Esta história parece ser
engraçada, mas serve para refletirmos o quanto as crianças são concretas
enquanto que nós, adultos, muitas vezes erramos pensando que a criança conhece
tudo com três anos de idade e sabe fazer as devidas distinções. Vamos à
história: uma professora estava amarrando o tênis de uma criança e disse ao
menino: “puxe a língua do tênis para fora”. A criança, imediatamente mostrou a sua
própria língua para a professora e ainda fez uma carinha de quem precisava
puxar bem para fora mesmo! Bem não preciso dizer que todos os adultos caíram na
risada, e até mesmo eu, quando ouvi a história, ri muito da cena!
Então, o que eu quero dizer
quando afirmo que as crianças são bastante concretas é isso: se ela não tem
repertório linguístico para entender que no tênis existe uma parte do calçado
que nós chamamos de língua, para ela essa palavra representa o órgão que faz
parte do corpo da gente! A criança não é obrigada, com três anos de idade,
saber que existem duas línguas: a que
fica na boca das pessoas, e a que fica no tênis.
Precisamos entender que o
repertório de mundo da criança vai aumentando a partir do momento que ela vai
experimentando e conhecendo o mundo a sua volta; muitas vezes nós, adultos,
achamos que ela já sabe de tudo e que conhece tudo o que o mundo adulto
conhece. Rir não foi uma questão de chacota, mas foi para refletir como é o
mundo do adulto e como é o mundo infantil. São mundos diferentes e em constante
construção. Quando vamos viajar para outras culturas, que não a nossa, também
aprendemos sobre usos e costumes diferentes dos nossos.
Assim também é entre o mundo da
criança e o mundo do adulto. São culturas diferentes e o certo é explicar que
há palavras iguais para coisas diferentes: temos a manga, que é uma fruta, e
temos a manga que é uma parte da camiseta que nós vestimos; temos, a noz, que é
a castanha se come na época do Natal, e temos nós dois conversando aqui e
agora. Assim, vai ficar mais claro para a criança que é possível ter uma língua
no tênis e outra na boca e, ainda, ter uma língua que a gente fala que se chama
português, inglês, japonês... (mas quem será que inventou de chamar a língua do
tênis de língua?)... então, olhem quanta coisa podemos aproveitar de uma situação
simples do cotidiano. Mas, vamos às pesquisas?
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