O circo na escola é mais um
elemento de expressão, de coordenação motora ampla, de socialização, de desenvolvimento
da autonomia, confiança, prazer e motivação. É uma prática corporal e recreativa
que foge dos exercícios físicos convencionais, mas desperta o encontro consigo
mesmo por meio dos exercícios corporais e da expressão do público. Aprender a
lidar com a repetição de exercícios para se fazer algo apresentável requer
disciplina em todos os sentidos. Assim, dormir, beber e comer bem são atividades
essenciais para a prática de qualquer exercício físico; mas aprender a se
apresentar, a sentir a emoção de si e do público é algo importante para a
autoestima e também para aprender a se posicionar diante do outro.
Nos jogos e brincadeiras
circenses temos exercícios de acrobacia, malabarismo, trapézio, contorcionismo,
além de mágicas e palhaços, fundamentais para o reconhecimento e a superação de
sentimentos e emoções como medo, vergonha, alegria, satisfação e coragem.
Por meio de jogos, brinquedos e
brincadeiras circenses as crianças ampliam o conhecimento de seu corpo, de suas
emoções e sentimentos, além de vivenciarem melhor a relação com o outro e com o
mundo que a cerca. Desenvolvem várias linguagens ao mesmo tempo, exploram
diversas situações com objetos que não fazem parte do seu dia a dia, organizam
seus pensamentos, sentimentos e ações, descobrem e agem com regras e
habilidades para desenvolverem os exercícios, assumem papéis dos mais variados
tipos aprendendo a se colocar no lugar do outro, enfim, são inúmeras as
contribuições que essas atividades oferecem na prática real da socialização.
Não estou aqui montando uma
escola de circo, não é isto! O que proponho é o uso de técnicas e habilidades
circenses para educar a criança de forma integral e integrada, oferecendo uma
educação para a vida ─ coisa que a escola tradicional não consegue
proporcionar! Os jogos circenses de solo, aéreos, malabarismos, Clown, possibilitam
educar o equilíbrio, a comicidade, a improvisação, elementos importantíssimos
para utilizarmos em nossa vida social diante das diversas situações que nos são
apresentas. Quando está impresso no cérebro da criança, como experiência
vivida, algumas atividades dos exemplos acima expostos, ela poderá fazer uso,
em sua vida futura, de recursos internos que ali estão como, por exemplo, superar
o medo, as frustrações e outras coisas, procurando um jeito de se sentir e de
ser uma pessoa mais feliz.
Quando a escola só se preocupa
com o intelecto, ela não ensina resolver problemas além dos de matemática que fazem
uso do raciocínio e que são expressos no papel. Então, quando as crianças saem
desse universo teórico e conceitual ─ apenas ─ elas não conseguem resolver
situações do dia a dia e da vida que estão muito mais presentes e desafiadoras
que os problemas de raciocínio expressos em uma folha de caderno ou de prova.
Falta-lhes essa inteligência e sabedoria que prevê o equilíbrio de suas ações,
palavras e atitudes... a inteligência de aprender a vivenciar o que
verdadeiramente aprendeu na escola de forma significativa em sua vida. Por isso,
não acredito e não quero esse tipo de escola! Penso em uma escola que
verdadeiramente prepare nossas crianças e jovens para a vida desta nossa sociedade
do terceiro milênio! Por isso, aproximar a arte circense da escola é uma missão importante para os
educadores e recreadores, para que possam propiciar viabilidade prática a esta significativa
arte de educar pensando na vida.
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