sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Existe hoje uma crise da moral?

Algumas pessoas pensam que sim, mas na verdade não há uma crise de valores. O que aconteceu é que existe uma mudança de comportamento em nossa sociedade, mas não uma ausência de valores. Os valores existem e não podemos compará-los com os dos anos da década de 1970, por que estamos em outro momento histórico, outro momento social e econômico do mundo global.

Hoje temos tecnologias e conseguimos saber em tempo real o que acontece no mundo inteiro; algumas pessoas dizem que “hoje se mata a torto e direito”, mas é que hoje sabemos dos casos pela TV, internet. Há alguns anos atrás, as pessoas também morriam assassinadas, mas não sabíamos o que acontecia por que não era veiculado. Além do mais, havia menos gente no mundo. Hoje em dia, com o aumento populacional, seja nos grandes centros, seja na zona rural, casos em que há vítimas e mortes são amplamente divulgados pela mídia.


Penso que o que estamos vivendo é uma substituição de valores: o que antes era considerado um valor, hoje não é mais, e outros estão surgindo; mas isto não significa que eles não existam, ao contrário!  O que vejo muito são valores como beleza, futilidade, sedução, riqueza, popularidade, etc., serem mais valorizados do que a justiça, a honestidade, a generosidade, a hospitalidade. Inversão de valores, temos uma mídia que insiste em propagar este tipo de conduta o tempo todo, seja em novelas, propagandas, filmes... Então, como não se deixar influenciar? Esta é a principal questão. 

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Estou esperando um bebê: ele será médico, ou professor, ou engenheiro, ou arquiteto... talvez um empresário...

Quanta expectativa e projeção dos pais em relação a um filho (a). O bebê nem se formou e já nasce com uma profissão pré-determinada, não por sua vontade própria, mas pela vontade de seus pais.  Será que isto é realmente saudável? Em minha opinião não! Cada criança precisa se desenvolver de acordo com suas vontades e talentos. É claro que eles não nascem sabendo quais são essas vontades e talentos, mas os adultos precisam proporcionar estímulos diferenciados e ir observando as suas preferências, seus gostos, suas vontades...

Agora, preparar e programar toda a vida de alguém que ainda nem nasceu, que está em formação, é uma projeção muito grande por parte dos adultos, além de um controle imenso sobre a vontade e o querer de um filho. Funciona mais ou menos assim: eu queria ter sido, mas não deu; então meu filho (a) será e eu de tudo farei para que ele realmente seja!


Somente um exemplo: quantos pais médicos, que querem que seus filhos também o sejam, ameaçam com repreensões, com corte de mesada, com chantagem, etc, caso o filho não curse medicina, a profissão escolhida pelo pai? Nesse caso, muitas vezes o jovem acaba cursando, não por que gosta, mas por obrigação. Será que ele virá a ser um excelente profissional desta forma? Ou a profissão exercida será apenas uma forma de ganhar dinheiro e não quebrar a relação com o pai? E nesse caso específico, vejam que se trata de uma profissão que trabalha com a saúde das pessoas, com o sentimento familiar de quando há um caso a ser informado, entre médico e familiares de um determinado paciente... Então, será que um médico infeliz estaria capacitado para lidar ─ por anos a fio ─ com procedimentos dessa natureza? Não estaria esse médico, também, muito doente?

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

E então, na floresta misteriosa, Tarzã se jogou contra o leão ...

Vamos refletir sobre as histórias que contamos para as crianças. Algumas delas não tem sentido real de nada, existem homens na selva que se jogam contra leões?  Duvido. Por que contar este tipo de história para as crianças, sem significado algum, um conteúdo que não ajuda em nada no desenvolvimento da imaginação e da criatividade?

Contar histórias que as façam refletir sobre o dia a dia de maneira a compreender este cotidiano é muito melhor do que fantasiar, sem sentido algum. Alguns de vocês devem estar pensando que esta autora enlouqueceu, mas não! Estou bem sóbria e com os meus juízos perfeitos! Vou lhes explicar a lógica em nível cerebral.

Tem uma área em nosso cérebro que é responsável pelo reconhecimento de significados; mas para que isto aconteça, de fato, é necessário que a criança aprenda concretamente este significado. Não existe pensamento abstrato antes que o concreto seja vivenciado e experienciado; Piaget nos ensinou isto em sua tese. O que é uma floresta para uma criança que mora numa região de prédios, ou mesmo de periferia? Qual o significado de um leão se ela nunca viu um em sua frente e nem foi a um zoológico? O que é um Tarzã? Entenderam o meu pensamento lógico? Crianças pequenas precisam de histórias reais de sua vida: de quando ela nasceu, de seu avô e avó, histórias de plantas e de animais que ela conhece; isto sim, contribuirá para sua criatividade e futuro pensamento imagético (imaginação). Ninguém cria algo do nada! As ideias só se formam a partir de algo concreto! Eu sou assim para escrever para vocês, ou seja, preciso ver uma cena para depois escrevê-la e analisá-la. Então, por que exigir da criança que ela consiga formar seu pensamento a partir de situações que ela não vivenciou? Tenho razão, ou não tenho?

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Depois do recreio o rendimento é menor?

O título acima foi uma pergunta que uma professora me fez.  Ela me relatou que sempre depois do recreio as crianças ficam agitadas e, quando voltam, não aprendem direito. Vamos às explicações.
Geralmente no recreio as crianças correm para lá, para cá e, consequentemente, sua respiração é alterada. Com a alteração da respiração diante de um exercício físico, seu metabolismo interno ─ tanto o sangue quanto os órgãos e tecidos ─ precisam bombear seus fluídos em outro ritmo; se isto não acontecer, o corpo entra em colapso podendo levar até a morte. Mas como o nosso organismo é sábio, ele se defende, acelerando os batimentos cardíacos diante de um exercício físico. E o que isto tem a ver com aprendizagem? Tudo! Já explico:

Este metabolismo alterado leva um tempo para voltar à homeostase (equilíbrio) e, muitas vezes, os professores não entendem disto. Cada criança tem um ritmo, uma velocidade e um tempo para que isto aconteça porque esse processo depende de uma série de fatores. E não acontece imediatamente; é um sistema complexo que envolve os neurônios, os neurotransmissores, e toda a área motora do cérebro, que é diferente da região cognitiva. Bem, o que eu quero explicar é que nem sempre o tempo que a professora acha que a criança precisa ter para retomar e utilizar os mecanismos cognitivos do cérebro, não é o mesmo tempo que cada criança possui.


O correto é depois do recreio, sentar, relaxar, respirar fundo várias vezes para oxigenar o cérebro, os pulmões e todo o organismo. A agitação por dentro precisa ser acalmada para depois recomeçar a utilizar a cognição. Não dá para voltar a usar uma área do cérebro enquanto a outra ainda está sendo acionada. Tudo tem seu momento e seu tempo. E este tempo da criança precisa ser verificado e respeitado. É simples de entender: quando nós, adultos, estamos agitados após uma boa caminhada acelerada no fim da tarde, conseguimos parar e ler um livro? Com certeza que não! O que mais necessitamos, naquele momento, é parar, esperar que a respiração entre no ritmo normal, sentimos sede e queremos alguns minutos de sossego! Com as crianças é o mesmo: é preciso lhes dar o tempo para primeiro silenciar da agitação do recreio, e depois retomar com as atividades de sala de aula, sejam elas a leitura, a escrita, a matemática... 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Alimentar o bebê é um ato emocional e físico

O contato afetuoso com o bebê que o corpo da mãe promove é um vínculo emocional entre mãe e bebê. Alimentar é muito mais do que somente nutrir fisicamente; é demonstrar afeto por um período em que o bebe se sente reconfortado, seguro, em aconchego, principalmente porque ele é totalmente dependente desse ato de ser alimentado. A qualidade de relacionamento entre o bebe e os adultos que os cercam se manifestam no gesto de alimentação.

Mães estressadas, ansiosas, ou até mesmo que não gostam de dar de mamar, passam este desconforto para as crianças mesmo que, às vezes, isto seja inconsciente. Além do fato de que, quando estamos com raiva ou estressados, nossos hormônios internos se modificam e isto vai tudo para o leite materno. 


Vejo algumas cenas interessantes ou, melhor dizendo, desconfortáveis, de mães dizendo assim: “acabei de dar de mamar e já quer de novo parece um bezerro desmamado”! Para quê verbalizar isto? Muitas vezes a criança ainda não está satisfeita, ou mesmo o leite que está ingerindo já não é o suficiente para sua boa alimentação, então, faz jus a criança sentir fome e querer mamar novamente! Por que não procurar entender e observar o que se passa com o bebe antes de sair verbalizando situações desagradáveis? Os bebês são pequenos e muitas pessoas pensam que não entendem o que está acontecendo. No entanto, pesquisas longitudinais, que vão acompanhando alguns bebês ao longo de seu processo de desenvolvimento ─ às vezes até por anos ─, indicam que as crianças, mesmo recém nascidas, já ouvem e captam tudo o que está ao seu redor. E depois as mães ainda dizem que amam seus filhos (as)... Como é que isto pode acontecer quando o simples gesto de alimentar uma criança causa um transtorno para esta mãe? Quando os bebes não se sentem seguros e amados, eles estão menos propensos a explorar seu ambiente, limitando suas habilidades de aprender sobre o mundo. Pensem nisto!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Não! Você não deve pegar a tesoura. Vai se machucar.

Não deve, não deve, não deve! Isto é uma explicação com lógica, com argumentação, com coerência, ou somente uma ordem sem sentido? Para mim, trata-se de uma ordem sem sentido. A criança deve entender o porquê de ela não dever pegar a tesoura. O que é machucar com a tesoura? Então, qual seria a melhor orientação para uma criança? Simples. Vamos lá.

Converse com ela sobre o tamanho da tesoura, e o tamanho de sua mão; explique que ela tem corte e, por isto, corta papel, plásticos e tecidos. Mostre para ela, cortando um papel, o que significa cortar. Dialogue, explicando sobre o fato do fio do metal poder cortar, ou mesmo furar a sua mão ou outras partes do corpo.   Mas dê uma tesoura sem ponta, pequena, para que ela possa experimentar e ir adquirindo firmeza em suas mãos. Mas diga-lhe, também, que quando ela ficar maior poderá usar a tesoura grande sem problemas, mas sempre com bastante cuidado.


Ordens sem explicação não faz uma criança pensar e entender o que se passa no dia a dia. Lembrem-se sempre de que elas precisam de informações para conseguirem entender e não fazerem “peraltices”; se elas não compreendem o motivo do impedimento, com certeza hão de querer fazer e experimentar “o fruto proibido”! Lembrem-se: tudo que é proibido é mais gostoso! Então, se precisar explicar 10, 20, 30 vezes, façam isso, até que elas consigam transformar a informação em aprendizagem, de fato!

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

De pé, crianças! Sentados! Em pé: um dois, três...

Neste texto quero que reflitam sobre a importância dos exercícios físicos e motores para o desenvolvimento de uma criança.  É necessário nos atermos ao quanto as crianças se exercitam, ou não, no seu dia a dia.  Vocês devem estar se questionando porque consideram que as crianças não param quietas... então, precisamos pensar sobre isto? A resposta é SIM e, cada vez mais! Vou-lhes explicar o por quê.

Hoje em dia, com os diferentes aparatos tecnológicos: TV, computador, tablet, celular, jogos eletrônicos, etc, as crianças ficam horas e horas sentadas em sofás, camas, mesas e pouco se exercitam. Ficam muito tempo paradas e em uma única posição e, quando vão para a escola, lá também acabam ficando sentadas; quando chega a hora do recreio, logo voltam a fazer uso desses aparelhos, continuando a ficar sentadas! Isto não é saudável.


Somente duas aulas por semana de educação física e, ainda mais no fim do período, é muito pouco para estimular a parte motora.  Criança precisa subir e descer de superfícies desafiadoras, precisa virar, correr, brincar, pular, rolar, andar das mais diferentes formas e velocidades, levantar braços, pernas, fazer algum tipo de esporte de sua preferência, ou seja, precisam exercitar o corpo e não somente a mente. Atentem para observar e verificar quanto tempo seus filhos (as) ficam parados sem exercícios físicos! Além do movimento, eles precisam tomar sol para produzir a vitamina D e terem contato por meio de vivências e de experiências com a natureza em diferentes lugares e temperaturas. Como estão em processo de desenvolvimento, necessitam que seu contato ─ consigo mesmo e com os outros ─ se estabeleça em diversas situações reais... e não apenas por meio do contato com as máquinas! Vejam bem: aparelhos tecnológicos são importantes, sim, na vida atual! Mas eles não são tudo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Você sujou a parede! Pode limpar agora!

Uma menina de 4 anos sujou a parede com canetinhas esferográficas coloridas; desenhou, ou melhor, rabiscou e disse toda feliz para sua mãe: “desenhei você e o papai!”  Quando a mãe viu o que ela tinha feito na parede, não pensou duas vezes: deu uma bronca, colocou-a de castigo e verbalizou em tom áspero o quanto ela tinha ficado irritada com aquele desenho! Pior ainda, disse que ela tinha rabiscado na parede limpa, e que nem parecia um desenho de fato. Quanta ignorância desta mãe!

O que é mais importante? Uma parede, ou a espontaneidade da manifestação artística despontando? Crianças rabiscam, sim, paredes, sofás, portas... mas precisam ser educadas para riscarem somente papel, ou o espaço que lhes for determinado. Se elas não sabem que não podem e fazem sem causa, nesta hora é melhor respirar fundo umas 3 vezes e, se isto te afetou tanto assim, conte até 10. Quando conseguir se acalmar, converse com calma sobre o ocorrido, mostre para a criança que paredes não se riscam e que elas servem para pendurar quadros. Peguem uma esponja de limpeza junto com elas, esfreguem e limpem a parede! Em seguida, deem uma folha de papel e peçam para que ela desenhe ali, naquele espaço, o papai e a mamãe! Estimulem o desenho feito no papel, incentivem o ato criativo sem podar ou adestrar... mas ensinem onde ele pode ocorrer, contem sobre a vida de algum pintor...que tal comprar uma tela e pedir que façam o desenho nela, que depois pintem desse desenho... porque assim vocês terão uma lembrança desta fase sempre presente!


Quantos e quantos Picassos, Van Goghs, Chagalls, Salvador Dalis,  Redons, Monets podem estar dentro de sua casa se desenvolvendo se não forem podados quando se expressarem na infância?  Uma parede é só uma parede, mas um processo de criação não é só um processo de criação! Ele envolve mecanismos cerebrais importantíssimos que estão sendo utilizados e desenvolvidos. Criança tem que ter limite, tem sim, mas tem que entender estes limites e, para isto, é necessário muito diálogo, muita conversa e muito entendimento. Para entender algo é preciso que se explique com calma e não com raiva, xingamentos e broncas. É importante lembrar que quando uma criança fica emocionalmente abalada por questões de raiva ela poderá bloquear toda a sua expressão e, em vez de um futuro Picasso você poderá ter, em sua família, uma pessoa frustrada e derrotada. A escolha é sua: falar com calma, ou xingar? Desenvolver talentos, ou bloquear? 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Tome: faça um lindo desenho!

Vi esta cena em uma instituição de educação infantil:  a professora deu o papel, os lápis de cor, alguns moldes, e pediu que a criança fizesse um lindo desenho. A menina em questão tinha 5 anos, não usou o molde que a professora lhe havia dado, e quando terminou foi mostrar para a professora, a qual lhe disse:  ... “mas este não foi o desenho que eu mandei você fazer!” Acabou rasgando o que a menina havia feito e lhe deu outra folha, pedindo que ela fizesse novamente,  igual os coleguinhas. A garota começou a chorar e não queria mais fazer nada. Para piorar a situação, a professora falou rispidamente com a criança, e verbalizou assim: “aqui quem manda sou eu! Se os  seus amigos já fizeram o desenho, por que você não vai fazer?” Essa atitude da professora fez gerar ainda mais constrangimento porque a criança chorava  cada vez mais.

Vamos às reflexões: não sou contra moldes e nem desenhos prontos para as crianças pintarem; algumas gostam de fazer isto porque, para estas, o que importa é pintar sobre uma figura pronta, bem delineada e bem traçada. O que precisamos ver é que não valorizar o desenho feito pela criança e, ainda por cima, rasgar e jogar fora por que a professora queria que todos seguissem um modelo determinado por ela, isto é um despropósito! Além disso, a menina acabou sofrendo agressões verbais e emocionais muito severas para sua idade, porque ela estava tão feliz indo mostrar o que tinha feito... e acabou levando  um balde de água fria! Houve uma ruptura muito grande do contentamento para a infelicidade, seguida de choro e vergonha perante seus colegas, e também diante de alguns adultos que ali estavam presentes! 


Pior ainda: a professora me indagou assim: “Você que sabe tudo de criança, o que eu faço para que esta menina me obedeça? “Bom, nem preciso dizer que contei até mil para não brigar com a professora! Saí de perto e disse que outro dia nós conversaríamos e que ela tentasse se acalmar. Vocês devem estar se perguntando, por que a Vanda reagiu assim? É que, muitas vezes, dependendo do estado de alteração de uma pessoa, não adianta você conversar naquele momento; é necessário baixar os neurotransmissores (de raiva) do cérebro, para que ela volte ao equilíbrio e possa pensar sobre o que foi feito. Em estados emocionais alterados não adianta nada, somente iria piorar a situação e quem iria sofrer mais danos seria a criança, já que na cabeça desta profissional,  ela estava certa em tudo o que fazia! Entenderam?  

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Hora do banho: desenvolvendo a linguagem

Muitas vezes nos esquecemos de que para aprender a falar a criança precisa estar familiarizada com a linguagem oral. O horário do banho é um excelente momento para que isto aconteça. Converse com o bebê sobre diferentes temas ─ lógico, nada muito cheio de conceitos, elucubrações ─, mas fale sobre a família, os irmãos ─ se tiver ─, sobre a casa, os avós, a roupa que vai colocar nele, sobre o shampoo, o creme. Cante músicas alegres e em diferentes entonações, mas de forma afetuosa. Cante com rimas, fale versos, parlendas. Chame cada objeto pelo seu nome corretamente e não em diminutivo. Enfim cante, converse e interaja verbalmente com o bebê.

Faça deste momento mais um período de descoberta de experiências e de aprendizagens! Também é importante o estímulo do ouvir para distinguir sons, já que o ouvido também precisa ser estimulado. Se você quiser, até coloque músicas cantadas, de pássaros, de natureza, sons de água do mar, de cachoeira... Faça da hora do banho um momento divertido e gostoso, um momento de privilegiar os sentidos: o tato, a audição, os aromas que pelos produtos são percebidos no ar, o falar e o cantar... 


A criança vai percebendo, ao longo do tempo, as diferenças de tonalidades de voz, e a diferenciação das vozes e das músicas. Isto tudo é importante para desenvolver a linguagem oral da criança. O banho deve ser um momento de prazer, de higiene e de carinho com o seu corpo.  A autoestima começa quando aprendemos a cuidar do nosso corpo de forma saudável.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Jogos dos insetos: atividade da fauna brasileira

Estava vendo algumas atividades e/ou jogos para crianças de 5 anos de idade, quando me deparei com este jogo, feito à mão; trago este tema hoje porque quero sugerir que vocês tenham consciência quando fazem algo do tipo ecojogo para as crianças. Vou explicar o jogo em si: era um tabuleiro de papelão, com apenas 3 tipos de insetos: joaninhas, abelhas e borboletas; o jogo era todinho branco e preto e os desenhos não eram tão reais assim, ou seja, os desenhos pareciam com joaninhas, mas nem eu mesma tenho certeza se eram, porque o desenho não estava tão bem para eu conseguir identificar. Sou adulta, trabalho com educação há muitos anos, então, imaginem uma criança que não conhece de forma concreta estes insetos:  como ela formará a imagem ou a representação mental de algo que não é real? O jogo também continha números. Segundo o que estava escrito, era para trabalhar a interdisciplinaridade entre as disciplinas de ciências naturais e a de matemática. Quanta ingenuidade...

Interdisiciplinaridade, termo que apareceu nas obras de Piaget em 1975, é muito mais amplo do que este jogo. Muitos professores se equivocam quando acham que somente porque os desenhos ali estão ─ embora muito mal feitos ─ representam os bichos ou insetos; e que isso faz parte da fauna brasileira! Além do mais, que estão trabalhando conjuntamente com a matemática, quando há uma regra que pede que se junte os números à quantidade certa de desenhos!


Cuidado com o que fazem, professores! Às vezes vocês podem pensar que estão fazendo certo quando, na verdade, não estão. Estudar mais sobre o assunto, sem ir fazendo só porque ouviu falar que “interdisciplinaridade é trabalhar junto, com dois conteúdos de áreas diferentes”, isso por si só não garante que se está fazendo o correto. E também cuidado com ecobrinquedos! Eles precisam ser os mais reais possíveis, além de concretos, para que o objetivo a que se destinam possa ser cumprido! Nós, adultos, somos capazes de entender que alguns rabiscos com anteninhas possam vir a ser joaninhas, principalmente porque conhecemos o bicho em si; mas, e a criança? E se ela nunca viu uma joaninha na vida, como vai fazer esta abstração? E depois, como poderemos considerar que o conteúdo da aula de ciências foi devidamente absorvido? Então, quando a gente ouve que são as crianças que possuem dificuldades de aprendizagem... cabe uma pequena reflexão:  será que os professores facilitam, ou atrapalham o desenvolvimento de uma criança?

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Geração alpha: nascida depois de 2010

Outro dia estava em uma casa com uma criança de oito meses de idade; tratava-se de um menino, que mexia no tablet e colocava a mãozinha no ícone da “Galinha Pintadinha”; não errava nunca e se divertia quando abria a música da mesma. Resolvi mudar o ícone de lugar por várias e várias vezes para ver a reação do menino. Pois bem: e não era que ele achava o ícone nos vários lugares, todas as vezes? Então, esta é a geração alpha, nascida depois de 2010!

É uma geração que tem excesso de informação, conectividades globais e totais, sabem organizar e fazer uso inteligente do entorno disponível, produzindo alta velocidade nas mudanças sociais. E nós, adultos que viemos de um outro tempo, temos vários desafios para educar esta nova geração. Vamos a eles: Mesmo que essas crianças dominem e saibam fazer uso das tecnologias, elas não se formarão sozinhas; sempre precisarão de pais, professores e auxiliares para serem os mediadores para esse novo conhecimento que se trata, na maior parte das vezes, de integrar a informação, de aprender a fazer uso daquilo que conceitualmente acabam por aprender. Então, fica aqui minha dúvida: será que os adultos estão abertos a estas novas tecnologias da mesma forma como as crianças dessa nova geração estão? E mais: será que saberão orientar estas crianças sobre o uso adequado da internet e da ética tecnológica?

É preciso que pais e professores saibam que se trata de seu dever e de sua função identificar as melhores e confiáveis informações, fazendo valer o saber sintetizar estes conteúdos para as crianças. E que além dos aspectos metodológicos do uso da tecnologia, cabe também, aos adultos, ajudar no desenvolvimento das habilidades e competências socioemocionais para que essas crianças aprendam a lidar com as dificuldades da vida, com a preparação para o mercado de trabalho e com o mundo moderno. Não poderão ser “nerdes” e viverem isolados em um mundo tecnológico! Precisarão aprender a viver e a conviver de forma harmônica com seus colegas, chefes e demais pessoas ao seu redor. Tudo isto faz parte da responsabilidade que os adultos terão com esta geração que vem vindo por aí.    Não será nada fácil educar e ensinar esta geração alpha, mas este é o nosso desafio.

Estas crianças começarão a estudar mais cedo que as gerações anteriores, e até mesmo  o seu desenvolvimento motor poderá ocorrer mais cedo. As tecnologias farão parte de todos os momentos de sua vida, seja profissional ou pessoal. Terão à disposição produtos e serviços cada vez mais sob medida. Criarão mais cedo conteúdos, serviços e produtos. Viverão num mundo mais conectado ainda; seus relacionamentos não serão de cima para baixo, mas horizontais, de igual para igual e menos hierarquizados. Se os adultos não estiverem abertos a esta nova forma de atuação e convivência, acabarão por sofrer muito porque não conseguirão conviver com eles. A melhor saída é ir se inteirando mais sobre o assunto, mudando padrões rígidos de comportamento que lhes foram ensinados... porque necessitarão disto para entender e educar estas novas crianças!

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Atividades sem significado para as crianças

Estava em uma escola onde havia atividades das crianças penduradas em um varal; percebia-se que a professora estava ensinando as sílabas “ge” e “gi”. Na folha, alguns carimbos com desenhos de girafa, gelatina, gilete ─ e quando digo gillete, era das lâminas antigas, sim aquelas de 50 ou 60 anos atrás... e não um aparelho moderninho, com lâmina, descartável, dessas que se encontra aos montes pelos supermercados, farmácias, padarias, etc e tal ─, enfim, havia ainda isso para fazer com que as crianças reconhecessem o desenho e colocassem, ao lado, a palavra correspondente. Do jeito como estava, mais parecia uma atividade diagnóstica, pois ainda como proposta estava escrito assim: “escreva do jeito que você sabe”.

Bem, sem querer comentar muito sobre esse tipo de estratégia, quero apenas mencionar o fato de haver ali a imagem de um produto (a lâmina de barbear) que até mesmo uma pessoa de 22 anos, que me acompanhava  naquela escola, disse que nem sabia (ou nem conhecia) aquele produto, dizendo: “isso eu não conheço”! Pensemos bem: se uma pessoa de 22 anos não conhece /reconhece a imagem para associá-la à palavra correspondente, imaginem uma criança de 6 anos! A gelatina mais parecia um pudim pelo formato, já que ninguém faz com que a gelatina, feita em casa, se pareça com a imagem que está no pacote, ou seja, faz-se a gelatina e põe-se para gelar em potinhos, copos ou mesmo em recipientes maiores de vidro. Então, também essa imagem estava difícil de ser associada à palavra correspondente!


São estes detalhes que os professores devem se ater para que a criança aprenda, de fato, com significado, senão, é possível que alguns alunos sejam considerados pessoas com dificuldades de aprendizagens, não porque não possuem capacidade cerebral para responder às atividades solicitadas pela professora,  mas porque o que estão vendo não se identifica com a realidade daquilo que conhecem. Pensem nisso, professores! Pensem no que fazem! Não dá para usar objetos de sua geração e de seu conhecimento só porque eles começam com as sílabas que vão ser trabalhadas naquela aula! E ainda tem mais: com relação à girafa, será que as crianças que nunca viram esse animal saberão identificar aquele desenho? Sinceramente, acredito que se essa atividade fosse avaliada por alguns bons educadores, ela não obteria uma boa nota, não!

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Famílias que abandonam, mostram indiferença ou desprezam os filhos

Quando os familiares revelam indiferença ou negligência pelas crianças, estas vão se sentindo rejeitadas, abandonadas, e começam a desenvolver um sentimento de sempre estarão sozinhas.  Ficam marcadas pela empatia em relação ao sentimento de solidão, embora temam o isolamento. Quando adolescentes e adultas, elas poderão ter sérios problemas de relacionamento, pois, embora tenham medo de ficar sós, acabam acionando o dispositivo de rejeitadores. Pode parecer muito contraditório, mas é assim que funciona, ou seja, desenvolvem situações para serem rejeitadas, mas acabam produzindo circunstâncias para que sejam cuidadas.

Essas pessoas têm uma estrutura anatômica que pode, a qualquer momento, entrar em colapso; se procurarmos a definição para colapso encontraremos no dicionário da web (http://www.dicio.com.br/colapso/) “Diminuição súbita e geral da energia do sistema nervoso e de todas as funções que dele dependem; Estado de prostração e depressão extremas.
Achatamento anormal das paredes de uma parte ou órgão. Colapso cardíaco, debilidade repentina das contrações cardíacas”.


Assim, o que percebemos é que podemos evitar que se desenvolva em uma criança um processo orgânico/emocional que poderá levá-la ao colapso de alguns órgãos, ou até mesmo de grande parte de seu corpo, justamente por não ter havido uma presença mais ativa e atuante, por parte dos familiares, em período tão importante da vida dessa criança. Então, por que não evitar o colapso disso tudo demonstrando afeto e amor pelos filhos?  Todos nós sentimos necessidades de sermos reconhecidos, aceitos, de nos sentirmos amados! Todos nós necessitamos de contato físico, como abraços e beijos. Mas para isto, precisamos exercitar isso em nós! Quem não teve, quando criança, por parte dos pais o devido carinho, atenção e presença, que possa não repetir essa atitude com os filhos! Indiferença gera colapso e violência; carinho gera pessoa saudável emocional e fisicamente. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Agressões à forma: susto

Tem várias pessoas adultas que adoram pregar susto em crianças só para verem a reação que elas têm, só para depois zombarem de suas carinhas assustadas. Hoje trago a vocês as reações anatômicas que um susto pode provocar em alguém. Quando uma criança, ou mesmo um adulto, leva um susto muito forte, a postura se altera, toda a musculatura se contrai, desencadeia-se um estado de alerta em todo o organismo, e os sentimentos mudam rapidamente! O distresse (estresse excessivo) aciona o sistema límbico (região do cérebro responsável por nossas emoções e comportamentos sociais), podendo proporcionar  emoções de pânico e raiva, de pavor e angústia, de impotência e perda, de desespero e depressão...  Os olhos, ouvidos e nariz se alteram e ficam alertas; os músculos se fecham ocorrendo um tipo de anestesiamento que pode ser  precedido por um desmaio, a pressão sanguínea despenca e, dependendo da pessoa, esta situação poderá  resultar em morte.

Se tudo isto citado acima não fizerem vocês refletirem sobre as possíveis alterações físicas e comportamentais que um susto provoca, não sei mais como alertá-los. Brincadeiras de esconder atrás da porta, de colocar máscaras de bichos, de chegar por trás e soltar um grito, enfim... não são recomendáveis.  Em vez de brincarem de coisas que causam pânico por que não brincam com objetos e brincadeiras que elevam a autoestima infantil e que trazem benefícios para o bom desenvolvimento emocional das crianças?


Quando virem algum adulto brincando de assustar alguma criança, por favor, não achem graça neste tipo de brincadeira e ajudem àquela criança explicando para o adulto o mal que esse tipo de atitude causa! Ainda mais: se fizeram isso com você quando criança, não repita esta atitude estúpida! Isto não traz benefício algum; ao contrário, pode causar grandes problemas e doenças desnecessárias, desconfortos futuros em nível físico e emocional, fazendo com que se tenha que buscar auxílio profissional e medicamentoso na vida adolescente ou adulta desse pequeno ser!  Vivam a vida com as crianças de forma mais harmônica, sem sustos e medos, esbanjando carinho e afeto!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Alfabeto e números sem significado algum para a criança

Estava dando uma aula de pós-graduação em uma cidade do interior do Estado de São Paulo (não vou revelar nomes aqui por questões éticas), em cujo prédio fica alocada, durante os dias de semana, uma escola de Ensino Fundamental. A minha turma do curso estava em uma sala destinada à alfabetização, ou seja, acredito que se tratava de um primeiro ano, pois, nas  paredes havia o alfabeto de um lado, números de outro e, embaixo, um varal com atividades das crianças. Vamos às reflexões por partes...

As letras do alfabeto estavam coladas na parede e eram de E.V.A., em três cores: amarelo, rosa e azul; essas letras eram apenas em letra de forma maiúscula, dispostas em uma altura consideravelmente fora do olhar das crianças que ali se sentam e, além disso, em linha reta; os números também eram de E.V.A., coloridos, e tinham duas cores iguais às do alfabeto;  para piorar a situação, os números estavam dispostos um para cima, dois para baixo e o número dez estava até torto; também havia números colados na porta do armário, bem no alto.

Vejam só: as crianças que se sentam mais na frente não conseguem visualizar todos os números e as letras do alfabeto; além disso, se elas estão no primeiro ano, é sinal de que possuem 6 anos e, provavelmente, nem todas conhecem os números, embora eles estivessem dispostos pela parede ─ não em linha horizontal ─ sem nenhuma menção relativa à quantidade e, ainda por cima, com as cores iguais às letras do alfabeto. Então, se as, crianças precisam aprender a identificar a diferença entre letras e números, da forma como esses importantes registros estavam dispostos pela parede da sala, nada sugeria que se tratava de um bom auxílio para a aprendizagem, ao contrário! Estava mais para complicar do que para auxiliar!

Qual é a forma correta, então? Vamos lá: alfabeto completo (maiúscula e minúscula, de forma e cursiva), com alguma referência significativa para as crianças, por exemplo, A de Aline (aluna da sala), e os números, com desenhos ou imagens relativas à quantidade que cada um expressa; importante, também, é que o nome do número esteja escrito. Além disso, tanto letras como números devem estar relativamente baixos na parede, para que todos possam visualizar e consultar quando houver atividades próprias. Letras com uma cor e números com outra, ou seja, se for azul o alfabeto, ele deverá ser todo azul, e não uma letra de cada cor. Quanto aos números, estes também deverão ser de uma só cor, diferente da cor utilizada para as letras.  Pois bem: organização é tudo!

Vejam que organização é tudo! Quando as crianças aparecem, depois, com dificuldades de organização na escrita, muitos professores acabam colocando a culpa em “n” fatores psico-sociais e acabam se esquecendo de ver como é que foi o começo do processo de apropriação da escrita. Lembrem-se de que o começo de tudo é fundamental para que a criança se situe nesse mundo da escrita numérica e alfabética!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Era da tecnologia digital: crianças planetárias

Vi numa rede social uma foto de uma criança com dois anos de idade, deitada, toda desajeitada, que com a mão esquerda segurava a mamadeira e com a direita estava usando um tablet. Na legenda da foto a mãe dizia estar toda orgulhosa desta criança que já mexia e brincava sozinha com este tipo de tecnologia!  Esta é a geração alpha, nascida de 2010 para cá.

Geração esta que já nasceu conectada com a era digital. Mas toda esta conectividade exige cuidados. Hora de mamar é hora de mamar, e não de estar com uma mão na mamadeira e outra no tablet! Uma criança de dois anos, com a coluna toda errada, somente para satisfazer seus dois desejos: um de fome, e outro de brincar com jogos eletrônicos? Isso não é mesmo o mais correto!


Desde cedo as crianças precisam aprender que existem regras e horários para tudo, que necessitam se alimentar corretamente e de forma adequada. E com a idade que a criança da foto demonstra ter, já está na hora dela começar a ser educada para tal. Agora, se os adultos deixam que elas façam as duas coisas ao mesmo tempo e ainda tiram foto para colocar em suas redes sociais reforçando ainda mais esta conduta errada, o que eu posso fazer como educadora é somente lamentar! Pais, cuidado com o uso indiscriminado de tecnologias com crianças de tão pouca idade! Cada coisa tem o seu tempo e o seu momento de aprendizado e de diversão. Se o uso começa a ser indiscriminado e aleatório desde cedo, é bem provável que depois, quando houver a real necessidade de definir tempos e momentos para as diferentes atividades que uma criança de 5 ou 7 anos  começará a ter,ela fará birra, se tornará indócil e manipuladora... Mas afinal de contas, foram vocês que deram o aparelho nessas pequenas mãos desde muito cedo! Agora não adianta reclamar!

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Medo de escuro, do bicho papão, do policial, do médico, da injeção...

Se fosse continuar a lista acima, dos medos que os adultos colocam nas crianças ao longo da infância, seria um texto inteiro somente com o título; mas, vamos às observações necessárias. O medo afeta todo o organismo físico de uma pessoa modificando, inclusive, a sua respiração. Quando estamos com medo retraímos nossa musculatura, apertamos o peito para sufocar o medo, o diafragma quase que paralisa, enfim, todo o organismo entra em estado de alerta pelo terror que se apresenta e, com isso, a anatomia de todo o corpo se altera. 

Se o medo for muito forte, a criança perde o autocontrole, respira de forma inadequada  podendo até levar ao colapso algum órgão do corpo pela falta de oxigênio. Isto poderá levá-la a fugir do contato consigo mesma e também com os outros ao seu redor.  Aos poucos, esta criança amedrontada pode alterar todo o seu lado emocional, causando-lhe graves consequências psíquicas.


Fico me perguntando por que alguns adultos colocam tanto medo nas crianças! Talvez não saibam o prejuízo que isto poderá causar, talvez seja a forma mais fácil de dominação diante de  um ser tão pequeno, já que o medo paralisa. Se soubessem como dialogar com as crianças jamais teriam a necessidade de colocar tantos medos assim... e aí, caberia uma pergunta: será que vocês, adultos que leem este texto agora, não são medrosos por isto ou aquilo, inseguros, tensos e apavorados por alguns medos que foram causados ─ e reforçados ─ em suas infâncias,  por adultos também sem noção? Talvez até vocês, adultos, precisem rever seus conceitos e medos e liberá-los para conseguirem evoluir na vida. Mas, por favor, se fizeram com vocês, não façam com os outros!  Pensem e repensem duas, três, quatro, cinco vezes antes de ficarem amedrontando os pequenos! Lembrem-se de que o afeto, o amor, o carinho é a melhor solução de saúde mental e física sempre!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Engole o choro; anda, já mandei!

Uma menina estava andando com sua mãe pela rua apressadamente. A mãe se esqueceu que seu passo é muito maior do que o da menina, e a mesma começou a chorar. A mãe, com pressa e sem perceber a situação à qual garotinha se achava diante do cansaço da caminhada, disse: “Engole este choro!”

Quantas e quantas vezes nós, adultos, gostaríamos de expressar nossas emoções e sentimentos e não o fazemos porque, quando crianças, fomos ensinados a ter que engolir nossas lágrimas? Como um despropósito deste tipo pode acontecer e nos prejudicar tanto, seja em nível emocional, seja em um nível ainda mais concreto! Afinal, como engolir o choro se ele sai pelos olhos e não pela boca?


Este tipo de comportamento, como o desta mãe, ainda é muito comum em nossa cultura. Seja qual for a justificativa que o adulto tenha para dar em relação a proceder dessa forma com uma criança, fato é que por esses procedimentos vão se formando adultos sem respeito uns para com os outros, sem os sentimentos de consideração e de compaixão!  Afinal de contas, quando crianças um dia são obrigadas a engolir o choro, em outro elas se nutrem por colocar medos nos mais próximos, adoram dar sustos, acham engraçado quando veem outra pessoa em alguma dificuldade ou desconforto, machucam ou maltratam animais, enfim, essas crianças receberam a educação da violência e da desconsideração e acabaram por aprender a calar o que sentem! Depois disso tudo, nós, os adultos que as educamos para a vida, queremos que elas sejam pessoas saudáveis tanto física como emocionalmente?  Como é possível ser saudável se, quando crianças, foram  educadas de forma a sufocarem ─ e dissimularem ─ o pensar, o sentir e o agir? Fiquei pensando nessa menina! Coitada! Desde cedo está sendo obrigada a abafar o que sente, justamente quando deveria ser incentivada a expressar suas emoções para resolver seus conflitos internos de insegurança, tão naturais e característicos desse período da vida que se desenvolve! Quantos problemas futuros de saúde, de comportamento e até mesmo de aprendizagem poderiam ser evitados se pensássemos em ajudar as crianças a conviverem, neste mundo, de forma mais verdadeira, com equilíbrio e naturalidade, e não simplesmente abafadas e adestradas!

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A importância dos pais na formação da autoestima e prevenção de problemas mentais de seus filhos

É na infância, principalmente de zero a sete anos, que se formam as raízes de muitos traços da personalidade da criança; é neste período que se planta a base do desenvolvimento mental dos indivíduos. Muitos pais não levam isto em consideração e, muitas vezes, dizem assim: “são crianças ainda, tudo passa”. Mas, na verdade, não é bem assim, pois são crianças sim, mas podem armazenar em suas mentes situações emocionais negativas e levarem isto para o resto de suas vidas. Pior ainda, podem não ter consciência de quando isto começou, pois não se lembram; mas nossa mente tem uma região denominada hipocampo que é responsável por nossas memórias, pelas vivências e experiências que passamos, e onde  tudo fica armazenado.

O envolvimento dos pais com os filhos no sentido de proximidade, de auxílio a conhecer e a desvendar o mundo das coisas do cotidiano e do contato com os assuntos pertinentes à suas famílias é muito importante neste período da infância! Cada membro da família desenvolve um papel significativo na formação da moral, dos costumes, do amor próprio, da autoestima... Algumas pesquisas na área da psicologia indicam que a presença e a participação de pais amáveis, na vida dos filhos, favorece a formação da autoestima, e evita que venham a se desenvolver, na vida juvenil e adulta, problemas de ordem social ou até mesmo de ordem mental!


Participar ativamente com tarefas definidas dentro da família, fazendo o possível para não sobrecarregar nenhum dos membros é mostrar, na prática, que cada um tem seu papel e sua função. Quando os pais fazem com amor e, acima de tudo, educam os filhos (as) com respeito mútuo, com diálogo, com paciência, como realmente eles gostariam de ser tratados, sem cobranças ou chantagens, essas atitudes fazem das crianças pessoas confiantes e estimuladas a viver! Estimuladas a se cuidarem, a se respeitarem, a terem discernimento na adolescência do que é certo ou errado para si próprias. Aposto como suas decisões serão mais acertadas e, se não forem, saberão como resolvê-las sem entrar em colapsos ou doenças mentais. A saúde mental de seus filhos está em suas mãos!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A educação precisa causar uma emoção de felicidade e se transformar em bom sentimento

Desde a educação infantil o processo de ensino precisa estar conectado com o mundo real e, quando digo isto, não quero dizer que precisa ser totalmente tecnológico, não é isto. O que quero dizer é que, muitas vezes, estamos educando nossas crianças como fomos educados quando pequenos, porém, esquecemos de prestar atenção nesta nova geração que possui valores, crenças e  atitudes diferentes das crianças que nasceram em 1960, 1970, 1980, 1990...

É a sincronicidade com o mundo real que, tanto pais quanto professores, precisam ter para entender a educação de 2014.  Quando as crianças gostam do que fazem e se sentem motivadas internamente, elas nem precisam de muito esforço para querer estudar. No entanto, quando o ensino é chato, desconectado  do mundo desta criança, ela se sente como um peixe fora d’água e, aos poucos, acaba perdendo a vontade para aprender surgindo, dessa forma, um sentimento de aversão ao estudo e ao aprendizado. Ora!  Ter vontade de adquirir novos conhecimentos, vontade de se sentir vivo e aprendiz da vida, isso é o que anima e faz com que a criança queira estudar e saber cada vez mais, porque acaba se sentindo um aprendiz da vida! Agora, se a escola é feia, a sala de aula desestimulante, os professores bravos e de mal com a sua própria vida, quando não se faz uso  de tecnologias e nem de novas descobertas, é claro que as crianças se sentem desestimuladas carregando esse tipo de sentimento para toda a sua vida!  Se os professores de educação infantil soubessem de sua responsabilidade na área da educação e da formação, se tivessem consciência de eles podem  provocar emoções de felicidade nas crianças para que isto se transforme em  sentimento de vontade de estudar, talvez estes professores repensariam sua forma de agir e de se expressar no mundo da educação.  


Isso porque quando gostamos daquilo que fazemos, estudamos com vontade e determinação sem precisar de alguém nos mandando o tempo todo.  É isto que precisamos resgatar em nossa sociedade, da educação infantil ao ensino superior. Resgatar a vontade de aprender, de ter autonomia para aprender, de ser um sujeito ativo e atuante diante da vida!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Você tem que ver como ele está feliz dentro do cercadinho...

Vi esta cena outro dia: uma criança dentro do cercadinho, totalmente sem motivação, quase já dormindo, e a mãe falando ao telefone para o pai da criança! Achei um absurdo e, pior, a criança acabou dormindo ali e ela não se preocupou com nada; e ainda me disse assim: “ o que você acha do cercadinho? Eu adoro porque assim ele fica lá quietinho e nem tem perigo de cair e se machucar, e eu posso fazer minhas coisas sossegadamente. Olha como ele se sente bem lá; até dorme”! Eu estava de visita na casa, junto com outras pessoas, não conhecia direito nem a mãe, nem o pai, e a mãe queria minha aprovação para o que ela estava fazendo porque sabia que eu escrevo para pais e professores.

Não sou contra o cercadinho não, não é isto! Mas deixar a criança lá por muito tempo, até mesmo dormir lá, neste sentido eu não concordo! A criança precisa ter liberdade para explorar o mundo a sua volta, novas texturas, sensações térmicas... e como fará isto se fica trancado dentro de um lugar sempre do mesmo jeito? Uma criança pequena precisa engatinhar no chão, sentir em seu corpinho se o chão é de madeira, de carpete, piso frio... isso estimula as terminações nervosas de seu cérebro que está em franco processo de descobertas e desenvolvimento! Precisa se movimentar, se esticar, deitar, rolar no chão... e o cercadinho não proporciona espaço suficiente para isto.

Nem sempre o que é cômodo para a mãe é o mais correto em termos de exploração e estimulação para a criança. Todo bebê precisa de novas aprendizagens, e isto é o ambiente que proporciona. Se o mesmo fica horas e horas, dias e dias no mesmo lugar, como poderão ocorrer novas ligações sinápticas em seu cérebro e, consequentemente, novas sensações e aprendizagens?


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Aula de caipira, eita história boa só!

Em uma cidade do interior de São Paulo, chamada Bragança Paulista, aconteceu uma história que fará com que repensemos muito os nossos conceitos. Uma família estava construindo sua casa e ali estavam vários e vários operários da construção.  O filho de nove anos conversava e se identificava muito com eles.

Era começo de semestre e sua mãe estava organizando a agenda colocando-o em várias aulas particulares como natação, inglês e futebol. Sua semana estava completa, de manhã aula normal e, à tarde, aulas complementares; mas na sexta-feira à tarde ele tinha uma folga. O menino, muito inteligente, fez a seguinte indagação para sua mãe: “Mãe, já que eu tenho ainda um dia livre,  me coloca na aula de caipira?” A mãe, espantada ,não entendeu nada. Mas aí ele explicou que o que ele queria mesmo não era aula de inglês porque ele não tinha ninguém prá conversar que falasse inglês, mas queria fazer aula de caipira prá poder conversar com os pedreiros, prá entender o que eles falavam e conseguir falar igual a eles! Bem, aposto como vocês estão rindo. Eu também achei graça nesta história até o momento que parei para analisá-la.


Olha como o menino tinha afeto pelos operários da construção civil, e como estes eram importantes para ele, pois tinha necessidade de entender e se comunicar melhor com essas pessoas que, na verdade, eram as pessoas com quem ele sentia vontade de conversar, de compreender o que falavam, as histórias que contavam e as explicações e os ensinamentos que vinham das experiências de trabalhar na construção civil!  Vejam que com tantas aulas estipuladas na agenda e tendo um dia sobrando, ele queria aprender a falar caipira para entender e ser entendido dentro de uma situação que realmente lhe interessava!  Esta atitude do garoto diante dos operários-amigos chama-se empatia, identificação.  Para ele, conseguir se comunicar  com os operários da construção era muito mais importante e significativo que as outras aulas que sua mãe o colocava para fazer. Que lindo! Parabéns para este garoto! Só torço para que a sociedade não o corrompa no sentido de fazê-lo mudar e passar a valorizar as pessoas apenas pelas aparências! Vejam que a sua atitude traz a espontaneidade e a sinceridade da criança que vê, no outro, a essência do que uma pessoa é, independente de valores sociais ou monetários.