segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Um excelente passeio: biblioteca municipal

Uma mãe estava me perguntando se é normal uma criança de nove querer e gostar de ler tantos livros, já que nem ela, e nem seu marido, costumam dar esse incentivo em casa. Ela me perguntou como minha filha que não tem exemplos de leitura em casa pode gostar tanto de ler? Disse, ainda, que não sabia o que fazer porque não tinha dinheiro suficiente para comprar livros, coisa que a filha esperava ganhar, todos os meses!

Vejam só: esta mãe reclama da filha gostar de ler quando, na verdade, deveria agradecer por que esta atitude é muito rara, hoje em dia. Expliquei à mãe que, possivelmente, a menina gosta de ler por causa da escola, ou porque simplesmente desenvolveu este gosto quando ouvia as leituras feitas pela mãe, quando a filha ainda não estava alfabetizada!

Quanto a comprar livros, indiquei que ela procurasse a biblioteca da cidade e, para seu espanto, ela me disse que nunca havia pensado em levar as crianças em uma biblioteca, e que devido ao seu baixo poder aquisitivo ela nunca pisou em uma biblioteca municipal quando criança. Ela me agradeceu dizendo assim: “às vezes não temos noção de que com algo simples podemos resolver os nossos problemas; deixei de comprar livros para ela porque não tinha dinheiro, mas para pagar uma passagem de ônibus eu posso! Então, levá-la à biblioteca será o máximo, para ela”!


Passaram-se alguns dias desta história e a mãe me relatou como foi importante a dica que lhe dei; disse-me que levou as duas filhas para a biblioteca pública e que foi uma tarde sensacional! Além disso, ela relatou que a filha ficou feliz em encontrar livros que ela sabia que custavam caro e que ela poderia, ali, lê-los sem custo algum. Uma dica simples que pode ajudar ─ e muito ─ a todas as crianças que gostam de ler e não possuem dinheiro para comprar os seus próprios livros. Pais: levem seus filhos às bibliotecas! É um passeio do qual nunca irão se arrepender! Um hábito cultural se aprende desde cedo.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Professor questionador, como se tem este procedimento?

O professor questionador é aquele que não dá a resposta pronta, mas que questiona a pergunta ao aluno. Vou dar um exemplo para ficar mais claro para vocês: Se um aluno pergunta, por exemplo, do que a água é composta, em vez de o professor responder que é de duas moléculas de hidrogênio para uma molécula de oxigênio, o professor poderá perguntar ao aluno quais os gases que ele acha que compõem a água. Então, quando um professor faz isto, ele dá uma pista, mas não a resposta pronta.

Um professor questionador desafia os alunos a refletirem, a serem investigadores natos, justamente porque desperta a curiosidade e o espírito de pesquisador nas crianças. Para que o professor tenha esta atitude de não responder, mas de questionar, ele precisa entender que esta atitude não é para que o aluno fique sem resposta, não é isto. Mas é para que desperte a curiosidade e a motivação em pesquisas.

Na verdade, o professor apenas problematiza uma pergunta em vez de responder e dar tudo pronto para o aluno. Quando o aluno pesquisa, ele aprende e não esquece tão facilmente; já quando somente ouve uma resposta pronta ele pode esquecer porque não despertou a aprendizagem, de fato. Informação pode ─ ou não ─ se transformar em aprendizagem, mas muitas vezes quando damos a resposta pronta geramos informação e não conhecimento propriamente dito.


Conhecimento é quando transformamos a informação em algo que sabemos utilizar no cotidiano. Assim, o professor questionador corrobora para que a informação se transforme em conhecimento e não apenas em informação.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Posso deixar uma criança com três anos de idade fazer algumas coisas sozinha?

Achei engraçada esta pergunta que uma mãe me fez pelas redes sociais, e comecei a indagá-la o que é fazer algo sozinha com três anos de idade? Perguntei-lhe como era a sua rotina, e o que quis dizer com esta pergunta. A mãe continuou a teclar e foi me explicando o que ela queria dizer. Ela é marinheira de primeira viagem e acha que sua filha não pode comer sozinha por que bagunça tudo e a comida acaba caindo no chão. Ela continuou dizendo que não deixava a filha recortar papéis e mexer nas coisas como sua avó permitia que fizesse porque achava que bagunçar não é educar! Disse, também, que a menina não pode querer escolher a roupa que quer vestir, nem o que quer comer! Bem, nessa pequena conversa online, a mãe foi desfilando uma série de ações que ela considera prematuras pela idade da menina. Vou apenas relatar e comentar as que julguei mais importantes para se fazer nesse espaço de reflexão:

Algumas ações precisam ser pensadas: comer sozinha, por exemplo, desde que a criança não se queime com a comida e que o prato e os talheres sejam adequados para a idade não vejo problema algum, porque a criança começa a adquirir autonomia para aprender a comer; não se aprende nada sem se passar pela experiência. Cobrar de uma criança de três anos que coma sem fazer bagunça e até repreendê-la por isto, para mim é um crime! Com três anos a criança está aprendendo a segurar os talheres; não é fácil conseguir colocar a comida na colher sem derrubar porque requer equilíbrio e orientação espacial. Muitas vezes até nós, adultos, temos dificuldade para comer sem deixar cair ao lado, ou até mesmo ao chão. Não vejo motivos para tamanha preocupação; deveria ser exatamente o contrário: ficar feliz que a criança esteja progredindo com sua autonomia motora.

Recortar papéis era outra reclamação da mãe; vamos lá: rasgar papéis com as mãos é um ótimo exercício para a coordenação motora fina que, depois, irá ajudar a criança na hora da escrita; além disso, cortar com a tesoura pequena, sem ponta ─ daquelas que os professores usam na escola ─ também pode ser adequado, e mais uma vez este exercício contribui para o desenvolvimento motor da criança. Para cada idade existe um objeto adequado para ser usado; o que não podemos é privar a criança de aprendizagens importantes para o seu crescimento saudável.


Escolher roupas com três anos de idade, às vezes os adultos acham que a criança não sabe combinar, que está frio e a criança não quer o agasalho... que tem determinadas roupas para cada ocasião e que, por isto, ela não pode escolher com tão pouca idade. Será que não podem mesmo escolher, negociar, ou os pais acham que precisam dominar tudo e adestrar a criança do jeito que eles julgam certos, e que a criança tem que ter submissão a tudo? Na vida adulta precisamos escolher o que é certo ou errado para cada um de nós e, se não aprendermos isto quando crianças, quando iremos aprender? O mesmo comentário serve para a escolha de alimentos: quando vamos a um restaurante precisamos saber o que queremos comer, então, porque não podemos fazer isto em casa também? Às vezes fico pensando que muitos conflitos poderiam ser evitados se entendêssemos o funcionamento da vida de adultos e compreendêssemos que é na infância que se aprende. Com paciência teríamos todos uma vida melhor! É uma pena que muitos adultos fazem de suas vidas com a as crianças um verdadeiro terror e inferno e acham que a culpa é das pequenas!  Precisamos nos lembrar, sempre, que eles não nasceram sabendo, mas que aprenderam, um dia, com alguém, a serem assim: com quem será? 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Posição de borboletas: todos sentados!

Estava observando, em uma escola, uma sala com crianças de dois anos de idade e sua professora. Esta pedia às crianças, na roda de conversa, que se sentassem em forma de borboletas.  A professora me olhava, quase se desculpando, dizendo que achava estranho o que estava acontecendo, porque ela falava para que eles se sentassem em posição de borboletas e eles não entendiam. Dizia que inúmeras vezes ela se sentava e mostrava como era, mas que alguns não ficavam tempo algum naquela posição, procurando se sentar de outra maneira. A professora ainda dizia que daquele jeito ela não conseguiria contar história para o grupo todo, que ali havia algum problema, que daquela forma era impossível! 

Diante daquele quadro eu disse a ela para ter calma e que nós pensaríamos juntas. Comecei a direcionar a conversa e o que observei é que ela estava exigindo algo das crianças fora da idade deles, ou seja, com dois anos de idade as crianças querem andar, pular, correr, explorar todos os lugares.  Fui falando que crianças com essa idade ainda não possuem concentração para ficarem parados ouvindo algo por muito tempo, que contar histórias compridas para esta idade é incoerente, e que querer que eles se sentem como uma borboleta é algo fora da realidade. Vamos pensar: será que as crianças conhecem borboletas e, se conhecem, será que borboletas sentam com as pernas cruzadas?  Melhor dizendo: Borboletas possuem pernas?

Muitas vezes não pensamos o que falamos para as crianças; usamos uma linguagem inadequada, e tentamos adestrá-las para se sentarem quando estão na idade de exploração de seu corpo e dos lugares que as rodeiam. A professora me disse: “você tem razão, mas o que eu faço para que eles ouçam histórias?”

Que tal começar com histórias de uma ou duas páginas, somente para que as crianças comecem a tomar consciência do que seja história? É preciso levar em consideração que uma criança com dois anos apenas está começando a falar e que o seu pensamento não é tão complexo para entender uma história com começo, meio e fim, e nem histórias longas como as da Disney.  Elas não vão prestar atenção mesmo, pois não possuem formação de pensamentos para isto. Novamente a professora me questionou perguntando se ela não teria que estimulá-las para que aprendessem? Respondi que sim! Que temos que estimulá-las, porém, tudo tem a idade certa para se fazer. Querer pular etapas é como pedir para alguém subir o último degrau de uma escada sem ter percorrido os primeiros, ou seja, tudo tem uma sequência em nossas vidas.


Não se deve exigir de crianças com dois anos de idade que fiquem sentados por muito tempo e fixos em uma atividade somente; isso não é para a idade deles. Se conseguirem ficar sentados por cinco minutos para ouvirem uma história, isso já é muito porque como seus pensamentos ainda não são complexos eles logo mudam para fazer outra atividade. Portanto, conhecer as características de cada idade é fundamental para saber proporcionar estímulos adequados à faixa etária e ao tempo de cada criança. Conhecer como se dá o desenvolvimento físico, mental, social e psicológico, a cada mês, é fundamental para se trabalhar na profissão professora de educação infantil. Não saber como se dá este desenvolvimento pode se correr o risco de colocar a culpa da não aprendizagem nas crianças, quando o problema está na professora, na maneira como ela entende a criança, a infância e sua metodologia de ensino.  

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Papai Noel por que a Carol é boazinha!

No fim do ano eu estava vendo umas fotos em algumas de minhas redes sociais, quando me deparei com este título seguido por uma foto que era a de uma menina no colo do Papai Noel, com o seu presente na mão. Pensei que em pleno 2015/2016 não existissem mais pais que fizessem chantagem com seus filhos, por conta de comportamentos que julgam adequados. Fiquei abismada com essa foto e com a legenda, então resolvi escrever-lhes para que possamos refletir.

Não sou contra, nem a favor, do consumismo do Papai Noel; acho que cada família sabe onde e o que deve fazer segundo as suas tradições e religiões. Porém, fazer chantagem e ─ pior ainda ─ agir desta forma é adestrar comportamentos e não educar, de fato. Não concordo com chantagens do tipo “faz isto que dou aquilo que você quer”, porque isso é muito ruim! Não forma pessoas fortes, mas sim fracas, já que quem faz chantagens para obter algo demonstra que não tem capacidade de merecimento pelo esforço próprio, e que está sempre querendo tirar vantagem em tudo.

Sei que faz parte de nossa cultura brasileira a lei da vantagem, do jeitinho brasileiro, mas como fica a questão da moral e dos bons hábitos, se essas crianças ─ futuros cidadãos de nosso país ─ forem educados para conseguirem algo só pela chantagem e não pelo merecimento?  Sim, porque quando se educa pelo merecimento a criança se esforça e aprende a superar os seus obstáculos. A vitória tem sabor de conquista pessoal. No caso da chantagem, ensina-se que para se fazer algo bom e construtivo é preciso receber algo em troca! Se pensarmos que nem sempre as condições financeiras permitem isto às famílias, imaginem que uma criança passa da fase infantil, vai para a adolescência e depois à vida adulta aprendendo que se ela se esforçar para ser bonzinho e adequado poderá pedir um carro de luxo, roupas de grife, celulares e eletrônicos top de linha... e a família não puder dar?  Esse adolescente ─ ou adulto ─ poderá começar a ter comportamentos inadequados porque cumpriu com a parte do trato, mas a contrapartida não se efetivou!


Educar pela chantagem é muito sério porque vicia o indivíduo em uma falsa realidade; no meio disso tudo, podemos pensar que há coisas que não se consegue nem com todo o dinheiro do mundo: um amor, por exemplo, uma excelência de reconhecimento na vida profissional, enfim... Quando se educa pelo merecimento, a criança cresce sabendo que os limites e os padrões de comportamento não são adestrados, mas sim compreendidos de forma real. Reflitam sobre seus atos natalinos, pascoalinos, e os de aniversário também!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O que você fez foi muito feio?

Uma criança estava apresentando maus comportamentos em frente a outros adultos em uma loja de departamentos de um shopping em Campinas; ela queria comprar um brinquedo ao qual a mãe dizia que era caro demais e que não iria comprar porque não tinha dinheiro. A criança, muito inteligente, disse à mãe: “se você não tem dinheiro porque acabou de perguntar para o vendedor o preço da televisão, nós já temos televisão em casa e não precisamos de mais nenhuma, e por que você vai comprá-la, se não tem dinheiro?”.    Esta cena toda aconteceu na minha frente, na frente do vendedor e de mais algumas pessoas.

Para piorar a situação, quando o vendedor voltou à criança esta disse a ele: “moço, minha mãe não tem dinheiro; não vende para ela não, ela não vai pagar”! A mãe, envergonhada e toda sem graça, quase bateu no menino na frente de todos. Para piorar a situação, a mãe nervosa, falava alto, chamando a atenção do menino que o que ele tinha feito era feio, enfim, o sermão foi grande!

Parei para observar, e percebi as incoerências e como as crianças são espontâneas e falam tudo o que pensam e sentem ao pé da letra. Se a mãe não tinha dinheiro para comprar um brinquedo para ao filho, como ela teria para comprar uma televisão? O menino estava com o raciocínio lógico perfeito! Às vezes nós, adultos, damos respostas prontas e sem pensar para as crianças, achando que elas precisam entender e ficar quietas somente porque são crianças, mas nos esquecemos de que as crianças de hoje são questionadoras e inteligentes porque possuem acesso a informações nos mais variados meios de comunicação, o que fazer?


Simples: explicar os fatos com lógica! Eu tenho dinheiro, porém, o que precisamos comprar agora é outra coisa! Assim, explicar os fatos com sinceridade e realidade é a melhor saída, sempre!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

“Não chora isto não é nada, antes de casar passa”

Vi esta cena em um Shopping: a criança, sem querer, bateu a perna na quina de uma mesa; ficou vermelho o local da batida, a criança começou a chorar, e sua família dizia o tempo todo para não chorar, que não era nada, que logo iria passar. Mas, quanto mais eles falavam, mais a criança chorava. Percebi que estava doendo, mesmo até porque o local da batida estava bem vermelho, ou seja, não foi uma batida qualquer!  O pai verbalizou a frase “antes de casar isto passa”. A criança, que não é ignorante, disse assim: “... mas você não se casou com a minha mãe...” Enfim, a cena se prolongava, junto com o choro, em vez de diminuir.

Fiquei observando e pensando que seria bem fácil resolver isto: Era só pedir um gelo, colocar num papel toalha, e deixar em cima do machucado. Amenizaria a dor, socorreria a criança e a deixaria segura e atendida.


Negar o sentimento de dor, como os adultos estavam fazendo, é algo que sempre é repetido em nossa cultura; porém, isto não alivia a dor e ─ pior ainda ─ nega o que o outro está sentindo! É como dizer “fique quieto, isto é frescura, homem não chora, homem não sente dor”... Quanta bobagem! Homem chora sim, sente dor, sim! Desta forma, quando reconhecemos o problema, amenizamos o ocorrido fazendo com que a criança se sinta segura e protegida. Parece bobagem, mas quantos de nós, adultos, muitas vezes precisamos ser socorridos por nossos problemas e não temos ninguém com um ombro amigo para nos ouvir? E somos adultos, pais e mães de filhos, casados... ou seja, dizer que “antes de casar passa” é ridículo para alguém que nem sabe o que isto significa, de fato! Quando alguém se fere, seja fisicamente, ou psicologicamente, esse alguém precisa ser atendido e respeitado em seu direito. Trata-se de um ser humano que necessita de ajuda, e não de broncas!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mochila da moda: necessidade ou medo de não estar igual aos outros?

Estava em casa de uma amiga, que tem uma filha de 10 anos, a qual passou para o Ensino Fundamental II, neste ano de 2016. E eu estava conversando com ambas (mãe e filha) quando a menina comentou comigo que ela precisava muito comprar uma mochila de uma marca X para levar à escola quando começassem as aulas. Ela me disse assim: “Vanda eu tenho uma mochila desta marca, novinha, que minha mãe comprou em fevereiro de 2015...” e me mostrou a mochila que, realmente, estava novinha porque a mochila é de marca boa e durável. Pois bem, continuando a história, ela me disse que sua professora da 4ª série disse a todos que trocassem a mochila de rodinhas para outra, de levar nas costas, porque os alunos das salas mais adiantadas que elas iriam “tirar sarro” dos pequenos se eles continuassem a levar a mochila de rodinhas.

Achei isto um absurdo, e questionei-a de várias formas; ela me disse que estudava à tarde, e que neste novo ano letivo passaria a estudar de manhã, junto com os alunos do Ensino Médio. Disse, também, que a professora fez alguns comentários em sua sala para que os alunos pudessem se adaptar melhor a esse novo ciclo. Aí ela nos disse que uma das coisas que ela estava sentindo medo era de ser ridicularizada pelo fato de ter mochila de rodinhas. Perguntei-lhe quanto ─ mais ou menos ─ custava a mochila que ela queria ter, e ela me respondeu que era em torno de 600 reais! Levei um susto com o preço, e depois fui conferir nas lojas e constatei que o preço era este mesmo.
Fiquei pensando: como é que uma escola, que prega sobre o bom desenvolvimento da formação humana, pode permitir que alunos mais velhos ridicularizem os mais novos, ainda mais quando se trata do fator consumismo, valores monetários sobre produtos... E achei ainda mais absurdo a professora reforçar isso com os alunos, como se o rito de passagem, de um nível escolar para o outro dependesse de critérios financeiros. Fiquei estarrecida porque esta garota não fala outra coisa, e está com medo de ir de manhã, à escola, e ser chamada de bebezinha só porque carrega uma mochila de rodinhas. 

Quanto consumismo, quanta falta de respeito, e pior: em vez de conversar com os mais velhos para conviverem melhor entre si, para receberem os novos alunos (novos nos dois sentidos), acabam reforçando um tipo de comportamento que de educativo não tem nada! Um comportamento que amedronta, que exclui, segrega e rotula! Que sociedade estamos formando? Se esta aluna já está sentido insegurança por ter que mudar de período, acordar cedo, ter diversos professores e matérias diferentes... enfim, todas as mudanças compatíveis com o momento, por que a escola reforça esse tipo de comportamento e de atitude? Além do mais, a mochila com rodinha é mais saudável para a coluna, principalmente com tanto material que se faz necessário carregar para ir à escola, hoje em dia!


Bom, diante do discurso feito pela filha, a mãe, que não quer que a filha sofra discriminação, ou que seja motivo de chacota e de risos, irá comprar a tal mochila, pensando em atender à necessidade de adaptação de sua filha, principalmente por não querer ─ claro! ─ que a menina sofra  bullying por parte dos grandes. Pode isto? E estamos falando em Educação!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Meu filho vai à escola pela primeira vez: o que eu faço?

Uma mãe desesperada me disse que não iria conseguir superar o medo e a “falta de chão” se seu filho de quatro anos fosse para a escola; até o momento, quem cuidava dele era a empregada e a avó, sua mãe. Ela sabia que tinha que colocar o menino na escola, mas ao mesmo tempo não se sentia segura porque também se sentia culpada por não poder cuidar de seu filho no conforto e redoma do lar, tendo que precisar de terceiros para fazer isto, enquanto ela trabalha. E para o seu desespero, a criança teria que passar a ficar o período integral na escola porque sua mãe (a avó) está doente e não pode mais cuidar do neto.

Entendo a insegurança desta mãe diante da doença familiar, e do fato de ter que colocar seu filho na escola em período integral. Entendo, também, a culpa que ela está sentindo porque sente vontade de ser mãe em tempo integral, mas teve que delegar essa função para alguém em quem ela realmente confia. No entanto, as circunstâncias mudaram e ela terá que se adaptar a esta nova realidade.

O que eu a aconselhei a fazer era que procurasse uma escola na qual ela sentisse segurança para deixar seu filho, porque quando acontecesse (que seria em breve, se ela realmente fosse em busca), ela não mais se sentiria culpada porque perceberia o quanto a escola ajudaria seu filho a se desenvolver, a se socializar, aprendendo pela convivência, pelo contato com outros adultos e com crianças de sua idade, fazendo atividades físicas, motoras e cognitivas, próprias do ambiente educacional, coisa que, em casa, geralmente não se consegue fazer.  

Esta insegurança é sinal de proteção. Quando amamos alguém, de fato, queremos sempre o melhor para a pessoa; quando se trata de um filho, um ser tão pequeno e indefeso, o cuidado ainda é maior! Porém, a insegurança não pode se transformar em neuroses, e nem se deve passar isto para a criança, dizendo que a mamãe volta já, quando, na verdade, essa volta representa horas e horas... ou, então, fazer chantagens com o filho dizendo a mamãe é bem melhor que a professora, a casa é mais legal que a escola... justamente porque a criança passará mais horas ativas na escola e com a professora, que em casa com a mãe, a empregada, ou a própria avó, quando era o caso.  


Quando eu era professora de educação infantil, sofria com mães que, em lugar de ajudar no período de adaptação das crianças, mais atrapalhavam gerando inseguranças, dúvidas, medos... Então, o que eu posso dizer é que quando tudo é conduzido de forma harmônica e verdadeira, a criança não sofre e, como consequência, a mãe também não. É preciso que as mães (e os pais e os avós, enfim a família) desenvolvam certeza e segurança em relação à escola; este é o primeiro passo! Depois, é preciso entender e discernir entre o que será melhor para o desenvolvimento, permitindo a si mesmas trabalhar com sossego e tranquilidade. Dessa forma, as horas passarão e quando se encontrarem com seus filhos, terão muito que falar um com o outro sobre o dia de cada um.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Mais tempo na escola, mais educação

Estou vendo muitas propagandas políticas educacionais indicando que quanto mais tempo as crianças ficam na escola, melhor para sua educação. Será?

Educação integral de qualidade é aquela que não prioriza tempo, mas oferece melhores condições de aprendizagem. De que adianta aumentar o tempo se não há um Projeto que esteja voltado para a cultura, pois não há espaço, nem materiais e, muito menos, profissionais qualificados para isto?
Tempo integral significa, no meu conceito, que as crianças devem ter o conteúdo programático curricular de cada disciplina comum, por exemplo, língua portuguesa, matemática, etc. e ter em outros momentos atividades esportivas como a natação, o basquete, o vôlei, cinema, teatro, música, enfim, Projetos que visem a criança como um ser integral e integrado. Mas nossas escolas públicas estão preparadas e equipadas para receberem estes alunos de tempo integral, com todos estes equipamentos necessários para, realmente, realizarem atividades que os desenvolvam de forma integral, ou somente estão dando reforços de aprendizagem em períodos contrários para passar o tempo das crianças na escola? 

Em países de primeiro mundo, onde as crianças ficam em tempo integral, eles oferecem variadas atividades de esportes e cultura em períodos que não são de aprendizagem conteudista curricular.  Os alunos vivenciam experiências, por meio de Projetos, de teatro, música, cinema, ou seja, seu tempo é utilizado de forma a promover o ser humano como um todo. Será que é isto que vem ocorrendo em escolas de período integral aqui no Brasil?  Será que não estamos reproduzindo a educação assistencialista de deixar mais tempo na escola para somente alimentar estas crianças?  Será que não estamos fazendo uma educação de depósito, em vez de uma educação integral de qualidade que propicie, de fato, uma formação real às crianças brasileiras? Será que não estão usando a educação como mais uma manobra eleitoreira, dizendo que é de qualidade, enquanto é de quantidade? Questões para serem pensadas e repensadas...


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Episódio dentro do supermercado: lâmpada mágica

No final do ano eu estava fazendo compras em um supermercado em Campinas, e havia uma pessoa vestida como se fosse uma lâmpada grande, fazendo merchandising do produto. Várias crianças passavam, e a lâmpada dava a mão, brincava e acendia sua roupa. Muitas crianças se divertiam com a lâmpada mágica ─ assim apelidou uma garotinha de mais ou menos uns cinco anos. Até ai, tudo parecia normal e divertido; fiquei alguns minutos observando as crianças e seus pais diante do fato. 

De repente, um menino começou a chorar diante da lâmpada; ele se assustou e agarrou as pernas de sua mãe.  Não queria chegar perto de jeito nenhum; a mãe, por sua vez, dizia que ele tinha medo de papai Noel, de pessoas vestidas de forma diferente... enfim, a mãe fez este comentário com a lâmpada para que ela não ficasse chateada, e foi até hilário o que a mãe fez naquele momento. O menino foi seguindo pelo supermercado com a mãe e ainda chorava muito. Foi quando a mãe começou a falar para ele o tempo todo parar de chorar, e começar a se comportar direito porque estava todo mundo olhando: “Se você não parar de chorar, agora, vou mandar a lâmpada te pegar!” 

Por que a mãe falou isto? O menino começou a chorar ainda mais, começou a soluçar e nada o acalmava. Diante do ocorrido, a mãe acabou piorando a situação, fazendo com que todos olhassem o que estava acontecendo. Fiquei pensando em como as mães falam coisas sem pensar na hora do escândalo, na hora que querem se ver livres da exposição! Se o garoto estava com medo da lâmpada mágica, falar para ele parar e ameaçar dizendo que iria mandar a mesma pegá-lo, imaginem o medo que este menino estava tendo... Por isso, chorar e berrar era uma forma de chamar a atenção para que aquilo não acontecesse.


Tem pessoas que não deveriam ser mães nunca porque, ao invés de ajudar a tirar o medo, acabam acentuando e provocando uma situação pior! E depois, ainda têm a coragem de dizer que a culpa era de um menino de 3 anos de idade! Quem tinha esta idade mental era a mãe, isto sim.  Provocar medo não traz benefício algum para o crescimento saudável das crianças! Ao contrário: só acarretara mais e mais problemas futuros!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Educação Infantil e sustentabilidade

Muitas pessoas acham que para uma escola de educação se tornar mais sustentável é necessário muito investimento, telhados verdes, torneiras e lâmpadas caríssimas, ou seja, investimentos altos que, muitas vezes, acabam refletindo a inviabilidade desse projeto para a escola.

Na verdade, quando se fala em educação infantil sustentável, é preciso que se pense em ações práticas e cotidianas, por exemplo, como a coleta de lixo úmido que pode se transformar em composto orgânico e virar adubo para uma horta dentro da escola. Outro exemplo pode ser com campanhas de arrecadação de garrafas pet para se vender e arrecadar recursos para a melhoria dentro da própria escola, enfim, ações desse tipo servem como exemplo para ir transformando a realidade do entorno da escola. Muitas vezes sonhamos com algo inatingível e, por conta disto, não enxergamos como poderíamos mudar pequenos hábitos, fazendo a diferença aos poucos, mudando a cultura e ensinando pelo exemplo, pela experiência.


Quando os hábitos sustentáveis são despertados por meio da experiência, as crianças carregam isto para o resto de suas vidas. Muitos professores esperam que se mude toda a escola para que ela comece a pensar em ações sustentáveis, e não é isto o que vai acontecer. Mudança requer vontade e coragem para fazer algo novo e surtir efeitos positivos para toda a vida. Sustentabilidade está em administrar melhor os recursos naturais: reutilizar, reciclar e reduzir o consumo. Para isto, são necessárias ações inteligentes de todos, com consciência e ampliação de que somos responsáveis pela continuidade da qualidade de vida neste planeta TERRA.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Educar significa sempre desagradar o outro?

Quando educamos alguém, em qualquer questão que seja, significa que não concordamos com a atitude que o outro faz. Por exemplo: quando dizemos a alguém “senta direito por que você está todo amontoado, está em fase de crescimento e sua coluna precisa ficar ereta para não formar desvios...”, estamos reprovando um comportamento que vem sendo realizado de forma aleatória.

De todas as cenas que já presenciei, quando alguém procurava educar, de fato, outra pessoa, nunca ouvi a que estava sendo corrigida dizer algo assim como “obrigada por me corrigir”; pelo contrário, sempre ouço uma reprova, expressões ou respostas de “precisa falar assim?”, ou ainda “não aguento mais ser corrigido!” E é o que normalmente acontece.

O desagrado é passageiro quando o outro entende por que está sendo corrigido, e quando entende que o que está sendo falado é para o seu próprio bem; no entanto, normalmente não é isto que vejo acontecer nas famílias. Corrige-se, mas não se explica porquê se corrigiu; isto causa um desconforto enorme e, mais do que isto, não gera mudança de comportamento, mas raiva pela pessoa que está sendo chata, controladora e falando demais.


As crianças precisam entender o porquê dos fatos para que, mesmo que fiquem contrariadas, entendam que é para o seu bem, que aquela pessoa que gerou o desconforto, o desagrado, quer o seu melhor sempre, porque o ama, de fato!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bebês aprendem explorando diferentes materiais

Pais e professores de bebês precisam entender que esta fase é muito importante porque as conexões cerebrais estão sendo efetuadas neste período. Neste sentido, proporcionar diferentes estímulos (visuais, auditivos e sinestésicos) é importante para que estas conexões aconteçam.  

É claro que não vamos forçar nada, mas deixar diferentes toquinhos com lixas pregadas neles, permitindo a possibilidade de entrar em contato com várias texturas, é um exemplo do que estou relatando aqui. Muitos pais e professores pensam que precisam gastar muito comprando materiais dos mais diversos tipos e que, como nem as escolas e nem as famílias possuem dinheiro suficiente para comprar estes objetos, então que seus filhos irão sofrer as consequências. Não é isto que estou dizendo aqui. Muitos objetos simples como garrafas de plásticos pequenas, devidamente vedadas e cheias de papéis picados coloridos, com bolinhas de vidro coloridas, ou bolinas de papel crepom coloridas servem como um rico material. Materiais simples vindos da natureza são ricos para serem explorados. Deve-se, apenas, tomar o devido cuidado para que estes não firam a boca das crianças porque, nesta idade, eles levam tudo à boca, já que percebem o mundo por meio dela. Outro exemplo são móbiles coloridos, em altura próxima ao berço, como importantes recursos visuais. Como veem, existem muitas possibilidades que não custam muito e que podem ser realizadas por vocês, pais e professores.


Entender que esta fase é importante e que devem ser sempre acrescentados materiais novos para que novos estímulos possam ser oferecidos é muito relevante. Se realmente querem que seus filhos e alunos sejam crianças que tenham facilidade de aprendizagem na vida, busquem sempre diversas situações significativas para que eles desenvolvam os seus sentidos desde bebês. O que não podemos achar é que a aprendizagem ocorrerá somente no período escolar,quando, na verdade, ela tem início dentro do útero materno e se estende por toda a vida!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A escrita do próprio nome: existe uma idade certa para aprender?

Esta pergunta me foi feita por uma mãe que tem uma filha de 3 anos frequentando uma instituição de educação infantil. Em sua opinião, a menina é muito nova e nem segura o lápis direito, mas as professoras estão forçando para que ela escreva seu próprio nome.

Algumas instituições realmente estão forçando as crianças na questão de alfabetização e começam pelo nome próprio. O que tenho a dizer sobre isto é que não existe uma idade correta; depende de cada criança. Forçar eu não concordo; mas se a criança apresenta alguma curiosidade e vontade de aprender, não vejo nada de errado. Precisamos entender que as crianças desta nova geração, logo no inicio de sua vida, são estimuladas pela própria família a ver em tablets, celulares e computadores, desenhos, figuras, músicas com desenhos e letras. Enfim, utilizam uma série de estímulos que as deixam desde cedo conectadas com o mundo exterior, e algumas despertam para querer aprender letras e até mesmo palavras; neste sentido é que não sou contra ensinar algo que a própria criança está interessada.

O que eu não sou a favor é de dar uma série de repetições de exercícios mecânicos para que a criança aprenda a escrever seu nome com 3 anos de idade. Na vida social constatamos que cada criança é única e depende de uma série de fatores para que ela se desenvolva e aprenda o que lhe traz interesse. Depende de como ela é educada na família e em outros ambientes onde ela vive e interage. Atualmente, contamos com uma variedade de estímulos e cada família os utiliza do jeito que acha conveniente.


Por isso, estipular idade certa para cada atividade acho muito perigoso, principalmente porque se alguma mãe lê ─ ou ouve ─ que a criança com tal idade tem que ter determinado comportamento e, por uma série de motivos seu filho não corresponde a estes, ela poderá pensar que ali existe um atraso, ou uma defasagem, quando, na verdade, não há! Cada um é cada um, dependendo da forma e das condições nas quais vive e interage socialmente. Sou contra pegar os estudos e pesquisas de Piaget, Vygotsky, Wallon, Brunner, dentre outros ─ que foram de grande importância por terem sido realizados em determinada época de nossa sociedade ─ e padronizar as crianças do mundo inteiro segundo esses estudos.  Vejam bem: as crianças possuem diferenças de desenvolvimento devido a sua cultura e local; então, querer padronizar é querer desrespeitar a cultura e a sociedade onde ela vive. Portanto, não existe uma idade certa para nada! Depende de cada criança e de sua cultura.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Agressividade, sinal de insegurança

Muitos adultos acham que a agressividade é algo ruim e eu concordo que, em exagero, é sim. Porém, é necessário entender por que a pessoa está agressiva. Qual sentimento ou emoção a está deixando desta forma? Neste mundo competitivo, a agressividade começa desde a hora que acordamos, seja por necessidade de competir no mercado de trabalho, seja por qualquer outro tipo de concorrência, enfim, para vencermos esse nosso dia a dia precisamos ter certa dose de agressividade, porque sem ela não conseguimos atingir nossos objetivos!

Toda criança que possui comportamentos seguidos de agressividade precisa de atenção imediata por parte dos adultos. É necessário descobrir o que está causando esse tipo de comportamento, já que a agressividade é uma defesa de todo ser humano.

Se há necessidade de se defender, é porque uma ameaça que tira a segurança dessa criança está acontecendo, de fato. Muitas vezes problemas familiares, econômicos e/ou sociais podem ser estas ameaças. E como muitas vezes nós, adultos, também não nos sentimos seguros em nossa vida cotidiana, acabamos por não querermos saber o que se passa com a criança, porque consideramos ser isso mais um problema que teremos que enfrentar.

Muitas vezes a agressividade é tão grande que a criança não consegue se concentrar no aprendizado por que seu pensamento não está na matemática, na língua portuguesa e sim naquilo que está lhe causando problemas no momento.


Entendam a agressividade como um fundo emocional de insegurança. Toda pessoa segura de si não agride ninguém porque nãos se sente ameaçada em nada, e não precisa provar nada porque se sente bem e segura. Segurança é a base para a aprendizagem positiva; toda criança precisa estar com suas necessidades básicas satisfeitas, e se sentir querida e aceita do jeito que é pelos adultos que a cercam. Ela precisa disso para se sentir tranqüila, em paz e, neste sentido, para aprender sem medo de errar. E então, quando errar, dar risadas de si e buscar o motivo que a fez errar, para que possa consertar seus próprios erros diante de um ambiente acolhedor e compreensivo. Ameaçar ou agredir alguém que está se sentindo inseguro é o pior comportamento que alguém pode ter em relação à agressividade! Isso só piora o quadro, em vez de ajudar! 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Aprendizagem pela experiência: conhecimento para a vida

Vivo me questionando sobre o que aprendemos, de fato, e aplicamos em nossa vida cotidiana, e o que pensamos que aprendemos, mas que, na verdade, são somente informações que esquecemos com o tempo.

Quando aprendemos algo, de fato, não esquecemos mais porque é significativo; por exemplo, aprendemos fazer a letra “A” e nunca mais esquecemos, sabendo e dominando esse aprendizado para o resto de nossa vida. Agora, quando um conteúdo que nos é ensinado e sobre o qual não sabemos para que ele nos servirá, teremos sobre este apenas informações imediatas e acabaremos por nos esquecer desse “aprendizado” com o tempo. Vou dar um exemplo: lembro-me de ter estudado muito sobre Portugal no ensino fundamental, porém, só adquiri conhecimento, de fato, quando visitei o país, tendo a certeza de que muito que aprendi naquela ocasião, não coincide com a realidade.

Neste sentido é que digo e afirmo que o nosso currículo, desde o ensino fundamental até o ensino superior, precisa ser revisto; além do conteúdo a ser revisto, precisamos também entender como estudar para gerar conhecimento e não informações apenas.


Conhecimento é para o resto da vida, informação é para um período de tempo. Conhecimento é real e informação nem sempre, pois adquirimos de algo ou de alguém que pode deturpar os fatos segundo a sua perspectiva. Portanto, repensem o que se ensina e para quê se ensina. Esta é a aprendizagem pela e para a experiência chamada vida.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Entre a experiência e a informação

Muitas vezes pensamos na educação como uma maneira de verdadeiramente formar alguém, de modo a que o conhecimento adquirido ─ seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Superior ─ represente algo significativo, verdadeiro e que agregue condições reflexivas para se pensar sobre a realidade, as culturas, as pessoas...

Vou contar um breve relato que vivenciei em outubro do ano passado, quando visitei escolas em Portugal: cheguei toda empolgada para contar para minhas alunas do curso de Pedagogia o que tinha visto, como era o sistema público de ensino, da Educação Infantil até o nosso Ensino Médio, enfim... Levei um banho de água fria quando uma aluna me perguntou se aquele conteúdo cairia na prova e que, se caso se ela faltasse, se iria ficar com falta.  Na hora fiquei indignada com tamanha estranheza por alguém do curso de Pedagogia não querer conhecer sobre outras culturas educacionais, principalmente por uma cultura que tem muito a ver com a nossa história!

No entanto, depois acabei refletindo, e constatei que esta e outras alunas do curso não conhecem direito nem a cidade onde vivem, e nem como funciona o sistema educacional do Brasil... trabalham arduamente durante o dia e estudam à noite, a maior parte delas têm marido e filhos pequenos... então, por que se interessariam por algo fora de sua realidade, por algo que é impossível de ser alcançado devido à condição material atual de um aluno de curso noturno e trabalhador, que mal consegue pagar pelas cópias das apostilas solicitadas pelas disciplinas que está cursando, ou mesmo pelas passagens de ônibus para ir à faculdade? 

Percebi o quanto o que eu queria trazer como relato de uma experiência vivida por mim seria algo extremamente distante para ela, porque o mais importante naquele momento  ─ infelizmente ─ era conseguir dar conta de estar presente nas aulas e de conseguir fazer as provas!  Refleti que o erro foi meu de querer que ela e outras alunas conhecessem outras culturas educacionais, mas que isso só lhes serviria de informação! No meu caso, entretanto, ter ido estudar, na prática, por meio da experiência outro modelo de ensino, fez e faz todo sentido para aquilo que quero alcançar em minha vida profissional! Para mim, tudo o que vi acabou se transformando em conhecimento para a minha vida e, para ela, toda a narrativa serviria somente de informação.

Espero que um dia possamos ter, nos cursos de formação de professores, mais tempo para realizar experiências concretas de conhecimento. As alunas, futuras professoras, merecem isso!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Currículo: informação ou conhecimento

Currículo, segundo o dicionário informal da Web (WWW.dicionarioinformal.com.br) é um conjunto de dados relativos a um tema especifico, organizados para orientar atividades e formas de executá-las em sua finalidade. Geralmente exprime e busca concretizar intenções. No caso da educação, de uma forma geral, a intenção é que ocorra aprendizagem, e que esta sirva para ser aplicada, de fato, na vida de alguém. Portanto, o Currículo está sendo revisado atualmente no Brasil pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Existe uma série de polêmicas em torno deste novo documento que sairá em breve. Estive analisando e, mesmo com as “inovações” propostas, ainda é um Currículo que em meu conceito grande parte do conjunto de dados oferecido nacionalmente somente servirá de informação para os alunos e não efetivamente se transformará em conhecimento; isso porque alguns conteúdos não poderão ser estudados pela experiência, pois tratam de fatos históricos e não condizem com a necessidade de uma criança que mora em um determinado local, distante da história do começo da civilização humana.

Estudar a história vendo monumentos históricos de um determinado século, antes ou depois de Cristo, é algo que se aprende pela experiência. Agora, ler em livros didáticos, muitas vezes com ilustrações que mais parecem aberrações do que, de fato, a correspondência com a realidade, em nada agrega ao aprendizado de uma criança, ou adolescente, pois é distante da realidade deles.


Por isso, repensar o Currículo e entender o que, de fato, é relevante para determinada comunidade ─ e neste sentido jamais poderia ter um currículo nacional comum a todas as escolas ─ é algo muito importante e amplo para se estudar. Deveríamos ter um currículo que pudesse ser adaptado conforme a realidade local, visando gerar conhecimento, de fato, e não informação. Mas parece que meus colegas que participam deste documento estão preocupados em assegurar mais informação do que conhecimento... Será que eles sabem a diferença entre um e outro?