sexta-feira, 8 de abril de 2016

“Tchau, tchau fraldinha”

Estava lendo um Projeto de uma Escola de Educação Infantil, cujas crianças estavam no período de retirar a fralda e pedir para ir ao banheiro, ou seja, o período de controle dos esfíncteres. Uma das atividades desenvolvidas era simular essa situação sugerindo que a criança levasse a boneca para o vaso sanitário e a segurasse sentada, imitando a situação de estar fazendo suas necessidades fisiológicas. Bem, achei essa atividade, ─ entre outra que vou comentar ─ um verdadeiro absurdo. A criança não tirou ou levantou a roupa da boneca, mas simplesmente imitou o gesto de sentá-la no vaso sanitário. Outra coisa: meninos e meninas fazem xixi na mesma posição? Ou a atividade se baseava apenas em ensinar a fazer o “número dois”?  Então, não havia um boneco para fazer o xixi em pé, em frente ao vaso sanitário. Portanto, pais e professores: quando forem trabalhar com a imitação, que esta seja o mais real possível; se não, atrapalha em vez de ajudar.

Além desta atividade já citada, outra ainda me chamou mais a atenção: as crianças eram incentivadas a colar, em um painel, uma fraldinha com o seu nome embaixo! Isso para quem já tinha conseguido sair da fralda! E o cartaz chamava-se “Tchau, Tchau fraldinha”.

Fiquei pensando o quanto seria constrangedor para uma criança que ainda não havia conseguido sair da fralda, tendo sua situação assim exposta, porque seu nome ─ junto com a fralda ─ não constavam do cartaz no painel. Considero esse tipo de atividade bastante ruim para o emocional da criança; no meu conceito, em nada ajudará uma criança aprender a sair deste período de fralda! Penso que em vez de incentivo, o tiro pode sair pela culatra, ou seja, no lugar de ajudar, pode atrapalhar este processo. Expor as fraquezas e/ou imaturidade em público pode não ser uma boa saída para este tipo de criança e, mais ainda, pode ser bastante ruim diante das famílias e de outras mães que têm os seus filhos ali naquela escola.


Reforços positivos do tipo elogiar quem já consegue ir ao banheiro para fazer as suas necessidades físicas é a melhor saída, mas ridicularizar alguma criança na frente de outras e premiar outras, não é nada bom! Fazer uso de punição para tentar extinguir um comportamento que, muitas vezes depende de fatores psicológicos e não somente físicos é bem complicado! Eu, por exemplo, sou uma pessoa com 48 anos de idade e quando saio de casa para passear, tenho dificuldade de fazer o “número dois” em outro ambiente que não seja em minha casa. Vejam só: quando preciso ficar alguns dias fora, por motivo de trabalho, estudo, ou mesmo a passeio, preciso levar algum remédio. Não sei a causa disto em minha infância, mas tenho este problema quando tenho que viajar por mais de 2 dias. Pensem em como podem ajudar as crianças neste processo de desfraldar, tornando esse hábito um aprendizado tranquilo, natural e real!

Nenhum comentário:

Postar um comentário