terça-feira, 5 de abril de 2016

Leão como regulador de comportamento

A mãe de uma criança de cinco anos me contou este episódio que preciso comentar com vocês. Seu filho estuda em uma escola da rede particular de ensino que oferece, tanto a Educação Infantil, como o Ensino Fundamental. Essa escola possui um método de ensino, mas o que importa aqui não é o método em si, mas o que acontece lá. Pois bem: existe um leão de pelúcia o qual está vestido com o uniforme da escola; esse bicho fica em cada sala e, no final de semana, a criança que se comportar direito leva-o para passar o fim de semana em sua casa, trazendo-o na segunda feira.

O filho dessa mãe, que me relatou o caso, levou-o já na primeira semana porque se comportou direito ─ segundo os critérios da professora ─; porém, sua prima que está na mesma sala, não consegue levar o leão, pois não pára quieta e não é boazinha ─ ainda no julgamento da professora! A menina ficou até doente, mas a professora insiste em não deixá-la levar o animalzinho, pois aluno que não se comporta bem não tem esse direito. A mãe pediu a minha opinião dizendo que o seu filho já tinha levado, que ela estava sossegada, mas... e com a prima que chora e que até já teve febre? Ela me perguntou o que eu achava sobre essa conduta da escola.


Pois bem, aqui vai a minha opinião: É claro que não está certa! Ela procura adestrar as crianças por meio de um estímulo agradável ─ o bichinho de pelúcia ─, mas não reflete sobre os comportamentos e muito menos trabalha com a tomada de consciência sobre o significado de nossos atos. Este tipo de atividade é de reforçamento, ou seja, premia aquele que faz certo, e pune os que não conseguem. Para piorar a situação, a garota que não consegue levar o leão para casa está cada vez mais ansiosa e seu comportamento está piorando muito, inclusive no âmbito familiar, porque indiretamente as comparações entre ambos, perante os adultos da família, acabam esbarrando nessa história construída pela escola. É natural que essa menina apresente aspectos de inconformismo e revolta! Até eu fiquei com vontade de questionar a professora! Pois bem, a mãe disse que vai procurar trazer esse assunto na próxima reunião de pais e eu lhe dei todo o apoio. No entanto, eu ainda me estendi em minha opinião: se fosse com um filho meu que estivesse acontecendo isso, eu não esperaria pela reunião de pais. Eu agiria imediatamente porque adestrar uma criança por meio de regular os seus comportamentos e atitudes não é explicar o “porquê do sim” e o “porquê do não”! Em nada colabora com o educar pela cidadania, pela socialização e pela consciência de nossas ações!

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