difícil. Algumas babás prezam muito pela assepsia e não deixam que as crianças se movimentem nos espaços externos da casa, como parques ou jardins, para não sujar a roupa; preferem que elas não mexam com terra, areia, pedrinhas ou plantas para não se sujar, enfim, privam as crianças de algumas atividades importantes para o seu desenvolvimento físico e cognitivo. Nesse caso, a criança estará sempre bem limpinha, cheirosa, nada suada, como se tivesse acabado de tomar um banho; Além disso, bem alimentada, quieta, brincando num canto do quarto, ou da sala, sem fazer muita bagunça. Sei de muitas mães que preferem esse tipo de babá porque, na sua concepção, a criança está sendo bem cuidada.

Eu penso que uma criança precisa se sujar e se molhar, precisa brincar aprendendo a explorar o ambiente físico onde ela se encontra; precisa engatinhar e rastejar pelo chão, andar em diversos tipos de terreno, mexer no chão de um jardim e encontrar pedrinhas, gravetos e bichinhos, precisa aprender a subir em árvores ─ quando tiver idade para isso ─, ou seja, toda criança deveria vivenciar a sua infância participando das experiências que lhe são próprias, recebendo, da vida, o que ela possui de mais saudável em termos de desenvolvimento. É claro que, além de ter esses tipos de experiências, a criança também precisa dormir e se alimentar adequadamente, ter as fraldas trocadas e o banho tomado em seu tempo certo.


Assepsia é importante, mas exageros devem ser evitados. Promover o desenvolvimento integral de um bebê é contribuir para que este seja uma criança saudável e, futuramente, um adulto integrado com a sociedade. Sabe aquele ditado popular: “nem tanto ao céu, nem tanto a terra”? Então, mãe, é o melhor a se fazer. A escolha é sua!

segunda-feira, 23 de março de 2015

Má postura e marcas vermelhas nos ombros: sinal de uso inadequado da mochila escolar!

Outro dia estava observando a saída de uma escola, e percebi que alguns alunos estavam com má postura, carregando uma mochila muito pesada, sendo que pude ver que algumas crianças apresentavam até mesmo marcas vermelhas nos ombros. Perguntei a uma aluna por que usava uma mochila tão pesada e ela me respondeu dizendo que naquele dia ela tinha que trazer para a escola três livros de disciplinas diferentes, sendo que cada uma dessas disciplinas também tinham um caderno próprio. Por isto, todas as quartas-feiras sua mochila era pesada demais. Verifiquei que não era uma mochila tipo mala, com rodinhas, mas aquela de colocar nas costas.

Professores: será que vocês não conseguem, junto com a coordenação, fazer um horário de aulas que evite tamanho desconforto para as crianças na hora de fazer sua mochila para aquele dia letivo? Três livros e três cadernos diferentes, mais uma série de lápis e canetas, estojo, lanche, enfim, isso tudo pesa muito!   Também seria o caso de orientar os pais destas crianças para que providenciassem mochilas com rodinhas; assim, a criança não ficaria com marcas nos ombros e nem mesmo com má postura.

Muitos professores devem estar pensando que isto é problema dos pais e não da escola.  Não concordo! Isto é um problema de saúde que envolve uma criança e a responsabilidade é de todos. Jogar a culpa no outro é ser omisso diante de um problema grave.  A criança poderá ter sérios problemas de coluna, ao longo da vida, por ter usado, durante os anos de vida escolar, uma mochila inadequada ao seu tamanho e peso corporal. Orientem os pais e também as crianças para que sua saúde física seja preservada!


sexta-feira, 20 de março de 2015

“Se você ficar bonzinho, dou um chocolate para você!”

Estava no elevador de um prédio residencial quando uma mãe entrou com seu filho de, aproximadamente, sete anos. Como toda criança, uma graça de garoto, esperto, falante e mencionando que iriam passear no shopping. Eles me conhecem há algum tempo porque tem uma pessoa de minha família que reside nesse prédio. Este menino é muito inteligente, curioso e brincalhão, ou seja, é uma criança feliz que, às vezes, acaba irritando a mãe por entrar no meio das conversas que ela tece com algum conhecido, mesmo que sejam conversas breves, no percurso entre andares no elevador.

Naquele dia que nos encontramos no elevador ela disse assim na minha frente: “João, nós vamos ao shopping e eu quero que você se comporte!” Ao mesmo tempo, ela falava comigo: “Sabe, Vanda, quando a gente sai, ele quer conversar com todo mundo. No shopping ele quer correr, entrar e sair das lojas que lhe interessam... né, João? Eu já disse a ele que não pode; às vezes, nem sei mais o que eu faço... mas se você se comportar direito, ficar bonzinho, quieto, não correr, não pular, não subir nos bancos, não conversar com estranhos, esperar quietinho a comida chegar... se fizer tudo direitinho, eu prometo que quando chegarmos em casa eu te dou um chocolate! Combinado?” O garoto respondeu que sim, desde que o chocolate fosse da marca X, que ele tanto gostava. Bem, para saber o final da história, num outro dia que eu encontrei a mãe do menino perguntei-lhe se ele tinha se comportado direito naquele dia que eu havia presenciado as falas e os combinados; ela me respondeu que não, e que ele estava de castigo por uma semana, sem direito a comer chocolate algum por esse período.

Bem, vamos refletir: a chantagem que a mãe fez com João, muitas vezes não funciona! Isto não é educar, mas usar de reforçamento positivo (adestramento) para fazer com que a criança responda ao solicitado da forma como foi estipulado pela mãe. E isto não é educar! É cobrar sem ensinar; é adestrar com premiação ou punição, fazendo uso de chantagem. Então, o que seria o mais correto?  Conversar sobre os perigos de correr em um shopping, de pedir que ele pensasse se todas as crianças corressem em shoppings, como seria para os pais encontrá-los e evitar que surgissem outros perigos como caírem, machucarem pessoas idosas ou outras crianças que estivessem no caminho, enfim, explicar que se acontecesse com ele, da mãe perdê-lo, como faria para encontrá-lo... que se ele caísse e quebrasse alguma vitrine ou objeto de alguma loja, quanto custaria para sanar o prejuízo, incluindo, com isso, o prejuízo físico de que ele poderia sair muito machucado. A mãe deveria dizer para esse filho ativo e inteligente, como é que se comporta em um shopping, e como é que a gente se comporta em público;  ou seja, explicar os porquês, sem nenhuma chantagem, é o mais correto. Pode até contar alguma história de alguém que tenha vivido algo assim para que o garoto pudesse compreender o fato por uma narrativa e não apenas por um discurso explicativo. Então, para os pais que fazem uso desse tipo de “atitude educacional”, peço que reflitam sobre o seguinte aspecto: hoje a chantagem é com comida... e quando o filho ficar maior?  É possível que ele queira chantagear com outra coisa, talvez com algo que vocês não possam comprar!  Por isso, a reflexão deve ser feita agora: quais serão as consequências de um ato ─ sustentado pelos pais ─ que começou na infância? 

quinta-feira, 19 de março de 2015

“Por que você não é igual ao seu irmão? Não aguento mais!”

Ouvi esta frase em uma fila de banco; a mãe e um menino de + ou - 10 anos estavam esperando a senha para ir ao caixa e, sentados, conversavam sobre algo; percebi que a conversa gerava em torno do comportamento do garoto na escola. A mãe dizia o tempo todo que não aguentava mais reclamações da escola por causa dele, que ele brigava com seus colegas, que não fazia lição e que tudo ela precisava mandar. Para piorar a situação, comparou-o com seu irmão mais novo dizendo a frase citada no título deste texto.

Pensei, na hora, que o irmão mais novo talvez não fizesse as coisas que ela dizia, não porque fosse mais comportado, mas sim por causa das broncas que ela dá no mais velho! Isto é muito comum de ocorrer, ou seja, um filho mais novo acaba tendo um comportamento contrário ao de um mais velho, por medo de ser exposto e chamado à atenção. De tanto ouvir reclamações, por parte da mãe, sobre o comportamento do irmão, o menor faz diferente para ser aceito e para escapar da correção vexatória! Simples; é só observar.

Então, vamos às reflexões: comparar alguém com outra pessoa, seja um irmão, primo, ou até mesmo coleguinhas, não á nada salutar. Somos diferentes, cada um com sua personalidade, com sua maneira de pensar, sentir e agir. Nisto consiste a beleza de um ser humano. Esta mãe não pensou nas razões que levam o garoto a ter este ou aquele comportamento. Ela não pensou se ele gosta da escola (ou de estudar), se no espaço escolar (ou no familiar) ele tem como se expressar, quais as dificuldades, dúvidas e buscas que ele apresenta em seu dia a dia, quais são os seus medos, enfim.


A atitude dessa mãe é de dar uma bronca e o comparar ao irmão ─ que deve ser quieto e comportado em decorrência do medo ─ sem refletir o porquê o garoto age da forma como age! Buscar as causas de um comportamento inadequado é o primeiro passo para entender o ocorrido para, depois, partir para as ações. Broncas, xingamentos ou comparações não buscam a causa do problema, portanto, não resolvem e somente prejudicam, ainda mais, a relação mãe x filho, criança x criança. Mães: tentem entender as causas para depois cuidar dos efeitos. O contrário não funciona!

quarta-feira, 18 de março de 2015

“Falta muito para chegar? Não aguento mais! Já está chegando?”

Uma mãe fez-me um questionamento sobre se uma criança de seis anos de idade tem noção de tempo e distância, porque quando viajam, seu filho faz sempre as mesmas perguntas. Ela me disse que possuem uma casa na praia, que sempre descem para o litoral, e que toda vez é a mesma coisa: o pai fica irritado com as perguntas que o filho faz, ainda mais quando pegam congestionamentos pelo caminho. Ela disse que quando o menino dorme fica tudo bem; mas quando ele acorda, fica impaciente e acaba deixando todos muito estressados.  Ela conversa, explica, mas é sempre a mesma coisa.

Pois bem: uma criança de seis anos ainda não possui totalmente noção de tempo e nem de distância.  Mesmo que faça várias vezes o mesmo percurso durante o ano, ela não consegue identificar tempo e espaço, ainda mais se cada vez que viajam acabam encontrando surpresas pelo caminho ─ como congestionamentos ou chuvas ─ fazendo com que o trânsito fique lento e, algumas vezes, parado.

Como dica, sugiro que levem um jogo eletrônico e um outro manual, ou seja, um brinquedo para que a criança se distraia. Lembrem-se de que se precisarem de internet, esta nem sempre pega em serra, por isto a sugestão do jogo ou brinquedo manual. Podem, também, brincar de cantar músicas, de adivinhar a cor do próximo carro que virá, podem conversar sobre algum assunto interessante para a criança, deixá-la falar, etc. Agora, brigar com ela, ou até mesmo ficar irritado, não vai adiantar nada; pelo contrário, isso somente atrapalha. Querer que uma criança de seis anos fique quieta o percurso todo é bem complicado.   Criança possui energia e gosta de se sentir livre, e não presa num carro com cinto de segurança, cadeirinha, etc. Por isso, invente, tente e faça diferente para que todos cheguem ao destino com prazer, e que possam aproveitar o local que visitam com alegria e bem-estar, em vez de chegarem todos emburrados.


terça-feira, 17 de março de 2015

Pais não devem transformar os filhos em confidentes: meu amigão

Um pai (divorciado e atualmente solteiro) me disse que seu filho de nove anos é seu confidente e melhor amigo. “Conto tudo para ele”. Perguntei: tudo o que? Ele respondeu: “Tudo sobre minha vida pessoal (namoradas) e também sobre a profissional: quanto ganho, meus medos, minhas ansiedades. Quero que com o meu exemplo ele também pratique isto. Que conte a mim, para não contar para um traficante”. Conversa vai, conversa vem, ele me relatou que até mesmo as inseguranças e questões sexuais ele fala para o filho, e que faz isto desde os sete anos de idade do menino.

Bem, vamos às reflexões: Uma criança não é capaz de pensar como um adulto e, muitas vezes, não tem consciência de fatos e/ou atitudes que são tomadas por um adulto, justamente por que ainda não está na idade certa para entender, por exemplo, o que é sentir um orgasmo, perder o emprego, sofrer retaliações e assédios no local de trabalho, enfim, são situações que um adulto vivencia e que é muito difícil supor que uma criança possa saber o que significa isso na vida de uma pessoa! Tudo tem seu tempo e sua hora; por isto é que existe o desenvolvimento humano em fases nos mostrando que não devemos adiantar falas/ assuntos pertinentes a outra etapa da vida de um indivíduo, achando que isso é ser amigo, orientador e que fará bem para uma criança.

Tudo bem querer ser amigo do filho, então, seja um amigo conversando sobre os desenhos e filmes que ele assiste, sobre os jogos eletrônicos com os quais brinca, sobre o jogo de futebol do time favorito, sobre a escola, sobre quando você era da idade dele... mas, por favor, não conversem sobre sentimentos e situações que mais podem confundir do que ajudar no desenvolvimento saudável de uma criança!


Ter um pai amigo é muito importante para o desenvolvimento e amadurecimento de uma criança, mas é preciso que esse pai saiba quais são os limites de se ser amigo de alguém muito mais jovem. Os pais não devem esconder os problemas dos filhos, mas expor dentro do campo de compreensão compatível com a idade da criança, ou do jovem, esperando oferecer, com isso, um vínculo de presença e de compartilhamento, e não de projeção esperando que os filhos sejam o conforto e o amparo para as difíceis situações. Os problemas dos adultos não devem ser um peso para os filhos! Eles não podem se sentir culpados, ou impotentes, por algo que está acontecendo; toda criança precisa saber das dificuldades do dia a dia, mas sem exageros e dentro de um campo próprio da idade infantil. Tudo deve ser feito na idade certa para que essa criança cresça com segurança emocional e venha a se tornar um adolescente equilibrado e sem problemas.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Compra de material escolar: tudo novo ou reaproveitar?

Achei interessante a pergunta de uma mãe, pelas minhas redes sociais, sobre o tema acima e, por isto, resolvi escrever. Ela é uma pessoa que tem condições financeiras para comprar todos os anos um novo material escolar para seu filho, mas ela não sabia se isto ajudava ou atrapalhava em seu desenvolvimento, uma vez que seu filho estuda em uma escola particular, de renome, na cidade de Campinas, e a competição entre as crianças é grande. Fala da mãe: “Cada um quer aparecer mais do que o outro! Se um tem um tênis da marca x, o outro aparece com dois tênis da mesma marca, só para dizer que pode mais”.

Penso assim: Competição gera mais competição. Nosso mundo é competitivo, mas para que sejamos saudáveis e que ensinemos nossos filhos a serem também, precisamos ter em mente não prejudicarmos ninguém e nem nos tornarmos pessoas esnobes só porque temos uma condição financeira melhor que o outro.  O problema é quando esta competição gera humilhações, bulling, provocações verbais. Se esse tipo de comportamento excessivamente consumista e exibicionista for reforçado durante a vida infantil, esta criança certamente crescerá pisando nos outros! E é preciso haver uma boa dose de educação social para que todos entendam ─ seja a criança, sejam seus pais, seja a criança da outra família que se sentiu diminuída ou provocada a mostrar que ela tem ainda mais ─ é preciso que fique bem claro que ninguém é melhor do que ninguém nesta vida. Somos únicos e especiais da maneira como somos, e não melhores ou piores do que ninguém.


E em pleno terceiro milênio, ano de 2015, com tantos problemas naturais assolando o planeta e as sociedades (falta d’água, lixo em excesso causado pelo consumo exagerado, guerras por território, por intolerância social, racial, étnica, religiosa...), eu pensaria duas vezes se era o caso de comprar tudo novo para o meu filho, mesmo se tivesse condições de sobra para isso! A sociedade atual exige, de nós, um comportamento de reaproveitamento, reciclagem, reutilização. Assim, se o material ainda está em perfeitas condições de uso, por que não ensinar o verdadeiro significado do uso, da economia de matéria prima e de que ninguém será melhor do que ninguém somente porque tem tudo novo? Podemos ser seres humanos melhores se contribuirmos para o nosso planeta, o nosso país, a nossa casa e, para isto, precisamos reaproveitar ao máximo o que temos. O planeta agradece!

sexta-feira, 13 de março de 2015

“Estas histórias não têm mais fim? Eu quero dormir, socorro!”

Esta frase estava postada em uma rede social, com a foto de uma mãe e uma menina na cama, da qual se podia deduzir que a mãe contava histórias para a filha dormir, mas que esta, incansavelmente, queria ouvi-las novamente. Fiquei intrigada com a cena postada, e perguntei no chat, para a mãe, o que estava acontecendo. Ela me respondeu que já tinha contado a mesma história umas cinco vezes e que a filha não se contentava e não queria dormir, e que ela, a mãe, estava exausta, que estava quase dormindo e que já não sabia mais o que fazer.  Nisto ela me perguntou: “Por que a criança não dorme? Ela não se cansa da mesma história?

Vamos às respostas: se a criança dormiu demais no período da tarde, por exemplo, ela não terá sono no horário de costume. Muitos pais não prestam atenção nisto; tem dias que por causa de alguma variação qualquer, a criança acabou brincando muito de manhã e, por ficar exausta, acabou dormindo demais no período da tarde, atrasando todo o metabolismo do sono naquela noite. Criança gosta, sim, de ouvir e de contar a mesma história muitas vezes; elas precisam internalizar (decorar) toda a história, gostam de reviver sentimentos e sensações a respeito de determinado trecho, ou de determinada fala de algum personagem e, para isto, elas precisam que as histórias sejam repetidas várias e várias vezes.

Eu penso que o mais correto a se fazer é prestar atenção na rotina da criança e não cobrar algumas atitudes ou procedimentos sem saber, ao certo, como ela passou aquele dia. Penso, também, que se não é possível saber sobre como foi a rotina daquele dia, pode-se deduzir de que há algo diferente porque todos nós temos um dia que estamos mais cansados e dormimos logo e, em outro, vamos a uma festa, dançamos, conversamos muito, comemos e bebemos coisas diferentes e, por estarmos agitados com as mudanças ocorridas naquele dia, não conseguimos dormir logo.
Se com o adulto acontecem variações, é claro que com as crianças também. Paciência é a atitude mais correta! Agora, ficar falando, postando em rede, expondo a criança a constrangimentos em redes sociais, isso eu não concordo.


Por que não coloca uma música mais calma que dá sono? Por que não conversa sobre a importância de dormir, porque no outro dia a mãe precisa trabalhar... Isto, sim, seria o mais conveniente para esta situação.

quinta-feira, 12 de março de 2015

“Comporte-se de acordo com sua idade! Está parecendo um bebê chorão”

Uma mãe, em pleno shopping em Campinas, na frente de várias pessoas que passavam, verbalizou a frase acima para seu filho de, aproximadamente, seis anos de idade. O menino queria sentar e tomar sorvete; pedia que a mãe parasse de entrar em tantas lojas, e comprasse um sorvete para ele. A mãe não ouvia e continuava a entrar nas liquidações e mais liquidações de janeiro. E ainda dizia assim: ”Filho, eu não posso parar agora; as liquidações acabam”.

Pensei comigo, “que pessoa consumista”... mas segui os dois, sem que eles percebessem, para ver até onde isto iria dar. A mãe entrava, saía, entrava e saía de lojas...   E o menino não parava de pedir à mãe que lhe comprasse um sorvete, e que se sentasse um pouco. Até que a mãe, sem paciência alguma ─ porque a única coisa que lhe importava naquele momento eram as compras, e não seu filho ─ deu-lhe uma bronca dentro de uma loja que estava cheia de gente, por conta das liquidações.
O menino começou a chorar e aí foi pior ainda. Ela o recriminava o tempo todo e mandava que ele se comportasse pela idade que tinha, perguntando se ele era um homem ou um bebê chorão!  A cena foi de cortar o coração! Nessa situação, podemos ver que o garoto estava sendo repreendido por duas situações vexatórias na frente de todos: a bronca por pedir o sorvete com relativa insistência, e o próprio fato de receber o corretivo diante de um bom número de pessoas, com a sua intimidade sendo exposta, da mesma forma como estavam expostas as mercadorias das liquidações!


Pais e mães: evitem fazer isto! Aposto que se aquela senhora parasse um pouco de atender apenas à sua vontade e fosse atender à vontade do menino, ela poderia continuar a fazer suas compras alucinadamente! Agindo da forma como agiu, a atitude dessa pessoa demonstra que ela dá mais valor ao material, às bugigangas que o mundo consumista nos oferece, que ao próprio filho, com suas vontades, queixas e pedidos!  Pode isto? Afinal, o que são roupas, acessórios e objetos perante a formação e a consideração para com um ser humano? Em minha opinião, NADA! Roupas estragam, ficam velhas; objetos quebram, saem de moda... E o relacionamento entre pais e filhos, se não for cultivado com respeito, amor e consideração, acabará por se deteriorar para sempre! E depois, não adianta reclamar quando eles forem grandes: “Meus filhos não gostam de mim!” Quando os relacionamentos entre pais e filhos são tecidos de maneira saudável, temos vontade de ficar perto, de estar junto, de compartilhamos das derrotas e vitórias. Agora, quando o relacionamento se deteriorou, não temos vontade nem de ligar, quanto mais de ver a pessoa, mesmo que seja um pai ou uma mãe!

quarta-feira, 11 de março de 2015

Cobrança para ser machão

Estava em uma festa de casamento e vi a cena que preciso contar para vocês: Um menino bateu a perna em uma quina de mesa, sem querer, e devia estar doendo muito. Ele começou a chorar de dor. A mãe foi ver o que tinha acontecido, verificou se tinha havido alguma lesão mais forte, pediu gelo para o garçom, para colocar no hematoma, enfim, providenciou os primeiros socorros. Porém, o pai não se mexeu do lugar, já que a mãe fazia todo o papel de enfermeira. Enquanto ela colocava o gelo, acabou trazendo o filho para se sentar um pouco à mesa, mas o menino continuava chorando. O pai, então, verbalizou em alto e bom tom para que todos ouvissem “Você não é macho, não? Macho não chora! Vê se engole este choro! Você é homem, ou não é?”

Confesso que, na hora, senti uma raiva deste pai, mas como sempre, tive que me conter porque não posso me intrometer na vida alheia. Então, vamos pensar juntos: Você, adulto, quando bate o pé em algum lugar e sente uma dor danada, muitas vezes tem vontade de soltar um palavrão para ver se isso alivia! Fica sentindo a dor, saem lágrimas dos olhos, o coração acelera, enfim, e você tem vontade de gritar com todo mundo porque parece que gritando a dor sai junto! Agora, por que o menino da nossa história não podia chorar? O quê esse fato tem a ver com a masculinidade do garoto? Nossa! Quanta ignorância e preconceito deste pai, em pleno 2015!


Somos o que somos e o importante é sermos felizes, cada um com sua maneira própria de pensar, de sentir e de agir. Preconceitos, sejam eles quais forem, precisam ser eliminados porque somente as mentes pequenas é quem os têm. Senti muita compaixão para com este menino: bateu o pé, sentiu dor e ainda foi ridicularizado pelo pai diante de todos naquela festa! Queria saber se fosse o pai quem tivesse batido o pé, como é que ele procederia, até porque já deveria estar um pouco alcoolizado, de acordo com o horário e andamento da festa de casamento! Será que ele se comportaria com todo um silêncio diante da situação, ou iria fazer, talvez, uma cena pior que o filho (criança), fez? E mais: já pensaram se alguém perguntasse para esse pai ─ da mesma forma como ele fez para com o seu próprio filho ─ se ele era homem o suficiente para se calar diante da dor? Vejam que absurdo!

terça-feira, 10 de março de 2015

Bolo de aniversário, que delícia!

Uma família composta por pai, mãe e dois filhos estava comemorando o aniversário do caçula, de dois anos de idade. No lugar de uma festa cheia de mesas decoradas com temas, havia um bolo, cheio de glacê branco, grande, mas bem simples. O aniversariante estava em cima da mesa, o irmão mais velho ao lado, a mãe dando suporte para que o pequeno não caísse, e o pai ─ suponho ─ tirando fotos. E a cena estava postada nas redes sociais, com a seguinte legenda nas fotos: “Não precisamos de muito para comemorar algo tão importante! É só olhar as fotos para ver a felicidade da nossa família”.

Bem, preciso contar que o menino de dois anos, sentado na mesa, comia o bolo com uma mão e, com a outra, enfiava dentro do bolo para tirar outro pedaço, todo lambuzado! Da mesma forma assim estavam a mãe e o outro filho.  O pequeno, com carinha de muita alegria, socava bolo na boca da mãe! Uma farra total!

E o que mais me impressionou não foi esse cenário todo, mas a desenvoltura desta família e a alegria de querer fotografar este momento e comentar conosco, mostrando que para ser feliz não é preciso muita coisa!  Às vezes, sou chamada para ir a festas de aniversário infantil que têm requintes e mesas que mais parecem cenários de filmes; festas nas quais os pais, muitas vezes, gastam um dinheiro que não têm, e que a própria criança acaba não aproveitando nada pela pouca idade que tem! No caso da festa familiar do exemplo acima, pode-se verificar tratar-se de algo bastante simples, mas, ao mesmo tempo real e verdadeiro, mantendo o bom espírito da farra infantil. Parabéns, família!


segunda-feira, 9 de março de 2015

Chupetas e mamadeiras customizadas para bebês

Vi um post, em uma rede social, de chupetas e mamadeiras customizadas com cristais nas cores azul e rosa. Era um anúncio com fotos de bebês que as estavam usando. E dizia: “Para filhos e filhas de mamães fashions”.  Comecei a observar o material e percebi que estes cristais eram colados nas chupetas, pois nestas havia marcas e logos  ─ dos que existem no mercado, mas que não vêm com cristais, nem pode, porque não passariam pelo Inmetro. Embaixo das fotos, vários comentários de mamães querendo saber onde compravam as tais chupetas e as mamadeiras.

Fiquei preocupada e, por isto, resolvi alertar neste texto sobre o perigo destas chupetas e mamadeiras. Se quando nós usamos brincos e outros objetos que têm esse tipo de material colado, estes se desgrudam com facilidade, principalmente por causa do calor do corpo ou do suor da pele, imaginem uma chupeta ou mamadeira? E se os brilhos desgrudarem e a criança engolir?

Mães, por favor, não entrem na onda da moda, e não queiram que seus bebês corram perigos de vida com este tipo de material. Não é por um acaso que marcas famosas de produtos infantis não fazem este tipo de objeto com esse procedimento. Agora, querer customizar para ser diferente, isso pode ser bem perigoso! Além do problema da higiene para com esses objetos, será que uma mamadeira ou chupeta customizada pode ser fervida? Sim, porque isso é extremamente necessário para a higiene alimentar das crianças.


sexta-feira, 6 de março de 2015

“De quem você gosta mais: do papai ou da mamãe?”

Esta pergunta nunca deveria ser feita para um filho (a). Cada pessoa, para a criança, tem a sua importância, e os pais são referências; cada qual com suas diferenças e gênero. O pai é a figura masculina e a mãe, a feminina; cada um tem seu jeito de pensar, de sentir e de agir. Todos nós precisamos ter estas referências.

Quando o pai, ou a mãe, verbaliza a pergunta acima, demonstra uma competição entre si. Para se fazer isto, significa que este casal já não está se relacionando tão bem assim, porque  se competem é porque a vida conjugal precisa de uma revisão de valores. O filho (a) é  dos dois, e competir não gera relações saudáveis dentro da família. Penso que família  deveria ser sinônimo de  carinho, aceitação entre todos, e não competição por  afeto.


Adultos que possuem este tipo de comportamento nada mais são do que carentes afetivamente, e precisam o tempo todo se autoafirmar. Carência está relacionada com baixa autoestima, porque uma pessoa feliz consigo mesma não possui a necessidade de se autoafirmar o tempo todo; ela se conhece, sabe de suas limitações e de suas competências. Não sejam carentes e com baixa autoestima; não disputem o carinho dos filhos, pelo contrário, sejam realmente uma família feliz, cada qual com sua própria maneira de ser. Não coloquem seu filho (a) no ringue de disputa de afetividade; pelo contrário, demonstrem segurança e carinho entre todos, sem cobranças ou chantagens. Somente assim poderão ter filhos (as) adolescentes e adultos fortes, capazes, seguros, com saúde emocional e mental. Reflitam sobre seus atos, SEMPRE!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Berços diferentes e assustadores: cada uma!

Um escultor americano projetou um berço infantil inspirado em um filme de Tubarão. O berço era engolido pela boca de um tubarão! O pior é que o anúncio dizia: “Criatividade inusitada”. Muito bem: criativo, sim, mas a foto era assustadora! O bebe dormindo parecia estar sendo engolido pelo enorme tubarão.

Fiquei pensando como isto poderia ser assustador para a criança, e vocês podem estar pensando que um bebe não sabe o que é um tubarão, e nem o filme em questão. Mas... se quando maiorzinho ele percebesse do que se tratava e guardasse em sua memória, no hipocampo do cérebro, este registro, isto poderia lhe trazer consequências mais tarde, mesmo que de forma inconsciente. E ainda mais: todo adulto, ou mesmo uma criança maior, quando fosse ao quarto do bebe e se deparasse com a tal criatividade do berço, não deixaria de se lembrar do filme, de reportagens ou documentários de TV informando sobre pessoas que perderam a vida ou partes de seu corpo pela investida de um tubarão... e tudo isso seriam sentimentos de medo que estariam sendo jorrados naquele quarto infantil e, com certeza, absorvidos pelo bebe em questão!


Muitos de nós possuímos medos que não sabemos de onde vem, mas que, com certeza, têm origem na infância, tendo ficado armazenados em nossa memória inconsciente. Voltando ao berço, espero que ele seja, no mínimo, muito mais confortável que os berços convencionais para que ele possa trazer tranquilidade num momento tão importante que é o sono. Neste momento, precisamos de paz, tranquilidade, relaxamento para que nossa mente descanse e se refaça para o outro dia. E com a criança, seja um bebe recém-nascido, ou mesmo um jovem pré-adolescente, a necessidade de um sono tranqüilo, sem medos ou interrupções é, também, fundamental! Enfim, se eu pudesse falar alguma coisa para esse designer, ou para os pais que adotassem a ideia de colocar um berço, como esse, no quarto de uma criança, eu diria: Cada uma! Sem noção!

quarta-feira, 4 de março de 2015

“Você não vai chupar picolé porque você vai sujar a roupa toda!”

Estava de viagem e parei em um posto de gasolina para tomar um café; no restaurante, estava um casal com dois filhos: o mais velho já tinha uns 5 anos e o mais novo uns 3, porque não falava corretamente todas as palavras. Era verão, e estava um dia insuportável de calor! O menino mais novo queria tomar sorvete, e dizia que queria picolé; insistia e sua mãe verbalizava assim: “Você não vai chupar picolé, você vai sujar toda a sua roupa e vai chegar na casa da sua avó todo sujo!” Bem, o menino insistia e nada da mãe deixar. Então ele resolveu perguntar para o pai, que devolveu a responsabilidade para a mãe verbalizando: “Isto é com sua mãe. Ela é quem decide!”

O garoto voltou a insistir, mas sua mãe foi cada vez mais categórica e dizia “não” o tempo todo; até ameaçou de bater no menino, e também ameaçou de lhe dar uma enforcada, mas como estava em público, acho que resolveu não fazê-lo; mas também não deu o sorvete. O garoto chorava... e nada feito! Esta cena acontecia na frente de todos e o pior é que o irmão mais velho, que já tinha mais discernimento pela idade, observava quieto tudo o que acontecia!

Não concordo com esta mãe! Se ela queria que não sujassem a roupa ela só tirar a camiseta, ou até mesmo providenciar uma troca, caso isto acontecesse. Outra saída seria levar lenços umedecidos e limpar a roupa, caso houvesse necessidade; mas não humilhar, ridicularizar a criança e valorizar somente a aparência em detrimento de uma vontade. Isto é muito ruim. Esta mãe não se deu conta, mas o filho mais velho, quando crescer, poderá valorizar demais o que os outros podem pensar dele e gastar em demasia somente para ter algo para impressionar os outros! Isto poderá acarretar problemas sérios de conduta na adolescência e na fase adulta. Chegar à casa da avó, limpinho e bonitinho, era mais importante que satisfazer a vontade de uma criança, em pleno dia de verão e calor imenso! Puxa, que belo exemplo de mãe!


terça-feira, 3 de março de 2015

De novo, sujou a fralda!

Vi esta cena em um fraldário público de um shopping, e preciso comentar com vocês devido ao constrangimento que algumas mães fazem seus filhos (as) passarem, sem ter nenhuma necessidade. A mãe trocava a fralda do bebe e após acertar a sua roupa, colocou-o no chão, em pé, enquanto terminava de arrumar fraldas, bolsa com lenços umedecidos, etc. Pelo que entendi, ela tinha trocado a roupa da criança porque estava com a fralda molhada de xixi. Pois bem, enquanto ela arrumava a bolsa, a criança começou a fazer coco. Gente, nunca vi uma cena daquelas:  a mãe falou tão alto com a criança a seguinte frase: “Acabei de trocar a fralda, assim não dá. Não há dinheiro que aguente comprar tanta fralda, você tinha que sujar, de novo? Agora vamos ter que começar tudo outra vez!”. 

Eu e outras pessoas que ali estavam, olhamos para a mãe, que estava visivelmente nervosa; uma senhora até se ofereceu para ajudá-la, mas ela recusou. Olhei para o bebe, que ficou quieto na hora, e em sua expressão parecia haver um quê de tristeza, porque não deve ter entendido nada daquela reação descontrolada de sua mãe.


Queridas mães, evitem este tipo de comportamento em frente a outras pessoas, ou até mesmo sozinhas, com seu filho (a)! Vocês acham que um bebe tem controle dos esfíncteres, ou até mesmo sabe a que hora deve fazer ─ ou não ─ xixi e coco para ser trocado, para que se possa economizar tempo e fraldas? Claro que não! Se ficar registrado em sua mente esta cena, ele poderá ter sérios problemas psicológicos tais como timidez, ou até mesmo problemas físicos como ressecamentos, constipação, cólicas, etc. Fico torcendo para que este bebe da cena não registre o descaso e o nervosismo de sua mãe, para que ele se torne uma criança feliz, um adolescente saudável e um adulto coerente. Fico na torcida porque uma mãe desta, ninguém merece!

segunda-feira, 2 de março de 2015

“É meu! Não! Eu tava brincando com ele primeiro!”

Quantas e quantas vezes vimos estas cenas em casa entre irmãos, ou até mesmo nas escolas entre coleguinhas.  Preciso que entendam o que quero explicar neste texto de forma clara: aquilo que parece briga para nós, adultos, na verdade são discussões por direito ao uso ou à propriedade, ou seja, quem tem direito de brincar naquele momento, ou quem é o dono do brinquedo.

Muitos pais e professores ficam irritados com estas atitudes das crianças, mas para mim isto é uma forma saudável de socialização. As crianças precisam aprender a conquistar, a defender seus princípios e a negociar acordos e desacordos. A vida adulta não é assim?


Vejo alguns adultos tirando o brinquedo em questão, e não deixando ninguém brincar com ele; outros, ainda, acabam deixando as crianças de castigo, em cantinhos de pensamento, e não as ensinam a administrar conflitos, a perceber os direitos e negociações que uma questão não resolvida pode suscitar. Isto é ruim e não prevê uma forma de saber educar para a vida! É claro que não devemos deixar a agressão chegar a questões físicas ─ não é isto ─ e se tiver que intervir, não é para punir, mas sim para que ambos possam entender e administrar como irão brincar e resolver o problema! Então, por favor, deixem as crianças resolverem seus próprios impasses e litígios! É extremamente necessário e sadio aprender a conquistar seu espaço, seus brinquedos, seus direitos e momentos.  A vida é feita de conquistas diárias...