sábado, 31 de março de 2012

O que você vai ser quando crescer?

Uma cantora, talvez...
Comecei este texto com uma pergunta, porque é muito frequente ouvi-la nas instituições de educação infantil e na família, e precisamos refletir sobre isso com consciência e seriedade. Fico questionando-me: será que uma criança pequena tem a obrigação de já saber qual profissão terá na fase adulta? Não é um exagero, por parte da família e da escola, fazer esta pergunta a uma criança de 4 ou 5 anos de idade? Para mim, parece absurdo!
Pior é quando os pais e familiares começam uma lavagem cerebral em seus filhos(as), escolhendo a profissão que eles gostariam que seus filhos(as) tivessem, não deixando que os pequenos vivam e façam suas escolhas, de acordo com as habilidades e competências de cada um.
Conheço algumas pessoas que cursaram uma faculdade, não porque queriam, mas porque os pais obrigaram, e depois de formados, entregaram seus diplomas aos familiares e seguiram suas vidas. Então questiono: a vida é tão curta, por que desperdiçar tanto tempo e dinheiro? Ainda bem que alguns conseguem sair dessas armadilhas, mas não são todos que conseguem fazer isso. Com certeza, os que não conseguem seguir suas escolhas, viverão infelizes na profissão e na vida, porque não foi respeitada a escolha, e sim, a projeção dos pais em uma carreira brilhante.
Projetar nos filhos as frustrações é bastante comum, não só no que diz respeito à profissão, mas também, em outros sentidos, como na prática de esportes e até mesmo na vida sentimental. Seria tudo tão mais simples e fácil, se os familiares entendessem que cada um tem de escolher uma profissão, a partir do que pensa, sente e dentro daquilo de que gosta. Fazer o que cada um gosta é tão prazeroso, e isto é a verdadeira felicidade.
Para que complicar a vida dos outros, se já é tão difícil ter de ganhar dinheiro para a sobrevivência diária. Para que viver na superfície da vida, na aparência e não viver de acordo com o seu eu, com sua essência de ser humano. Porque projetar nos outros as frustrações e não sair em  busca daquilo que realmente faz a pessoa feliz, seja em qualquer etapa da vida.
Deixem que as crianças sejam elas mesmas e vivam a infância. Educar e cuidar para que elas tenham seu bem-estar e direitos garantidos é nossa obrigação. Esse período da infância é tempo de brincadeiras, de experimentações, de vivências, de ampliar sua maneira de pensar, sentir e agir no mundo, por meio do conhecimento acumulado nas diversas culturas.
Não é tempo de pensar o que vai ser quando crescer, mas é tempo de viver o agora intensamente.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Festa de Aniversário: para as Crianças ou para os Adultos?

Quantos de nós já não fomos a festas de aniversários de crianças pequenas e ficamos nos perguntando o tempo todo: Esta festa é para a criança ou é a realização da família? Quero deixar bem claro que não sou contra festas infantis. Apenas vamos refletir sobre a necessidade e o entendimento desta comemoração para as crianças pequenas.
Com um ou dois anos de idade, as crianças não entendem o que significa uma festa. Sei que muitos fazem o que podem e o pior, às vezes, o que não podem para realizar esta comemoração, tirando fotos, enfim, para guardarem de lembrança. Mas, em minha opinião, seria mais interessante deixar para fazer isso quando haja um significado para a criança e não para o adulto, ou seja, quando ela realmente entender o sentido do que seja um aniversário.
Com três anos de idade, a criança presta mais atenção aos brinquedos do que para a festa em si. Já com quatro de idade começa a se formar a vontade de ter uma festa. Mas é aos cinco que ela irá gostar e lembrar-se deste dia. Nesta idade, ela já escolhe o tema que gosta, participará, se deixarem, é claro, da escolha do que será servido para comer e beber. Enfim, participará da elaboração da sua própria festa.
Por que digo: se deixarem a criança escolher? Porque, muitas vezes, as escolhas das crianças são podadas e a festa não é delas e nem para elas, mas sim, para os pais e familiares. Entendo que os pais e familiares, algumas vezes, não tiveram em sua infância uma festa e agora que podem, querem fazer a de seus filhos. Ainda mais agora, que as festas estão cada vez mais sofisticadas e as indústrias, deste setor, elaboram produtos mirabolantes para atrair seus consumidores. Mas, como tudo na vida precisa ter significado, atentem para que o real sentido da festa seja para a criança.
Outra questão importante: quebrar o orçamento familiar para realizar a festa dos sonhos não é uma atitude inteligente. Se você quebrar o orçamento para mostrar ao outro aquilo que não tem, estará ensinando seu filho(a) a ser hipócrita. Hoje pode ser uma festa, e amanhã, o que ele(a) pedirá ou exigirá? Vivam e festejem de acordo com o que tenha um significado real para as crianças. Elas não serão frustradas porque não tiveram uma festa quando pequenas, mas saberão viver equilibradamente dentro de um orçamento para sua vida toda.
Nós adultos também não temos tudo o que desejamos e nem por isso somos pessoas infelizes. Aliás, felicidade está em ser, e não, em ter.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Hora de Dormir: o que Fazer?

Caros pais e familiares, este texto é para que vocês possam refletir sobre suas atitudes com relação à hora de dormir das crianças. Muitas vezes, cometemos alguns erros por falta de conhecimento ou, até mesmo, porque repetimos o que fizeram conosco quando crianças.
Algumas crianças podem apresentar certa resistência para dormir, querendo ficar acordadas até mais tarde, para assistir a um filme, brincar no vídeo game, entre outros. E, na maioria das vezes, nós adultos temos horários rígidos para dormir, porque no dia seguinte temos de trabalhar cedo. Esta situação é enfrentada por muitos pais e mães. O que fazer nestas situações?
Toda criança precisa de horários regulares de sono, pois o organismo necessita disto para ser saudável. Chantagens e ameaças não levam a lugar algum, pelo contrário, só instigam comportamentos que depois, você não saberá mais como lidar.
O melhor a fazer é conversar com a criança sobre a importância do sono. Para quem tem filhos pequenos, estes devem estar se perguntando: Mas meu(ia) filho(a) ainda não entende? Como farei isso? Vou dar algumas dicas para vocês.
Uma delas é colocar música instrumental, bem baixinho, pois relaxa a mente e o sono vem.  Você também pode cantar músicas infantis, mas cuidado, pois algumas podem causar medo para as crianças e no lugar de dormir elas vão adquirindo hábitos de insegurança. Pensem na música, por exemplo, do Bicho Papão. Esta música pode causar medo ao invés de sono. Para algumas pessoas isto parece ilógico, mas não é. Para algumas crianças isso não vai fazer diferença nenhuma, mas para outras, pode causar medo e até pânico.
Então, por que no lugar de ajudar a criança a dormir, causamos mais problemas ainda nessa hora que deveria ser de total relaxamento? Pensem em suas atitudes!
Outra dica é fazer massagens nos pequenos, mas aprenda a fazer isso direito, existem massagens específicas para crianças pequenas, isso ajuda muito a relaxar. Ainda mais se seguida de um som agradável. Só cuide para que você não durma antes de seu(ua) filho(a), porque é bem provável que você também se sinta relaxado e possa dormir antes mesmo do que a criança, isso pode ser perigoso.
Horário de dormir é um momento que tem de ser calmo, sem estresse. Os problemas com o sono quando adultos podem ter sido causados na infância. Não entenda errado! Não disse que todos os problemas de sono quando adultos foram causados quando crianças, mas podem ter sido. Horário de sono deve ser prazeroso, pois é uma necessidade de todo organismo para recompor as energias vitais, e é necessário.
Se alimentar demais no horário de ir dormir também pode atrapalhar o sono, cuide da alimentação saudável nesse período, para que os pequenos durmam tranquilos e você também.
Brigas, xingamentos, ameaças, chantagens, violência física, comida e bebida em excesso, músicas erradas não ajudam em nada nesse momento, pelo contrário, só pioram a situação. Podendo ser prejudicial, não somente para aquele momento, mas para a vida toda. Pense e reflita sobre suas atitudes!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Rotina para Crianças Pequenas: Benefícios e Respeito ao Ritmo de cada Criança

Toda instituição de educação infantil possui uma rotina, até mesmo, porque é necessário ter organização na alimentação, na limpeza dos espaços utilizados, enfim, uma série de fatores que interferem no dia a dia de uma instituição.
Concordo que uma instituição tenha de ter uma rotina, mesmo porque a criança pequena precisa dela, até para se sentir segura. Mudanças a todos os momentos, para quem ainda está em formação de hábitos pode ser um pouco complicado, até nós adultos podemos nos sentir inseguros quando saímos de nossa rotina, imagina uma criança pequena.
Mas o que me preocupa é outra questão, esta rotina respeita o ritmo de cada criança ou impõe uma padronização de comportamentos?
Crianças pequenas em instituições de educação infantil precisam dormir, ir ao banheiro, se alimentar, brincar, enfim, existe uma série de atividades permanentes e outras variadas que precisam ser respeitadas. Uma criança não pode ser acordada somente porque é o horário de comer, por exemplo. Cada organismo tem um ritmo, tem um horário, e isto precisa ser respeitado, para que o desenvolvimento e o bem-estar das crianças aconteçam de forma saudável, sem danos a saúde física e mental.
Como fazer se em uma instituição falta um espaço adequado e pessoas para que as crianças possam dormir e acordar quando for necessário, comer quando estão realmente com fome e não porque outras pessoas determinam o horário? Isto é mais uma luta que temos de travar perante os governantes municipais. Uma instituição de ensino deve ter espaços garantidos como indicam os Subsídios para Credenciamento e o Funcionamento das Instituições de Educação Infantil (http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/scfiei.pdf). Cabe a toda a sociedade fiscalizar, para que todas as instituições de educação infantil sejam realmente construídas atendendo aos direitos fundamentais das crianças brasileiras.
Escrevo este texto querendo, realmente, que todas as famílias conhecessem este documento sobre a importância de uma rotina com espaços que possam, de fato, garantir que cada criança durma dentro do horário conveniente para seu organismo e que se alimente quando realmente necessário e de forma saudável.
Sei que para isso ocorrer, maiores investimentos precisam ser realizados, principalmente, em se tratando de instituições públicas, mas necessárias para um atendimento que respeite os direitos e o ritmo das crianças. Algumas instituições mal oferecem o básico necessário para este atendimento, e as famílias, muitas vezes, nem sabem que isto existe, e pior, sentem-se até aliviadas quando seus(uas) filhos(as) estão matriculados, porque em alguns lugares deste país, a demanda de fila de espera para que as crianças ingressem nas instituições de educação infantil é grande.
Uma educação infantil que respeite a individualidade e o ritmo é o ideal para que nossas crianças se tornem adultos saudáveis física e mentalmente.

terça-feira, 27 de março de 2012

Resgatar Jogos, Brinquedos e Brincadeiras Tradicionais com Roupagem Atual

Alguns discursos, na área da educação infantil, vêm sendo traçados, na medida em que devemos resgatar os jogos, brinquedos e brincadeiras tidas como tradicionais. Brinquedos como: pião de madeira; papagaio de papel, pipa, pandorga ou raia; brincadeiras de bolinha de sabão; amarelinha; cantigas de roda; pé de lata, entre outras tantas são consideradas como tradicionais dentro da educação infantil.

Precisamos refletir sobre isto, porque o que foi importante para uma geração pode não ser mais interessante para outra, e forçar isto dentro da educação infantil como sendo algo relevante, só porque é “moda” ou um “movimento” pode ser perigoso, sem sentido e significado para a geração atual. E na educação precisamos sempre pensar em aprendizagens significativas. Não que sou contra resgatar estes jogos, brinquedos e brincadeiras, não é isso!
Vivenciei uma situação muito interessante em uma creche. As estagiárias do curso de Pedagogia quiseram fazer a brincadeira Pé de Lata com as crianças, para que todos pudessem brincar. Pois bem, latas foram encapadas e furadas, colocado barbante para que todos pudessem se equilibrar. Dia de sol, todos na quadra, parecia tudo perfeito. Estagiárias animadíssimas e professoras também, crianças saltitantes porque estavam em outro espaço e mais livres.
Na hora da brincadeira, algumas crianças nem deram bola para o brinquedo, e resignificaram o objeto brincando como se estivessem empurrando  carrinhos. Enquanto isso, as professoras e estagiárias que vivenciaram esta brincadeira na infância, se deliciavam em momentos de alegria, resgatando, em suas memórias, situações significativas para elas. Fiquei só observando, e sei que elas não estavam erradas e nem fizeram isso com esta intenção, apenas queriam que as crianças também tivessem em sua memória, quando adultas, as lembranças boas, mas não era isso o episódio que acontecia com as crianças.
Fiquei questionando: as crianças de hoje podem até brincar ou resignificar os brinquedos tradicionais, mas para elas que nasceram e vivem na era tecnológica, isso talvez não seja relevante, e possa parecer até estranho andar em cima de latas.
É outra época, outra geração, outro momento econômico, social, político, histórico e tecnológico. Reinventar estas brincadeiras com outra roupagem, talvez fosse mais interessante para as crianças, se elas gostassem de brincar! Já estão fazendo isso com os brinquedos, por exemplo, o pião de madeira agora dá lugar ao pião de plástico que acende luzes, muda de cor etc. O mesmo acontece com a bolinha de sabão. Quando eu era criança, nós brincávamos com bolinha de sabão, com um copo de água com detergente e o canudo era a folha de mamona, hoje existe um recipiente plástico que contém o líquido e as crianças somente assopram. Existe outro tipo de brinquedo hoje no mercado, que particularmente não gosto, que é uma pistola que você aperta e sai bolinhas de sabão, parece um revólver, ou melhor, é um revolver de bolinha de sabão. Isto merece uma reflexão, pois em uma sociedade tão violenta, um brinquedo como este que parece ser inocente, pode acabar incentivando a violência.
Mas voltando ao assunto, o que pode ser interessante para os adultos, para as crianças não é e vice-versa. Perceber estas sutilezas é necessário para que se possa trabalhar com a aprendizagem significativa para as crianças. Também não pode ser abandonado o passado, então porque não mostrar, por exemplo, quando brincar de bolinha de sabão, como era realizada esta brincadeira no passado e as opções que temos hoje, isto é, mostrar a evolução, a história viva, isso é resgatar a memória e trabalhar com significância, porque é mostrar e vivenciar todo o processo de mudança que nossa sociedade vive e que não tem mais volta.  

segunda-feira, 26 de março de 2012

Trabalhando as Múltiplas Linguagens na Educação Infantil

Muito se tem falado hoje, na educação infantil, em se trabalhar as múltiplas linguagens das crianças. A escola italiana da cidade de Reggio Emilia, inspirada no trabalho do educador Loris Malaguzzi, destaca e vivencia as cem linguagens das crianças no cotidiano e na cultura infantil.
Mas o que, de fato, significa trabalhar as “Cem Linguagens” das crianças? Significa que devemos educar ensinando e cuidando para que as crianças possam maravilhar-se com o impossível, experimentando, investigando, descobrindo, fantasiando e criando sua cultura infantil.
Mas será que os pais e as instituições de educação infantil, aqui no Brasil, deixam que as crianças vivenciem estas descobertas ou simplesmente adestram as crianças para que elas possam responder àquilo que os pais e professores desejam?
Vivenciei uma situação em uma instituição de educação infantil, na qual até hoje me recordo e quero aqui compartilhar essa história, para que vocês possam refletir sobre as ações tomadas no dia a dia com as crianças pequenas.
Era Dia das Mães e a professora entregou um coração recortado por ela, para que cada criança pudesse desenhar sua mãe. Todos começaram seus desenhos, no final da atividade, a professora pediu que todos entregassem o que tinham feito. Bem, para a professora, o que aquelas crianças tinham realizado não estava bom, afinal, era o cartão para o dia das Mães. Ela recortou novamente os corações, entregou as crianças, e disse a elas: Eu vou desenhar na lousa e vocês vão seguindo o que eu faço. Bem, para encurtar a história, ela arrecadou os desenhos e disse: Agora sim, está bem melhor! Não quero, com esta história, condenar a atitude da professora, porque provavelmente alguém em algum dia em sua vida também já tinha feito isso com ela, e isto pode não ter causado nenhum dano a ela.
Mas esta maneira de trabalhar com as crianças, é promover as linguagens das crianças? É desenvolver sua criatividade ou podá-la? É valorizar as crianças ou simplesmente dizer a elas tudo o que você faz não serve para nada, mas o que eu faço, isso sim, é bom?
Por outro lado, as mães que recebem um desenho desses no “Dia das Mães” sabem, de fato, o que aconteceu no processo deste desenho, ou simplesmente acha lindo, abraça, beija, se emociona com o que o(a) filho(a) entregou?
Atitudes de adestramento para com as crianças, não contribuem e nem educam para o seu desenvolvimento integral e integrado, porque a criatividade, a emoção, a fantasia, a imaginação foi podada. Nesta história, em específico, a preocupação da professora era que as mães gostassem do que iriam receber, da aparência e não da essência em si. Era mais importante um produto apresentável do que o processo como ele foi desenvolvido. Aposto que se as mães soubessem do fato, o mais importante era justamente o contrário. Ainda mais em se tratando desta data. Para as mães, o que os filhos fizessem ou como fizessem era suficiente, porque o que está sendo demonstrado ali é o carinho, o amor, o afeto, e não o contrário.
Pais, mães e professores ligados a instituições de educação infantil, não acabem com as “Cem linguagens das crianças pequenas”...

domingo, 25 de março de 2012

Não Pode, Não Pode, Não Pode...

Presenciei um fato, que preciso escrever, para que todos reflitam suas atitudes com crianças pequenas. Estava no aeroporto, na fila de passagens e atrás de mim, uma criança de 5 anos acompanhada de sua mãe. A criança queria o celular da mãe para brincar, ela deu e disse: Brinque agora, porque depois, quando estivermos no avião, o celular ficará desligado. A criança muito esperta, perguntou: Por que no avião não pode ficar com o celular ligado? A mãe respondeu: Porque não pode! Insatisfeita com a resposta, a criança pergunta novamente: Por que não pode? E a mãe, na correria do embarque, responde novamente: Não pode, porque não pode, já falei! A criança insiste. Por que não pode? E a mãe sem saber o que falar, disse assim: Porque o avião cai. A criança começa a chorar e a mãe perguntou por que ela estava chorando. A criança respondeu: Estou com medo, e se alguém deixar o celular ligado sem querer, o avião vai cair! Não vou mais nele.
Vamos refletir juntos... A criança pequena precisa de explicações lógicas. Esta mãe deveria ter tido paciência e ter explicado a lógica do aparelho, que é avisado para que todas as pessoas desliguem os celulares, enfim, deveria ter conduzido esta resposta de outra maneira, isto evitaria o medo e mais transtornos para ela mesma. 
Mas a pressa do embarque era tanta, que ela não tinha tempo para responder ao seu próprio filho. A pressa, em algumas situações, vira inimiga, porque a choradeira e a vergonha do escândalo foi maior do que se ela tivesse explicado com coerência, a verdade para a criança. Esta criança estava tranquila e somente perguntando algo de sua curiosidade, e se tivesse sido explicado os fatos de forma objetiva e clara, tudo estaria resolvido.
Os “não pode, não pode, não pode”, e o que é pior, depois dar uma resposta curta para acabar com a conversa, acaba gerando um problema ainda maior. No caso explicitado, a mãe descontrolada ainda ameaçava a criança dizendo que deveria parar e que quando chegassem em casa, ela ficaria de castigo.
Eu via a cena e pensava, a mãe está piorando a situação, cada vez mais, mas também não iria intervir, pois cada um sabe como educar seu filho (a).
Mas o que quero que vocês pensem é que, muitas vezes, uma resposta errada de um adulto é que causa todos estes transtornos no diálogo com a criança. Pergunto-lhes: Quem está certa nesta atitude? Com certeza este conflito poderia ter sido evitado, se a mãe tivesse tido discernimento no momento e respondido de forma real.
Qualquer adulto leigo, com uma resposta dessas, não entraria no avião e ficaria com muito medo. Ainda mais uma criança que não entendeu a lógica dos fatos e nem o porquê do avião cair, caso ele ou outras pessoas não desligassem seus celulares.
Para uma criança, devemos explicar o porquê dos fatos, com lógica e realidade. Dizer simplesmente “não pode, não pode, não pode”, não é explicar à lógica, é muito complicado. Temos que perceber se não são os adultos que causam os conflitos, porque não sabem o que dizer para as crianças, e depois reclamam que o(a) filho(a) faz pirraça e desobedeceu em lugares públicos. Revejam suas ações!

sábado, 24 de março de 2012

Infância e Educação Infantil: Novos Tempos, Olhares e Relações

Vivemos um período da humanidade que devemos refletir sobre o que estamos fazendo com a educação das crianças pequenas. Por que digo isto? Porque esta geração que está nascendo, é uma geração que questiona e que não aceita respostas sem lógica. Eles são muito espertos. Convivo com crianças de 3 e 4 anos de idade que já mexem em computador, já sabem o que é um mouse, etc. Como educar esta geração tecnológica com uma educação arcaica, que muitas vezes aliena e não educa?
Isto é um dos grandes desafios enfrentados, atualmente, na Educação brasileira, se com 4 e 5 anos eles já questionam tudo, o que dizer do ensino fundamental, médio e superior. Por este motivo precisamos de medidas rápidas, mas como tudo em nosso país, isto não é urgente!
Uma educação que transforma, que educa de fato e que não aliena, precisa ser praticada, mas como fazer isto se a educação está alienada? Se professores não são valorizados, se a profissão não está em evidência? Evidência são profissões que ganham dinheiro e, de preferência, rápido. Mas se esquecem de que, para cursar um Bacharelado de Direito, por exemplo, é necessário anteriormente ter estudado com Pedagogos.
Portanto, repensar a educação infantil de maneira que possamos realmente fazer a diferença neste país, requer responsabilidade, consciência, vontade política, econômica e social. Não dá mais para varrer para debaixo do tapete as sujeiras e esconder o que não está limpo. Precisamos varrer a sujeira de maneira que a educação neste país tome novos rumos, novos olhares, novas relações.
Porém, novos rumos para uma educação infantil qualidade é muito importante, e que não seja apenas um depósito de crianças para as mães que trabalham fora. A educação Infantil na Constituição Brasileira deixou de ser um direito das mães e passou a ser um direito das crianças. Mas me questiono: Será que isto está acontecendo de fato em nossas instituições públicas de Educação Infantil?
Novos olhares devem estar pautados para educar e cuidar dentro de uma proposta científica, que busque trabalhar com planejamento de projetos, na qual a cientificidade dos fatos e acontecimentos seja testada, experimentada, vivenciada e concluída, de forma a contribuir para o desenvolvimento cognitivo e afetivo de forma integral e integrada. Que o pensamento seja, por meio de uma lógica, realmente desenvolvido, ampliado, diversificado e sistematizado, em forma de conhecimento e não de informação.
As relações que se buscam nesta educação infantil são relações saudáveis, na qual escola, família e criança seja a tríade de complementaridade, de respeito mútuo, de pensar, sentir e agir em conformidade, em concomitância, porque senão, quem poderá ter prejuízos de aprendizagem é a criança, e sua infância poderá ser prejudicada. Uma vez ocorrendo perdas neste período da primeira infância, poderá ser de extrema significância para sua vida adulta.
A sociedade, os políticos, os empresários e as instituições de ensino como um todo precisam olhar, pensar, sentir e agir de forma diferenciada diante da diversidade que as culturas infantis exigem, mas sempre levando em consideração que isto nada mais é do que um direito de toda criança brasileira, ter uma educação de qualidade e não uma educação depositária.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Desenvolvimento da Autonomia na Educação dos Pequenos

Quando nascem as crianças dependem dos adultos para sua sobrevivência.  Comer, beber, vestir, fazer a higiene pessoal, enfim precisam de cuidados básicos para a saúde física. Aos poucos, os pequenos vão adquirindo novos comportamentos e com mais autonomia vão aprendendo a ser e estar no mundo.  Mas, para que isto ocorra de forma saudável, os adultos precisam ensinar, educar e cuidar das crianças. Surge então um questionamento: O quê significa: ensinar, educar e cuidar?
Significa que cabe aos adultos ir ensinando a engatinhar, a andar, a falar, a segurar sozinho(a) a mamadeira, depois o copo, e assim ir educando. Alguns cuidados são necessários tais como: observar se os objetos estejam corretamente adequados a idade. Agora, mimar demais, achando que a criança não é capaz de realizar algumas tarefas como, por exemplo, com 4 e 5 anos a servir sua comida no prato, isto não é educar. Sei dos perigos existentes, e neste sentido, o cuidar se faz primordial, porém sem exageros.
Deixe que a criança com 4 e 5 anos comece a servir sua própria comida, segure em sua mão se for necessário, deixe-a experimentar se servir, não brigue com ela se colocar comida demais e depois não conseguir comer tudo. Explique: uma, duas, três, quatro, cinco até mil vezes se for preciso para que ela adquira a aprendizagem da quantidade suficiente para seu organismo, mas como irá adquirir este comportamento se não vivenciá-lo.
O que sobrar no prato nas primeiras tentativas deve ser dialogado para que a criança entenda que deve ser colocada uma quantidade suficiente para se alimentar e se precisar poderá se servir mais vezes. Agora, forçar a criança a comer tudo o que colocou no prato ameaçando-a não brincar se não comer tudo, isto não é educativo, pelo contrário isto é ensinar chantagem. Além do que, ela pode até passar mal por ter que se alimentar em demasia ou então poderá ficar gravado em sua mente uma atitude agressiva no ato de se alimentar, podendo quando adulta possuir algum tipo de distúrbio alimentar.
Pais e professores cuidado com suas atitudes na formação da independência das crianças pequenas, elas precisam adquirir autonomia, de maneira saudável e com responsabilidade. Autonomia com responsabilidade significa saber o que está fazendo e isso precisa ser ensinado de maneira correta, objetiva, explicando a lógica dos fatos e não com ameaças, punições, chantagens.
A criança precisa entender o que está fazendo para ir se tornando autônoma e isto denota paciência, carinho, compreensão, experiência. Como vai aprender a se servir se não faz isso nem em casa e nem na escola? Experimentar é a palavra-chave de todo o aprendizado com significado. Aprendizado para a vida!
Experimentar é adquirir hábitos, para isso, a criança precisa sentir, analisar, comparar, praticar. Só aprendemos na vida por meio de tentativas, por exemplo, se hoje ela serviu muita comida, depois que você explicou, conversou, amanhã ela poderá se servir menos e assim sucessivamente. A criança precisa de limites sem proibições para vivenciar novas sensações e sentimentos de que pode errar sem medo de ser punida.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Familiares e Professores: Olhar, Pensar, Sentir e Agir de Forma Sensível com os Pequenos

A busca do olhar sensível... Sensibilidade significa no dicionário da web (http://www.dicio.com.br/sensibilidade/) s.f. Capacidade de sentir... Ser sensível com os pequenos não significa fazer tudo o que a criança quer, na hora que ela quer, quando ela quer, isto é, mimá-la e não educá-la.
OLHAR SENSÍVEL...
A sensibilidade envolve a característica de olhar para esta criança como criança e não como um adulto em miniatura. É respeitá-la como criança garantindo seu bem estar físico, emocional e social. Criança tem que ter infância. Infância é uma categoria social, portanto, criada pelos homens e que tiveram vários significados ao longo da história da humanidade. O conceito de criança também modificou ao longo da história da humanidade. 

 Infância saudável é aquela que a criança pode ser ela mesma, viver este período intensamente, e, para isso, ela precisa brincar. Brincar com a imaginação, com materiais recicláveis, de bolinha de sabão, de tomar banho de mangueira, com jogos de encaixe e eletrônicos. O ofício da criança se assim posso chamar é brincar.
Mas, deixamos as crianças serem crianças ou muitas vezes cobramos delas comportamentos de um adulto. Estimulamos seu pensamento cognitivo, sua forma afetiva de ser ou educamos ensinamos para serem adultas. A criança é espontânea, com elas não existe meio termos ou elas gostam ou não de determinadas     pessoas e/ou situações. E nós adultos ensinamos, educamos para que elas sejam elas mesmas ou para serem aquilo que os outros querem que elas sejam.
Mas cuidado não estou querendo aqui dizer que as crianças tenham que ser mal educadas, não é isso. Mas sua essência deve ser preservada. A essência de ser criança, de ter seus direitos garantidos. A Declaração dos Direitos da Criança tem como princípios:
1º Princípio - Todas as crianças são credoras destes direitos, sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, condição social ou nacionalidade, quer sua ou de sua família;
2º Princípio - A criança tem o direito de ser compreendida e protegida, e devem ter oportunidades para seu desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, de forma sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. As leis devem levar em conta os melhores interesses da criança.
3º Princípio - Toda criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade.
4º Princípio - A criança tem direito a crescer e criar-se com saúde, alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequadas, e à mãe devem ser proporcionados cuidados e proteção especiais, incluindo cuidados médicos antes e depois do parto.
5º Princípio – A criança incapacitada física ou mentalmente tem direito à educação e cuidados especiais.
6º Princípio – A criança tem direito ao amor e à compreensão, e deve crescer, sempre que possível, sob a proteção dos pais, num ambiente de afeto e de segurança moral e material para desenvolver a sua personalidade. A sociedade e as autoridades públicas devem propiciar cuidados especiais às crianças sem família e àquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas.
7º Princípio – A criança tem direito à educação, para desenvolver as suas aptidões, sua capacidade para emitir juízo, seus sentimentos, e seu senso de responsabilidade moral e social. Os melhores interesses da criança serão a diretriz a nortear os responsáveis pela sua educação e orientação; esta responsabilidade cabe, em primeiro lugar, aos pais. A criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo deste direito.
8º Princípio – A criança, em quaisquer circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber proteção e socorro.
9º Princípio – A criança gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, abandono, crueldade e exploração. Não deve trabalhar quando isto atrapalhar a sua educação, o seu desenvolvimento e a sua saúde mental ou moral.
10º Princípio - A criança deve ser criada num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência que seu esforço e aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes.
Preservar a essência de ser criança e garantir estes princípios, acima expostos, só será possível quando os adultos olharem, sentirem, e agirem com o olhar sensível, capazes de ver a essência do que seja criança e infância no mundo atual.

quarta-feira, 21 de março de 2012

As Relações entre Creche e Família: Complementaridade na Educação dos Pequenos


Muito se discute atualmente em nossa sociedade sobre a educação das crianças pequenas. Mas de quem é esta responsabilidade? Da instituição de ensino (creches e pré-escolas) ou das famílias?
Em termos legais, a Educação Infantil tem função complementar à ação da família e da comunidade, conforme prevê a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que significa que a instituição e a família precisam ser parceiras na educação dos pequenos. A minha preocupação se insere na perspectiva de que essa relação tem de ser saudável. Muitas vezes isso não acontece, pois fica um jogo de “empurra-empurra”.
Por um lado, os pais acham que a escola tem de ensinar tudo, porque eles não têm tempo, estão trabalhando. Por outro lado, a escola também não está dando conta de todas as funções que passou a agregar nos últimos tempos. Por este motivo é importante que exista a complementaridade. Todos são responsáveis direta ou indiretamente pelo educar e cuidar ensinando as crianças pequenas, para que se tornem adultos saudáveis.
A qualidade destas relações precisa ser pensada e repensada por todos os envolvidos, pois os pequenos são seres em formação, que merecem todo o nosso respeito e carinho, para que se desenvolvam de forma integral e integrada. As crianças dependem da intervenção dos adultos com os quais se relacionam. E esta intervenção não pode se dar de forma desequilibrada, porque ambas precisam estar em conformidade e em sintonia. A escola não pode ensinar de um jeito e a família de outro.
Isto poderá causar uma confusão na cabeça da criança e ela não saber qual rumo tomar, qual atitude está correta, porque, para a criança, todas as pessoas que educam, cuidam e ensinam são importantes, cada qual com seu papel definido. Essa conformidade não significa que escola e família concordem com tudo, não é isso. Vou dar um exemplo: se a escola trabalha na alfabetização com uma metodologia, em casa quando as crianças fizerem suas lições, a família também deverá auxiliar os pequenos da mesma maneira, porque senão poderá haver dificuldades de aprendizagem. Não porque as crianças não sabem, mas porque elas ora aprendem de uma maneira e ora de outra. Família e Instituição de Educação Infantil devem estar em complementaridade e sintonia. 

terça-feira, 20 de março de 2012

Estimular, Ampliar, Diversificar e Sistematizar o Repertório Cultural das Crianças na Educação Infantil

 
O título deste texto expressa o objetivo que deve ser considerado por professores de Educação Infantil, com crianças de zero a cinco anos. Comecei pelo objetivo para que todos possam entender que a educação infantil tem uma intencionalidade, porque a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação Infantil faz parte da Educação Básica. Portanto, tem um objetivo a ser cumprido por todos os profissionais das creches e/ou pré-escolas.
Vocês devem estar se perguntando, mas como fazer para desenvolver este objetivo?
Por meio de jogos, brinquedos e brincadeiras podemos desenvolver este objetivo no cotidiano da educação infantil, mas não o jogo, brinquedo e brincadeira por si só, e sim, como a intenção de educar e cuidar ensinando os pequenos e ampliando sua visão de si e do mundo que os cerca. Esta visão ampliada só acontecerá nas relações que eles estabelecem entre si e entre eles e os adultos.
Portanto, a figura dos professores e auxiliares, que estão diretamente no convívio com as crianças, é fundamental para que este objetivo seja alcançado com qualidade, eficácia e eficiência. São estas pessoas que, diariamente, podem ou não fazer a diferença do ato de educar e cuidar.
Deixar brinquedos espalhados pela sala de aula e/ou referência, para que as crianças simplesmente brinquem livremente, não é ter intencionalidade no ato de educar e cuidar ensinando, isto nada mais é do que preencher o tempo destas crianças até que chegue o horário de os familiares virem buscá-las. Para que as crianças aprendam a brincar e jogar, alguém precisa ensiná-las, e são os adultos que estão diretamente com elas que devem fazê-lo.
Todo jogo, brinquedo ou brincadeira deve estar permeado de um objetivo. Por que vou brincar disso ou daquilo, qual é a intenção educativa? O que quero que as crianças aprendam com esta brincadeira ou jogo? Todas essas perguntas devem ser feitas anteriormente pelo professor para si mesmo, para depois ser desenvolvido na prática pedagógica com as crianças.
Mas confesso que vejo muitas coisas erradas pelo meu caminhar na educação infantil, quantas e quantas vezes presenciei as crianças brincando sozinhas e os professores tomando café, conversando, enfim, fazendo outras atividades que não o brincar. Mesmo no parque, muitas vezes, as crianças passam grande parte do seu tempo brincando sozinhas, dia após dia.  Não que as crianças não possam brincar entre elas somente, não é isso! Mas que isso não se torne uma regra, pois neste caso, o que denota é uma educação infantil assistencialista e não educativa como prevista na Lei.
A Educação Infantil tem um objetivo claro, o que falta mudar é a consciência de quem e como educa e cuida. Se quisermos uma sociedade melhor, temos que parar para refletir sobre qual educação infantil se quer, efetivamente, em nosso país.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Indisciplina em Sala de Aula: Principais Causas

Hoje a educação brasileira desde a Educação Infantil até o Ensino Superior enfrenta um sério problema de comportamento em sala de aula: a indisciplina. Caracterizada como sinônimo de desobediência, insubmissão, rebelião ou até mesmo subversão (dicionário Aurélio), neste texto reflito sobre algumas possíveis causas deste comportamento.
Primeiramente, vamos pensar que os alunos de hoje são pessoas muito bem informadas por conta da tecnologia existente, TV, computadores, celulares, i-poid, i-phone, etc. A informação não é mais característica somente do professor em sala de aula. Anteriormente a este mundo tecnológico o professor era a única pessoa detentora do saber, e muitas vezes devido a sua soberba e vaidade amedrontava seus alunos e exigia respeito unilateral, ou seja, aos alunos cabia apenas se curvar diante de tamanha arrogância. Mas isso era entendido como respeito à categoria profissional professor. No meu conceito isso não era respeito, mas sim medo, pois ameaças e castigos eram frequentes para requerer tamanha obediência. Este comportamento de medo foi durante muito tempo interpretado como disciplina.
Mas o mundo evolui, as tecnologias hoje nos dão a possibilidade de se conectar com tudo e com todos instantaneamente, e elas passaram a fazer parte do nosso cotidiano sem nos darmos conta direito, as crianças hoje já nascem e crescem neste mundo, mas queremos educar e ensinar ainda de forma como se essas tecnologias não existissem.   A lousa e o giz ainda fazem parte das nossas escolas, não que elas precisam ser colocadas de lado não é isso, mas precisam ser renovadas.
As crianças com maior poder aquisitivo dispõem em escolas particulares de tecnologias em suas aulas, mas isso não é a realidade da grande população brasileira. Para os menos favorecidos ainda sobram à lousa e o giz e a voz do professor. Fica claro que o mundo tecnológico é muito mais atrativo para as crianças do que uma lousa, giz, caderno, lápis e borracha. E competir com esta tecnologia toda é burrice, uma vez que isto não vai mais regredir pelo contrário cada vez mais teremos aparelhos sofisticadíssimos.
Esta pode ser uma das causas da indisciplina em sala de aula, querer ser o único detentor do conhecimento e mais querer que os alunos prestem atenção em aulas que muitas vezes são desconectadas com o mundo atual e real é fadar a falência da educação brasileira.
O respeito hoje precisa ser mútuo na relação professor e aluno, não que tenha que ser de amizade não é isso, somos profissionais, mas o respeito pelo que a criança pensa, sente e age é fundamental para que o ensino transcorra de maneira eficaz e eficiente.  O respeito unilateral deve ser transposto pelo respeito mútuo. No qual, o processo ensino e aprendizagem sejam de mão dupla.  Aprendemos muito com a geração mais nova se estivermos abertos para isso, se formos verdadeiros e honestos. Isso é uma conquista diária.
Gritar, agredir com palavras, com ameaças e castigos não são comportamentos que instauram a disciplina nos dias atuais, pelo contrário causa mais revolta ainda e geram comportamentos mais indesejáveis. O diálogo é forma de tomada de consciência, no qual se instaura a disciplina no cotidiano escolar seja em que etapa escolar a pessoa esteja.

domingo, 18 de março de 2012

Familiares: a Educação Infantil não é um Sofrimento para as Crianças Pequenas é o Alicerce da Vida Adulta


Com a obrigatoriedade de matrícula para as crianças de 4 e 5 anos na educação infantil muitos familiares (pais, mães, avós e avôs) estão sofrendo por que ficam com dó de colocar os pequenos tão cedo na escola. O que antes era uma escolha colocar ou não a criança na educação infantil agora passa a ser Lei Emenda Constitucional 59 (Novembro de 2009), que estabelece o prazo até 2016, Art. 208 "Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria".
Para muitos familiares parece cedo demais colocar as crianças na escola com esta idade, porém isto não precisa ser encarado com todo este sofrimento. Para os pequenos, o acesso e o convívio com outras crianças e entre elas e os adultos favorece o seu desenvolvimento bio-psico-social, por que são nas interações que as crianças ampliam, diversificam e sistematizam sua relação com o mundo. Por meio destas relações vão sendo estimuladas a pensarem, sentirem e agirem em um mundo que não é só o dela, mas também, de outras crianças.    
Elas brincam, aprendem a cantar, a dançar, a desenhar, a usar o próprio talher para comer, a ir ao banheiro, enfim uma série de situações que muitas vezes em casa no convívio somente com adultos estas aprendizagens não acontece. Elas precisam aprender a repartir, a dividir, a ver o outro, ou seja, precisam aprender a conviver. Precisam desenvolver o seu processo cognitivo e o seu afetivo.
Elas precisam aprender que a professora também tem outras crianças e que todas precisam saber esperar para falar em grupo, precisam aprender a usar e guardar o seu material e o material de uso coletivo.
Muitas vezes, as crianças em casa com os familiares não possuem todo este aprendizado, então colocar as crianças na Educação Infantil não pode ser considerado um sofrimento para os adultos.  Tente ver de outra forma a inserção dos pequenos na instituição de ensino em lugar de sofrimento a alegria de ver seu(ua) pequeno(a) crescer de forma saudável e com alicerce para a vida adulta.
Quando adulto saberá conviver, pois aprendeu quanto pequeno a ouvir, falar e ver a opinião do outro. Não vivemos sozinhos, isolados em uma ilha deserta, estamos a todo o momento com outras pessoas no trabalho, no restaurante, no shopping, na praia, enfim em todos os lugares. E saber conviver é um aprendizado, talvez um dos mais importantes e difíceis na vida. Pois saber conviver e respeitar o outro se aprende nas relações quando pequenos. A Educação Infantil, portanto, é muito importante para que a criança aprenda a conviver de forma equilibrada consigo mesma e com os outros. Neste sentido, colocar seu pequeno na instituição deve ser um momento de comemoração, de alegria e não de sofrimento.

sábado, 17 de março de 2012

Hiperatividade: Prudência na Identificação do Transtorno

A criança que possui o Transtorno por déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) apresenta como sintomas: hiperatividade, falta de atenção e impulsividade. Este é uma síndrome de uma conduta de comportamento que tem origem neurobiológica, portanto é causado devido a uma alteração do sistema nervoso central. É uma patologia que precisa ser tratada por profissionais da área médica possível de ser diagnosticada e tratada.
Surgiu na minha mente um questionamento:
Se hiperatividade é um transtorno que deve ser diagnosticado por médicos porque então muitos professores dão este veredicto para pais e alunos, estigmatizando aquela criança que não está conseguindo prestar atenção na aula?
Vejo com muita frequência dentro da educação, profissionais diagnosticando a falta de sucesso no rendimento escolar de uma criança como hiperatividade. Muito cuidado e decidi escrever sobre isto para que todos possam refletir melhor o que é hiperatividade ou desinteresse.
Uma aula pode estar desinteressante e isto causar comportamentos nas crianças de impaciência, e por que o professor não assume que sua aula é chata prefere diagnosticar e pior estigmatizar as crianças como hiperativas.
Pior os pais por desconhecerem este transtorno podem até tomar atitudes agressivas com seus filhos sem ao menos entender o que esta acontecendo. Nenhum pai quer ver seu filho(a) indo mal na escola, dá uma sensação de impotência, muito cuidado ao acreditar que um profissional da educação e não da área médica de tal veredicto de uma criança.
As crianças no mundo atual são pessoas que estão conectadas com o mundo virtual e desafiador para elas, porém nas aulas muitas vezes precisam ficar sentados durante 4 ou 5 horas ouvindo o professor falar o tempo todo. Quem consegue ficar tanto tempo assim parado, se para o adulto é difícil imagina para a criança. Mas, por comodismo ou falta de inovação na educação é mais fácil para os profissionais da educação no Brasil diagnosticar a criança do que rever sua maneira de ensinar.
Não estou dizendo que o transtorno não existe não é isso, não entendam equivocadamente, existe sim e precisa ser tratado caso seja diagnosticado por um especialista da área da saúde. Mas o que quero alertar diz respeito aos diagnósticos errôneos feitos por pessoas não especializadas e que podem estigmatizar alguém para sempre como uma criança hiperativa.
Rever a maneira de ensinar no mundo atual é fundamental para despertar o interesse das crianças em estudar, isso sim é da responsabilidade e compromisso dos profissionais da educação. Conhecer metodologias inovadoras, desafiadoras, e que realmente despertem o interesse das crianças é papel da educação.
Para rever a maneira de ensinar é necessário reavaliar o seu pensar, sentir e agir no cotidiano de sala de aula. Inovar na educação não requer materiais mirabolantes, tecnologias de ultima ponta, às vezes o que falta é criatividade, vontade, interesse e comprometimento com a formação de outro ser humano.
Também encontro no meu caminhar pela educação situações significativas e/ou atividades extremamente simples, eficazes e eficientes do ponto de vista do processo ensino e aprendizagem. Mas isto requer dos profissionais da educação: consciência, sensibilidade e responsabilidade na formação de outro ser humano que está em desenvolvimento bio-psico-social.
  

sexta-feira, 16 de março de 2012

Período de Adaptação das Crianças Pequenas e da Família na Educação Infantil


Toda entrada de uma criança pequena em uma instituição educacional requer alguns cuidados necessários por parte dos pais e da instituição. Não existe um tempo certo para este período e nem posso afirmar que todas as crianças terão os mesmos comportamentos. Alguns choram, outros não. Alguns deixam de se alimentar, outros não. Alguns sentirão mais medos do que outros. Pense em um ambiente novo, com pessoas novas, rotina nova, tempo diferente do que estava acostumado, isto assusta qualquer um, em qualquer idade. 
Até certo ponto estas reações são normais, os pequenos sentiam-se seguros com uma rotina e terão de se adaptar a novas situações. Vocês leitores devem estar se perguntando: O que fazer se meu filho está demorando demais para se adaptar na educação infantil?
Primeiramente digo aos pais não fiquem ansiosos ou temerosos demais, porque vocês podem estar passando para seus filhos insegurança. As crianças são muito perceptivas e percebem as reações dos adultos que estão a sua volta. Sei que deve ser angustiante quando um (a) filho (a) não está se adaptando em uma nova situação, mas pensem que isto irá acabar, é só por um período de tempo. Os adultos também se sentem inseguros quando trocam de empregos ou quando entram em uma faculdade, com as crianças pequenas também não é diferente.  
Só o que elas precisam neste momento é que vocês entendam-na e não critiquem e nem façam chantagens ou prometam coisas que não possam cumprir. Por exemplo: não digam a elas, se você ficar quietinho eu vou te dar um presente ou se você se comportar direito hoje, vamos passear em tal lugar. Isso não ajudará em nada, pelo contrário, vocês reforçarão, ainda mais nas crianças, comportamentos inadequados. Converse com as crianças, expliquem o que é uma instituição infantil, fique com ela um período na instituição.
Confiem nos profissionais que cuidam e educam os seus filhos. Converse com as professoras da criança, estabeleçam uma relação de segurança, assim este período se torna menos árduo para todos.
Quando era professora de educação infantil, muitas vezes presenciei um receio tão grande por parte dos pais, que em vez de eles ajudarem neste período, eles atrapalhavam mais. Já vi pais gritando com as crianças, largando os pequenos na escola e sair correndo, xingando e até ameaçando bater. Nada disto é correto, e em vez de ajudar para que as crianças passassem por este período de maneira tranquila, pioravam toda a situação. Algumas crianças diante desses comportamentos choravam muito, não se alimentavam ou até mesmo urinavam muito, porque estavam com muito medo.
A relação que se deve estabelecer, entre pais e instituição de ensino, é de total confiança, ninguém deve jogar no outro a responsabilidade deste período de adaptação, mas sim, unir-se para amenizar este período, caso haja algum problema. Algumas vezes, vejo os pais responsabilizando a escola e vice-versa, isto em nada vai ajudar a amenizar tal situação.
Para que a criança sinta-se segura em um ambiente diferenciado, ela necessita que pais e os profissionais da instituição saibam exatamente qual é seu papel nesta tarefa. A família e educação têm papéis diferenciados na educação dos pequenos, e isso na educação infantil, às vezes, é complicado, pois os professores não podem exercer o papel da família e a família não pode exercer o papel dos professores, cada um tem seu papel e responsabilidade na educação dos pequenos.  

quinta-feira, 15 de março de 2012

Parte III - Final - A importância da Leitura para Crianças de Zero a Três Anos

·  Devemos deixar a criança pequena manusear um livro?
Sim, devemos deixar com que as crianças pequenas manuseiem um livro seja de qual material for, manuseando um livro, eles são capazes de identificar a existência da grafia e passam a estabelecer uma relação direta com a linguagem escrita. Os diferentes materiais de que são feitos os livros, estimulam as percepções sensoriais quando estas exploram as diferentes texturas e formatos. Outro fator que devemos levar em consideração é que as explorações destes livros levam a criança a perceber que entre ela e o livro há uma distância mínima, e quando crescem tornam-se elas mesmas contadoras de histórias. 
· A leitura deve ser feita em algum ambiente específico?
Não existem ambientes certos para se ler a uma criança, esta pode ocorrer quando ela está na cama para dormir, pode ser feita quando ela está sentada no chão ou em uma cadeira confortável. Era tão bom quando alguém lia para nós antes de dormir! O importante é que o ambiente tenha claridade suficiente para que ela possa enxergar quando quiser manusear os livros. Mas nada pode ser colocado como regra, até debaixo de uma árvore num dia ensolarado pode ser um bom lugar para ouvir histórias, desde que a criança se sinta segura e aconchegante. Uma ideia que deixo para vocês leitores e que façam um piquenique num lugar diferente e leve livros de história para serem lidos neste lugar, tenho certeza que as crianças vão adorar. Sair da rotina, ter um dia diferente com leitura agradável será muito importante, tanto para os adultos quanto para as crianças, pois ler sempre no mesmo lugar e da mesma forma pode se tornar chato. Portanto, ouvir histórias pode ser em qualquer lugar, desde que traga prazer para os pequenos, respeitando sempre a vontade da criança, é claro que quando recém-nascidas, às vezes, é difícil de perceber as reações dos pequenos, mas aos poucos, por meio da observação você perceberá as vontades e desejos das crianças. Ela lhe mostrará se está com vontade de que você leia para ela, ou se quer dormir ou comer. Respeite o tempo e o espaço das crianças, assim quando adultas, o ato de ler estará associado a prazer e não obrigação ou chatice.

· Como são considerados os livros para crianças pequenas?
A criança pequena vê o livro como um brinquedo e vai criando vínculos com este objeto, a partir do momento em que descobre nele histórias que podem ser contadas e recontadas. É assim que a criança vai formando seu primeiro contato com o mundo da escrita e entende que o que está escrito pode ser lido por alguém e mais tarde por ela mesma. A função da escrita começa a ser trabalhada de forma lúdica, muitas vezes quando ela escuta uma história de faz-de-conta, ela imagina ser o próprio personagem da história lida e, muitas vezes, soluciona questões do seu cotidiano que ela ainda não sabia como era.  
· Ouvir histórias ajuda o bebê a formar seu vocabulário, mesmo que ainda não entenda o que está sendo dito?
Sim, porque para falarmos, precisamos ouvir o que está sendo dito. É fundamental que sejamos estimulados pela linguagem desde cedo, ou seja, estimular o ouvir destes recém-nascidos. Estudos comprovam que a criança que ouve histórias e vê as ilustrações de seus livros infantis desde bebê, desenvolve um vocabulário de até 600 palavras, até os seis anos de idade. O desenvolvimento da linguagem vem acompanhado do estímulo cognitivo e, consequentemente, melhora o desempenho no processo de alfabetização. Além, é claro, de proporcionar momentos de interação com o leitor, fundamentais para estabelecer um desenvolvimento social sadio com outras pessoas. A ampliação do vocabulário de uma criança se dá por meio de interações com outras pessoas, pois ninguém nasce falando. É, também, uma aprendizagem que depende dos aspectos físicos, do meio social e cultural que a criança está inserida.