Toda escola se preocupa em
trabalhar o corpo da criança; geralmente esta tarefa está relacionada à
Educação Física que proporciona exercícios de esportes das mais variadas
modalidades. Pois bem, na minha concepção de escola, esta motricidade vai além
de somente exercícios físicos e/ou esportes para pensar no desenvolvimento de
um indivíduo saudável.
A preocupação com o corpo é algo
que se pensa em escolas desde tempos bem antigos. No entanto, minha concepção é
um pouco diferente porque penso que a motricidade deve estar relacionada com o
corpo integral, tendo em vista que o cérebro possui regiões que compõem áreas
motoras as quais comandam todos os movimentos corporais de um ser humano; assim
sendo, em minha observação vejo que a forma como a motricidade está sendo
oferecida em nossas escolas propicia certa desconexão diante dessa integridade.
Por que? Vamos lá: a escola se preocupa
muito com a parte cognitiva, esquecendo-se ou deixando para segundo plano o
corpo do educando, principalmente do jovem a partir dos oito, dez anos, quando
o processo escolar privilegia o aprendizado que se manifesta pela cognição.
Como o cérebro trabalha em conjunto, cada atividade proposta pela escola não
pode dar mais valor à cognição do que à parte motora ou emocional. Basta
olharmos para o currículo aplicado nas escolas do Brasil para verificarmos que há
várias atividades ─ diárias ─ de Língua Portuguesa, Matemática, Historia, Geografia,
Artes e apenas duas vezes por semana Educação Física. Quando distribuímos o
currículo desta forma damos mais importância a uma determinada disciplina em
detrimento de outra.
O mais correto, em minha visão de
educadora, é o equilíbrio em todos os sentidos. Por exemplo, distribuir de
forma igualitária cognição, motricidade e emoção em diferentes modalidades em
sala de aula e em momentos extra-classe; e quando penso em motricidade, não me
refiro apenas a atividades esportivas, mas
também a exercícios respiratórios
para oxigenar melhor todo o organismo. E falar sobre isso, dessa maneira, é
esperar por críticas apontando que as nossas escolas não têm tempo para ensinar
a respirar! E infelizmente, anos depois, na vida adulta, quando a pessoa estiver
diante de um forte stress emocional, próxima a um ataque cardíaco, receberá
como prescrição médico-terapêutica, a necessidade de aprender a respirar de
forma correta para oxigenar o organismo, para manter o ritmo circulatório e
para garantir melhor qualidade de vida em seu dia a dia. Nem sempre na vida
adulta todos conseguem recuperar o que é inato lá na infância: respirar de
forma correta!
Na escola sustentável ─ cujo
significado é VIDA, em todos os seus aspectos ─ as atividades motoras são
integrais e visam o corpo em seu todo, dos pés à cabeça, do movimento amplo ao
movimento fino, por dentro e por fora. Para essa escola, a motricidade prevê um
espaço composto por quadras, piscina, pistas de atletismo, salas de dança, de
artes marciais, de exercícios circenses, e também ─ na medida do possível ─
trilhas dentro da natureza. Assim sendo, desde atividades olímpicas a jogos
esportivos e movimentos de dança vivencia-se, também, o andar em corda bamba e
os malabarismos, cujas atividades exigem atenção e equilíbrio físico e
emocional. Precisamos nos lembrar que na vida adulta, quantas e quantas vezes
nos vemos diante de cordas bambas... e que se proporcionarmos aos corpos dos
educandos essas atividades diárias, desde pequenos, certamente teremos adultos
com mais facilidade para superar os obstáculos que irão exigir equilíbrio e
disposição diante das cordas bambas da vida! Se a vida é cíclica e feita de altos
e baixos, pensemos que a espiral sempre se faz voltar ao ponto de partida.
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