quinta-feira, 31 de março de 2016

Tire o exemplo da cartola!

Outro dia encontrei uma amiga, antiga colega de faculdade, dentro de uma livraria. Essa amiga me apresentou sua sobrinha, que tem um filho único de quatro anos e que mora sozinha com ele, sem o pai da criança, desde que o menino tinha poucos meses. Depois de nos atualizarmos rapidamente sobre nossas vidas, minha amiga foi logo abrindo o jogo diante da sobrinha, me perguntando o que eu poderia dizer para aquela mãe nova (de idade e de maternidade) sobre o que fazer para que seu filho se alimentasse direito. Segundo ela, já fez de tudo! Disse que o menino não come nem doces, nem bolachas ─ coisas que poderiam cortar o seu apetite ─ que acaba comendo arroz puro, na hora do almoço, sem absolutamente nada para acompanhar, e que esse é o seu único alimento sólido! Disse que ele se recusava a comer, inclusive, em festinhas de aniversário, que de fruta ele só aceita uma banana à tarde, que não janta e que depois toma leite ─ na mamadeira ─ antes de dormir. A mãe disse que já tinha feito de tudo, que o pediatra dizia que era para ela ir tentando, estimulando... mas que ela não sabia mais o que fazer porque estava preocupada com a saúde do filho, enfim, crise total!

Fui perguntando algumas coisas sobre a rotina dos dois, a escola, o trabalho da mãe. Fui procurando entender algumas coisas. Pois bem, não vou repetir nossos diálogos e sondagens para não ficar muito extenso esse texto porque o que importa é o final e não o percurso de como chegamos ao ponto: o menino foi alimentado com papinha até os dois anos de idade porque ela tinha uma boa empregada e pedia que ela fizesse a alimentação do menino com bastante variedade de alimentos, mas tudo passado no liquidificador porque a mãe tinha medo que a criança engasgasse. Vejam só! Aos dois anos e meio, eles viajaram para casa de uns parentes que tinham crianças mais ou menos nessa faixa etária e ali ninguém comia papinha mais. Ela disse que a impressão que deu é que o menino ficou com nojo de mastigar e muito incomodado com aqueles pedacinhos e grãozinhos dentro de sua boca. Que desde então, ele não comeu mais e ela achou que isso passaria logo; ao mesmo tempo, ela não quis mais dar papinha porque ele já estava em outra idade. Colocou o filho em uma escola em período integral, mas ali também ele só come arroz e se estiver misturado com alguma coisa ele não come nada!

Outro ponto, quando perguntei à mãe sobre a alimentação dela: faz dieta, eliminou glúten, carnes, frituras, derivados de leite, etc, etc... e seu almoço e jantar ficam em potes congelados ─ no freezer ─ que lhe são enviados semanalmente por uma empório de alimentação vegana e orgânica.


Vamos lá, mães! A criança não sente cheiro de alimento sendo preparado em casa, não vê a mãe comendo arroz, feijão, bife, salada, legumes... tudo quentinho, perfumado e feito em casa... e tem que aprender a comer como? Acho que esse texto já traz, em si, as reflexões pertinentes: faça o que eu quero, mas tire o exemplo da cartola!

quarta-feira, 30 de março de 2016

Registros: diagnóstico inicial do desenvolvimento da criança

Muitas professoras me perguntam o que registrar nos diários e nas agendas das crianças para mostrarem para os pais. Pois bem, vamos lá: o registro não é somente para os pais acompanharem o que acontece na escola. Infelizmente fico sabendo de muitas professoras de educação infantil que registram se a criança comeu, ou não; se ela está com a barriguinha solta em sinal de disenteria, enfim, cuidados voltados para a saúde ─ importantíssimos de se observar e anotar ─ mas o registro pedagógico, em si, é muito mais do que isso!

Registros servem para detectar e acompanhar as dificuldades, sua evolução, assim como as vitórias conquistadas das crianças em todos os aspectos do seu desenvolvimento: físico, emocional, cognitivo e social. Por exemplo, se uma criança está com dificuldade de andar e de se equilibrar em uma idade a qual já deveria ter adquirido essa conquista, é algo importante a ser relatado e ir se observando, ao longo das semanas: se ela demonstra estar mais confiante nessa jornada, se o seu andar tem adquirido aspectos de evolução, enfim, como está esse processo diante dos desafios cotidianos? Outro exemplo é se a criança apresenta alguma irritabilidade constante que causa certa interferência nas brincadeiras com os colegas, identificando e registrando seu comportamento na interação; se há alguma situação específica em casa que esteja refletindo na escola, enfim, essas coisas são muito importantes de serem registradas para que se possa realizar um acompanhamento e evolução das atitudes e reações.

O registro é algo complexo envolvendo todos os aspectos; vejo muitas professoras preocupadas, principalmente, com os aspectos cognitivos e físicos, esquecendo-se dos emocionais que afetarão, diretamente, na interação social. Vejam só: se uma criança que brinca normalmente apresentar várias vezes durante uma semana um descontentamento em brincar, querendo ficar sozinha em um canto, é necessário registrar a observação e, se for o caso, indicar para encaminhamento a um profissional qualificado. Tudo tem um porquê e nós, professores, precisamos nos ater ao campo observacional.


O registro é um documento importante das fases das crianças; ele pode ser escrito, fotografado, filmado, ou até mesmo se usar a combinação da escrita com fotos ou filmagem. O importante é entender que ele não é para os pais verem, mas para guiar o trabalho em sala de aula/espaço de referência de forma integral e integrada, observando as dificuldades e os avanços dos pequenos em todos os sentidos. Isto é uma educação de qualidade e pensada para a cada criança com suas doçuras e travessuras; aliás, nossa vida de adulto também é assim, cheia de aventuras com doçuras e travessuras! Não é? 

terça-feira, 29 de março de 2016

Bexigas em Sequência numérica

Estava lendo e me atualizando com alguns de meus contatos de rede social, quando vi um exercício de matemática que me chamou a atenção. Vou descrevê-lo aqui: Eram desenhos de bexigas numeradas às quais as crianças deveriam colocar seus respectivos números em ordem. Tratava-se de várias sequências nas quais faltavam números e as crianças deveriam preencher o espaço colocando o número que faltava, seguindo a sequência numérica. A princípio, uma atividade interessante, porém, percebi um erro fundamental que preciso alertá-los:

Todas as sequências começavam com o número zero, e a bexiga que vinha, a seguir, trazia um número, a outra trazia outro número, a próxima tinha o espaço do número para ser preenchido... e assim seguia a atividade, esperando que a criança registrasse, no desenho de cada bexiga, a ordem sequencial. E aí é que surgiu o meu espanto: se a criança está aprendendo sequência numérica (ordem) e valores (quantidades) o zero estando assinalado dentro de uma bexiga pode corresponder à primeira bexiga do desenho, assim, a criança poderá colocar o número 1 para a bexiga que contém o número zero e... qual número para a segunda bexiga que vem após o zero? Seria a quarta bexiga, ou o número três, já que o zero não é quantidade? Ou seja: o zero é zero e jamais poderia estar dentro de uma atividade dessa forma, tendo um desenho (de uma bexiga) para representá-lo! Isso porque se a criança fizer como pede a atividade, o um é um e está na segunda bexiga! Dá prá perceber a confusão?


Parece bobagem para nós, adultos, mas os pequenos ainda estão aprendendo. Se quisermos ensinar sequência numérica façamos assim: 0   ----- 2 ----4  sem colocar nada para o zero ─ nenhum desenho, nenhuma representação ─, pois jamais poderíamos representar o zero a partir da inexistência de algo que não está desenhado ou representado, já que o zero é um número que não possui quantidade alguma. Depois que as crianças apresentam dificuldades na aprendizagem numérica, muitos professores acabam dizendo que se trata de um caso de discalculia quando, na verdade, o erro é da professora e de sua atividade “sem noção”. Vejam só!

segunda-feira, 28 de março de 2016

Projeto Olimpíadas: Rio de Janeiro - Brasil 2016

Estava conversando com uma professora de educação infantil que trabalha com crianças de cinco anos de idade, quando ela me pediu que eu a ajudasse com algumas ideias para montar um Projeto sobre as olimpíadas com os seus alunos. Perguntei se eles estavam interessados neste tema, se sabem o que é uma olimpíada, se conhecem a história, a origem, enfim, quanta coisa tem para se conversar a respeito desse assunto... Ela me respondeu que não, que não sabia ao certo por onde deveria começar e que por isso mesmo pensou em um Projeto, “já que em breve teremos as Olimpíadas aqui no Brasil”!

Quero que saibam que, para mim, Projetos precisam ser feitos a partir do interesse das crianças, ou seja, é preciso que exista uma situação problema para ser desvendada, que surjam atividades de pesquisa, de chegada e de conclusões, enfim, Projeto com uma base científica.  Então, é preciso deixar claro que o que esta professora estava fazendo ─ ou pensando em fazer ─não era um Projeto em si, mas um plano de atividades sobre um determinado assunto. Não está errado montar atividades desta natureza, mas o que me incomoda é a falta de entendimento do que realmente seja um Projeto, que tem a sua gênese pela Metodologia da Escola Nova, segundo John Dewey.

Mais uma vez vejo que os professores estão fazendo equivocadamente atividades e denominando-as de Projetos. Projetos são para que as crianças possam ter liberdade e curiosidade na escolha do tema, que saibam montar a pergunta-problema para ser investigada, que procurem levantar hipóteses e que possam desenvolver atividades de pesquisa em livros, revistas, internet. Além disso, que sejam capazes de fazer experimentações ─ se for o caso ─ e de responder à pergunta-problema com propriedades científicas. 


Por exemplo: o tema a ser investigado será Tartaruga, então, o problema a ser investigado é Tartaruga: onde elas vivem, qual é o seu habitat, como se alimentam, procriam e sobrevivem? As hipóteses a serem investigadas: dependem do ambiente para a sua sobrevivência, ou independe se elas vivem na água, na terra ou nos dois? Pesquisar em livros, ir até um zoológico, conversar com biólogos, enfim, o que tiver ao alcance das crianças deve ser explorado e conhecido. Depois disso, devem compartilhar sobre as conclusões às quais chegaram e se, ao final de tudo, quiserem escrever sobre o assunto, eles podem relatar como conseguiram desenvolver o Projeto, desde o começo até a chegada da conclusão. Isto é um Projeto de verdade, um despertar para a pesquisa científica, e não meras atividades pré-determinadas a respeito de um tema levantado pela professora e sem a participação das crianças. Isso porque, quando as crianças fazem um Projeto no verdadeiro sentido da palavra, elas desenvolvem o seu pensamento científico desde pequenos. Assim, quando precisarem fazer um TCC, ou até mesmo um Projeto de Iniciação Científica, elas saberão montar com facilidade porque já têm, dentro de si, a familiaridade com a estrutura.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Nem sempre as crianças fazem o que proponho! O que eu faço?

Uma professora me fez esta pergunta em minhas redes sociais. Não há motivo para se ficar nervoso quando isto acontece, mas deve-se procurar analisar o por quê e com qual frequência isto acontece.  Reflexões tais como: “é muito fácil”, “muito difícil” devem ser pensadas. Seus alunos sabem e têm familiaridade com a atividade? Reconhecem a importância da atividade para eles?

Depois de analisado todo o processo é preciso considerar e ponderar para que eles possam participar das atividades. Se não querem fazer porque não gostam, procurem outra atividade com o mesmo objetivo. Se eles já estão cansados de uma atividade porque acham que não é mais para a idade deles, busquem outra.


Enfim, conversar com as crianças sobre a rotina do dia, respeitar suas escolhas e deixá-los propor atividades talvez amenize esta situação. Se isso for recorrente, lembrem-se de que as crianças também possuem grandes ideias e que podem também participar da escolha de atividades que queiram desenvolver; isto, a meu ver, deve ser respeitado por todos. As crianças só aprenderão a tomar decisões se puderem participar e interagir para cumprir com os objetivos propostos. Se o objetivo é trabalhar cores, elas precisam ser ensinadas. Assim, a forma como isso será feito as crianças podem e devem opinar sobre “o como” e “o que” fazer para aprender a manipular cores, conhecer suas combinações e origens... 

quarta-feira, 23 de março de 2016

Nova base curricular para o ensino fundamental no Brasil

Está sendo realizada, em nível nacional, uma discussão sobre uma reforma no currículo da base curricular comum para todo o território nacional. Isso tem gerado inúmeras discussões em todos os âmbitos, do governo às entidades civis. Alguns conteúdos que faziam parte do currículo comum estão sendo deixado de lado e outros, novos, estão sendo colocados. A discussão gira principalmente em torno de História e Literatura. Querem retirar história da humanidade e colocar a história indígena e afro-brasileira.

Toda esta discussão gira em torno da qualidade de ensino, porém, para mim, qualidade requer mais do que simplesmente troca de conteúdos. Precisamos equipar nossas escolas em todos os sentidos, laboratórios de geografia, de história, de matemática, de língua portuguesa, de educação física. No meu entendimento, todas as disciplinas deveriam ter a mesma quantidade de carga horária distribuídas durante a semana, em tempo integral, mas isto não acontece! Geralmente os currículos propõem mais aulas de português e matemática em detrimento de outras disciplinas. Não há exercício de democracia nem mesmo na quantidade de aulas dadas. Assim sendo, se há um privilegio em detrimento de outras, no meu conceito isto é propor uma desigualdade já na escola fundamental.

Viajando para Portugal, no ano passado, achei muito interessante a divisão que fazem no que corresponde ao nosso ensino fundamental: eles estudam Português, Matemática e Estudo do Meio (geografia, ciências e história), além de terem aula de Inglês, desde a primeira série do ensino fundamental; mas essas aulas não eram chatas “to be or note to be”, mas sim aprendiam a língua conversando com a professora em inglês. Isto na escola pública. Estamos longe de resolver nossos problemas educacionais, mas, para mim, o que precisamos fazer não é alterar currículo, mas sim a forma como este é trabalhado em sala de aula. Aprendizagem pela experiência é bem mais rica a partir de uma metodologia que precisa ser desenvolvida baseada no real, no concreto, no que existe de fato. Por exemplo, aprender erosão num terreno de erosão e não por meio de desenhos sem sentido algum. Ver um filme sobre erosão, mas principalmente saber combatê-la para preservação da natureza. Assim, quando se estudar o tema “Erosão”, pode-se estudar geografia, história e ciências ao mesmo tempo, ou seja, estudando o meio dentro de uma realidade na qual vivemos. Como assim? O espaço da erosão é geografia, a ação do homem naquela terra e a sua utilização para sobrevivência é história; e a forma como combatê-la é ciências. Além disto, se lermos e interpretarmos algum texto sobre o assunto é língua portuguesa; e o tamanho da erosão é matemática. Este tema proporciona atividades interdisciplinares de forma real. Agora, ele também pode ser dado sem sentido algum dentro de um texto pronto, no qual as crianças apenas respondem às questões e pintam ─ no máximo ─ um desenho sem sentido! Dá para comparar?


Então, tudo depende de como o professor trabalha os temas do currículo! Para mim, esta discussão deveria ser em como trabalhar de forma atual os conteúdos que precisam ser aprendidos, de maneira a proporcionar aprendizagens e conhecimento de fato, possibilitando aos alunos aplicarem, depois, em sua prática diária o conhecimento adquirido, caso necessitem. Aprendizagem pela experiência é unir a aprendizagem escolar com a realidade na qual se vive!  

terça-feira, 22 de março de 2016

“Não quero você emprestando nada de suas coisas para ninguém, ouviu bem?”

Esta cena aconteceu no começo do ano letivo. Estava na casa de alguns amigos, quando a filha do casal apareceu com seus novos materiais de escola para me mostrar, toda feliz com o novo arsenal!  Ela estava me mostrando tudo, como funcionavam as canetinhas coloridas, lapiseira, lápis de cor, enfim, quando a mãe adentrou na conversa e não perdeu a oportunidade de verbalizar, diante de todos os adultos que ali se encontravam que a filha não podia emprestar nada que ali estava para ninguém já que ela, a mãe, havia comprado para que ela tivesse o melhor que existe nas lojas de material escolar, que o dinheiro está curto e que se ela emprestasse seus lápis de cor, por exemplo, teria que ficar apontando e acabaria logo com o lápis rapidamente!   

Fiquei pensando como nós, adultos, ensinamos as crianças a serem egoístas, em vez de ensinarmos mais sobre a solidariedade e o companheirismo. Que tal ensinar seus filhos a emprestarem o que eles têm? Sim, porque quando alguém empresta algo a outro, ensina-se o processo do compartilhar. Procura se desenvolver, no outro, o respeito e o cuidado por algo que não é seu. Não estou dizendo aqui que todos devam emprestar tudo, mas precisamos ensinar com o exemplo e por meio de vivências e práticas. Claro que existem objetos nossos que não gostamos de emprestar porque só nós é que os queremos ─ ou devemos ─ usar!


O que precisamos nos lembrar é que nós não aprendemos se não formos expostos às situações reais. Emprestar significa, com certeza, explicar para o colega como ele deve usar e em que momento deve devolver; além disso, ao explicar como usar, a criança já está dando a entender o quanto aquele objeto lhe é importante, afetivamente falando. Vejam só: nós não nascemos sabendo emprestar; isto não é inato, precisa ser aprendido! Mas se temos adultos que reforçam o contrário, não aprenderemos a ser solidários nunca. Acabei de me lembrar de minha mãe: quando éramos crianças e uma vizinha trazia algo de comer que ela tinha feito ─ uma torta, um bolo, geléia... ─ minha mãe dizia que não podia devolver a travessa sem nada dentro, ou seja, ganhou algo, aprenda a retribuir! Por que não usar este principio também para emprestar e receber algo para ser emprestado? Isto é ensinar a economia solidária que afirma que nós aprendemos a dividir com alguém quando o outro não tem e precisa ter, naquele momento! 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Jogos Pedagógicos: será que educam de fato?

Estava vendo um blog de atividades para ensinar as crianças a lerem; nele, havia um jogo no qual havia representações de animais, todos com quatro letras: bode, sapo, gato e foca. Para piorar a situação, a foca ainda tinha uma bola no nariz!  As crianças precisavam pegar cada qual a sua cartela, e quem completasse primeiro ganharia o jogo. No saquinho de feltro havia letras móveis para completar a tarefa dada.

Fiquei pensando sobre as representações por meio dos desenhos, a respeito dos animais... eram tão surreais! Pois bem: se as crianças da atualidade, com acesso à internet, veem desenhos, filmes, fotos de animais em seu habitat real, aquela foca com a bola no nariz me incomodou muito! O bode também! Não dava para perceber se era bode ou burro. Até entender que era um bode o que estava expresso naquele desenho ─ prá quem nunca viu um ─ jamais se conseguiria resolver o desafio proposto.


Tenho observado muitas atividades sem sentido para as atuais crianças e isso é muito desconfortável para quem observa mais a fundo a educação e o processo educacional! Professores: pensem antes de fazer um jogo desse tipo! O período de alfabetização requer cuidados desdobrados por parte do adulto e da criança. Memorizar letras para formar palavras e frases não é tarefa fácil, ainda mais se a atividade vier carregada de jogos sem sentido algum! Cuidem para facilitar a aprendizagem em vez de dificultar este processo tão rico que é o período de alfabetização. Procurem usar palavras com significados reais para as crianças, busquem temas que fazem parte do seu cotidiano e utilizem desenhos com fotografias reais; isto é tão fácil de obter na internet! Ajudem seus alunos, em vez de atrapalharem este momento tão rico de aprendizagens.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Horário do recreio: pura diversão e aprendizados

Estava conversando com algumas alunas do curso de Pedagogia que estão realizando estágios na educação infantil e no ensino fundamental. Elas me relatavam como era o horário do recreio em diferentes escolas públicas da cidade de Campinas. Algumas diziam que as crianças corriam tanto e que, algumas vezes, acabavam brigando; que em alguns momentos havia disputas entre os grupos de liderança da escola para baterem em outras crianças... imaginem só! Essas estagiárias diziam achar um absurdo isso tudo, até porque apenas um inspetor não dá conta de toda aquela criançada.

Outra aluna nos relatou algo totalmente diferente dessa escola: lá onde ela estava realizando o estágio, a direção é totalmente presente em todos os momentos da escola; existem câmeras nas salas de aula, nos corredores e no pátio; porém, além das câmeras, ficavam espalhados pelo chão da escola materiais como: bambolês, cordas, bola de plástico, e alguns jogos de entretenimento. Assim sendo, nessa escola as crianças realmente usavam esses objetos para brincarem entre si, e aquelas que não queriam brincar podiam pegar livros para ler. Quando indagada se as crianças não corriam ou brigavam entre si, ela nos disse que não, pois sabiam que estavam sendo vigiadas e que sofreriam represálias, caso houvesse algo fora do corriqueiro. Além disto, a aluna observou que as crianças daquela escola possuem muitas alternativas para brincarem, portanto, não havia por que brigar.

Pois bem, cabe a nós, diante desses dois exemplos, nos lembrarmos daquele ditado popular que diz “mente vazia, oficina do diabo”, ou seja, quando as crianças ficam desocupadas e, diante do seu desenvolvimento normal e biológico sentem necessidade de atividade física ou mesmo de um pouquinho de adrenalina; se elas não tiverem com o que se ocupar, com certeza irão procurar por algo, seja correr e brigar, seja demonstrar liderança por meio da força física, das gangues e também do próprio bulling! 


Além disso, podemos verificar o quanto a gestão, nesses dois casos, age de forma diferente: aquela que não parece ligar para os alunos acaba deixando que eles fiquem desocupados demais; já a outra, ao proporcionar opções para seus alunos no horário do recreio, parece compreender o quanto os jogos e as atividades físicas e lúdicas preenchem o vazio, possibilitando que haja o compartilhar entre as atividades propostas livremente! Pois bem: quando oferecemos opções de brincadeiras, as crianças brincam e não brigam porque estão ocupadas com situações de entretenimento e diversão. Elas adoram se divertir, se sentir atuantes realizando algo que tem a ver com sua idade, com sua necessidade biológica e social. Que tal em todas as nossas escolas o horário do recreio ser pensado de forma a proporcionar aprendizagens afetivas, cognitivas e sociais?

quinta-feira, 17 de março de 2016

Fantasias em dias de festa, o que fazer se a criança não gosta de usar?

Uma mãe me perguntou por que as escolas exigem que as crianças dancem e usem fantasias em datas comemorativas? Além disto, ela queria uma ajuda porque sua filha de sete anos de idade não gosta de se fantasiar e chora muito quando tem que fazer algo assim, mas a professora insiste; então, a única maneira que ela achou para amenizar a situação é não levar a filha na escola quando tem este tipo de atividade. Ela continua não achando correto sua filha não ir à escola porque é obrigada a comemorar uma data que ela não gosta e, ainda mais, com uma fantasia ou traje específico para tal.

Pedi à mãe que me contasse em especifico qual data era a que a filha não queria participar, e ela me disse que a menina não gosta de festa junina, mas que a professora insiste em dancinhas e roupas de caipiras; disse que desde os quatro anos de idade ela já chorava muito e que, então, a partir dos cinco anos ela não a levou mais. Ao mesmo tempo, a mãe parecia preocupada com o fato da menina não gostar desta data, já que as outras alunas iam e não viam problema algum, segundo as outras mães... então, ela chegou a me perguntar se era o caso de levar sua filha a algum psicopedagogo, psicólogo, enfim... ela estava preocupada, sem saber o que fazer.

Lembrei-me de minha infância, quando eu também não gostava destas datas, e que eu também faltava. No dia 7 de setembro havia desfiles nas ruas e nós éramos obrigadas a ir e eu rezava para chover. Então, vamos lá ao que interessa:  Ninguém é obrigado a gostar de festas comemorativas; eu não gosto de festa junina até hoje e, se vou, é por conta das comidas! Mas não gosto das músicas e nem das vestimentas. Tudo bem: sou grande e tenho a opção de não ir, mas e a criança?


As escolas deveriam entender que nem todas as crianças gostam deste tipo de comemoração e que elas não deveriam obrigar ninguém a participar, já que vivemos uma democracia. Expliquei à mãe que nem sempre gostamos de festas e que sua filha não tinha nada de errado; talvez a forma como este tipo de comemoração foi apresentado a ela a deixasse irritada, talvez se sentisse exposta fazendo algo de que não gosta como dançar e usar um traje feito que não lhe agrade, quem sabe? Algum motivo tem, mas se a criança não gosta, ela não deveria ser obrigada a participar. Procurei orientar a mãe que conversasse na escola para que ela pudesse participar da festa, mas sem dançar ou colocar roupas típicas, já que não gosta. É melhor ir à festa e participar de outras atividades como jogos e brincadeiras, ou ficar doente para não ter que participar? As escolas precisam entender que nem todas as crianças gostam deste tipo de comemoração e obrigar é sinônimo de autoritarismo. Afinal, vivemos, ou não, em uma democracia?

quarta-feira, 16 de março de 2016

“Você sabe que eu vou embora se você continuar fazendo isto?”

Vejo muitas cenas de birras acontecerem em vários locais públicos. Já expliquei diversas vezes e até mesmo em um texto bastante recente aqui no Blog, mas o assunto cresce e permanece: “Eu quero”, “Eu quero”... então, o que fazer quando a criança insiste na birra? Trata-se de um tema recorrente e parece que as mães não percebem como ensinar seus filhos a não procederem assim. Deixam a coisa chegar a público e depois, no meio de constrangimentos, acabam agindo da forma mais deseducada possível! Vamos a mais uma cena:

Uma mãe, em um shopping de Campinas, estava fazendo compras e a filha de seis anos de idade estava em pleno corredor do shopping, relutando em andar e acompanhar porque a mãe não queria comprar uma bolsinha para ela. A mãe insistia, e nada da criança querer andar. De repente, a pequena cruzou os braços e disse que dali só sairia se a mãe lhe comprasse a tal bolsinha. Claro: escândalos em público e, pior, beliscões em público também!

A mãe perdeu completamente a razão e partiu para cima da menina com tamanha raiva que começou a beliscar a menina, a arrastá-la à força, gritando e dizendo que se não parasse àquela hora ela iria embora, e que não levaria a filha nem para comer o lanche que estava prometido.


Ora, pais! Birras são comuns e se for ensinado à criança, desde pequena a ceder a chantagens na frente de outros adultos, leiam o texto anterior que saberão do que estou falando! Ameaças, shows em frente aos outros, só reforçam o comportamento inadequado. As crianças só nos tiram do sério porque nós lhes ensinamos a serem assim e a fazerem nessa forma. Pensem nisso!  

terça-feira, 15 de março de 2016

“Por que você nunca faz direito?”

Esta cena aconteceu no restaurante de um hotel fazenda, lotado de pessoas, e a mãe ─ descontrolada ─ repetia em alto e bom tom para que todos pudessem ouvi-la. A criança estava se alimentando e deixou cair um pedaço de carne no chão. Ao cortar o bife, o pedaço escorregou do prato e a mãe, indignada, disse “você não faz nada direito mesmo, não sabe nem cortar esta carne molinha! Você não faz nada direito mesmo! Não sei mais o que eu faço com você!”

Percebi o constrangimento da criança e dos demais adultos que estavam em volta da mesa; a criança começou a chorar. E ainda respondeu para a mãe “é porque você não cortou o bife para mim”. E a mãe respondia “você já está grande, tem que aprender a cortar os alimentos sozinho” Até quando eu vou ter que cortar o bife para você? Você não é mais bebê!” Pois bem, o desfile de fala-fala continuava e a criança, em questão, aparentava ter uns sete anos de idade. Eu mesma vivo cortando coisas e, às vezes, cai do prato, seja em minha casa, ou ate mesmo em restaurantes! E olha que eu já tenho 48 anos de idade! Não vi motivos para tamanho escândalo, por parte desta mãe. Pelo contrário, vi uma pessoa totalmente descontrolada, cobrando algo que ela mesma não consegue fazer. Cair no chão não é falta de etiqueta se for lidado com naturalidade; mas fazer escândalo para atrapalhar as mesas ao lado, isto, sim, é falta de etiqueta!


Por que exigir algo de um ser pequeno como se ele tivesse que se comportar sempre como um mini adulto? Fatos como este são comuns no dia a dia; se fosse comigo, eu daria risada e ainda faria uma brincadeira: “olha só, o bife criou pernas e saiu correndo do prato!” Todos iriam rir, a criança não ficaria com vergonha, não haveria escândalos em público, pegaria o bife do chão com um guardanapo, levaria até a lixeira mais próxima, ou chamaria o garçom para lhe dar o bife. Sem escândalos, sem constrangimentos para ninguém. Isto é educar e ensinar de verdade! Na vida acontecem coisas que podem ser ensinadas de forma divertida. Aproveitem para ver o outro lado da vida com suavidade, naturalidade e bom humor! Aposto como tudo mudará quando vocês conseguirem ser mais espontâneos e quiserem sempre o melhor para seus filhos! Rir é o segredo da felicidade e da saúde mental e física. Educar pelo bom humor é a melhor saída numa situação destas. A criança se sentirá protegida, amada e saberá que pode cometer erros, sim, pois não somos perfeitos em tudo. Aliás existe perfeição em alguma coisa?

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pequenas experiências na vida de uma criança: Valorizem-na!

Todos nós, adultos, gostamos de sermos valorizados por alguém de nossa estima quando realizamos algo, principalmente se esse algo demandou energia, tempo e esforço para a sua realização! A valorização dá um sentido de que “sou importante para você” e isso demonstra dedicação, paciência, respeito e disponibilidade.

A valorização para com a criança de zero a sete anos é importante para sua formação pessoal, para a autoestima infantil, o que implicará de maneira bastante significativa e positiva para a sua vida futura. Porém, até mesmo o elogio precisa saber ser dado! Temos que saber valorizar para não causarmos dependência acostumando a criança a só fazer algo por conta dos elogios! Por exemplo: dizer “gostei da história que você criou; é original e cheia de aventuras!”, significa que estamos reforçando a tarefa feita, a ação realizada. Assim, os comentários devem estar sempre relacionados com a tarefa feita, descrevendo os pontos positivos abordados e informando o que é preciso melhorar.


Palavras como “Ótimo!” “Parabéns!” “Muito bom!” “Regular” ou “Péssimo!”, em nada agregam, pois são soltas, sem conduzir a criança a uma reflexão. Quando falamos o que está correto, valorizando esta característica e no que poderia melhorar, conseguimos extrair da criança uma conclusão positiva e realista sobre si mesma. 

sexta-feira, 11 de março de 2016

“Está chorando por quê? Quer que eu te dê um motivo de verdade para chorar?"

Escutei a frase proferida acima em uma loja de roupas aqui em Campinas. Uma criança pegou uma roupa do manequim e insistia para que os pais a comprassem, mas os mesmos ignoraram o pedido da criança, sem mesmo conversar ou explicar, mandando que ela guardasse a roupa onde havia achado. O menino começou a chorar e o pai, na frente de todo mundo, verbalizou a ameaça citada acima. Na hora fiquei perplexa, porém, não me meti.

O garoto chorava mais ainda depois da bronca do pai enquanto que a mãe, atrapalhada diante da cena, nada fazia para acalmar o filho; ao contrário, parecia ignorá-lo para que pudesse abafar o choro, ou seja, ambos não estavam nem um pouco preocupados com o bem estar da criança e muito menos com as demais pessoas de dentro da loja.

Esta e outras atitudes dos adultos em nada contribuem para que a criança possa entender, de fato, quando pode obter algo de sua vontade, e quando não pode. Atitudes de ameaça não cessam o choro; pelo contrário, pioram a situação. Crianças precisam de paciência, de entendimento do que é certo e do que é errado, mas com explicações de “porquê sim” e “porquê não”!


Gritar e ameaçar, na frente de outras pessoas, só piora a situação e em nada contribui para que cesse este comportamento infantil. Aliás, infantil foi o comportamento dos pais que mostraram não estar preparados para exercerem esta função, ainda mais em público! O que fazer numa situação como esta? Conversar com a criança, explicar porquê não pode levar aquela roupa aquele dia, verificar porquê ela estaria interessadíssima apenas naquela roupa, se não haveria outra, na loja ─ e aí chamaria a vendedora para perguntar ─ parecida com aquela, dizer que o dinheiro que eles tinham daria só pra pagar algumas outras coisas que eles tinham planejado, mas que em outro momento poderiam planejar e adequar o pedido, enfim, há diversas maneiras de ensinar a criança a refletir e a pensar sobre as coisas, sobre o planejamento da vida! Diálogo, conversa, explicação... este é o melhor caminho, sempre! Lembrar que as crianças não nasceram sabendo das coisas, e que nós é que ensinamos tudo a elas; até mesmo a serem consumistas, a fazerem chantagens e a serem atendidas diante do primeiro chilique, da menor birra. Somos nós que ensinamos, portanto, vejam o que ensinam!

quinta-feira, 10 de março de 2016

Educação infantil: plaquinhas de cartaz de rotina

Já escrevi outros textos sobre a importância do cartaz de rotina aqui neste blog para que as crianças aprendam a noção de tempo, o que vem antes de outra atividade e vice versa. Porém, o que quero chamar a atenção para este texto, é sobre o que colocar nas plaquinhas de rotina.

Por exemplo, para indicar horário de tomar lanche, ou comer, deveríamos usar uma foto do grupo sentado comendo, utilizando como referência o próprio grupo. No entanto, observando um desses cartazes em uma sala de educação infantil ─ a qual era toda enfeitada com os personagens da Disney ─ verifiquei que o cartaz de rotina eram estes personagens e, o que é pior, em situações cotidianas que não são as das crianças de nosso país, de nossa cultura! Vou explicar melhor o que quero dizer: na hora do lanche estavam a Minnie e o Mickey sentados no gramado e sobre este havia uma toalha com uma cesta de piquenique; este desenho representava a hora do lanche da turma. 

Perguntei à professora se ela fazia piquenique com as crianças todos os dias e ela me respondeu que não; que, aliás, nunca fez. No meu pensamento é uma questão de lógica: representar a rotina com fotos das crianças dentro de sua rotina, e não com desenhos que não possuem nenhuma característica com a realidade do grupo.


Hoje, com a tecnologia acessível a todos, é muito fácil trabalhar com fotos para representar a própria turma; isto cria vínculos, identidade e senso de realidade. Como vocês, professores, querem que as crianças aprendam a noção de tempo se usam outros personagens fora da realidade delas para representarem seu espaço e seu contexto? Fica aqui o meu questionamento para que vocês pensem no que fazem e não reproduzam o que fizeram com vocês!

quarta-feira, 9 de março de 2016

Os educadores, as TIC e a nova maneira de aprendizagem

Ignorar que as tecnologias não adentrem a sala de aula de hoje é algo do passado. Celulares, tablets e computadores portáteis fazem parte do nosso cotidiano. Ignorá-las é algo que nenhum professor pode ter como comportamento.  Mas como utilizar de forma a que produza conhecimento e não informação? Este é o grande desafio da educação atualmente no mundo.

As TIC não vieram para revolucionar a educação, mas como auxílio ao professor em sala de aula. Vi em Portugal, em minha visita em outubro de 2015, as crianças utilizarem seus computadores portáteis durante uma aula de Matemática. A professora fazia o exercício, na lousa digital, junto com as crianças em seus computadores; depois, em alguns momentos, as crianças faziam sozinhas e a professora corrigia digitalmente. Não vi nenhum aluno ligado na internet em redes sociais e nem utilizando o instrumento para outro fim. Na sala de aula, junto com a professora de Matemática, estavam presentes outros dois professores, o de TIC e a professora da própria sala.

Neste caso, o computador era um instrumento de auxílio, uma ferramenta de trabalho como um livro didático. A aula transcorria normalmente para os 22 alunos da segunda série. A TIC, nesse caso, era um meio didático para se adquirir o conhecimento. Muitos professores ainda têm medo até mesmo de ligar um computador, quanto mais de usá-lo em sala de aula! Existe uma corrente de pensamento, dentro da educação, que acha que os professores serão substituídos pelas TICs, e isto não é verdade. Educação exige ensino e ensino acontece nas interações entre a criança e seu meio ambiente (pessoas, objetos, TICs, etc).


Saber usar as TIC a seu favor e ter um ganho na aprendizagem das crianças, ainda mais com esta nova geração que nasceu na era da informática, é o ideal! O que nós, adultos, precisamos desenvolver, são metodologias que abordem estas inovações. 

terça-feira, 8 de março de 2016

O que é combinado não sai caro.

Comecei este texto com um ditado popular porque ele refletirá um cartaz de combinados que vi em uma das minhas redes sociais, e eu não poderia deixar de comentar devido aos personagens usados e as regras criadas para eles; o pior é que a professora estava achando que fez algo muito significativo para a aprendizagem de seus alunos de cinco anos de idade!  O cartaz de combinados usava a turma da Mônica como referencial de figuras. Para cada figura existia uma regra e ao todo eram 10 regras. O cartaz era separado por quadrinhos como se fosse um gibi. Vou comentar somente algumas delas aqui.

1-      Existia uma figura dos quatro personagens principais: Monica, Cebolinha, Cascão e Magali todos de mãos dadas uns com os outros e a seguinte frase embaixo da figura: RESPEITAR UNS AOS OUTROS. Todos nós que conhecemos estes personagens sabemos que não há respeito uns pelos outros, pelo contrário: a Mônica vive agredindo o Cebolinha com o coelho, batendo mesmo nele. Antagônico usar estes personagens para dar exemplo de respeito.

2-      Em outra figura existia uma cesta de lixo central e três personagens em volta dele jogando bolinhas de papel dentro do cesto. Aqui os personagens eram: Cebolinha, Monica e Magali, o cascão estava de fora, claro, ele não é referência de limpeza, uma vez que não gosta de tomar banho! 
3-      A Mônica estava como professora em outro quadrinho, com uma vara na mão, e o Cebolinha e a Magali estavam sentados em carteiras um atrás do outro e os dizeres eram: FALAR EM VOZ BAIXA.

Poderia analisar todos aqui, mas estes já dão uma noção do que quero lhes dizer: Combinados devem ter figuras da própria sala como exemplo. Que tal tirar uma foto de uma criança que usa a lixeira corretamente e colar no cartaz como exemplo? Outro fator importante: estes personagens não são exemplos de limpeza, pelo contrário.

Outra dica: quando todos os alunos estiverem fazendo uma brincadeira e respeitando as regras, tire fotos e exiba-as como reforço positivo. O exemplo tem que vir deles mesmos; isto é significativo para o grupo e também é saudável, pois dá unidade e identidade ao próprio grupo.


Muitas vezes ficamos ansiosos para querer deixar a sala pronta para quando os alunos chegarem, e aí acabamos deixando as regras fixadas na parede, como sinal de organização. Não é assim que funciona! As regras precisam ser construídas de acordo com a necessidade do grupo em questão. Por exemplo, se não há problemas com a lixeira neste grupo, para quê ter esta regra? Professores: reflitam sobre seus atos para não cometerem erros absurdos! Cuidado para depois não terem que reclamar dizendo que os alunos não possuem regras, que os combinados não funcionam... também, como é possível uma criança ─ a sala toda!─ se identificar com estes personagens? O ideal é poder se identificar com o amigo que está em sua própria sala, fazendo parte de seu cotidiano! Trabalhem regras com reforços positivos em vez de usar os “Nãos”! Use-os como exemplo positivo, por exemplo: “Marina joga o lixo direito na lixeira de nossa sala, parabéns Marina!” Olhem a diferença! 

segunda-feira, 7 de março de 2016

De quem você gosta mais: do papai ou da mamãe?

Vocês já ouviram esta frase em algumas famílias, com certeza! Eu sempre ouço. Quanta ignorância fazer este tipo de pergunta, ou melhor, quanta insensibilidade e disputa entre o casal! Às vezes, esta pergunta acontece quando os dois (marido e mulher) não estão tão bem assim no relacionamento, e o filho passa a ser motivo de disputa, travestida de carinho. 

A criança que possui uma família saudável, com adultos que a amam, jamais ouve esse tipo de pergunta. Já as famílias que são doentes, falhas na sua concepção de amor e de respeito, as fazem corriqueiramente. Quais as consequências disto para uma criança?

A criança geralmente gosta dos dois de maneira diferente, e não poderia ser de outra forma. Nós não gostamos do mesmo jeito de todas as pessoas, gostamos de uma atitude de um e de outra em outro. A vida é assim, gostamos de maneiras diferentes das pessoas que nos cercam.

Pedir para que a criança estabeleça esta relação de gostar é muito complicado para ela, pois, se ela não quer magoar ninguém, como ela vai falar a verdade? E criança sempre diz a verdade. Então, se ela falar que gosta mais de um do que do outro, um fica sendo o herói e o outro o vilão da história!

Precisamos nos perguntar o por quê de se fazer este tipo de pergunta, e em qual aspecto isso pode contribuir para a formação de harmonia dentro de uma casa. Disputas entre os adultos sobre os filhos não contribui, em nada, para a autoestima de criança alguma! Pior: só acentua o litígio, fazendo com que alguém se sinta culpado, enquanto o outro lucra com adjetivos que podem, necessariamente, não representar tão claramente a realidade! E se eu fizesse esta pergunta para você que lê este texto agora, na frente dos seus pais? Você gostaria de responder e acabar magoando um, ou outro? Não façam para os outros aquilo que não querem que façam com você; este é o segredo de se conviver bem. Fácil, não, porém possível se refletir sobre o que se pensa, sente e como se age!

sexta-feira, 4 de março de 2016

“Como você é chato! O que eu fiz para ter um filho assim?”

Imagine você escutar isto de quem lhe colocou no mundo. Vi isto acontecer quando andava em um shopping, no fim de ano. O shopping estava todo enfeitado para o Natal e a criança queria ficar brincando, pintando e modelando na área destinada às crianças; neste espaço havia um cenário de magia e encantamento. A mãe chamava o filho e ele não queria sair deste espaço de jeito nenhum. Ele não queria comer, não queria andar no shopping, enfim, não queria fazer nada a não ser ficar brincando com outras crianças.

Às vezes vejo cada cena que me dá vontade de rir; toda criança adora brincar, ainda mais em um ambiente preparado para isto, cheio de novidades e adereços específicos para chamar sua atenção. Mesmo em casa, quando as crianças brincam e sentem prazer no que estão fazendo, elas se esquecem de tomar banho, de comer, até de ir ao banheiro porque estão tão compenetradas com o que brincam que se esquecem de tudo. É natural a criança ter este tipo de comportamento; faz parte de seu período de vida.

Agora, uma mãe falar e verbalizar na frente de outras pessoas que seu filho é chato só porque não quer sair dos espaços destinados às crianças, e ainda por cima verbalizar que não sabe o que fez para ter um filho chato assim, isto não é natural! Chata é a mãe que quer interromper um momento tão magnífico que a criança está vivendo e aprendendo.


Mães: quando vocês forem aos shoppings nestas datas especiais e quiserem levar seus filhos, pensem antes o que vão fazer para não expô-los ao ridículo. Digo isso porque realmente foi ridículo escutar de uma mãe que seu filho é um chato! Criança quer e precisa brincar para fugir de adultos tão neuróticos e estressados que não têm consciência do que fazem e falam. Pior! Não possuem consciência do que isto pode causar na mente de uma criança. E se a criança é chata, com certeza ela aprendeu com alguém! Ninguém nasce assim!

quinta-feira, 3 de março de 2016

Atividade sem sentido: Saci geométrico.

Era agosto, mês que comemoramos o folclore brasileiro em nossas escolas. Histórias de Saci, mula sem cabeça e outras faziam parte do repertório deste mês. Teatros, músicas e pinturas dos personagens também estavam previstas pela professora de educação infantil (5anos); até aí, tudo parecia perfeito, afinal, temos que ensinar às crianças o nosso folclore para que ele não se perca diante de tanta inovação tecnológica. Mas tudo o que é bom dura pouco...

A professora colocou um papel pardo grudado na parede e algumas figuras geométricas (um círculo grande, um quadrado, três retângulos todos marrom escuro e um triângulo vermelho). Ela trabalhou com as crianças o nome das figuras geométricas e as cores. Perguntou como eles poderiam fazer o Saci com aquelas figuras. As crianças até que conseguiram fazer o tal boneco com as figuras geométricas, mas Pedro perguntou: professora meu corpo não é quadrado e nem minhas pernas são assim. Adorei a esperteza deste menino. A professora respondeu: “é quase igual, veja nossas pernas são compridas e se parecem com um retângulo, faz de conta Pedro, use a imaginação”.

Tive vontade de estrangular esta professora, ensinando errado, colocando a imaginação para criar coisas que não existem e, além disto, trabalhando de forma preconceituosa e com desrespeito a uma figura do nosso folclore brasileiro.


Quer ensinar formas geométricas use os blocos lógicos, relacione com as figuras do nosso cotidiano, por exemplo, a carteira, os cadernos, a sala de aula, se é quadrada ou retangular. Existem tantas maneiras para se ensinar figuras geométricas de forma que a aprendizagem seja, de fato, pela experiência de vida da criança, por que insistir em usar um personagem transformando-o em figuras totalmente fora da realidade das crianças? Depois elas não aprendem e a culpa acaba recaindo sobre elas que não prestaram atenção ou que possuem dificuldades de aprendizagem. Quem tem dificuldade de ensino aqui é esta professora, isto sim. Quanto absurdo!

quarta-feira, 2 de março de 2016

Criatividade na criança: espontânea ou aprendida?

Devemos sempre ter em mente que a criatividade não nasce com o individuo, portanto, não é espontânea, mas sim aprendida com as outras pessoas que estão ao nosso redor.  Devemos ter em mente, sempre, que não há criatividade na criança se não há criatividade no adulto: a criança competente e criativa só existe se existir um adulto competente e criativo por perto sendo referência e modelo para a criança.

Mas quais habilidades e competências são necessárias a um adulto para ter que ser exemplo de pessoa criativa?

Hoje temos acesso a muita informação, seja pela TV, jornais, internet, telefones e outras mídias em geral, mas o que fazemos com tanta informação? A forma de utilizar estas informações é combiná-las para fazer algo diferente; é aí que entra o processo de criatividade. Porém, ninguém é criativo se não tiver momentos de silêncio para poder elaborar seus pensamentos próprios.


Por exemplo, para escrever este texto agora, para vocês, preciso pensar para elaborar o meu pensamento; com isso, percebo que necessito estar sozinha com esses pensamentos para poder ter lógica no que escrevo. Este é um processo criativo. O que envolve este processo de criação?  A relação de teorias estudadas em confronto com as informações que obtenho na prática do dia a dia.   Para ser criativa a pessoa deve buscar fazer coisas diferentes todos os dias, mudar alguma coisa em seu ambiente de trabalho, em sua casa, ver novos lugares, assistir filmes, falar com pessoas diferentes, ler livros variados, escutar diversos tipos de música...  As novidades nos conduzem a estímulos variados; a observação fica mais aguçada e é mais fácil fazer novas conexões entre as ideias. 

terça-feira, 1 de março de 2016

Atividade interdisciplinar: frações e estações do ano

Vi esta atividade sendo desenvolvida em um blog para professores, pois havia fotos com os alunos fazendo a atividade. Num primeiro momento, as quatro estações estavam inteiras em um circulo de EVA; depois, estes círculos se tornavam um quarto, meio, dois quartos, três quartos. A professora relatava que usava as estações para que aprendessem frações. Preciso comentar sobre os desenhos das quatro estações: Primavera cheia de flores da mesma espécie (rosas); verão era representado por crianças brincando na areia, parecia que estavam na praia, mas o mar não estava desenhado; outono as folhas estavam indo embora com o vento e havia algumas maçãs no solo; inverno, havia neve. Quanta bobagem!

Vi algumas fotos onde as crianças pintavam estes desenhos, colavam em seus cadernos, brincavam com os círculos separadamente e, na postagem, uma legenda: “crianças felizes aprendendo interdisciplinarmente”.

Vamos aos fatos e análises: existem tantos outros materiais mais significativos para explicar frações como, por exemplo, cortar uma laranja ao meio, em quatro partes. Dividir o chocolate em quadradinhos e ir explicando cada parte que cada um comeu. Existem círculos de frações que podemos comprar ou fazer com sobras de madeiras. Usar as quatro estações num país que é tão grande e que não possui as estações tão definidas... e ainda mais, como representá-las por aquelas figuras? Penso que isso não seja tão próprio para se ensinar frações e nem as estações do ano. Vamos pensar um pouquinho: Temos frutas o ano todo no Brasil; é certo que algumas só dão em determinadas épocas, mas se pensarmos no conjunto das frutas, aqui no Brasil nós as temos o ano todo!  Com relação às flores é a mesma coisa: temos rosas o ano todo. Pior ainda: tirando algumas cidades dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul que nevam por um ou dois dias no mais rigoroso inverno, as crianças de as outras cidades e estados nem sabem o que isto significa de verdade. Ver pela televisão não é a mesma coisa que sentir na pele, no rosto, nas mãos e no corpo, o que seja nevar!


Professores, por favor, pensem antes de ir produzindo materiais para as crianças. Reflitam sobre o que querem ensinar, de fato! Não reproduzam o que fizeram com vocês quando eram crianças; eu mesma, na minha infância, tive que pintar as quatro estações do ano e mesmo na época isso não fazia o menor sentido para mim... imaginem hoje!  Depois as crianças tiram sarro de seus conhecimentos e perdem o respeito por vocês, pela escola, pelo ato do ensinar... e não sabemos por quê. Talvez um dos motivos seja uma aprendizagem sem significado algum, desconectada da realidade em que vivem... Ter uma atitude de preparar uma aula assim, qual seria o objetivo? Satisfazer o ego do professor, ou preencher tempo? Fica a reflexão para vocês.