quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Escola da Ponte (Portugal): professor amigo

Perguntamos às crianças como é a relação deles com os professores, e uma menina nos disse de uma forma bastante comovida, que ali “o professor é nosso amigo, posso contar para ele meus problemas, o que está acontecendo comigo sem medo de ser repreendida”. 

Ela ainda continuou: “Converso com eles sobre a minha mudança de outra escola para esta, as coisas que eu sinto... falo sobre o meu corpo estar mudando, os meus medos, a minha vida... Eu faço isso sem me preocupar se eles irão falar com os meus pais, pois isto só acontecerá se eu assim desejar que eles assim o façam; isso só acontecerá com o meu consentimento. Isto me da segurança e fez com que eu desenvolvesse um respeito e uma amizade com eles”.

Pois bem: o grande problema que vejo nesta relação de amizade, aqui no Brasil, é que algumas pessoas confundem o “ser amigo” com o “tudo pode, já que somos amigos”. Por ser seu amigo eu deixo o errado para lá, porque posso perder a amizade e, amigo é amigo.


Então eu percebi que lá, em Portugal, mais especificamente na Escola da Ponte onde pudemos entrar e conhecer o sistema, o método os alunos e os professores, deu para perceber que isso não acontece assim, dessa maneira. Lá, professor amigo é aquele que pode falar “não”, quando as crianças estão erradas. O verdadeiro amigo, em minha opinião, é justamente aquele que diz quando estou errando. Mas existe uma diferença cultural muito grande em relação às emoções e sentimentos. Lá você fala, discute e pronto. Acabou o assunto e já está resolvido. Aqui no Brasil, se você fala um não, muitas vezes um não educativo, a pessoa fica magoada, acha que você a está perseguindo, enfim, existe uma diferença cultural muito grande! Aprendi que nem tudo o que dá certo em uma cultura, pode não dar tão certo em outra! Muitas vezes transportamos conceitos de autores que não são nossos, que não viveram em nossa cultura e nos apoderamos de algo que precisa ser contextualizado na cultura à qual o conceito quer ser aplicado.  Às vezes é como vestir um casaco feito para se usar na neve, em uma praia do nordeste, em pleno verão!

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