sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Ritmo individual: biológico e psicológico

Ao nascer, cada criança traz consigo uma formação genética própria que advém de seus pais, mas algumas pessoas esquecem que isto influencia na maneira de ser e estar de cada criança. Por exemplo: se um dos pais for alcoólatra, ou faz uso de drogas, isto poderá influenciar na formação do ritmo de cada criança, pois ela traz em sua formação componentes genéticos.

A maneira como se desencadeou esta gravidez, se houve alimentação correta ou se a pessoa não passou por nenhum estresse emocional durante este período, também influencia a criança como um todo. Isto porque em volta das células nervosas ─ denominadas neurônios ─ existe a bainha de mielina composta de lipídios (gorduras) e proteínas (vegetais ou animais); a falta destes componentes durante a gravidez afeta o desenvolvimento desta bainha, podendo gerar, futuramente, dificuldades de aprendizagem; muitas vezes essas dificuldades são confundidas com déficit de atenção, quando, na verdade, o que faltam são nutrientes que compõem esta bainha.

Se a mãe passar por algum estresse emocional muito grande neste período, ela passa a ter alterado seu componente de hormônios e, dependendo da semana que o feto está sendo formado, afetará sua  formação neurológica, podendo causar nas regiões afetadas do cérebro sérias alterações no campo da aprendizagem cognitiva, ou até mesmo no sistema límbico ─ responsável pelas emoções e sentimentos.

Enfim, comparar cada criança é errado, pois, cada indivíduo é único e tem seu ritmo próprio, tanto o biológico como o psicológico, e isto depende de uma série de fatores. Temos uma mania cultural de comparar as crianças dizendo que estão atrasadas ou adiantadas, e eu pergunto: adiantada ou atrasada em relação a quem se cada um é único neste mundo?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Castigos x recompensas

Assunto polêmico este, mas vamos lá. Geralmente as pessoas aplicam castigos nas crianças quando estas fazem algo que elas julgam erradas e, em muitas situações, não explicam o que as crianças fizeram de errado, mas simplesmente castigam. Isto em minha opinião e em meus estudos não é correto porque a criança está em formação do que vem a ser juízos de leis e de moral. Para que ela entenda o que é certo ou errado é necessário que se  converse, que se explique o por quê de se fazer o sim e o por quê de se fazer o não; isto é a tomada de consciência, mas exige muita paciência por parte dos adultos. Além disso, é também necessário que o adulto tenha autocontrole coisa que muitos não têm! Então, em uma situação de estresse, é melhor que espere passar a raiva para depois conversar com a criança. Com cabeça fria as coisas são mais fáceis e o ponto de vista da situação que foi a causa da necessidade de correção pode ser alterado.

Recompensas são os chamados reforços positivos, ou seja, uma premiação por ter feito bem feito algo. Mas em excesso pode ser prejudicial, porque a criança pode entender que ela sempre é o máximo e que tudo o que fizer estará certo.


O equilíbrio sempre é a melhor saída, mas para isto se faz necessário que saibamos e tenhamos consciência disto, sem castigar sem reflexão ou premiar todas as vezes; essa não é  a  maneira mais correta de se educar. Premiar, segundo as suas condições financeiras em determinadas datas que julgam importantes, é o correto. Algumas famílias acham que devem premiar em tudo, sempre com algo material, mas esquecem de que o elogio também é uma forma de premiação. Nem tanto ao céu, nem tanto a terra, seria o conselho mais proveitoso nestas situações, e tudo sempre com consciência: por que castigou e por que recompensou? Na vida, desde cedo precisamos aprender a conquistar o que desejamos com consciência e discernimento, afinal, a vida adulta assim o exige e é de pequeno que se aprende.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

“Não pega não porque vai acostumar mal”

Estava em casa de um bebe recém-nascido, quando ouvi esta frase várias e várias vezes por diferentes adultos, mas quem mais a proferia era a própria mãe da criança. Isto me deixou indignada, pensei na hora “será que ela está com ciúmes da criança ou será que não quer que ninguém pegue para não acostumar mal a criança no colo?” Fiquei observando, e... pasmem! Não eram ciúmes, o que acontecia é que ela não queria que depois a criança só quisesse colo! Logo pensei: “ essa mãe não sabe o que diz”, então,  vamos às explicações.

Um bebê precisa se sentir seguro e o colo dá esta sensação. Mais do que isto, a família é um veículo para completar o desenvolvimento da criança; ela é quem provê o suporte, o cuidado, o carinho. As crianças, quando pequenas, precisam se sentir seguras, amadas e aceitas, desde quando nascem. Alguns estudos sobre anatomia emocional nos revelam que o fato de pais não carregarem os filhos, ou não darem suficiente continência nos primeiros meses podem levar a criança a enrijecer os músculos para obter uma sensação de suporte, de apoio. Quando adultas, ao tentarem relaxar suas contrações musculares, sentirão muita ansiedade por lhes faltar  a sensação de suporte interno em seus ossos e articulações.


Muitos pais devem estar pensando agora “ mas, se o bebe se acostumar com o colo, não vai querer somente isso?  Não vai ficar dependente do colo de alguém?” A resposta é: NÃO! Tudo tem o jeito carinhoso de se resolver, mas deixar horas e horas o bebe no berço ou no bebe-conforto somente para que ele não se acostume a ficar no colo, poderá acarretar em  problemas muito maiores futuramente. A  escolha é de vocês... 

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Separação consciente do casal: preserva a amizade e a saúde mental de todos

Hoje em dia, é muito comum acontecer separações entre os casais, mas nem sempre ela se dá de forma consciente e amigável. Quando uma relação não está bem por algum motivo e ambos preferem se separar, isto deveria acontecer naturalmente, como aconteceu com o casamento. No entanto, quando um dos dois não aceita o fato é que a situação se complica e, na maior parte das vezes, quem mais sofre são os filhos.

Viver de aparências, em minha opinião, ou fazer isto por comodismo, egoísmo, medo de aparentar fracasso na vida afetiva, enfim, tantas coisas que pairam pelas cabeças das pessoas quando se separam e pensam no que essa ação gerará em seu entorno social, nada disso teria problema algum se não houvesse crianças no meio dessa parafernália toda! Então, o melhor é se pensar que quando não se está bem, o jeito é procurar a felicidade, lutar por viver com mais qualidade e equilíbrio, enfim, ir à procura da paz e da felicidade! Esta vida é tão curta e merecemos ser felizes. Os filhos também saberão entender a separação, desde que seja algo que seja feito de maneira consciente, levando em consideração que ambos possuem algo em comum ─ para sempre ─ que são os filhos.


Uma criança que vive num ringue de batalha pode sofrer muito e bloquear até mesmo seu lado cognitivo. Imaginem alguém em sala de aula pensando nos problemas e brigas que seus pais protagonizam em casa. Aprender matemática, português, ciências quando o pensamento está no campo de batalha que se tornou a casa, é praticamente impossível. Dificuldades de aprendizagem também podem ser causadas por bloqueios emocionais advindos de separações não amigáveis entre o casal. Se quiserem o melhor para seus filhos sejam adultos e, no caso de uma separação, optem por uma forma mais saudável e feliz para todos. Sentimentos de ciúmes e de posse em excesso precisam de tratamento psicológico. Procurar um especialista é a melhor solução.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Como trabalhar a invenção com crianças pequenas?

Vejo sempre em redes sociais, ou até mesmo em sites sobre atividades/situações significativas, exemplos de como construir este ou aquele objeto com materiais recicláveis. Essas páginas da web oferecem dicas sobre o material em si, assim como o passo a passo do que irão fazer. Alguns pais e professores utilizam-se desses referenciais para criarem algo com as crianças. Pois bem, este procedimento de cópia do que já foi feito é valido, sim, para algumas aprendizagens; porém, não podemos confundir modelos já prontos, com invenção/criação.

Inventar é criar algo novo, portanto, não existe modelo pré-determinado. Vou exemplificar: se quiserem fazer uma locomotiva de materiais recicláveis, vocês devem ver fotos do que seja uma locomotiva e deixar com que as crianças decidam quais materiais irão utilizar, quais cores irão pintar, enfim, as crianças decidem tudo o que vão fazer e como vão fazer. Isto é incentivar o processo de criação.

Além disto, este procedimento de deixar com que as crianças criem ajudam-nas a pensar em como e com o que farão o objeto desejado, propiciando a desenvoltura na resolução de problemas, pois terão  que achar soluções diante das dificuldades que irão enfrentar pelo caminho. Quando adolescentes ou adultos, diante de uma dificuldade, em vez de ficarem tensas e não saberem o que fazer, irão buscar alternativas por que já foram treinadas para isto quando pequenas. Quero que fique claro que não sou contra modelos, mas que não confundam o processo de criação com cópias.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Apenas 6% das escolas públicas usam computador em sala de aula

Segundo um site de educação  [http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-07-16/apenas-6-das-escolas-publicas-brasileiras-usam-computadores-na-sala-de-aula.html acesso realizado em 06/08/2014)],  somente 6% das escolas públicas brasileiras usam o computador em sala de aula. Em se tratando de um país que quer se desenvolver em tecnologia, isto é pouquíssimo em termos de abrangência da população escolar!

Mas quais as consequências deste fato? Bem, se existe uma desigualdade imensa de oportunidades em escolas neste país, este é apenas um dos dados que contribui para isto. Enquanto algumas possuem boa infraestrutura e melhores condições de estímulo ao estudo,  94% da população escolar brasileira prima pela falta destes. Quanta desigualdade e irresponsabilidade!


Por que irresponsabilidade? Muito simples: porque toda a população infantil de hoje, quando se tornarem jovens e adultos irão para o mercado de trabalho e terão de concorrer, entre si,   em pé de igualdade. Assim, como é que aqueles que tiveram acesso a boa tecnologia se colocarão como concorrentes para as mesmas vagas, com os outros que não dispuseram desta tecnologia na vida escolar? Vocês devem estar se perguntando, se estas crianças/jovens não poderão aprender a fazer uso desse instrumento em outros momentos e oportunidades, afinal, este país é imenso e muitos não possuem a condição financeira para estudar em escolas equipadas e comprometidas com as novas tecnologias. No entanto, se queremos que nossas crianças e jovens possam contribuir futuramente com a ciência, política, saúde e educação, a diferença de ensino é muito grande quando recebem desta tecnologia em sala de aula! Pensem como se torna mais significativo e dinâmico buscar exemplos ou comparações a partir de pesquisas na web, consultar mapas, regiões, agriculturas e bens de consumo a partir de imagens selecionadas de maneira interativa, enfim, tudo se torna mais interessante e dinâmico quando se tem uma noção mais próxima do real. A imagem visual de um computador oferece uma  noção mais próxima do real do que um desenho ou uma fotografia impressa em livros, ou de desenhos com giz, na lousa, feitos pelo professor. Vamos lutar para que este descompasso se amenize em nosso país? Vamos lá: luta árdua e grande enquanto aguardamos pela chegada ─ ao poder ─ de  pessoas realmente comprometidas com a educação!

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ampliar o repertório imagético da criança. O que isto significa, de fato?

Primeiro vamos ao conceito “repertório imagético”: significa que devemos estimular as crianças a conhecerem novas imagens para que elas possam formar seus pensamentos. Isto acontece desde a mais tenra idade, antes mesmo do aparecimento da linguagem. Só conseguimos formar imagens a partir daquilo que conhecemos de fato, ou seja, do concreto.

Portanto, vejo algumas práticas nas famílias, ou mesmo nas instituições de ensino, que merecem alguma atenção. Observo alguns desenhos que não condizem nem um pouco com algo concreto, por exemplo, árvores com rosto, frutas com pés, bocas, braços, figuras geométricas com caras para ensinar formas, enfim, existem vários desenhos desse tipo espalhados em brinquedos, jogos e livros infantis.


Minha crítica é justamente sobre esses desenhos que vêm em jogos e em brinquedos, e que não condizem com a realidade. Se quisermos estimular as crianças a ampliarem seu repertório de imagens devemos partir do concreto, do real. Ninguém consegue formar a ideia do que seja um abacaxi se não conhecer, de fato, o que seja esta fruta na realidade. Muitos educadores vão dizer: “ mas onde entra a formação da fantasia infantil?” Pois bem, fantasias são algo irreal, ensinamos assim por muitos anos, mas eram outros tempos. Hoje, contamos com tecnologias super poderosas onde podemos ver imagens que antes não tínhamos. E trabalhar com imagens que formarão pensamentos, estas devem ser feitas a partir ─ sempre ─ do concreto. Não esperem que uma criança pequena consiga formar imagens do nada. Nem nós, adultos, conseguimos formar ideias e pensamentos do nada! Imagine, então, uma criança que está começando a formá-las em sua mente. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Quando começa a autonomia e ampliação de mundo da criança?

Esta pergunta me foi feita por uma mãe em minhas redes sociais; então, vamos à resposta.  A autonomia e a ampliação da visão de mundo da criança têm início quando ela começa a engatinhar. Ao realizar este ato motor, a criança começa a ir sozinha em lugares onde antes ela precisava de um adulto para lhe conduzir; este é o começo de sua autonomia e de sua  ampliação de mundo. Se antes ela enxergava o mundo deitada ou sentada sob a escolha de um lugar definido e proporcionado por um adulto,  agora ela passa a ver o mundo por  outro ângulo, por suas escolhas ─ ainda que não tão conscientes ─ mas que começam a lhe ampliar seu campo de visão.

Portanto, valorizar este momento com palavras de incentivo é importantíssimo! Preciso que entendam que este ato de engatinhar fará com que ela conquiste a noção de espaço ajudando-a, mais tarde, na alfabetização, quando ela precisará organizar sua mente em termos de espaço.

Além do ato motor em si, é neste período também que a criança começa seu desenvolvimento emocional; assim, deve-se incentivá-la positivamente com palavras de: “Vai! você consegue;  isto mesmo!”; deixar com que ela percorra os espaços que deseja e dizer: “ vem até mim”,  são referências positivas para este período. Agora, colocar medos ou até mesmo ameaças porque ela vai conseguir alcançar lugares como portas ou estantes baixas, e não deixar com que elas explorem estes espaços, isso não é nada saudável, uma vez que podem se sentir inseguras  e ficar com medo para o resto da vida. Nosso cérebro armazena tudo na memória localizada na área do Hipocampo; mesmo que vocês possam achar que elas são crianças e não sabem de nada, agir reprimindo e colocando medos é fazer algo muito errado, pois registramos em nossas mentes imagens e pensamentos desde a mais tenra idade.


Os adultos muitas vezes ameaçam dizendo “aí não!”, para crianças com menos de um ano de idade, acabando por adestrá-las desde então, achando que estão fazendo o correto, quando  não estão. Deixar com que elas engatinhem pela casa toda é o certo. Tomar os devidos cuidados para tirar objetos que quebram ou que possam machucá-las é o mais acertado neste momento. É tão fácil contribuir para um desenvolvimento saudável! A criança precisa de apoio positivo neste período e não de cobranças e ameaças.  A escolha é de vocês! Se não fizerem de acordo, cuidado para depois, quando se apresentar um jovem inseguro, emocionalmente frágil em suas decisões e conceitos, não dizerem “ ... eu fiz de tudo, não sei onde errei...”Que tal começar a pensar desde agora e mudar suas atitudes?

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Dificuldades de aprendizagem: diagnóstico

Hoje vou comentar sobre algumas dificuldades que as crianças podem apresentar por distúrbios neurológicos. São eles: Dislexia: que se caracteriza por algumas dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento do texto escrito; 3) na identificação de fonemas, associando-os  às letras, e no  reconhecimento de rimas e aliterações; Disgrafia: dificuldades ortográficas: troca, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas; Discalculia: dificuldades para decorar a tabuada, para compreender e realizar as operações básicas, além de problemas para reconhecer símbolos e conceitos matemáticos; Dislalia que se apresenta como um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras.

Segundo os médicos especialistas, estes distúrbios ainda estão em fase de estudos, considera-se que sejam de origem genética ─ embora ainda não se possa afirmar com toda certeza e para todos os casos ─ mas ainda não possuem cura até o presente momento. Então, como o pedagogo pode/deve proceder perante as crianças que apresentam estas dificuldades de aprendizagem? A função do professor é ajudar na adaptação destas crianças.  Ou seja, não exigir que tenham rendimento na leitura e escrita quando apresentam dislexia;  se a criança só apresentar dislexia, em nada ela será afetada para aprender a matemática, por exemplo. Isso serve para os outros distúrbios citados acima.


Pois bem, o ator Tom Cruise possui dislexia, mas ele usa de artifícios e da ajuda de outras pessoas que leem os textos para ele. Sua memória é perfeita, e nada impede que ele seja um ator; isto é adaptação. O que quero que entendam, é que nem todas as crianças que possuem dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita, ou mesmo em matemática, possuem algum distúrbio. Dependendo da forma de aprendizado de cada um, ou até mesmo do método adotado pela escola, uma criança pode apresentar dificuldades e não ter distúrbio algum! Cuidado ─ principalmente os professores ─ com diagnósticos e rótulos! Primeiro porque isto não é sua função e profissionalmente você não possui habilidades para tal! Os diagnósticos são realizados pela área médica. O professor deve apenas fazer um relato escrito para os médicos e terapeutas, mas diagnosticar nunca. Vejo isto acontecer muito em nossas escolas: diagnósticos feitos aleatoriamente ─ ainda que verbalmente, em reuniões e até mesmo para os pais ─ sem responsabilidade ou embasamento profissional algum! A função do professor é apenas fazer o relatório e encaminhar à área da saúde; mais nada! Depois de recebido o diagnóstico, aí sim, deve trabalhar entendendo do que se trata e, mais do que isto, ajudar na inclusão desta criança. Não tratá-la como diferente, mas como alguém que requer um atendimento especial; se precisar ler para que ela entenda ─ em caso de dislexia ─  que assim o faça, mas nunca deixá-la de lado! Lembre-se que esse aluno poderá se adaptar e se tornar um Tom Cruise; quem sabe o dia de amanhã? Ah! Leonardo da Vinci também era disléxico, e olha o que ele foi!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Desapontamentos e falta de apoio na infância: possíveis consequências quando adultos

Muitas famílias educam seus filhos sem se preocuparem com as consequências de seus atos; isto muito me preocupa! Quando, na infância, as crianças são totalmente podadas em seus pensamentos, sentimentos e ações, elas vão se tornando fechadas dentro de si, com medo do mundo que as cerca. Uma criança com uma criação assim, acaba por se contrair toda, e o seu organismo acaba por começar a enrijecer e se retesar. Este enrijecimento acaba sendo uma autodefesa quanto ao medo e ao abandono.

As famílias que agem assim, o fazem por desaprovar o comportamento ou as atitudes da criança, achando que, com isto, seu filho (a) mudará o seu comportamento para aquilo que desejam e acham como certo. Confundem Educação com Desaprovação! Vou dar alguns exemplos para ficar mais fácil o entendimento: se a criança coloca uma roupa que a família acha ruim/inadequada, quer que ela troque imediatamente e sem muitas explicações; se possuem um determinado coleguinha que a família desaprova ─ por algum motivo tênue ─ aquela amizade, já começam a cercear os encontros e contatos, sem ao menos deixar claro para a criança o motivo da não aceitação; agem como se a criança não tivesse sentimento e/ou o mínimo potencial para desenvolver as escolhas, definindo, de forma ditatorial e controladora os fatores e pontos que consideram certo ou errado!


Estas crianças desaprovadas acabam por não desenvolver a autoestima e, consequentemente, precisam se defender de alguma forma. Isto irá inibir sua forma de ampliação de mundo e se retrair, tornando-se, futuramente, adolescentes e adultos com sérios problemas em  sua anatomia física e emocional, além de todos os prejuízos que a falta de fluidez na interação social podem acarretar. Elas acabam se fechando, se contraindo e, como autodefesa, desenvolvem uma espécie de hibernação social;  mantém seus sentimentos contidos podendo ter grandes problemas para se expor, com dificuldades para se dar, para se relacionar afetivamente com as pessoas, seja em um nível mais íntimo, ou em um nível social.  O medo (novamente) de serem humilhadas e rejeitadas é muito grande. Assim, optam por se calarem e, por esse silêncio e pouca interação acabam por se tornar tímidas demais, prejudicando de forma substancial a esfera de sua vida pessoal e também profissional. Cuidado com o que fazem e como fazem, para evitar que isso venha a ocorrer futuramente !

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Declarações e fotos dos filhos em redes sociais

Outro dia estava em uma rede social, quando vi várias fotos de uma criança de, aproximadamente 6 anos,  com uma declaração linda de seu pai. Achei emocionante e depois fiquei pensando... Será que a criança sabe ler, ou mesmo vai ver esta postagem? Não tive duvidas: perguntei  “in box” sobre isto.

A resposta do pai foi “não! Ele é separado e o filho nem estava com ele naquele dia. Então indaguei: “ por que você não lê isto que escreveu para seu filho já que ele ainda não sabe ler e nem tem rede social por causa da idade?” Ele me disse que iria fazer isto sim, que nunca tinha pensado em ler ou mostrar para  o garoto, mas que quando falei com ele, isso  o fez perceber a importância do fato.


Pois é, muitos pais têm vergonha ─ ou medo ─ de dizerem e expressarem seus sentimentos pelos filhos, principalmente se estes forem homens. Fico pensando por que os adultos postam fotos e mensagens em redes sociais, embora  o mais interessado no assunto e, muitas vezes o protagonista da cena  que precisaria daquela mensagem/imagem para se sentir seguro, amado e valorizado, acaba não sabendo  o que se passa. Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje! Talvez amanhã seja tarde demais para demonstrar afeto...  E isto poderá fazer falta na vida daqueles que vocês mais amam: seus próprios filhos!

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ex-esposa não é ex-mãe

Após o domingo do dia das mães, um pai separado e com dois filhos (uma jovem de 18 anos e um garoto  de 9), relatou-me o fato que lhes conto agora.

Era véspera do Dia das Mães e ele estava somente com sua filha. Ela lhe pediu dinheiro para comprar um presente para sua mãe. Ele, indignado, resolveu argumentar com a filha dizendo que ele não iria comprar presente, porque não tinha sentido, já que ele não era mais casado com sua mãe. A jovem não se conformou; queria porque queria comprar um presente! Esse pai, mesmo contrariado, resolveu ceder ao pedido da filha; foram ao shopping, e compraram uma blusa de 180 reais.  No outro dia, o menino ligou pedindo a mesma coisa e ele disse que a irmã já tinha comprado o presente, e que ela levaria na próxima semana, já que eles moram em cidades diferentes. Ele me contava isto com um sinal de revolta dizendo que ele não tinha obrigação de gastar dinheiro com sua ex-esposa; enfim, percebia-se, pelo tom de voz e pela expressão de seu rosto, que ele acabou por fazer o que seus  filhos queriam, mas que não concordava, de jeito nenhum, com o procedimento!

Vamos às análises... Se os filhos não possuem renda própria, como vão fazer para comprar algo de seu desejo para seus pais queridos em datas festivas e específicas? Outro fator importante: ex-esposa não é ex-mãe! Os filhos querem presentear, e pronto! Ainda  mais hoje que tudo gira em torno de consumismo. Eles possuem colegas que darão presentes, que contarão na escola no outro dia... as mães vão mostrar aos parentes e amigos o presente que receberam de seus filhos..., enfim, é uma data que não passa em branco na comunidade social em que vivemos!


Por favor, pais! Se o relacionamento marido e mulher não deu certo, os filhos (as) não podem se sentir prejudicados em nada. Procurem compreender e se colocar no lugar deles; é a melhor saída para evitar que eles sejam ringue de disputa de um relacionamento mal sucedido entre vocês. Pais, por favor, tomem consciência do quanto podem construir ou destruir a vida afetiva de seu filho(a) tendo uma atitude destas. Dinheiro, ganhamos outro! Mas as relações estremecidas podem não ter conserto mais... e, depois,  terão que gastar muito mais  com remédios, terapias, enfim... Não sejam mesquinhos ou calculistas nestes momentos. A vida é curta demais e não levamos nada dela, pensem nisto!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sofá branco: Tenho pavor!

Esta história parte de uma amiga e aconteceu há  mais de 20 anos, mas acho prudente contá-la para que vocês possam avaliar o que pode causar, na mente de alguém, quando uma mãe é controladora e valoriza mais  os objetos do que a filha em si. Bem ela é a primeira filha, sua mãe sempre lhe exigiu demais,  cobrando de uma criança o “ser adulto”, sem ensinar o certo e o errado. Pois bem: em sua casa de infância  tinha um sofá grande, de courino branco. Sua mãe não deixava que este fosse usado pelas crianças, com receio de que o sofá ficasse sujo ou viesse a ser rasgado, porque  “o que as visitas iriam pensar da casa dela caso o sofá não estivesse intacto”? Porém, esta minha amiga me relatou que sua irmã mais nova comia bolacha, sentava e pulava no sofá quando sua mãe não estava... e que quando ela chegava e via o sofá todo sujo, ela perguntava o que aconteceu e a irmã mais nova jogava a culpa toda na mais velha, sempre! Sua mãe, sem pensar duas vezes e sem apurar os fatos, acreditava na irmã mais nova que, segundo minha amiga, era a protegida porque apresentava problemas cerebrais desde pequena; como consequência de encontrar o sofá do jeito que não queria, a mãe batia muito nesta minha amiga, a filha mais velha. Hoje em dia, elas não possuem mais nenhum tipo de relacionamento mãe e filha. Minha amiga me disse que não suporta nem ao menos ver este tipo de sofá ─ seja onde for, na casa de alguém, em lojas, escritórios ─ pois se lembra das cenas do quanto apanhava de sua mãe quando pequena, em nome do sofá branco da sala de visitas!

Vamos às considerações... Primeiro: que não devemos acreditar piamente no que as crianças dizem, sem antes estar presente ou constatar os fatos. Segundo: o que importa um sofá rasgado ou sujo...  será que é melhor um relacionamento verdadeiro e cordial para sempre ou um sofá impecável para fazer bonito para as visitas?  Se o sofá é mais importante que os valores e laços familiares, penso  que esta mãe precisaria, naquela época e,  com urgência, de um tratamento psicológico.


Quantas pessoas não passam ou passaram pela mesma situação ou por algo parecido? Quantos traumas poderiam ter sido evitados, quantas oportunidades de estarem juntas, de se amarem perderam-se por causa de um objeto? Quanta vida deixou de ser vivida intensamente e de forma saudável por causa de uma grade besteira? Pior, ainda, por causa de futilidades...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Perguntas e respostas infantis

Alguns adultos costumam perguntar algo para a criança, já dando a resposta. Por exemplo: você quer ir ao shopping passear? Este tipo de pergunta já sugere uma indução da resposta. Fui questionada se isto está certo, ou errado. Vamos às análises:

Não existe certo ou errado em comportamentos. E devemos sempre prestar atenção em quê e em como fazemos as perguntas para uma criança; se fizerem a pergunta solicitada acima e ela responder que quer ir a outro lugar, e vocês concordam em ir ao lugar escolhido pela criança, não vejo problema algum. O único problema que vejo é quando o adulto direciona tudo para a criança, fazendo-a supor que ela está escolhendo quando, na verdade, a escolha está sendo feita é pelo adulto, por exemplo: comida, roupa, passeios, horários... enfim, tudo. Este tipo de direcionamento chama-se controle! Pura e simplesmente controle! Como vamos desenvolver autonomia na criança se controlamos tudo o que ela faz?


O mais correto é deixar a criança se expressar. Ao invés de perguntar se ela quer ir ao shopping, que tal perguntar: Onde você quer ir passear hoje? Quando perguntamos onde ela quer ir passear, fazemos com que ela pense. Estimular o pensamento é algo muito importante. Não nascemos sabendo pensar; isto é um exercício que precisa ser praticado. Não deem respostas prontas, mas estimulem o pensamento infantil em tudo.   Não digam de qual cor devem pintar, mas deem várias opções de materiais para que ela escolha o que quer usar e como será usado. Autonomia de pensamento é necessário para que as crianças aprendam a fazer suas escolhas e a arcar com as consequências desde pequenas. A vida adulta não é assim?

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Minha tia virou estrelinha, como?

Uma mãe me fez a seguinte indagação em uma rede social: “ Minha filha tem cinco anos, tinha uma relação muito forte com minha irmã que morava na casa ao lado da minha. Há um mês, minha irmã veio a falecer. Contamos a ela que a tia morreu e que foi morar no céu, que virou uma estrelinha. Agora, todas as noites ela quer ver o céu, chora, não está comendo direito e está apresentando agressividade na escola. O que devo fazer? “, pergunta a mãe toda preocupada.

Primeiramente quero deixar claro que a maneira irreal como foi falado para a criança sobre o morrer, não ajudou em nada sua compreensão sobre a morte. Outro problema é dizer que quando as pessoas morrem elas viram estrelas; isto pode assustar, em vez de ajudar na compreensão. Imaginem uma criança olhando para o céu todo estrelado, lindo, e imaginando quantas pessoas morreram.  Até um adulto ficaria com medo da noite e das estrelas.

Já expliquei, anteriormente em outro texto, como proceder com o tema morte para as crianças pequenas, mas sempre me relatam este assunto de forma absurda! Às vezes falam para a criança que tal pessoa foi morar com papai do céu, enfim, há várias situações que são irreais. A morte é algo natural e faz parte da vida; todos os seres vivos vão morrer. Agir com naturalidade, explicar de forma calma todo este processo é o mais correto.

Possivelmente as atitudes que a criança vem apresentando refletem também como a família está encarando este fato. O luto faz parte de toda a vida, quem não sabe lidar com este sentimento  ─ seja ele com pessoas, animais, plantas, ou até mesmo em uma separação ─ fica difícil explicar para a criança! O que aconselho é que se os sintomas apresentados não desaparecerem,  procurem ajuda de um especialista. 


sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Murais nas instituições de ensino: produções das crianças

Uma forma de valorizar a s atividades/situações significativas das crianças é expor em algum lugar da própria sala de aula/espaço de referência, ou mesmo em algum lugar que os pais possam ver quando chegam e que outras crianças, de outros grupos, também possam ver. Além de estarem valorizando o trabalho das crianças, eles podem aprender o significado de uma exposição de artes em ateliês, museus e galerias.

Quando os trabalhos ficam expostos fora da sala de aula/espaço de referência, essa dinâmica pode levar as crianças a serem referenciais umas das outras, porque elas irão visualizar o trabalho feito por diferentes faixas etárias. Sem preocupação de que seja certo ou errado, mas sim de aprendizagens de uns para com os outros.


Muitas vezes vejo alguns murais em instituições de ensino infantil que mais parecem painel de festa de aniversário,  dos quais  em nada existe a contribuição das crianças! Que tal começar a montar um mural junto com elas? Afinal, este espaço será delas também!  Murais são para e das crianças, e não dos professores ou de recados para os pais. Tenho certeza de que os pais adorariam ver os trabalhos de seus filhos (as) expostos em locais feitos por eles, e não somente com a mão do adulto. Professores:  vocês precisam entender que os pais valorizam muito mais quando todo o trabalho é feito pelas crianças, do que quando percebem que só a sua mão teve vez. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Trabalhinho na educação infantil

Já ouviram alguns professores se referirem a um determinado momento do tempo, dentro da rotina da educação infantil, dizendo às crianças assim: “Está na hora de vocês fazerem um trabalhinho”. Geralmente este “trabalhinho” está relacionado a alguma atividade que eles irão fazer sozinhos, de coordenação motora, de pintura, de desenho, ou está relacionado a algum conteúdo de matemática em específico, entre outros.

Não irei questionar, aqui, se está certo ou errado fazer atividades relacionadas às áreas do conhecimento que deveriam acontecer no ensino fundamental, e não na educação infantil, mas quero questionar, sim, o fato de usarem a palavra “trabalhinho”. Será que desde pequenos temos que usar a palavra “trabalhinho”? Isto nos lembra obrigação, chatices...


Vincular a educação infantil com o trabalho, em minha opinião, não está correto porque se existe algum tipo de “trabalhinho” que as crianças devam fazer e se preocupar é em brincar, aprender, vivenciar o momento, em serem felizes. Cuidado, professores!  O mundo do trabalho é o contrário do mundo infantil. O mundo do trabalho lembra algo não prazeroso, mas sim tedioso; as crianças ouvem, em seus lares, seus pais e mães falarem da chatice que alguns trabalhos envolvem, dos chefes que mais parecem torturadores humanos...  Por favor, digam vamos fazer algo gostoso, vamos pintar, desenhar, se divertir e ser feliz?

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Crianças viram pelo avesso, desmontam brinquedos e desmancham construções

Uma mãe me fez a seguinte pergunta: “Por que as crianças não dão valor aos brinquedos? Logo que ganham uma boneca, tiram suas roupas, sapatos, braços, pernas. Minha filha é assim... o que faço para que ela conserve seus brinquedos”?

Vamos à resposta... Crianças são curiosas e têm a necessidade de experimentar novas sensações; elas não estragam os brinquedos como pensam alguns adultos, elas interagem com eles dando novos significados, ou, melhor dizendo, resignificando-os.


Elas precisam virar do avesso, montar e desmontar, desmanchar, construir e desconstruir, inventar e reinventar novas formas de brincar! Isto demonstra cognição, interação e novas aprendizagens. Proibir isto está errado, porque impede que elas realizem novas aprendizagens, novos rearranjos cerebrais. Seu cérebro ainda está em formação e uma das formas de aprender e reaprender é experimentando, vivenciando os brinquedos, as brincadeiras e os jogos. Deixem-nos que brinquem sem se preocupar se estão estragando;  pelo contrário,  incentivem para que novas conexões cerebrais possam acontecer!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Professora chama a criança de “macaco” na frente de todos

Às vezes achamos que somente as crianças comentem “bulliyng” dentro da sala de aula, mas infelizmente vejo atitudes de professores que são desaprovadoras e que podem causar um dano psicológico imenso para a criança.

Uma professora de crianças de seis anos começou a chamar um menino da forma como está no título deste texto porque ele não parava quieto na carteira. Os pais apuraram este fato e me pediram ajuda, pois se sentiram incomodados com isto. Eu também não iria gostar se fosse meu filho, mas, para tomar providências mais sérias é necessário ter provas concretas. Pedi, então, que fossem conversar com a professora primeiramente; e eles foram. Mas... ela negou tudo... porém, o fato continuou!  Foram tomadas providências junto aos superiores desta educadora, mas gostaria que refletissem sobre o dano psicológico que um fato como este  poderá causar na criança.

Para mim, ser professor (a), antes de qualquer coisa, é ser sensível ao outro! Eu não aprovo estas atitudes de pessoas que estão em uma profissão,  que pode construir ou destruir um ser humano em formação, e que tenham esta conduta. Esta pessoa deveria ser afastada do cargo para sempre.


No entanto, quero que reflitam sobre como uma atitude como esta poderá trazer sérios problemas psicológicos: a criança estava sendo ridicularizada perante os  outros, estava sendo exposta e agredida verbalmente diante da classe! Em nenhum momento a professora pensou na idade que ele tinha, que vinha de uma pré-escola onde eles podem andar, falar, brincar, correr... e que ainda estão se adaptando às carteiras com fileiras, olhando um para a nuca do outro. Não pensou, também, se aquela criança apresenta algum problema neuro-psico-motor  para ter este tipo de comportamento. Não refletiu sobre se o seu método de ensino estava sendo adequado para aquela criança, já que a mesma estava incomodada com o fato de ter que ficar sentada... enfim, são tantas as hipóteses que precisam ser elaboradas diante do comportamento do outro antes de dizer/realizar determinadas atitudes... e, no entanto, a professora toma por medida “disciplinar/educativa” a conduta de dizer  coisas insensatas, discriminatórias e vexatórias! Uma atitude deste tipo pode causar um trauma para o resto da vida! E tentar superar isto, depois de adulto, fica muito mais difícil, porque  uma autoestima esfacelada é o que faz com que um aprendizado não se realize a contento. Então, por que não evitar essa forma anti-pedagógica e desumana de trabalhar em sala de aula,  gostar mais do que faz e lidar com carinho e respeito para com o outro?

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Crianças ficam perdidas: a indiferença ocupa o lugar das diferenças?

Quando as crianças enfrentam situações que estão além de seu nível de entendimento e de compreensão dos fatos, elas não sabem o que fazer e ficam perdidas. Muitas vezes os pais, nestes momentos, pensam que elas entenderam porque se mostraram  indiferentes aos fatos; mas esta indiferença é, muitas vezes, porque não entendem os motivos de, por exemplo, seus pais brigarem tanto!

Por outro lado, muitos pais também não sabem lidar com determinadas situações e nem o que responder aos filhos diante de fatos e acontecimentos que não conseguiram enfrentar de maneira adequada e eficaz  anteriormente. Com isso, a indiferença manifestada pelas crianças muitas vezes já foi, algum dia, a de seus próprios pais. É difícil porque os pais são obrigados, às vezes, a responder perguntas para as quais nunca ninguém lhes deu respostas. O que fazer, então, diante destas situações?


Procurar a ajuda de um especialista seria a melhor solução; mas, se isto não for possível, a melhor coisa a fazer é dialogar com as crianças, conversar sobre o assunto abordado, buscar entender a indiferença da criança por meio de brincadeiras, até mesmo brincando de casinha onde os papéis se invertem e você, adulto, pode perceber nas reações de seus filhos (as) o que está acontecendo, de fato! Quando os papéis se invertem, as crianças passam a dramatizar o seu de pai, de mãe... e, assim, vocês poderão perceber o que se passa com elas. Cuidado com a indiferença das crianças! Não fiquem achando que está tudo bem, pelo contrário, fiquem atentos porque este pode ser um sinal muito importante de que ela não esteja bem resolvida com o fato em si, e que ela esteja, verdadeiramente, precisando de ajuda.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Quarta feliz: pai e filho

Todas as quartas-feiras, à noite, vejo postado em minha rede social fotos de um menino de 6 anos, com seu pai, construindo objetos com materiais recicláveis. Cada semana é uma surpresa diferente: campos de futebol, ônibus, bichos, dentre outros, que aparecem em fotos elaboradas pelos dois. Isto me chamou a atenção, então resolvi perguntar ao pai por que e como eram feitos estes brinquedos. Interroguei-o para que pudesse contar esta história como um lindo exemplo de relação pai e filho para vocês. 

Ele me disse que é separado, e que o filho fica com ele todas as quartas-feiras, e que esta confecção foi acontecendo meio que por acaso. Aos poucos eles foram construindo alguns objetos, e hoje essa atividade se transformou em um projeto que eles intitularam de “Quarta Feliz”. Questionei sobre como ele conduzia isto, quem escolhia os materiais, e ele me disse que entra no mundo do filho e que o menino escolhe o que quer fazer, e que o projeto,  por causa da internet, já está grande! Eles recebem dicas de vários internautas e amigos sobre o que fazer com materiais recicláveis. E assim, o pai explica: “tudo começa com o Vinicius escolhendo o que quer fazer. Por exemplo, ele queria fazer alguma coisa com caixa de leite, então, surgiu a ideia do ônibus, mas não tínhamos palitos de churrasco, fomos ao supermercado comprar; ele queria um pacote de balas e me disse que poderiam colar os personagens que estavam no pacote de balas na lateral do ônibus...” e assim, a cada semana eles vão construindo algo diferente, e depois o Vinicius vai dormir com o que confeccionaram naquele dia.

Olhem que história linda! Nela estão contidos vários aspectos: a afetividade entre pai e filho que vai sendo construída de forma saudável... o fato de não haver proibição ─ pelo contrário ─  há incentivo à imaginação, criatividade, plasticidade, enfim... O desenvolvimento cognitivo está bastante ativo  na elaboração de hipóteses do que se vai fazer, de como fazer, com o quê fazer? Mãos à obra, porque os nossos personagens são super ativos e os aspectos motores vem sendo desenvolvidos a todo vapor: cortar, colar, medir, rasgar, furar, enfim... o cérebro a mil por hora na resolução de problemas, na criatividade que expande o caminho pela experiência, na decisão da escolha e no respeito mútuo, além de tantas outras coisas mais!  E ainda: estão sendo construídos conceitos de educação ambiental, uma vez que eles utilizam materiais recicláveis!


Parabéns aos dois! Obrigada por me deixarem contar e publicar esta história de vocês. Muitas quartas-feiras felizes para os dois. Beijos!