Na escola da Ponte as crianças
possuem uma mesa de Assembleia, que é utilizada quando se necessita realizar
alguma eleição, com chapas dos alunos que querem participar. Existe a comissão
eleitoral, os regulamentos e as informações fixadas no mural da escola. Uma das
atribuições do presidente da assembleia é fazer parte do Conselho da Direção
(que é o órgão responsável pela definição das grandes linhas orientadoras da
atividade da escola).
Uma das meninas que nos atendeu
na visita possui uma chapa e está se candidatando à presidência desta chapa.
Ela nos disse que, se vencer, além do currículo também quer colocar em seu plano
quinzenal de atividades, reuniões e tarefas administrativas. Como fomos visitar
a escola no começo do ano letivo (o ano letivo se iniciou em setembro de 2015) estavam
afixadas no vidro da escola as três chapas que concorreriam neste ano para
fazer a Assembleia.
Esta é uma maneira de ensinar a
democracia, não no papel, mas pela experiência, vivenciando reflexões e tomadas
de decisões que envolvem o coletivo da escola. Isto facilita a construção de
cidadãos ativos e participativos. Noções
de responsabilidade para consigo e com o outro estão pautadas neste tipo de
trabalho, como o próprio site da escola diz: “aprender a ser com os outros”. O
sentido crítico aqui está sendo desenvolvido na prática do cotidiano da escola.
Esta escola, além de conteúdos
curriculares e uma metodologia diferenciada para aprender os tais conteúdos,
também se preocupa em formar cidadãos ─ não em teoria do que seja exercer a
cidadania ─ mas no dia a dia, cooperando, criticando, vendo e revendo atitudes,
tomando decisões importantes que envolvem toda a comunidade escolar.
No Brasil já vi isto acontecer na
cidade das Crianças, em São Bernardo do Campo. Hoje em dia, nem sei se ainda é
assim, mas não conheço nenhuma escola pública que faça isto acontecer desde a
primeira série do ensino fundamental. Quem sabe um dia chegaremos lá? Somos um
país novo, ainda temos muito que aprender em relação a ser cidadão com direitos
e deveres, a respeitar o outro e a nós mesmos, enfim, vejo que aqui no Brasil
se confunde muito democracia com direitos. Apenas DIREITOS! Erguemos cartazes
enormes sobre direitos, mas os deveres acabam sendo esquecidos...
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