sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Considerações finais

Olhem só: 2014 já está indo embora e, ao longo deste ano, pude trazer a vocês uma série de textos que têm o propósito de contar um pouco sobre alguns recortes do cotidiano infantil em face do adulto, seja entre pais e filhos, seja entre professores e alunos. Mas agora caberia uma pergunta, antes de encerrarmos esse ano tão rico e ativo: será que nos demos conta de refletir sobre os nossos pensamentos, sentimentos, atitudes e ações para com as nossas crianças?

Gostaria muito que todos parassem um minuto por dia ─ ao menos ─ para pensar em atitudes que não levam à construção de ninguém, pelo contrário, maneiras de se lidar com o outro ─ principalmente com a criança, que ainda não sabe compreender e se defender ao nível do adulto ─ que atitudes estamos tendo para com elas, para que não causemos prejuízos para uma vida toda?

Temos que ter cuidado com discursos vazios ─ seja por parte de pais, ou de professores ─ que dizem amar seus filhos e alunos, mas que, na verdade, oferecem uma forma de referência e de contato que acaba sendo o contrário daquilo que pregam! Tanto pais, como professores, devem ter consciência de que eles são os guardiões de seus filhos/alunos, preparando-os para uma vida de autonomia, propiciando um bom desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e ético, permeado de amor, compreensão e respeito, pela história que está se construindo com cada um!

Estou entrando de FÉRIAS DO BLOG ATÉ FEVEREIRO! Aproveitem este tempo para ler e/ou reler alguns dos textos postados. Quem sabe eles podem responder e contribuir de uma maneira singela e prática com a harmonia de sua pessoa e daqueles que estão à sua volta.

Sabemos que de nada adianta culpar os outros pelos erros que cometemos ─ principalmente à criança ─ afinal, ela aprendeu com você, adulto, a ser como é, a fazer e a agir como faz. Ela não nasceu sabendo. Muitas vezes vemos os nossos defeitos neles e não gostamos! Mas será que temos consciência que estes defeitos são nossos, e que eles apenas aprenderam conosco?
De minha parte, eu posso afirmar que não sou dona da verdade, que também tenho defeitos e reflexões que, às vezes, me chegam depois de algumas “pisadas de bola”. Sou humana, em permanente construção, e já passei em minha vida ─ pessoal e profissional ─ situações que me fizeram escrever alertando os pais e professores. Tento fazer com o outro algo diferente que fizeram comigo, tendo como objetivo a busca por ser melhor a cada dia. Tarefa fácil? Não, mas em busca de aprendizados sempre!


Feliz 2015 para cada um. Que tenhamos um ano cheio de crescimento em todos os setores de nossas vidas (afetiva, econômica e social). BOAS FESTAS!  

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Promovendo competências nos bebês

Alguns adultos vivem me perguntando o que fazer para que seu filho (a) seja uma criança saudável, e como eles podem ajudar em seu desenvolvimento desde pequenos. Vamos a algumas dicas:

Que tal fornecer estimulação sensorial nos primeiros meses? Mas em quê consiste isso? Colocar músicas ─ não muito altas ─, deixar abajures com lâmpadas coloridas ─ em vez de somente a luz branca ─, passar creme ─de aromas delicados e próprios ─ pelo corpinho do bebe, passar em sua pele diferentes tipos de tecidos para que comece a se sentir estimulado pelo sentido do tato, enfim, à medida que seu bebe for crescendo, procure criar um ambiente com novas aprendizagens, modificando os brinquedos e as brincadeiras. Não precisa ser nada caro, mas com variedades e criatividade.

Responda aos sinais do bebe com carinho; isto possibilita confiança de que o mundo é um lugar amigável. Dê ao bebe liberdade de exploração tornando o ambiente seguro, deixando-o engatinhar, rolar, se arrastar, mexer e tocar nas coisas que o circundam. Converse sempre com a criança em tom de voz calmo; ele não vai aprender a falar ouvindo TV ou rádio, mas sim ouvindo a sua voz! Interaja, converse sobre seus brinquedos, suas roupas, fale com ele e não o ignore.

Envolva-o naquilo que ele está interessado, demonstre afeto pelo que brinca, como brinca; aplauda suas conquistas e lhe ofereça apoio quando houver alguma dor ou insatisfação. Possibilite a ele brincar e tocar em objetos de diversos tamanhos, solicitando que possa separá-los por tamanho, ou cores. Não o sufoque quando brinca, mas não o despreze também. Brinque com seu filho, leia para ele as histórias que desenvolvem a imaginação criadora e as habilidades para a prontidão da alfabetização.  Cuidado com histórias que nada possuem de positivo! Leia somente histórias que constroem os pensamentos e não coloque histórias de medo. 


Estas foram apenas algumas dicas. Espero ter contribuído para que sejam felizes.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Minha filha não tem jeito! Ela não tira o uniforme quando chega em casa!

Uma mãe me disse a frase acima, perguntando o que ela deveria fazer com sua filha que, ao chegar em casa, no horário do almoço, não tirava o uniforme e, quando sua mãe chegava do trabalho, à noite, a menina ainda estava com o uniforme ─ sujo ─ e, pior, nem banho ainda havia tomado. “Eu chego cansada e ela já deveria estar arrumada, de banho tomado e me esperando para jantar e dormir... Todo dia é a mesma coisa, já falei, já conversei, já briguei e até bati...  mas de nada adiantou! O que eu devo fazer?”

Pelo tom da conversa pude perceber que isto causava na mãe um grande desconforto, porém, perguntei –lhe se ela trabalhava de uniforme na empresa e ela respondeu que sim; continuei a minha indagação: “Quando você chega do trabalho, você tira o seu uniforme antes de ir para a cozinha?” Ela respondeu que não, que quando ela chega vai imediatamente preparar o jantar, depois lava a louça, põe a roupa na máquina, dá uma limpada e organizada na casa , só depois é que vai tomar banho e se preparar para dormir! 


Pois bem, eu disse à mãe, que se ela não estava dando o exemplo, como é que ela queria que sua filha fizesse algo diferente do que ela estava vendo diariamente? Ou seja, se nem a mãe tira o seu uniforme, como é que espera que a filha vá fazer? A mulher ficou indignada comigo, mas depois de muita conversa ela me agradeceu, pois, nunca tinha percebido a incoerência entre o que ela falava e o que fazia, de fato. Passado algum tempo, eu perguntei de novo a ela como estava a questão dos uniformes ─ dela e de sua filha. Ela me respondeu que a partir de nossa conversa passou a tirar o uniforme assim que chegava à casa, e que a menina também. Que sua vida havia mudado, pois ela havia percebido seus erros com relação à educação que estava dando a sua filha, ou seja: “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!” Disse, também, que agora ela pensava várias vezes antes de pedir algo à menina, tendo em vista que primeiro ela se sentia no dever de verificar se a sua forma de agir era coerente com o que estava solicitando, ou não! Assim, podemos perceber que essa é a atitude mais correta:  pensar em nossas atitudes antes de exigir posturas dos outros...

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Desenvolvimento motor: estímulos e novas experiências

Os bebes não precisam ser ensinados a conseguirem ter as habilidades motoras básicas como agarrar, engatinhar e andar. Quando seu sistema nervoso central, músculos e ossos estiverem preparados e o ambiente oferecer as devidas experiências e oportunidades para esta exploração, estas habilidades aparecerão naturalmente, surpreendendo os adultos.

Porém, o desenvolvimento motor ocorre concomitantemente ao afetivo; assim, um ambiente cheio de medos, ou até mesmo sem espaço e estímulos para os bebes, pode impedir que este desenvolvimento motor se manifeste dentro do tempo previsto e de forma adequada. Vejo muitos bebes amarrados em cadeiras quase que o tempo todo, sendo impedidos de se movimentarem, de se locomoverem, de experimentarem novas aprendizagens e situações. Com esses impedimentos todos, como o seu desenvolvimento motor pode se manifestar de forma saudável?

Vejo alguns adultos podando verbalmente as crianças com expressões do tipo :  “Cuidado! Aí não pode ir não! Vem prá cá!”, “não pega isto!” ,“não pega aquilo!”.Presencio muitos adultos brigando com os bebes quando estes estão começando a experimentar novas situações, e isto também não é benéfico. Para desenvolver a preensão, por exemplo, o bebê precisa de objetos para pegar, mas se o ambiente não fornecer, ou, ainda, impedir, como ele fará isto? Ele precisa se exercitar, explorar, pegar com a mão inteira, sentir a textura, o volume e permitir que esse objeto se torne conhecido a partir do sentido do tato, para depois dominar movimentos de pinça, em que o polegar e o indicador se toquem nas extremidades formando um círculo, o que lhe permite pegar objetos pequenos.


Para que isso aconteça de forma equilibrada, dentro do tempo e da necessidade natural de aprendizagem, os adultos precisam incentivar, brincar, dar objetos não cortantes e deixar com que os bebes explorem livremente estes objetos sem estarem presos às cadeirinhas. Elas são úteis quando transportamos as crianças nos carros ─ inclusive é obrigatório pela lei de segurança de trânsito ─ são importantes para a hora da alimentação, de alguma brincadeira que exija a presença de alguma mesinha, enfim... fora isto, os bebes precisam se sentir livres e com espaço suficiente para se movimentarem e terem liberdade para explorar o mundo ao seu redor e verem o que podem e conseguem fazer.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Autoestima infantil: capaz ou incapaz?

Autoestima é a capacidade que os indivíduos têm de se autoavaliar, de tecer um julgamento sobre o valor que consideram ter. Esse conceito muda, ao longo de nossa vida, mas o que vou falar aqui é sobre a autoestima infantil.

A criança, entre cinco e sete anos, tende a aceitar o julgamento dos adultos, porque ainda não possui um autoconceito formado sobre si mesma. Isto é o que me preocupa, ou seja, o que é que os adultos falam para seus filhos (as)? Encorajam, ou recriminam o tempo todo? Valorizam os pequenos gestos e atitudes, ou somente cobram sem ensinar nada? Deixam que as crianças comecem a fazer por si mesmas pequenas tarefas, incentivando-as, ou falam que não são boas naquilo que fazem o tempo todo?

Famílias que somente deixam a entender nas entrelinhas que a criança não é capaz, vão sedimentando em sua mente este conceito, contribuindo para que a mesma tenha uma visão negativa de si mesma; quando isso está instalado, para reverter este quadro na adolescência e vida adulta é muito mais difícil.

É muito comum encontrar nas famílias somente cobrança, esquecendo-se de que as crianças só possuem dois, três, quatro, ou cindo anos.  Isto em nada ajuda em seu desenvolvimento saudável; pelo contrário, somente dificulta este processo. Valorizem as pequenas atitudes, ensinem a criança a cuidar de si com amor! Cuidem de si mesmos para que seus filhos vejam exemplos de autoestima em vocês e, assim, passem a imitar e a conquistar os valores positivos que percebem que emanam de vocês. Alta ou baixa autoestima também é um comportamento aprendido com os adultos. Quanta responsabilidade!

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Ensinando as crianças a fazerem escolhas

As crianças vão a lojas e nem sempre querem somente um brinquedo, uma roupa ou um par de sapato, sandália, tênis. Algumas não conseguem definir o que querem, porém, é preciso que desde pequenas comecem a entender que a vida é feita de escolhas ─ em qualquer idade ─ e que nós não temos tudo o que queremos; por isso, precisamos saber escolher.

Se a criança quiser, por exemplo, dois brinquedos, faça-a escolher apenas um para que passe a entender o conceito de prioridade. Mais do que isto, que ela também aprenda a valorizar suas escolhas, a priorizar suas necessidades reais, para aprender a não ter compulsão, quando adulta, comprando tudo o que vê pela frente!

Quando a criança aprende, desde cedo, a priorizar seus sentimentos e escolhas, ela saberá usar isto para sua vida inteira; assim, quando lhe oferecerem algo que não lhes trará nenhum benefício, saberão recusar e seguir em frente na vida. Toda criança precisa aprender o que é bom para si, e só se aprende experimentando e vivenciando isso na infância. Se elas não souberem escolher, argumentem o que elas realmente precisam, mas não opinem ou escolham por elas! Deixem-nas à vontade, mesmo que a sua escolha pessoal ─ como mãe, pai, tio, tia, etc─ seja outra, deixe-a arcar com o que escolheu. Não dê palpites, somente oriente, mas não interfira na escolha; caso contrário, ela não conseguirá entender a sua própria opção, o seu discernimento e isso é a semente da responsabilidade! Lembre-se: a vida é feita de escolhas sempre...

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

“Ela é a única que não sabe nada”

Uma professora de ensino fundamental de 3ª série me fez uma indagação nas redes sociais. Vou explicar o fato: trata-se de uma aluna que não está conseguindo aprender a ler e a escrever, embora já esteja na 3ª série. Segundo a professora, naquele momento a menina já deveria estar lendo e escrevendo, ainda que com certa dificuldade, porque seus colegas de sala já o sabem. “O que eu faço?”, foi o pedido de socorro desta professora.

Alguns professores se esquecem de que quando uma criança apresenta alguma dificuldade em relação à aprendizagem, é necessário avaliar todos os aspectos e não colocar a culpa sobre a criança. Então, vamos lá: a terceira série de hoje é a nossa antiga segunda, e aí fico me perguntando se não estão tentando adiantar demais o processo da alfabetização? Também é importante saber qual é o método de ensino que está sendo utilizado, como é o relacionamento da criança com seus colegas e com a professora, como a professora olha, sente e age com esta menina, enfim, há naturalidade diante dessa situação, procurando auxiliar, ou ela é tida como uma aluna-problema, tipo pau-de-enchente, atravancando o desenrolar das aulas? Afinal, ela está sendo observada com atenção para se localizar o motivo da dificuldade, ou com relativo desprezo? Vejam quantas questões!

Ainda seguindo com mais questionamentos, poderíamos perguntar como é que anda o psicológico desta criança, se ela está passando por algum problema em sua família, se está tudo bem em casa, tanto no que se refere à alimentação, convivência, afetividade, atenção e interesse...
Levantando as hipóteses de que método de alfabetização é bem condizente e adequado, que não há conflitos nos relacionamentos familiares, e que, assim mesmo a dificuldade se mantém, é necessário encaminhar a um profissional da saúde, para se avaliar as questões dos sentidos (visão, audição), ou mesmo a um neuropediatra que procurará avaliar os processos de atenção, concentração, retenção de memória e outros.


Como professores, precisamos tomar um grande cuidado: nunca devemos mencionar, perto da criança ─ ou de seus colegas ─ que ela é a única que não sabe nada! Todos nós temos dificuldades e facilidades em nossas vidas; ninguém sabe tudo. No caso de uma criança com algum tipo de defasagem na aprendizagem, precisamos considerar que ela precisa ser analisada de forma correta para não ficar estigmatizada diante de si mesma e dos colegas. Portanto, prudência é a melhor forma de agir em situações desse tipo. Você pode construir ou destruir um ser humano, dependendo de suas atitudes em sala de aula. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Atividades sem significância para as crianças

Uma aluna do curso de Pedagogia veio me questionar uma atividade que ela viu em seu estágio dizendo: “Professora, os professores fazem cada atividade em sala de aula com as crianças...será que não pensam? Eu respondi, como assim? me explique melhor.

Eu estava fazendo estágio numa sala com crianças de 5 anos de idade e a professora deu uma folha xerocada para cada criança, que era para que as mesmas circulassem os animais que voam, de azul, os que vivem na água, de vermelho, e os que vivem na terra de amarelo. Porém, dentre os animais que estavam desenhados lá, havia tartaruga e jacaré. Fiquei pensando como as crianças solucionariam esse problema porque, pelo que sei, estes dois animais vivem tanto na água como na terra. Não deu outra professora, as crianças se confundiram todas, e ela ainda ficou brava porque só percebeu isto depois que já tinha feito a proposta; e talvez porque eu estava ali, ela ficou toda constrangida.


Olhem o que os professores, no lugar de propiciar novas aprendizagens, estão fazendo em sala de aula/espaço de referência. Vou mais longe ainda: será que estas crianças de 5 anos conhecem os animais, de fato, que estão desenhados na folha? Será que já formaram representações mentais deles a partir da realidade vivida, ou seja, será que todos conhecem jacaré e tartaruga de verdade, ou somente viram em filmes ou desenhos animados? Existem tantos conteúdos importantes para serem trabalhados na educação infantil que realmente constroem conhecimento. Mas ainda vejo práticas ultrapassadas e, pior, sem pensar!  Acordem, professores! Não estamos mais me 1970 e sim em 2014!!!

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Linguagem infantil: cópia de suas referências

Uma criança de alto poder aquisitivo familiar convivia mais com os empregados de sua casa do que com os próprios pais, pois os mesmos viviam viajando a trabalho. Seus pais pagavam a melhor escola bilíngue da região de Campinas, achando que estavam fazendo o melhor para seu filho.  Não vou aqui entrar em polêmicas quanto à escola, mas quero que reflitam sobre o que aconteceu.

Um belo dia, a criança verbalizou uma fala assim para seus pais: “eu vô ponhá o copo aí em cima mesmo”; eles ficaram horrorizados e corrigiram na hora a criança. Na cena, chega a empregada e diz à criança “mais você ponhô o lanche na mochila?”, ou seja, a criança estava verbalizando a sua referência de linguagem, a fala dos empregados da casa, que eram as pessoas com quem ela realmente conversava e se comunicava; afinal, essa criança convivia mais tempo com eles do que com seus pais, e na escola ela estava aprendendo a se comunicar apenas em inglês.

Não adianta pagar escolas caras achando que seus filhos irão espelhar uma cultura elitizada, aprendendo a falar e a escrever de forma correta, se sua referência é alguém que fala o linguajar extremamente distante da norma culta; isto é uma questão de lógica. Aprendemos com quem temos afeto, com quem cuida de nós nos propiciando uma comunicação diante de questões práticas que tem a ver com a nossa vivência corriqueira do dia a dia. De minha parte, aposto que esta criança tem muito afeto pela empregada, uma vez que esta passa a maior parte do tempo com ela, inclusive na hora de dormir. É ela quem cuida de sua roupa, cozinha a sua refeição ─ muitas vezes seguindo um cardápio agradável ao paladar infantil ─ que dorme com esta criança em seu quarto, acolhe-a dos medos noturnos...já que os pais sempre estão viajando a trabalho e negócios.  Podem ter certeza de que muitas vezes a criança até prefere ficar com a empregada ─ que está 24horas por perto ─ do que com seus pais que estão a maior parte do tempo ausentes. Se até mesmo em viagens de férias para o exterior a empregada vai junto, para tomar conta da criança, quem mais parece fazer o papel da mãe e/ou de pai?


Por isto digo: cuidado quando querem corrigir seus filhos! Observem, antes, qual a referência que eles estão imitando (copiando); se eles convivem mais tempo com pessoas que falam de forma não escolarizada, é com eles que vão aprender a se comunicar e a falar o português, já que o inglês vai ficar por conta da escola bilíngüe, certo? A vida é feita de escolhas. E depois, não reclamem.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ensine a diferença entre querer e precisar

As crianças precisam aprender conceitos de educação financeira desde pequenas, e um dos conceitos é entender a diferença entre querer e precisar. Muitos adultos compram por impulsividade, sem precisar, muitas vezes por carências ou até mesmo por fugas da realidade.

Entender a diferença entre querer e precisar é algo importante para não se comprar além do orçamento. Querer, todos nós queremos, sempre, coisas novas! Mas a pergunta é: Necessitamos, de fato?


Conversar com as crianças e mostrar o que realmente necessitam é importante para aprenderem a comprar de maneira correta. Entretanto, nem sempre isso é fácil numa sociedade de consumo, onde os amigos têm coisas diferentes e mostram (na verdade exibem) uns para os outros. Mas diálogo e, mais do que isto, exemplos dos adultos acabam sendo a maneira mais correta de se ensinar. Não adianta falar para as crianças não fazerem determinada coisa, e depois você, adulto, acaba fazendo! Isso é contraditório e acaba sendo um péssimo exemplo de conduta, de atitude e de educação! Mostre a elas que quando forem comprar algo é porque aquilo está sendo necessário ─ realmente necessário ─ e não por um simples querer! Crianças que desde cedo aprendem a utilizar o dinheiro de forma correta, quando adolescentes e adultos não se excedem nos gastos, sabendo viver de forma harmoniosa com o dinheiro que ganham. A vida é cíclica e nem sempre temos tudo o que queremos em todos os momentos. Portanto, entender como fazer o correto, desde criança é um aprendizado para a vida toda!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Incentive seu filho (a) a participar da elaboração da lista do supermercado

Muitos pais me pedem ajuda sobre o tema de levar, ou não, as crianças ao supermercado. Isso porque quando vão com os filhos (as) gastam demais e não sabem como resolver este problema. Então, vamos às dicas...

Primeiro, elaborem uma lista de supermercado em casa junto com as crianças; lembrem sempre a elas de que nada do que está fora da lista será comprado; isto é necessário para que as crianças entendam a importância e o significado de um planejamento.

Mas tenha consciência de que você também não poderá comprar nada além do que planejar, ou seja, da lista que foi feita; portanto, pense direito e veja realmente o que precisa em seus armários e geladeira. Você precisa ser o exemplo. Não valem regras somente para a criança, são todos da família. Uma família organizada e planejada é sinônimo de sucesso na vida, pois, sabendo planejar todo o seu orçamento com base no que ganham ─ sabendo não gastar sem necessidade ─ sobra dinheiro para fazerem e realizarem sonhos maiores como viagens, compra de carros, casa, etc.

Na lista deve conter somente o necessário e com consciência de validade e uso de produtos por um determinado tempo. Quando estiverem no supermercado cumpram a lista na risca, não comprem nada além!  A criança precisa aprender a comprar somente o programado; mesmo que chegando lá elas queiram outros produtos, não comprem, ensinem o que é um planejamento. Na vida é necessário ter planejamento em tudo o que fazemos, em todos os aspectos e áreas.   E isso pode ser ensinado numa simples compra de supermercado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Se você não ficar quietinho e dormir logo, o lobo vem te pegar...

Muitos adultos utilizam desta frase citada acima para fazer seus filhos dormirem. Não concordo, de nenhuma forma, com esta posição, mas vou lhes explicar o porquê.   Quando estamos no estado de sonolência, nosso cérebro está com um ritmo cerebral mais baixo e, consequentemente, o ritmo de aprendizagem neste momento é muito alto. Então, o que falamos para as crianças pode ficar armazenado no hipocampo de seu cérebro para sempre. E o que ficará guardado? Ora, o MEDO, um medo que poderá provocar, futuramente, disfunções e distúrbios de comportamento, além de provocar insônias, insegurança diante da vida, das dificuldades... dos “lobos maus” que temos que enfrentar em nosso cotidiano!

Colocar medo sem necessidade não é uma atitude saudável, nem na hora de dormir, nem em outro momento qualquer. Existe uma diferença significativa entre medo e prudência. O medo paralisa, enquanto que a prudência alerta. Quantas e quantas pessoas poderiam não ter síndrome do pânico, depressão e outros problemas de ordem psicológica e emocional, se em vez de medo tivessem coragem para enfrentar a vida.


É na infância que constituímos a área emocional de nosso cérebro; neste período a criança precisa se sentir segura e autoconfiante para, depois, saber enfrentar os problemas da vida adulta de forma a ultrapassar os obstáculos, evoluir sempre e não paralisar. Não amedrontem com histórias, músicas, frases, gestos, etc. Isto não torna ninguém feliz e nem desenvolve um adulto com boa autoestima; pelo contrário, forma um adulto inseguro e infeliz. 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

José, José... vamos meu filho! Você deve achar seu nome lindo para eu ter que te chamar tanto!

 Uma mãe completamente estressada chamava ─ ou, melhor dizendo, berrava ─ pelo nome de seu filho, e sem nenhuma paciência ainda finalizou a atitude que estava tendo, com a frase acima.

Vamos lá, pais: muitas vezes nós, adultos, não percebemos que a criança tem um poder de concentração direcionado para aquilo que ela está fazendo, acabando por não prestar atenção ao chamado que um adulto lhe faz, ainda mais se ela estiver realizando algo de seu interesse. Nesse caso, as crianças não escutam mesmo, porque possuem uma concentração focada para o objeto ou a situação que é de seu interesse. Não seria mais saudável para todos chegar perto da criança com calma, solicitando para que realize o que você quer, em vez de ficar gritando, como louca, estressadíssima? Veja que é tudo muito sério! A criança pode modelar tudo o que recebe do ambiente onde ela está e, ainda por cima, pode se tornar agressiva, desconectada em relação à atenção e à memória, justamente porque a maneira como está sendo chamada demonstra um forte grau de desrespeito e também de agressividade. E depois, quando a queixa acaba se estendo por todos os contatos e relacionamentos da criança, os pais acabam por levá-la a um especialista para que passe a tomar medicamentos e calmantes.  Será isto correto?


Muitas vezes, quem precisa de remédio para se acalmar é você, adulto, e não a criança! Se em sua casa o ambiente está de difícil convivência, lembre-se de que é você quem propôs isto. Por que, ao invés de ridicularizar uma criança você não passa a elogiá-la e a acariciá-la dando o exemplo?  Por que você não muda sua maneira de pensar, sentir e agir? Pois saiba que quando isto acontecer, de fato, tudo à sua volta mudará e sua família viverá em harmonia, em equilíbrio (homeostase) e serão, realmente, uma família feliz na maior parte do tempo ─ porque feliz o tempo todo é claro que não existe!  

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Nem todas as regras de convivência entre as crianças se negociam

Negocia-se, por exemplo, se pode ou não bater em um amigo dentro da escola? Claro que não, isto não é regra discutível e o professor deve ter a autoridade para falar que isto não se negocia. Não se bate em pessoas.

Há princípios morais que não se negociam, por exemplo, a justiça, a moral, o respeito (a si mesmo e ao grupo), a igualdade, e a dignidade, estes valores são explicáveis e conversados, mas não são negociáveis porque fazem parte de um comportamento maior, previsto em nossa legislação como regra de boa convivência.


Algumas regras de conduta, dentro da instituição de ensino, são negociáveis e outras não. Já as regras que são discutidas e elaboradas é como se fossem um contrato. Por exemplo, se as crianças apontam os lápis fora da lixeira e o chão fica sujo, isto é uma regra que poderá ser discutida e feita em forma de contrato. Vivemos em sociedade e os limites existem para o bom andamento da convivência mútua. Assim, as crianças precisam aprender a conviver para ter sucesso em seus relacionamentos, quer sejam pessoais, ou profissionais, futuramente. Existem muitos limites na vida adulta que devem ser ensinados e aprendidos pelas crianças; nós mesmos aprendemos esses limites desde pequenos, e eles não nos foram impostos ou adestrados ─ acredito eu ─, mas compreendidos e refletidos sobre as regras de conduta. Isto, sim, é o mais correto!

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Toda criança tem um corpo e uma história

A identidade de uma criança é marcada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, ou seja, sua identidade corporal é genética, vinda da fusão do DNA de seus pais, e caracterizada pelo genótipo, quer dizer, cor dos olhos, do cabelo, da pele, que são fatores genéticos e que compõem a identidade física desta criança.   Porém, estes fatores biológicos não vivem isolados do meio, mas sim, inseridos dentro de relações sociais que são a família, os amigos que fazem parte de seu dia a dia, os vizinhos...
Com relação aos fatores sociais, estes se formam pelas interrelações que se fazem entre o meio e a pessoa, no caso, a criança e o ambiente que a circunda. Os fatores sociais afetam ─ para o bem, ou para o mal ─ os aspectos da identidade psicológica da criança. Assim, uma família onde os adultos são agressivos, uma criança que ali vive e convive com aquela agressividade, diariamente, poderá desenvolver uma identidade também agressiva.

Muitas vezes não nos damos conta de que os fatores psicológicos podem desenvolver doenças no corpo das crianças, uma vez que o emocional esteja bastante abalado. Quando isto acontece, modificam-se as estruturas das células, dos órgãos e tecidos, podendo, com isso, acarretar moléstias nas mesmas. Vejo alguns históricos de crianças que, se estas estivessem dentro de famílias mais equilibradas, com certeza, não precisariam ir tanto a médicos!


No entanto, com a vida moderna e com a família desestruturada, cada vez mais as crianças estão com sua identidade psicológica (emocional) com problemas. Vejo algumas crianças de 4, 5 anos completamente estressadas, e isto não é normal!  Saudável seria que estas crianças fossem mais calmas, equilibradas e que fossem crianças, de fato, e não robôs em miniaturas. Criança tem que ter identidade de criança, tem que ser criança em todos os seus aspectos: biológicos, psicológicos e históricos. Com uma história de vitórias, conquistas e felicidade, podendo se desenvolver fisicamente, emocionalmente e socialmente de maneira equilibrada e com saúde.  

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Que venha com saúde!

Ouvi esta história de uma mãe de uma criança especial e preciso contar a vocês para que possamos refletir sempre diante da gravidez de uma mulher. É comum e cultural fazer, para as mães grávidas, perguntas do tipo: “Já sabe qual é o sexo do bebê?”. E alguns verbalizam que não e a conversa continua com: “o importante é que venha com saúde e que seja perfeito”.

Pois bem, esta mãe me disse que ouvia muito estas expressões citadas acima por parte de amigos, familiares e até mesmo de desconhecidos.   E quando sua filha nasceu com síndrome de Down, ela ficou com estas frases ecoando na cabeça e teve muita depressão. A partir deste fato, ela sempre conta para todos e me pediu que divulgasse em meu blog esta história para alertar o quanto isto é horrível diante da vida. Ela relatou que no primeiro momento da notícia levou um choque tão grande, que só ficava se lembrando do que as pessoas falaram quando ela estava grávida.


Hoje ela é uma pessoa super resolvida e engajada na luta contra o preconceito. Mas para superar estes fatos ela me relatou que não foi nada fácil, então, vamos refletir sobre o que falamos? Esse tipo de comentário pode magoar ─ e muito ─ determinadas pessoas e não dá nada em troca de positivo. Temos que pensar, também, que pode haver na família, ou no círculo de amigos de uma mulher que está grávida, uma criança ou mesmo um adulto portador de necessidades especiais. Muitas vezes esse fato já foi bem administrado e trabalhado entre os mais próximos, e muitas vezes ainda não! Então, ouvir uma frase dessas, como a citada acima, não traz nenhum tipo de acréscimo. Que tal dizer assim: “que barriga linda”!”Ou perguntar:” como é estar grávida?”

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Maior... menor...

Muitas vezes nos esquecemos da noção de tamanho quando falamos para com as crianças pequenas. O que é maior? O que é menor? Claro que depende do tamanho de quem vê; por exemplo, eu tenho 1,75cm, então, todas as pessoas mais baixas do que eu são menores; agora, imaginem um bebê no chão, olhando para mim: devo parecer uma gigante perto dele, mas não é a mesma situação com relação à altura de uma criança de 4 anos... e assim, sucessivamente.

Muitas pessoas esquecem-se deste detalhe e verbalizam, no diminutivo, frases e nomes de objetos, para a criança, como se o mundo dela fosse tudo no diminutivo! E o que é pior: a criança ainda não sabe falar; precisa aprender o significado social de tudo o que a rodeia e os adultos acabam verbalizando, entre si, palavras e expressões diferentes, que não se acham no diminutivo ou com um apelido, como se fosse uma outra língua. Assim, vejam que não falamos para uma pessoa adulta: “senta na sua cadeirinha”, mas falamos assim para a criança. Pensem no que falam e como falam...


Outra situação que nos esquecemos, às vezes, é de verbalizar 10, 20, 30... quantas vezes for necessário, para que a criança fixe a linguagem em sua memória! Muitos adultos pensam que falando uma ou duas vezes já é o suficiente, e muitas vezes não é! A memória também é uma região do cérebro que precisa ser desenvolvida; localiza-se no hipocampo e se quiserem pesquisar sobre o assunto tem muita coisa interessante para se aprender e se conhecer sobre as diferentes memórias que temos. Nós não nascemos com a memória pronta; ela vai se formando de acordo com as vivências e as experiências; mas no caso da memória semântica, ou seja, a memória que adquirimos para gravar as palavras e o significado que elas têm, isso nós adquirimos de acordo com o meio ambiente e com as pessoas que estão à nossa volta nos ensinando e conversando. Então, como é que essa memória pode se formar nas crianças pequenas se elas ouvem sobre a mesma situação, ou o mesmo objeto, mas com diferentes palavras? Se elas ouvem, por exemplo, papá e, depois, comida?

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Silêncio! Chega...

Às vezes observo esta cena em algumas instituições de ensino quando a professora quer pedir silêncio e acaba fazendo o pedido aos gritos! E não grita baixo, não! Ao contrário. Quanta incongruência pedir silêncio gritando! Pior é que essas professoras que assim o fazem, não se dão conta porque já estão com sua voz tão alterada que nem percebem que falam alto demais!

Quando quiserem que as crianças falem mais baixo, ao invés de ficarem gritando como loucas, diminuam seu tom de voz.  As crianças percebem que não estão ouvindo o que o adulto diz e elas mesmas acabam se autocorrigindo; trata-se de uma questão de lógica e bom senso: Silêncio se faz com silêncio e não com gritaria. 


Alguns de vocês devem estar pensando que isto não funciona; pois então, testem e depois me digam se estou, ou não, certa. É o velho ditado: “Violência gera violência”, “Gritaria gera gritaria”, e não o contrário. É necessário que entendam que, muitas vezes, o tom de voz alterado e sem consciência é que provoca mais agitação nas crianças. Então, permanecendo calmos, parando e falando mais baixo, com certeza algo bem diferente do que está ocorrendo acontecerá!  Esperem eles se acalmarem, depois vocês podem questionar o silêncio de forma a que entendam por que precisam ter esta conduta naquele momento. Por exemplo, em um momento de explicação, todos devem permanecer em silêncio para que possam ouvir o que será dito; mas se não entenderem o por quê deste comportamento, não terão mesmo! Muitos adultos esquecem de que estão lidando com crianças e que estas precisam aprender a ter consciência de seus atos. Bem, isso, com certeza, demanda paciência e ensino!

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Responsabilidade pela formação moral e ética

Pais e professores vivem empurrando uns para os outros a responsabilidade quanto à formação moral e ética das crianças. Qual a parte de cada um?

Tanto a família quanto a escola possuem papéis diferentes na vida da criança, e ambos precisam saber administrar problemas relacionados, cada qual, na sua competência. Por exemplo: a instituição de ensino é responsável pela disciplina dentro dela, incluindo tudo o que se refere e abrange os problemas de aprendizagem. O ensino é de competência da escola, ou seja, ensinar a ler, a escrever, a fazer contas de matemática, enfim, a ensinar conteúdos. Mas é claro que, como as crianças são seres de relação, surgem conflitos e esses conflitos devem ser administrados e trabalhados no âmbito do ambiente e do espaço onde eles ocorrem. Dessa forma, quando o problema de comportamento for dentro da escola, quem deve resolvê-lo é a escola.

Já quando o problema é em casa, passa a ser de competência da família resolvê-lo. Cada um tem um papel na formação da ética. Não cabe à escola, por exemplo, resolver conflitos entre irmãos. Ou até mesmo conflitos entre as crianças e os adultos (pais).


Bilhetes da escola reclamando do comportamento dos filhos dentro da instituição também não estão corretos. O que os professores fariam se recebessem bilhetes dos pais dizendo que não sabem mais o que fazer para que seus filhos comam? Ou como proceder com os irmãos que brigam? São competências diferentes, portanto, quanto digo que a família e a escola precisam ser complementares na educação e no ensino dos pequenos, estou me referindo a ter procedimentos parecidos, condutas adequadas porque iguais é claro que nunca serão. Por isso, cada um tem o seu grau de responsabilidade na formação moral das crianças e é importante refletir, em cada situação que se apresenta, de quem é a responsabilidade!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Jardim das sensações: explorando os sentidos

Não sei se vocês já ouviram falar neste tipo de jardim que exploram os sentidos; em meu conceito, todas as instituições de ensino deveriam ter, principalmente as de crianças pequenas. O jardim dos sentidos consiste em ter um espaço de lazer e de prazer, no qual a criança poderá viver seus sonhos e realidade. Por meio deste espaço, as crianças podem viajar no tempo, experimentar sensações diversificadas, promover o encontro com si e com a natureza em sua exuberante expressão do que seja a vida.

Os jardins também podem privilegiar portadores de algum tipo de deficiência visual, física e/ou auditiva. Este tipo de jardim proporciona a manifestação dos sentidos do corpo humano: tato, audição, visão e olfato. As plantas possuem cores, texturas diferentes estimulando o tato e a visão ao mesmo tempo. Como este tipo de jardim possui fontes de água, a audição também é privilegiada e, finalmente, as plantas possuem diversos aromas proporcionando diferentes estímulos olfativos.

Este tipo de jardim também proporciona atitudes de relaxamento da mente, porque as crianças podem contemplar a natureza em suas diferentes formas, cheiros, cores, texturas. Vivemos em um mundo tão caótico, com pressa de tudo, que a prática da contemplação, ou mesmo da observação para com a natureza está sendo deixada de lado. Que tal se as instituições pudessem proporcionar isto às crianças? Com certeza  elas aprenderiam a relaxar a mente e a contemplar a natureza e, concomitantemente, aprenderiam a preservar  o nosso planeta, a nossa casa, a vida em todos os seus sentidos.

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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Existe hoje uma crise da moral?

Algumas pessoas pensam que sim, mas na verdade não há uma crise de valores. O que aconteceu é que existe uma mudança de comportamento em nossa sociedade, mas não uma ausência de valores. Os valores existem e não podemos compará-los com os dos anos da década de 1970, por que estamos em outro momento histórico, outro momento social e econômico do mundo global.

Hoje temos tecnologias e conseguimos saber em tempo real o que acontece no mundo inteiro; algumas pessoas dizem que “hoje se mata a torto e direito”, mas é que hoje sabemos dos casos pela TV, internet. Há alguns anos atrás, as pessoas também morriam assassinadas, mas não sabíamos o que acontecia por que não era veiculado. Além do mais, havia menos gente no mundo. Hoje em dia, com o aumento populacional, seja nos grandes centros, seja na zona rural, casos em que há vítimas e mortes são amplamente divulgados pela mídia.


Penso que o que estamos vivendo é uma substituição de valores: o que antes era considerado um valor, hoje não é mais, e outros estão surgindo; mas isto não significa que eles não existam, ao contrário!  O que vejo muito são valores como beleza, futilidade, sedução, riqueza, popularidade, etc., serem mais valorizados do que a justiça, a honestidade, a generosidade, a hospitalidade. Inversão de valores, temos uma mídia que insiste em propagar este tipo de conduta o tempo todo, seja em novelas, propagandas, filmes... Então, como não se deixar influenciar? Esta é a principal questão. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Estou esperando um bebê: ele será médico, ou professor, ou engenheiro, ou arquiteto... talvez um empresário...

Quanta expectativa e projeção dos pais em relação a um filho (a). O bebê nem se formou e já nasce com uma profissão pré-determinada, não por sua vontade própria, mas pela vontade de seus pais.  Será que isto é realmente saudável? Em minha opinião não! Cada criança precisa se desenvolver de acordo com suas vontades e talentos. É claro que eles não nascem sabendo quais são essas vontades e talentos, mas os adultos precisam proporcionar estímulos diferenciados e ir observando as suas preferências, seus gostos, suas vontades...

Agora, preparar e programar toda a vida de alguém que ainda nem nasceu, que está em formação, é uma projeção muito grande por parte dos adultos, além de um controle imenso sobre a vontade e o querer de um filho. Funciona mais ou menos assim: eu queria ter sido, mas não deu; então meu filho (a) será e eu de tudo farei para que ele realmente seja!


Somente um exemplo: quantos pais médicos, que querem que seus filhos também o sejam, ameaçam com repreensões, com corte de mesada, com chantagem, etc, caso o filho não curse medicina, a profissão escolhida pelo pai? Nesse caso, muitas vezes o jovem acaba cursando, não por que gosta, mas por obrigação. Será que ele virá a ser um excelente profissional desta forma? Ou a profissão exercida será apenas uma forma de ganhar dinheiro e não quebrar a relação com o pai? E nesse caso específico, vejam que se trata de uma profissão que trabalha com a saúde das pessoas, com o sentimento familiar de quando há um caso a ser informado, entre médico e familiares de um determinado paciente... Então, será que um médico infeliz estaria capacitado para lidar ─ por anos a fio ─ com procedimentos dessa natureza? Não estaria esse médico, também, muito doente?

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

E então, na floresta misteriosa, Tarzã se jogou contra o leão ...

Vamos refletir sobre as histórias que contamos para as crianças. Algumas delas não tem sentido real de nada, existem homens na selva que se jogam contra leões?  Duvido. Por que contar este tipo de história para as crianças, sem significado algum, um conteúdo que não ajuda em nada no desenvolvimento da imaginação e da criatividade?

Contar histórias que as façam refletir sobre o dia a dia de maneira a compreender este cotidiano é muito melhor do que fantasiar, sem sentido algum. Alguns de vocês devem estar pensando que esta autora enlouqueceu, mas não! Estou bem sóbria e com os meus juízos perfeitos! Vou lhes explicar a lógica em nível cerebral.

Tem uma área em nosso cérebro que é responsável pelo reconhecimento de significados; mas para que isto aconteça, de fato, é necessário que a criança aprenda concretamente este significado. Não existe pensamento abstrato antes que o concreto seja vivenciado e experienciado; Piaget nos ensinou isto em sua tese. O que é uma floresta para uma criança que mora numa região de prédios, ou mesmo de periferia? Qual o significado de um leão se ela nunca viu um em sua frente e nem foi a um zoológico? O que é um Tarzã? Entenderam o meu pensamento lógico? Crianças pequenas precisam de histórias reais de sua vida: de quando ela nasceu, de seu avô e avó, histórias de plantas e de animais que ela conhece; isto sim, contribuirá para sua criatividade e futuro pensamento imagético (imaginação). Ninguém cria algo do nada! As ideias só se formam a partir de algo concreto! Eu sou assim para escrever para vocês, ou seja, preciso ver uma cena para depois escrevê-la e analisá-la. Então, por que exigir da criança que ela consiga formar seu pensamento a partir de situações que ela não vivenciou? Tenho razão, ou não tenho?

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Depois do recreio o rendimento é menor?

O título acima foi uma pergunta que uma professora me fez.  Ela me relatou que sempre depois do recreio as crianças ficam agitadas e, quando voltam, não aprendem direito. Vamos às explicações.
Geralmente no recreio as crianças correm para lá, para cá e, consequentemente, sua respiração é alterada. Com a alteração da respiração diante de um exercício físico, seu metabolismo interno ─ tanto o sangue quanto os órgãos e tecidos ─ precisam bombear seus fluídos em outro ritmo; se isto não acontecer, o corpo entra em colapso podendo levar até a morte. Mas como o nosso organismo é sábio, ele se defende, acelerando os batimentos cardíacos diante de um exercício físico. E o que isto tem a ver com aprendizagem? Tudo! Já explico:

Este metabolismo alterado leva um tempo para voltar à homeostase (equilíbrio) e, muitas vezes, os professores não entendem disto. Cada criança tem um ritmo, uma velocidade e um tempo para que isto aconteça porque esse processo depende de uma série de fatores. E não acontece imediatamente; é um sistema complexo que envolve os neurônios, os neurotransmissores, e toda a área motora do cérebro, que é diferente da região cognitiva. Bem, o que eu quero explicar é que nem sempre o tempo que a professora acha que a criança precisa ter para retomar e utilizar os mecanismos cognitivos do cérebro, não é o mesmo tempo que cada criança possui.


O correto é depois do recreio, sentar, relaxar, respirar fundo várias vezes para oxigenar o cérebro, os pulmões e todo o organismo. A agitação por dentro precisa ser acalmada para depois recomeçar a utilizar a cognição. Não dá para voltar a usar uma área do cérebro enquanto a outra ainda está sendo acionada. Tudo tem seu momento e seu tempo. E este tempo da criança precisa ser verificado e respeitado. É simples de entender: quando nós, adultos, estamos agitados após uma boa caminhada acelerada no fim da tarde, conseguimos parar e ler um livro? Com certeza que não! O que mais necessitamos, naquele momento, é parar, esperar que a respiração entre no ritmo normal, sentimos sede e queremos alguns minutos de sossego! Com as crianças é o mesmo: é preciso lhes dar o tempo para primeiro silenciar da agitação do recreio, e depois retomar com as atividades de sala de aula, sejam elas a leitura, a escrita, a matemática... 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Alimentar o bebê é um ato emocional e físico

O contato afetuoso com o bebê que o corpo da mãe promove é um vínculo emocional entre mãe e bebê. Alimentar é muito mais do que somente nutrir fisicamente; é demonstrar afeto por um período em que o bebe se sente reconfortado, seguro, em aconchego, principalmente porque ele é totalmente dependente desse ato de ser alimentado. A qualidade de relacionamento entre o bebe e os adultos que os cercam se manifestam no gesto de alimentação.

Mães estressadas, ansiosas, ou até mesmo que não gostam de dar de mamar, passam este desconforto para as crianças mesmo que, às vezes, isto seja inconsciente. Além do fato de que, quando estamos com raiva ou estressados, nossos hormônios internos se modificam e isto vai tudo para o leite materno. 


Vejo algumas cenas interessantes ou, melhor dizendo, desconfortáveis, de mães dizendo assim: “acabei de dar de mamar e já quer de novo parece um bezerro desmamado”! Para quê verbalizar isto? Muitas vezes a criança ainda não está satisfeita, ou mesmo o leite que está ingerindo já não é o suficiente para sua boa alimentação, então, faz jus a criança sentir fome e querer mamar novamente! Por que não procurar entender e observar o que se passa com o bebe antes de sair verbalizando situações desagradáveis? Os bebês são pequenos e muitas pessoas pensam que não entendem o que está acontecendo. No entanto, pesquisas longitudinais, que vão acompanhando alguns bebês ao longo de seu processo de desenvolvimento ─ às vezes até por anos ─, indicam que as crianças, mesmo recém nascidas, já ouvem e captam tudo o que está ao seu redor. E depois as mães ainda dizem que amam seus filhos (as)... Como é que isto pode acontecer quando o simples gesto de alimentar uma criança causa um transtorno para esta mãe? Quando os bebes não se sentem seguros e amados, eles estão menos propensos a explorar seu ambiente, limitando suas habilidades de aprender sobre o mundo. Pensem nisto!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não! Você não deve pegar a tesoura. Vai se machucar.

Não deve, não deve, não deve! Isto é uma explicação com lógica, com argumentação, com coerência, ou somente uma ordem sem sentido? Para mim, trata-se de uma ordem sem sentido. A criança deve entender o porquê de ela não dever pegar a tesoura. O que é machucar com a tesoura? Então, qual seria a melhor orientação para uma criança? Simples. Vamos lá.

Converse com ela sobre o tamanho da tesoura, e o tamanho de sua mão; explique que ela tem corte e, por isto, corta papel, plásticos e tecidos. Mostre para ela, cortando um papel, o que significa cortar. Dialogue, explicando sobre o fato do fio do metal poder cortar, ou mesmo furar a sua mão ou outras partes do corpo.   Mas dê uma tesoura sem ponta, pequena, para que ela possa experimentar e ir adquirindo firmeza em suas mãos. Mas diga-lhe, também, que quando ela ficar maior poderá usar a tesoura grande sem problemas, mas sempre com bastante cuidado.


Ordens sem explicação não faz uma criança pensar e entender o que se passa no dia a dia. Lembrem-se sempre de que elas precisam de informações para conseguirem entender e não fazerem “peraltices”; se elas não compreendem o motivo do impedimento, com certeza hão de querer fazer e experimentar “o fruto proibido”! Lembrem-se: tudo que é proibido é mais gostoso! Então, se precisar explicar 10, 20, 30 vezes, façam isso, até que elas consigam transformar a informação em aprendizagem, de fato!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

De pé, crianças! Sentados! Em pé: um dois, três...

Neste texto quero que reflitam sobre a importância dos exercícios físicos e motores para o desenvolvimento de uma criança.  É necessário nos atermos ao quanto as crianças se exercitam, ou não, no seu dia a dia.  Vocês devem estar se questionando porque consideram que as crianças não param quietas... então, precisamos pensar sobre isto? A resposta é SIM e, cada vez mais! Vou-lhes explicar o por quê.

Hoje em dia, com os diferentes aparatos tecnológicos: TV, computador, tablet, celular, jogos eletrônicos, etc, as crianças ficam horas e horas sentadas em sofás, camas, mesas e pouco se exercitam. Ficam muito tempo paradas e em uma única posição e, quando vão para a escola, lá também acabam ficando sentadas; quando chega a hora do recreio, logo voltam a fazer uso desses aparelhos, continuando a ficar sentadas! Isto não é saudável.


Somente duas aulas por semana de educação física e, ainda mais no fim do período, é muito pouco para estimular a parte motora.  Criança precisa subir e descer de superfícies desafiadoras, precisa virar, correr, brincar, pular, rolar, andar das mais diferentes formas e velocidades, levantar braços, pernas, fazer algum tipo de esporte de sua preferência, ou seja, precisam exercitar o corpo e não somente a mente. Atentem para observar e verificar quanto tempo seus filhos (as) ficam parados sem exercícios físicos! Além do movimento, eles precisam tomar sol para produzir a vitamina D e terem contato por meio de vivências e de experiências com a natureza em diferentes lugares e temperaturas. Como estão em processo de desenvolvimento, necessitam que seu contato ─ consigo mesmo e com os outros ─ se estabeleça em diversas situações reais... e não apenas por meio do contato com as máquinas! Vejam bem: aparelhos tecnológicos são importantes, sim, na vida atual! Mas eles não são tudo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Você sujou a parede! Pode limpar agora!

Uma menina de 4 anos sujou a parede com canetinhas esferográficas coloridas; desenhou, ou melhor, rabiscou e disse toda feliz para sua mãe: “desenhei você e o papai!”  Quando a mãe viu o que ela tinha feito na parede, não pensou duas vezes: deu uma bronca, colocou-a de castigo e verbalizou em tom áspero o quanto ela tinha ficado irritada com aquele desenho! Pior ainda, disse que ela tinha rabiscado na parede limpa, e que nem parecia um desenho de fato. Quanta ignorância desta mãe!

O que é mais importante? Uma parede, ou a espontaneidade da manifestação artística despontando? Crianças rabiscam, sim, paredes, sofás, portas... mas precisam ser educadas para riscarem somente papel, ou o espaço que lhes for determinado. Se elas não sabem que não podem e fazem sem causa, nesta hora é melhor respirar fundo umas 3 vezes e, se isto te afetou tanto assim, conte até 10. Quando conseguir se acalmar, converse com calma sobre o ocorrido, mostre para a criança que paredes não se riscam e que elas servem para pendurar quadros. Peguem uma esponja de limpeza junto com elas, esfreguem e limpem a parede! Em seguida, deem uma folha de papel e peçam para que ela desenhe ali, naquele espaço, o papai e a mamãe! Estimulem o desenho feito no papel, incentivem o ato criativo sem podar ou adestrar... mas ensinem onde ele pode ocorrer, contem sobre a vida de algum pintor...que tal comprar uma tela e pedir que façam o desenho nela, que depois pintem desse desenho... porque assim vocês terão uma lembrança desta fase sempre presente!


Quantos e quantos Picassos, Van Goghs, Chagalls, Salvador Dalis,  Redons, Monets podem estar dentro de sua casa se desenvolvendo se não forem podados quando se expressarem na infância?  Uma parede é só uma parede, mas um processo de criação não é só um processo de criação! Ele envolve mecanismos cerebrais importantíssimos que estão sendo utilizados e desenvolvidos. Criança tem que ter limite, tem sim, mas tem que entender estes limites e, para isto, é necessário muito diálogo, muita conversa e muito entendimento. Para entender algo é preciso que se explique com calma e não com raiva, xingamentos e broncas. É importante lembrar que quando uma criança fica emocionalmente abalada por questões de raiva ela poderá bloquear toda a sua expressão e, em vez de um futuro Picasso você poderá ter, em sua família, uma pessoa frustrada e derrotada. A escolha é sua: falar com calma, ou xingar? Desenvolver talentos, ou bloquear? 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Tome: faça um lindo desenho!

Vi esta cena em uma instituição de educação infantil:  a professora deu o papel, os lápis de cor, alguns moldes, e pediu que a criança fizesse um lindo desenho. A menina em questão tinha 5 anos, não usou o molde que a professora lhe havia dado, e quando terminou foi mostrar para a professora, a qual lhe disse:  ... “mas este não foi o desenho que eu mandei você fazer!” Acabou rasgando o que a menina havia feito e lhe deu outra folha, pedindo que ela fizesse novamente,  igual os coleguinhas. A garota começou a chorar e não queria mais fazer nada. Para piorar a situação, a professora falou rispidamente com a criança, e verbalizou assim: “aqui quem manda sou eu! Se os  seus amigos já fizeram o desenho, por que você não vai fazer?” Essa atitude da professora fez gerar ainda mais constrangimento porque a criança chorava  cada vez mais.

Vamos às reflexões: não sou contra moldes e nem desenhos prontos para as crianças pintarem; algumas gostam de fazer isto porque, para estas, o que importa é pintar sobre uma figura pronta, bem delineada e bem traçada. O que precisamos ver é que não valorizar o desenho feito pela criança e, ainda por cima, rasgar e jogar fora por que a professora queria que todos seguissem um modelo determinado por ela, isto é um despropósito! Além disso, a menina acabou sofrendo agressões verbais e emocionais muito severas para sua idade, porque ela estava tão feliz indo mostrar o que tinha feito... e acabou levando  um balde de água fria! Houve uma ruptura muito grande do contentamento para a infelicidade, seguida de choro e vergonha perante seus colegas, e também diante de alguns adultos que ali estavam presentes! 


Pior ainda: a professora me indagou assim: “Você que sabe tudo de criança, o que eu faço para que esta menina me obedeça? “Bom, nem preciso dizer que contei até mil para não brigar com a professora! Saí de perto e disse que outro dia nós conversaríamos e que ela tentasse se acalmar. Vocês devem estar se perguntando, por que a Vanda reagiu assim? É que, muitas vezes, dependendo do estado de alteração de uma pessoa, não adianta você conversar naquele momento; é necessário baixar os neurotransmissores (de raiva) do cérebro, para que ela volte ao equilíbrio e possa pensar sobre o que foi feito. Em estados emocionais alterados não adianta nada, somente iria piorar a situação e quem iria sofrer mais danos seria a criança, já que na cabeça desta profissional,  ela estava certa em tudo o que fazia! Entenderam?  

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Hora do banho: desenvolvendo a linguagem

Muitas vezes nos esquecemos de que para aprender a falar a criança precisa estar familiarizada com a linguagem oral. O horário do banho é um excelente momento para que isto aconteça. Converse com o bebê sobre diferentes temas ─ lógico, nada muito cheio de conceitos, elucubrações ─, mas fale sobre a família, os irmãos ─ se tiver ─, sobre a casa, os avós, a roupa que vai colocar nele, sobre o shampoo, o creme. Cante músicas alegres e em diferentes entonações, mas de forma afetuosa. Cante com rimas, fale versos, parlendas. Chame cada objeto pelo seu nome corretamente e não em diminutivo. Enfim cante, converse e interaja verbalmente com o bebê.

Faça deste momento mais um período de descoberta de experiências e de aprendizagens! Também é importante o estímulo do ouvir para distinguir sons, já que o ouvido também precisa ser estimulado. Se você quiser, até coloque músicas cantadas, de pássaros, de natureza, sons de água do mar, de cachoeira... Faça da hora do banho um momento divertido e gostoso, um momento de privilegiar os sentidos: o tato, a audição, os aromas que pelos produtos são percebidos no ar, o falar e o cantar... 


A criança vai percebendo, ao longo do tempo, as diferenças de tonalidades de voz, e a diferenciação das vozes e das músicas. Isto tudo é importante para desenvolver a linguagem oral da criança. O banho deve ser um momento de prazer, de higiene e de carinho com o seu corpo.  A autoestima começa quando aprendemos a cuidar do nosso corpo de forma saudável.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Jogos dos insetos: atividade da fauna brasileira

Estava vendo algumas atividades e/ou jogos para crianças de 5 anos de idade, quando me deparei com este jogo, feito à mão; trago este tema hoje porque quero sugerir que vocês tenham consciência quando fazem algo do tipo ecojogo para as crianças. Vou explicar o jogo em si: era um tabuleiro de papelão, com apenas 3 tipos de insetos: joaninhas, abelhas e borboletas; o jogo era todinho branco e preto e os desenhos não eram tão reais assim, ou seja, os desenhos pareciam com joaninhas, mas nem eu mesma tenho certeza se eram, porque o desenho não estava tão bem para eu conseguir identificar. Sou adulta, trabalho com educação há muitos anos, então, imaginem uma criança que não conhece de forma concreta estes insetos:  como ela formará a imagem ou a representação mental de algo que não é real? O jogo também continha números. Segundo o que estava escrito, era para trabalhar a interdisciplinaridade entre as disciplinas de ciências naturais e a de matemática. Quanta ingenuidade...

Interdisiciplinaridade, termo que apareceu nas obras de Piaget em 1975, é muito mais amplo do que este jogo. Muitos professores se equivocam quando acham que somente porque os desenhos ali estão ─ embora muito mal feitos ─ representam os bichos ou insetos; e que isso faz parte da fauna brasileira! Além do mais, que estão trabalhando conjuntamente com a matemática, quando há uma regra que pede que se junte os números à quantidade certa de desenhos!


Cuidado com o que fazem, professores! Às vezes vocês podem pensar que estão fazendo certo quando, na verdade, não estão. Estudar mais sobre o assunto, sem ir fazendo só porque ouviu falar que “interdisciplinaridade é trabalhar junto, com dois conteúdos de áreas diferentes”, isso por si só não garante que se está fazendo o correto. E também cuidado com ecobrinquedos! Eles precisam ser os mais reais possíveis, além de concretos, para que o objetivo a que se destinam possa ser cumprido! Nós, adultos, somos capazes de entender que alguns rabiscos com anteninhas possam vir a ser joaninhas, principalmente porque conhecemos o bicho em si; mas, e a criança? E se ela nunca viu uma joaninha na vida, como vai fazer esta abstração? E depois, como poderemos considerar que o conteúdo da aula de ciências foi devidamente absorvido? Então, quando a gente ouve que são as crianças que possuem dificuldades de aprendizagem... cabe uma pequena reflexão:  será que os professores facilitam, ou atrapalham o desenvolvimento de uma criança?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Geração alpha: nascida depois de 2010

Outro dia estava em uma casa com uma criança de oito meses de idade; tratava-se de um menino, que mexia no tablet e colocava a mãozinha no ícone da “Galinha Pintadinha”; não errava nunca e se divertia quando abria a música da mesma. Resolvi mudar o ícone de lugar por várias e várias vezes para ver a reação do menino. Pois bem: e não era que ele achava o ícone nos vários lugares, todas as vezes? Então, esta é a geração alpha, nascida depois de 2010!

É uma geração que tem excesso de informação, conectividades globais e totais, sabem organizar e fazer uso inteligente do entorno disponível, produzindo alta velocidade nas mudanças sociais. E nós, adultos que viemos de um outro tempo, temos vários desafios para educar esta nova geração. Vamos a eles: Mesmo que essas crianças dominem e saibam fazer uso das tecnologias, elas não se formarão sozinhas; sempre precisarão de pais, professores e auxiliares para serem os mediadores para esse novo conhecimento que se trata, na maior parte das vezes, de integrar a informação, de aprender a fazer uso daquilo que conceitualmente acabam por aprender. Então, fica aqui minha dúvida: será que os adultos estão abertos a estas novas tecnologias da mesma forma como as crianças dessa nova geração estão? E mais: será que saberão orientar estas crianças sobre o uso adequado da internet e da ética tecnológica?

É preciso que pais e professores saibam que se trata de seu dever e de sua função identificar as melhores e confiáveis informações, fazendo valer o saber sintetizar estes conteúdos para as crianças. E que além dos aspectos metodológicos do uso da tecnologia, cabe também, aos adultos, ajudar no desenvolvimento das habilidades e competências socioemocionais para que essas crianças aprendam a lidar com as dificuldades da vida, com a preparação para o mercado de trabalho e com o mundo moderno. Não poderão ser “nerdes” e viverem isolados em um mundo tecnológico! Precisarão aprender a viver e a conviver de forma harmônica com seus colegas, chefes e demais pessoas ao seu redor. Tudo isto faz parte da responsabilidade que os adultos terão com esta geração que vem vindo por aí.    Não será nada fácil educar e ensinar esta geração alpha, mas este é o nosso desafio.

Estas crianças começarão a estudar mais cedo que as gerações anteriores, e até mesmo  o seu desenvolvimento motor poderá ocorrer mais cedo. As tecnologias farão parte de todos os momentos de sua vida, seja profissional ou pessoal. Terão à disposição produtos e serviços cada vez mais sob medida. Criarão mais cedo conteúdos, serviços e produtos. Viverão num mundo mais conectado ainda; seus relacionamentos não serão de cima para baixo, mas horizontais, de igual para igual e menos hierarquizados. Se os adultos não estiverem abertos a esta nova forma de atuação e convivência, acabarão por sofrer muito porque não conseguirão conviver com eles. A melhor saída é ir se inteirando mais sobre o assunto, mudando padrões rígidos de comportamento que lhes foram ensinados... porque necessitarão disto para entender e educar estas novas crianças!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Atividades sem significado para as crianças

Estava em uma escola onde havia atividades das crianças penduradas em um varal; percebia-se que a professora estava ensinando as sílabas “ge” e “gi”. Na folha, alguns carimbos com desenhos de girafa, gelatina, gilete ─ e quando digo gillete, era das lâminas antigas, sim aquelas de 50 ou 60 anos atrás... e não um aparelho moderninho, com lâmina, descartável, dessas que se encontra aos montes pelos supermercados, farmácias, padarias, etc e tal ─, enfim, havia ainda isso para fazer com que as crianças reconhecessem o desenho e colocassem, ao lado, a palavra correspondente. Do jeito como estava, mais parecia uma atividade diagnóstica, pois ainda como proposta estava escrito assim: “escreva do jeito que você sabe”.

Bem, sem querer comentar muito sobre esse tipo de estratégia, quero apenas mencionar o fato de haver ali a imagem de um produto (a lâmina de barbear) que até mesmo uma pessoa de 22 anos, que me acompanhava  naquela escola, disse que nem sabia (ou nem conhecia) aquele produto, dizendo: “isso eu não conheço”! Pensemos bem: se uma pessoa de 22 anos não conhece /reconhece a imagem para associá-la à palavra correspondente, imaginem uma criança de 6 anos! A gelatina mais parecia um pudim pelo formato, já que ninguém faz com que a gelatina, feita em casa, se pareça com a imagem que está no pacote, ou seja, faz-se a gelatina e põe-se para gelar em potinhos, copos ou mesmo em recipientes maiores de vidro. Então, também essa imagem estava difícil de ser associada à palavra correspondente!


São estes detalhes que os professores devem se ater para que a criança aprenda, de fato, com significado, senão, é possível que alguns alunos sejam considerados pessoas com dificuldades de aprendizagens, não porque não possuem capacidade cerebral para responder às atividades solicitadas pela professora,  mas porque o que estão vendo não se identifica com a realidade daquilo que conhecem. Pensem nisso, professores! Pensem no que fazem! Não dá para usar objetos de sua geração e de seu conhecimento só porque eles começam com as sílabas que vão ser trabalhadas naquela aula! E ainda tem mais: com relação à girafa, será que as crianças que nunca viram esse animal saberão identificar aquele desenho? Sinceramente, acredito que se essa atividade fosse avaliada por alguns bons educadores, ela não obteria uma boa nota, não!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Famílias que abandonam, mostram indiferença ou desprezam os filhos

Quando os familiares revelam indiferença ou negligência pelas crianças, estas vão se sentindo rejeitadas, abandonadas, e começam a desenvolver um sentimento de sempre estarão sozinhas.  Ficam marcadas pela empatia em relação ao sentimento de solidão, embora temam o isolamento. Quando adolescentes e adultas, elas poderão ter sérios problemas de relacionamento, pois, embora tenham medo de ficar sós, acabam acionando o dispositivo de rejeitadores. Pode parecer muito contraditório, mas é assim que funciona, ou seja, desenvolvem situações para serem rejeitadas, mas acabam produzindo circunstâncias para que sejam cuidadas.

Essas pessoas têm uma estrutura anatômica que pode, a qualquer momento, entrar em colapso; se procurarmos a definição para colapso encontraremos no dicionário da web (http://www.dicio.com.br/colapso/) “Diminuição súbita e geral da energia do sistema nervoso e de todas as funções que dele dependem; Estado de prostração e depressão extremas.
Achatamento anormal das paredes de uma parte ou órgão. Colapso cardíaco, debilidade repentina das contrações cardíacas”.


Assim, o que percebemos é que podemos evitar que se desenvolva em uma criança um processo orgânico/emocional que poderá levá-la ao colapso de alguns órgãos, ou até mesmo de grande parte de seu corpo, justamente por não ter havido uma presença mais ativa e atuante, por parte dos familiares, em período tão importante da vida dessa criança. Então, por que não evitar o colapso disso tudo demonstrando afeto e amor pelos filhos?  Todos nós sentimos necessidades de sermos reconhecidos, aceitos, de nos sentirmos amados! Todos nós necessitamos de contato físico, como abraços e beijos. Mas para isto, precisamos exercitar isso em nós! Quem não teve, quando criança, por parte dos pais o devido carinho, atenção e presença, que possa não repetir essa atitude com os filhos! Indiferença gera colapso e violência; carinho gera pessoa saudável emocional e fisicamente. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Agressões à forma: susto

Tem várias pessoas adultas que adoram pregar susto em crianças só para verem a reação que elas têm, só para depois zombarem de suas carinhas assustadas. Hoje trago a vocês as reações anatômicas que um susto pode provocar em alguém. Quando uma criança, ou mesmo um adulto, leva um susto muito forte, a postura se altera, toda a musculatura se contrai, desencadeia-se um estado de alerta em todo o organismo, e os sentimentos mudam rapidamente! O distresse (estresse excessivo) aciona o sistema límbico (região do cérebro responsável por nossas emoções e comportamentos sociais), podendo proporcionar  emoções de pânico e raiva, de pavor e angústia, de impotência e perda, de desespero e depressão...  Os olhos, ouvidos e nariz se alteram e ficam alertas; os músculos se fecham ocorrendo um tipo de anestesiamento que pode ser  precedido por um desmaio, a pressão sanguínea despenca e, dependendo da pessoa, esta situação poderá  resultar em morte.

Se tudo isto citado acima não fizerem vocês refletirem sobre as possíveis alterações físicas e comportamentais que um susto provoca, não sei mais como alertá-los. Brincadeiras de esconder atrás da porta, de colocar máscaras de bichos, de chegar por trás e soltar um grito, enfim... não são recomendáveis.  Em vez de brincarem de coisas que causam pânico por que não brincam com objetos e brincadeiras que elevam a autoestima infantil e que trazem benefícios para o bom desenvolvimento emocional das crianças?


Quando virem algum adulto brincando de assustar alguma criança, por favor, não achem graça neste tipo de brincadeira e ajudem àquela criança explicando para o adulto o mal que esse tipo de atitude causa! Ainda mais: se fizeram isso com você quando criança, não repita esta atitude estúpida! Isto não traz benefício algum; ao contrário, pode causar grandes problemas e doenças desnecessárias, desconfortos futuros em nível físico e emocional, fazendo com que se tenha que buscar auxílio profissional e medicamentoso na vida adolescente ou adulta desse pequeno ser!  Vivam a vida com as crianças de forma mais harmônica, sem sustos e medos, esbanjando carinho e afeto!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Alfabeto e números sem significado algum para a criança

Estava dando uma aula de pós-graduação em uma cidade do interior do Estado de São Paulo (não vou revelar nomes aqui por questões éticas), em cujo prédio fica alocada, durante os dias de semana, uma escola de Ensino Fundamental. A minha turma do curso estava em uma sala destinada à alfabetização, ou seja, acredito que se tratava de um primeiro ano, pois, nas  paredes havia o alfabeto de um lado, números de outro e, embaixo, um varal com atividades das crianças. Vamos às reflexões por partes...

As letras do alfabeto estavam coladas na parede e eram de E.V.A., em três cores: amarelo, rosa e azul; essas letras eram apenas em letra de forma maiúscula, dispostas em uma altura consideravelmente fora do olhar das crianças que ali se sentam e, além disso, em linha reta; os números também eram de E.V.A., coloridos, e tinham duas cores iguais às do alfabeto;  para piorar a situação, os números estavam dispostos um para cima, dois para baixo e o número dez estava até torto; também havia números colados na porta do armário, bem no alto.

Vejam só: as crianças que se sentam mais na frente não conseguem visualizar todos os números e as letras do alfabeto; além disso, se elas estão no primeiro ano, é sinal de que possuem 6 anos e, provavelmente, nem todas conhecem os números, embora eles estivessem dispostos pela parede ─ não em linha horizontal ─ sem nenhuma menção relativa à quantidade e, ainda por cima, com as cores iguais às letras do alfabeto. Então, se as, crianças precisam aprender a identificar a diferença entre letras e números, da forma como esses importantes registros estavam dispostos pela parede da sala, nada sugeria que se tratava de um bom auxílio para a aprendizagem, ao contrário! Estava mais para complicar do que para auxiliar!

Qual é a forma correta, então? Vamos lá: alfabeto completo (maiúscula e minúscula, de forma e cursiva), com alguma referência significativa para as crianças, por exemplo, A de Aline (aluna da sala), e os números, com desenhos ou imagens relativas à quantidade que cada um expressa; importante, também, é que o nome do número esteja escrito. Além disso, tanto letras como números devem estar relativamente baixos na parede, para que todos possam visualizar e consultar quando houver atividades próprias. Letras com uma cor e números com outra, ou seja, se for azul o alfabeto, ele deverá ser todo azul, e não uma letra de cada cor. Quanto aos números, estes também deverão ser de uma só cor, diferente da cor utilizada para as letras.  Pois bem: organização é tudo!

Vejam que organização é tudo! Quando as crianças aparecem, depois, com dificuldades de organização na escrita, muitos professores acabam colocando a culpa em “n” fatores psico-sociais e acabam se esquecendo de ver como é que foi o começo do processo de apropriação da escrita. Lembrem-se de que o começo de tudo é fundamental para que a criança se situe nesse mundo da escrita numérica e alfabética!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Era da tecnologia digital: crianças planetárias

Vi numa rede social uma foto de uma criança com dois anos de idade, deitada, toda desajeitada, que com a mão esquerda segurava a mamadeira e com a direita estava usando um tablet. Na legenda da foto a mãe dizia estar toda orgulhosa desta criança que já mexia e brincava sozinha com este tipo de tecnologia!  Esta é a geração alpha, nascida de 2010 para cá.

Geração esta que já nasceu conectada com a era digital. Mas toda esta conectividade exige cuidados. Hora de mamar é hora de mamar, e não de estar com uma mão na mamadeira e outra no tablet! Uma criança de dois anos, com a coluna toda errada, somente para satisfazer seus dois desejos: um de fome, e outro de brincar com jogos eletrônicos? Isso não é mesmo o mais correto!


Desde cedo as crianças precisam aprender que existem regras e horários para tudo, que necessitam se alimentar corretamente e de forma adequada. E com a idade que a criança da foto demonstra ter, já está na hora dela começar a ser educada para tal. Agora, se os adultos deixam que elas façam as duas coisas ao mesmo tempo e ainda tiram foto para colocar em suas redes sociais reforçando ainda mais esta conduta errada, o que eu posso fazer como educadora é somente lamentar! Pais, cuidado com o uso indiscriminado de tecnologias com crianças de tão pouca idade! Cada coisa tem o seu tempo e o seu momento de aprendizado e de diversão. Se o uso começa a ser indiscriminado e aleatório desde cedo, é bem provável que depois, quando houver a real necessidade de definir tempos e momentos para as diferentes atividades que uma criança de 5 ou 7 anos  começará a ter,ela fará birra, se tornará indócil e manipuladora... Mas afinal de contas, foram vocês que deram o aparelho nessas pequenas mãos desde muito cedo! Agora não adianta reclamar!

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Medo de escuro, do bicho papão, do policial, do médico, da injeção...

Se fosse continuar a lista acima, dos medos que os adultos colocam nas crianças ao longo da infância, seria um texto inteiro somente com o título; mas, vamos às observações necessárias. O medo afeta todo o organismo físico de uma pessoa modificando, inclusive, a sua respiração. Quando estamos com medo retraímos nossa musculatura, apertamos o peito para sufocar o medo, o diafragma quase que paralisa, enfim, todo o organismo entra em estado de alerta pelo terror que se apresenta e, com isso, a anatomia de todo o corpo se altera. 

Se o medo for muito forte, a criança perde o autocontrole, respira de forma inadequada  podendo até levar ao colapso algum órgão do corpo pela falta de oxigênio. Isto poderá levá-la a fugir do contato consigo mesma e também com os outros ao seu redor.  Aos poucos, esta criança amedrontada pode alterar todo o seu lado emocional, causando-lhe graves consequências psíquicas.


Fico me perguntando por que alguns adultos colocam tanto medo nas crianças! Talvez não saibam o prejuízo que isto poderá causar, talvez seja a forma mais fácil de dominação diante de  um ser tão pequeno, já que o medo paralisa. Se soubessem como dialogar com as crianças jamais teriam a necessidade de colocar tantos medos assim... e aí, caberia uma pergunta: será que vocês, adultos que leem este texto agora, não são medrosos por isto ou aquilo, inseguros, tensos e apavorados por alguns medos que foram causados ─ e reforçados ─ em suas infâncias,  por adultos também sem noção? Talvez até vocês, adultos, precisem rever seus conceitos e medos e liberá-los para conseguirem evoluir na vida. Mas, por favor, se fizeram com vocês, não façam com os outros!  Pensem e repensem duas, três, quatro, cinco vezes antes de ficarem amedrontando os pequenos! Lembrem-se de que o afeto, o amor, o carinho é a melhor solução de saúde mental e física sempre!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Engole o choro; anda, já mandei!

Uma menina estava andando com sua mãe pela rua apressadamente. A mãe se esqueceu que seu passo é muito maior do que o da menina, e a mesma começou a chorar. A mãe, com pressa e sem perceber a situação à qual garotinha se achava diante do cansaço da caminhada, disse: “Engole este choro!”

Quantas e quantas vezes nós, adultos, gostaríamos de expressar nossas emoções e sentimentos e não o fazemos porque, quando crianças, fomos ensinados a ter que engolir nossas lágrimas? Como um despropósito deste tipo pode acontecer e nos prejudicar tanto, seja em nível emocional, seja em um nível ainda mais concreto! Afinal, como engolir o choro se ele sai pelos olhos e não pela boca?


Este tipo de comportamento, como o desta mãe, ainda é muito comum em nossa cultura. Seja qual for a justificativa que o adulto tenha para dar em relação a proceder dessa forma com uma criança, fato é que por esses procedimentos vão se formando adultos sem respeito uns para com os outros, sem os sentimentos de consideração e de compaixão!  Afinal de contas, quando crianças um dia são obrigadas a engolir o choro, em outro elas se nutrem por colocar medos nos mais próximos, adoram dar sustos, acham engraçado quando veem outra pessoa em alguma dificuldade ou desconforto, machucam ou maltratam animais, enfim, essas crianças receberam a educação da violência e da desconsideração e acabaram por aprender a calar o que sentem! Depois disso tudo, nós, os adultos que as educamos para a vida, queremos que elas sejam pessoas saudáveis tanto física como emocionalmente?  Como é possível ser saudável se, quando crianças, foram  educadas de forma a sufocarem ─ e dissimularem ─ o pensar, o sentir e o agir? Fiquei pensando nessa menina! Coitada! Desde cedo está sendo obrigada a abafar o que sente, justamente quando deveria ser incentivada a expressar suas emoções para resolver seus conflitos internos de insegurança, tão naturais e característicos desse período da vida que se desenvolve! Quantos problemas futuros de saúde, de comportamento e até mesmo de aprendizagem poderiam ser evitados se pensássemos em ajudar as crianças a conviverem, neste mundo, de forma mais verdadeira, com equilíbrio e naturalidade, e não simplesmente abafadas e adestradas!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A importância dos pais na formação da autoestima e prevenção de problemas mentais de seus filhos

É na infância, principalmente de zero a sete anos, que se formam as raízes de muitos traços da personalidade da criança; é neste período que se planta a base do desenvolvimento mental dos indivíduos. Muitos pais não levam isto em consideração e, muitas vezes, dizem assim: “são crianças ainda, tudo passa”. Mas, na verdade, não é bem assim, pois são crianças sim, mas podem armazenar em suas mentes situações emocionais negativas e levarem isto para o resto de suas vidas. Pior ainda, podem não ter consciência de quando isto começou, pois não se lembram; mas nossa mente tem uma região denominada hipocampo que é responsável por nossas memórias, pelas vivências e experiências que passamos, e onde  tudo fica armazenado.

O envolvimento dos pais com os filhos no sentido de proximidade, de auxílio a conhecer e a desvendar o mundo das coisas do cotidiano e do contato com os assuntos pertinentes à suas famílias é muito importante neste período da infância! Cada membro da família desenvolve um papel significativo na formação da moral, dos costumes, do amor próprio, da autoestima... Algumas pesquisas na área da psicologia indicam que a presença e a participação de pais amáveis, na vida dos filhos, favorece a formação da autoestima, e evita que venham a se desenvolver, na vida juvenil e adulta, problemas de ordem social ou até mesmo de ordem mental!


Participar ativamente com tarefas definidas dentro da família, fazendo o possível para não sobrecarregar nenhum dos membros é mostrar, na prática, que cada um tem seu papel e sua função. Quando os pais fazem com amor e, acima de tudo, educam os filhos (as) com respeito mútuo, com diálogo, com paciência, como realmente eles gostariam de ser tratados, sem cobranças ou chantagens, essas atitudes fazem das crianças pessoas confiantes e estimuladas a viver! Estimuladas a se cuidarem, a se respeitarem, a terem discernimento na adolescência do que é certo ou errado para si próprias. Aposto como suas decisões serão mais acertadas e, se não forem, saberão como resolvê-las sem entrar em colapsos ou doenças mentais. A saúde mental de seus filhos está em suas mãos!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A educação precisa causar uma emoção de felicidade e se transformar em bom sentimento

Desde a educação infantil o processo de ensino precisa estar conectado com o mundo real e, quando digo isto, não quero dizer que precisa ser totalmente tecnológico, não é isto. O que quero dizer é que, muitas vezes, estamos educando nossas crianças como fomos educados quando pequenos, porém, esquecemos de prestar atenção nesta nova geração que possui valores, crenças e  atitudes diferentes das crianças que nasceram em 1960, 1970, 1980, 1990...

É a sincronicidade com o mundo real que, tanto pais quanto professores, precisam ter para entender a educação de 2014.  Quando as crianças gostam do que fazem e se sentem motivadas internamente, elas nem precisam de muito esforço para querer estudar. No entanto, quando o ensino é chato, desconectado  do mundo desta criança, ela se sente como um peixe fora d’água e, aos poucos, acaba perdendo a vontade para aprender surgindo, dessa forma, um sentimento de aversão ao estudo e ao aprendizado. Ora!  Ter vontade de adquirir novos conhecimentos, vontade de se sentir vivo e aprendiz da vida, isso é o que anima e faz com que a criança queira estudar e saber cada vez mais, porque acaba se sentindo um aprendiz da vida! Agora, se a escola é feia, a sala de aula desestimulante, os professores bravos e de mal com a sua própria vida, quando não se faz uso  de tecnologias e nem de novas descobertas, é claro que as crianças se sentem desestimuladas carregando esse tipo de sentimento para toda a sua vida!  Se os professores de educação infantil soubessem de sua responsabilidade na área da educação e da formação, se tivessem consciência de eles podem  provocar emoções de felicidade nas crianças para que isto se transforme em  sentimento de vontade de estudar, talvez estes professores repensariam sua forma de agir e de se expressar no mundo da educação.  


Isso porque quando gostamos daquilo que fazemos, estudamos com vontade e determinação sem precisar de alguém nos mandando o tempo todo.  É isto que precisamos resgatar em nossa sociedade, da educação infantil ao ensino superior. Resgatar a vontade de aprender, de ter autonomia para aprender, de ser um sujeito ativo e atuante diante da vida!