sábado, 9 de abril de 2016

Comunicado importante

Queridos leitores!

Irei parar de postar textos em meu blog no período de 11/04/2016 até o dia 30/05/16.

Estou envolvida em um grande projeto de elaboração para uma escola de período integral sustentável, no qual as crianças poderão ter uma educação integrada de fato, visando: educação ambiental, empreendedorismo infantil, sustentabilidade, educação para o trânsito, lazer, cognição, afeto, entre outros em um único espaço.

Os novos textos já terão outro formato baseado neste novo pensamento de escola que pretendo desenvolver. Conto com a compreensão de todos. Leiam textos já postados, sejam felizes.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

“Tchau, tchau fraldinha”

Estava lendo um Projeto de uma Escola de Educação Infantil, cujas crianças estavam no período de retirar a fralda e pedir para ir ao banheiro, ou seja, o período de controle dos esfíncteres. Uma das atividades desenvolvidas era simular essa situação sugerindo que a criança levasse a boneca para o vaso sanitário e a segurasse sentada, imitando a situação de estar fazendo suas necessidades fisiológicas. Bem, achei essa atividade, ─ entre outra que vou comentar ─ um verdadeiro absurdo. A criança não tirou ou levantou a roupa da boneca, mas simplesmente imitou o gesto de sentá-la no vaso sanitário. Outra coisa: meninos e meninas fazem xixi na mesma posição? Ou a atividade se baseava apenas em ensinar a fazer o “número dois”?  Então, não havia um boneco para fazer o xixi em pé, em frente ao vaso sanitário. Portanto, pais e professores: quando forem trabalhar com a imitação, que esta seja o mais real possível; se não, atrapalha em vez de ajudar.

Além desta atividade já citada, outra ainda me chamou mais a atenção: as crianças eram incentivadas a colar, em um painel, uma fraldinha com o seu nome embaixo! Isso para quem já tinha conseguido sair da fralda! E o cartaz chamava-se “Tchau, Tchau fraldinha”.

Fiquei pensando o quanto seria constrangedor para uma criança que ainda não havia conseguido sair da fralda, tendo sua situação assim exposta, porque seu nome ─ junto com a fralda ─ não constavam do cartaz no painel. Considero esse tipo de atividade bastante ruim para o emocional da criança; no meu conceito, em nada ajudará uma criança aprender a sair deste período de fralda! Penso que em vez de incentivo, o tiro pode sair pela culatra, ou seja, no lugar de ajudar, pode atrapalhar este processo. Expor as fraquezas e/ou imaturidade em público pode não ser uma boa saída para este tipo de criança e, mais ainda, pode ser bastante ruim diante das famílias e de outras mães que têm os seus filhos ali naquela escola.


Reforços positivos do tipo elogiar quem já consegue ir ao banheiro para fazer as suas necessidades físicas é a melhor saída, mas ridicularizar alguma criança na frente de outras e premiar outras, não é nada bom! Fazer uso de punição para tentar extinguir um comportamento que, muitas vezes depende de fatores psicológicos e não somente físicos é bem complicado! Eu, por exemplo, sou uma pessoa com 48 anos de idade e quando saio de casa para passear, tenho dificuldade de fazer o “número dois” em outro ambiente que não seja em minha casa. Vejam só: quando preciso ficar alguns dias fora, por motivo de trabalho, estudo, ou mesmo a passeio, preciso levar algum remédio. Não sei a causa disto em minha infância, mas tenho este problema quando tenho que viajar por mais de 2 dias. Pensem em como podem ajudar as crianças neste processo de desfraldar, tornando esse hábito um aprendizado tranquilo, natural e real!

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Mágico: o que isto contribui para o desenvolvimento infantil?

Estava assistindo a um show de mágica para crianças, em um hotel, junto com minha sobrinha de 10 anos em um final de semana. As crianças sentaram-se à frente, cujo local estava reservado para elas, enquanto os adultos ficaram atrás. Quando começou, percebi o fascínio que as mágicas faziam para as crianças e também para os adultos; algumas eram realmente impressionantes e cheias de ilusionismo.

Algumas crianças menores choraram quando o coelho saiu da cartola; outras riram com o voo das pombas, querendo apanhá-las. Enfim, cada criança tinha uma reação com os diversos tipos de mágica apresentadas, mas o que me chamou a atenção foi o comentário específico de uma criança na saída do show. Ela disse assim: “Eu não gosto de mágica; me sinto uma boba sendo enganada por uma pessoa”. Aquele comentário me chamou a atenção e fui conversar com ela; tratava-se de uma garota de sete anos, e ela disse assim: “É tudo truque; tem baralho especial que vende em loja de mágica e eles jogam prá nos enganar! O mágico é só um mentiroso. Ele faz isso é prá enganar a gente”.

Confesso que fiquei perplexa com a reação da menina! Conversa vai, conversa vem, ela ainda disse “eu que não sou idiota; é tudo mentira e ilusão”. Nunca tinha pensado em mágica desta forma. Fiquei intrigada e pensei que a minha geração (quase 50 anos atrás) adorava show de mágica e de circo, mas esta geração atual, que é tão mais inteligente e perspicaz que a minha, que nasceu na era tecnológica... será que mágica é realmente algo importante para eles? Perguntei para a minha sobrinha de dez anos o que ela achava de mágica e ela me respondeu que tem algumas que ela gosta, têm outras que fica com raiva, e que com outras ela se sente enganada.

Pois bem: acho que temos que rever o conceito de magia na educação atual. Realmente mágicas nada mais são do que ilusão. E elas apresentadas assim, dentro de um show, acabam por não demonstrar de que há um objetivo em si; aí me lembrei que o “boom” da leitura infanto-juvenil tem sido o personagem Harry Potter... mas as mágicas que ele realiza têm um objetivo diante do contexto da história, enquanto que as dos shows de mágica não têm!


Às vezes achamos que devemos propiciar a fantasia para ampliar a imaginação das crianças, mas acredito que esse tipo de imaginação nada mais é do que a mais pura enganação. O que isto traz de positivo na mente desses pequenos? Vamos pensar juntos?

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Língua do tênis: criança tem cada uma!

Esta história parece ser engraçada, mas serve para refletirmos o quanto as crianças são concretas enquanto que nós, adultos, muitas vezes erramos pensando que a criança conhece tudo com três anos de idade e sabe fazer as devidas distinções. Vamos à história: uma professora estava amarrando o tênis de uma criança e disse ao menino: “puxe a língua do tênis para fora”. A criança, imediatamente mostrou a sua própria língua para a professora e ainda fez uma carinha de quem precisava puxar bem para fora mesmo! Bem não preciso dizer que todos os adultos caíram na risada, e até mesmo eu, quando ouvi a história, ri muito da cena!

Então, o que eu quero dizer quando afirmo que as crianças são bastante concretas é isso: se ela não tem repertório linguístico para entender que no tênis existe uma parte do calçado que nós chamamos de língua, para ela essa palavra representa o órgão que faz parte do corpo da gente! A criança não é obrigada, com três anos de idade, saber que existem duas línguas: a  que fica na boca das pessoas, e a que fica no tênis.

Precisamos entender que o repertório de mundo da criança vai aumentando a partir do momento que ela vai experimentando e conhecendo o mundo a sua volta; muitas vezes nós, adultos, achamos que ela já sabe de tudo e que conhece tudo o que o mundo adulto conhece. Rir não foi uma questão de chacota, mas foi para refletir como é o mundo do adulto e como é o mundo infantil. São mundos diferentes e em constante construção. Quando vamos viajar para outras culturas, que não a nossa, também aprendemos sobre usos e costumes diferentes dos nossos.


Assim também é entre o mundo da criança e o mundo do adulto. São culturas diferentes e o certo é explicar que há palavras iguais para coisas diferentes: temos a manga, que é uma fruta, e temos a manga que é uma parte da camiseta que nós vestimos; temos, a noz, que é a castanha se come na época do Natal, e temos nós dois conversando aqui e agora. Assim, vai ficar mais claro para a criança que é possível ter uma língua no tênis e outra na boca e, ainda, ter uma língua que a gente fala que se chama português, inglês, japonês... (mas quem será que inventou de chamar a língua do tênis de língua?)... então, olhem quanta coisa podemos aproveitar de uma situação simples do cotidiano. Mas, vamos às pesquisas?

terça-feira, 5 de abril de 2016

Leão como regulador de comportamento

A mãe de uma criança de cinco anos me contou este episódio que preciso comentar com vocês. Seu filho estuda em uma escola da rede particular de ensino que oferece, tanto a Educação Infantil, como o Ensino Fundamental. Essa escola possui um método de ensino, mas o que importa aqui não é o método em si, mas o que acontece lá. Pois bem: existe um leão de pelúcia o qual está vestido com o uniforme da escola; esse bicho fica em cada sala e, no final de semana, a criança que se comportar direito leva-o para passar o fim de semana em sua casa, trazendo-o na segunda feira.

O filho dessa mãe, que me relatou o caso, levou-o já na primeira semana porque se comportou direito ─ segundo os critérios da professora ─; porém, sua prima que está na mesma sala, não consegue levar o leão, pois não pára quieta e não é boazinha ─ ainda no julgamento da professora! A menina ficou até doente, mas a professora insiste em não deixá-la levar o animalzinho, pois aluno que não se comporta bem não tem esse direito. A mãe pediu a minha opinião dizendo que o seu filho já tinha levado, que ela estava sossegada, mas... e com a prima que chora e que até já teve febre? Ela me perguntou o que eu achava sobre essa conduta da escola.


Pois bem, aqui vai a minha opinião: É claro que não está certa! Ela procura adestrar as crianças por meio de um estímulo agradável ─ o bichinho de pelúcia ─, mas não reflete sobre os comportamentos e muito menos trabalha com a tomada de consciência sobre o significado de nossos atos. Este tipo de atividade é de reforçamento, ou seja, premia aquele que faz certo, e pune os que não conseguem. Para piorar a situação, a garota que não consegue levar o leão para casa está cada vez mais ansiosa e seu comportamento está piorando muito, inclusive no âmbito familiar, porque indiretamente as comparações entre ambos, perante os adultos da família, acabam esbarrando nessa história construída pela escola. É natural que essa menina apresente aspectos de inconformismo e revolta! Até eu fiquei com vontade de questionar a professora! Pois bem, a mãe disse que vai procurar trazer esse assunto na próxima reunião de pais e eu lhe dei todo o apoio. No entanto, eu ainda me estendi em minha opinião: se fosse com um filho meu que estivesse acontecendo isso, eu não esperaria pela reunião de pais. Eu agiria imediatamente porque adestrar uma criança por meio de regular os seus comportamentos e atitudes não é explicar o “porquê do sim” e o “porquê do não”! Em nada colabora com o educar pela cidadania, pela socialização e pela consciência de nossas ações!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Educação por gêneros: precisamos entender o que fazemos!

Ensinamos as meninas, desde pequenas, a cuidar de bonecas, a lavar louça, passar roupa, fazer comida, varrer o chão, manter o guarda-roupa em ordem, ou seja, ensinamos afazeres domésticos e contamos muitas histórias de contos de fadas, de princesas e do quanto é importante saber fazer essas coisas!

 Já para o gênero masculino damos bola, carrinhos, aviões. Quando eles brincam fazendo pontes, viadutos e estradas eles precisam fazer uso de conceitos matemáticos sem mesmo saber, ao certo, como isto se procede. Mas eles montam túneis para seus carrinhos passarem e esse processo envolve observação para altura, largura, peso.

Vejam só: ensinamos física e matemática para o gênero masculino, enquanto ensinamos a cuidar de casa e ter estética ─ pela linguagem imagética ─ para as meninas. Isto é cultural; porém, existe um preconceito com relação ao gênero e isso está enraizado de forma muito forte em nossa cultura, ou seja, o que está presente é o machismo, o autoritarismo e, principalmente, a sexualidade. Estamos em 2016, estudamos neurociências, concordamos que as pessoas são formadas por inúmeras características genéticas, por traços de personalidade e pelas oportunidades de acesso a vivências e experiências que o meio social  (familiar e escolar) podem oferecer... mas ainda assim nós classificamos as pessoas em categorias por gênero! Essa atitude, embora seja cultural, como dito acima, vem carregada pelo medo de que se agirmos de forma mais ampla, com relação aos brinquedos e brincadeiras da infância, as crianças poderão vir a se tornar homossexuais ─ meninos brincando com bonecas e as meninas com carrinhos ─ como se as profissões tivessem, em si, uma tarja de autorização por gênero! Olhem quanta ignorância ainda demonstramos ter!


Não defendo nenhuma causa em especifico aqui, só defendo que para educar precisamos educar a criança em todos os seus aspectos: físico, psicológico e afetivo. Se uma menina quiser e gostar de jogar bola, ela deverá ser incentivada a fazer este esporte sem preconceitos. O mesmo acontecendo com os meninos: se quiserem brincar de boneca, que mal tem nisto? Afinal, os pais  ─ homens ─ também não participam do cuidar de um bebê, seu filho? O importante é que cada um seja feliz à sua maneira. Sou contra qualquer tipo de preconceito, principalmente quando lidamos com a educação de crianças! Precisamos nos lembrar de que é muito importante para um adulto que já foi uma criança um dia ─ se sinta livre para ser o que é, para fazer a escolha de sua profissão, para imprimir o seu jeito de ser em cada coisa de seu dia a dia! É uma pena que a sociedade não tenha entendido, ainda, que nascemos para sermos felizes, e que não é fácil conseguir esse comportamento e sentimento quando, desde a mais tenra idade, se imprime uma forte tendência a ações classificadas por gêneros: isso é coisa de menino, aquilo é coisa de menina! Gente: estamos no século XXI, ou não?

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Tarefa de casa sem fazer: o que está acontecendo?

Uma aluna de Pedagogia me contou que seu filho de nove anos estava apresentando um comportamento que antes não tinha. Ele deixou de fazer a lição na escola e em casa também; isso aconteceu por dois dias seguidos. Ela me perguntou, então, o que poderia estar acontecendo com ele e o que poderia ser feito diante de uma situação como aquela. Disse que o pai, se soubesse, daria a maior bronca porque é ele quem fica com o menino à tarde, já que a mãe estuda de manhã e trabalha em um hospital à tarde e à noite.

Pedi que ela observasse o comportamento do filho sem brigar, ameaçar ou deixar de castigo; que conversasse com ele para poder saber o que estava acontecendo. No outro dia de nossa aula ela me relatou o caso e achei bem importante de compartilhar com vocês, já que algo semelhante pode acontecer com seus filhos (as) também. O menino contou para a mãe que quando ele faz a tarefa de casa e mostra para a professora, sempre está errado e ele tem que apagar tudo o que fez assim que a professora coloca na lousa a correção feita. Assim, decidiu que para não ter que apagar tudo, o melhor é não fazer mais a tarefa sozinho, em casa, e copiar da lousa a resposta certa.

Quero que observem bem a fala do garoto, e de como está sendo feita a lição de casa: o menino não está sendo acompanhado por ninguém, de perto, para ver se o que ele fez na tarefa está certo ou errado; este é o primeiro ponto errado desta história. Muitas vezes os pais estão acelerados fazendo comida, lavando roupa, cuidando da casa, até mesmo trabalhando em “Home Office” ─ atividade bastante comum nos dias de hoje ─ enquanto a criança faz a lição. Vejam bem: a vida diária é bastante corrida para cada um de nós que vivemos em regiões metropolitanas, mas é importante olhar a lição do filho, corrigir o que está errado, ver se a criança está fazendo o que foi pedido, auxiliar no estudo ou na pesquisa ─ quando sente que é preciso ─ sobre a lição que foi dada na escola... enfim, quando fazemos isto, a criança percebe que você está junto com ela e, mais ainda, percebe o quanto ela é amada e querida.


Fazer a lição junto não é perder tempo! Ao contrário: é ganhar tempo porque se oferece um tempo de qualidade, de acompanhamento, de segurança e de compartilhamento de assuntos, temas, pesquisas e propostas. Isso porque amar é estar junto em todos os momentos da vida, sejam estes fáceis ou difíceis. Pensem nisso! Pensem na alegria que um filho tem quando sente que fez todas as tarefas enviadas para se fazer em casa, que acertou porque aprendeu, porque começa a dominar o assunto... e porque tem a companhia do pai ou da mãe auxiliando com sua presença participativa e amorosa!