Sabermos o que pensamos, sentimos
e como agimos, segundo nossos pensamentos, nos faz cientes de nossos
comportamentos; no entanto, isto não se aprende sozinho, ou seja, nem sempre conseguimos
ter consciência de nossos atos sozinhos. Precisamos de um outro para que nos
sirva de espelho, sempre. Daí que o processo da interação social é fundamental
para o desenvolvimento de um indivíduo, sendo que um profissional da área da
saúde, mais especificamente da psicologia, possa acompanhar esse processo de
socialização e desenvolvimento das crianças e dos jovens.
Toda escola deveria ter este
profissional acompanhando a saúde socioemocional dos alunos desde a mais tenra
idade; temos visto crianças sofrendo por problemas emocionais devido a vários
fatores, desde pequeninas, e o professor sozinho não está preparado para lidar
com todas as situações que têm se apresentado nas escolas. Alguns pais reforçam comportamentos
agressivos das crianças em suas famílias, seja pela maneira como lidam com elas
mesmas, seja pela forma como tratam os outros que habitam o mesmo espaço;
assim, a criança vai aprendendo pelo exemplo (com aquilo que vê), ou pela
experiência (com aquilo que recebe). Isso
está ficando cada vez mais claro, cada vez mais evidenciado, nas relações que
se estabelecem entre as crianças dentro do meio onde convivem.
Alguns exemplos que podem ser citados
mais diretamente ligados a atitudes de não solidariedade é dizer ao filho para
não dar parte de seu lanche (geralmente guloseimas) ao colega, tendo em vista
que seus pais compram alimentos para o lanche de seu filho. Outra
atitude reforçada pelos pais é a de não emprestar nenhum tipo de material
escolar para ninguém, e a justificativa é a mesma: que cada pai compre para o
seu filho o que ele quiser, e que ensine seu filho a não ficar “olhando torto”
para as coisas dos outros! Esses são exemplos de atitudes egoístas reforçadas
de maneira ignorante, retrógrada, incentivando um crescimento e desenvolvimento
sem solidariedade, sem o compartilhamento social e fraterno de que estamos
todos necessitados, rumo a uma sociedade mais humana, solidária e desenvolvida.
E depois, quando chegam na vida adulta e demonstram atitudes aberrantes,
pode-se perceber que nem mesmo eles têm consciência do que fazem, pois ninguém
nunca trabalhou esse aspecto; ao contrário: somente estimulou de maneira a
torná-lo mais egoísta e agressivo.
A presença de um profissional da
área da psicologia, dentro de uma escola, pode auxiliar os pré-adolescentes a
lidar com as mudanças de corpo dessa fase, já que o trânsito ─ de um período
para o outro ─ mexe com o físico, o emocional e, consequentemente, com o
cognitivo. De nossa parte, como adultos já “bem formados”, acabamos por crucificar
os adolescentes diante da forma como lidam com a vida, as companhias, os
estudos, o tipo de música, a falta de interesse pelas coisas de nossa sociedade,
enfim, usamos o apelido “aborrecentes”, mas não entendemos ─ e nem eles mesmos entendem
─ que mudanças sérias estão ocorrendo em todos os sentidos, em seu corpo, sua
mente e nas relações sociais também! Novas conexões cerebrais estão
estabelecidas, nova maneira de pensar, sentir e agir que precisam ser revistas
e reorganizadas. No entanto, quem os ajuda neste momento? Só são encaminhados
ao profissional de saúde física ou mental quando algo de muito destoante passe
a acontecer... E isso é muito sério: já imaginaram como é alguém precisar
entender o que se passa consigo e não poder contar a ninguém, nem em sua
família e nem na escola? As crianças e os adolescentes se sentem perdidos neste
período e precisam de ajuda para se autoafirmar como seres humanos e sociais, para
poderem obter sucesso e boa saúde mental. Crianças inseguras e adolescentes sem
rumo são comuns em nossa sociedade atual; eles se encontram desamparados
emocionalmente para lidar com situações de conflito interno. Se nas famílias
este apoio não vem, é a escola que deverá proporcionar um profissional
especializado. Educação e saúde devem andar juntas para que as crianças e os
jovens possam se desenvolver de forma integral e integrada. Somente um espaço
onde existam estes profissionais adequados, cuidando e orientando pais e professores,
além das próprias crianças, para que todos possam conhecer e entender o que se
passa consigo e com os outros ao seu redor, é o ideal. Somos um todo
interligado e, para que tudo esteja em harmonia, é preciso que se entenda quem somos
como consciência corporal e mental Não existe corpo separado de mente. Somos um
todo integral e integrado, determinado e determinante de nossos pensamentos,
sentimentos e emoções, responsáveis por nossos atos. Somos livres, porém,
quanto mais liberdade se têm, mais responsáveis somos! E isto faz parte do
desenvolvimento socioemocional. É necessário que a educação comece a dar mais importância
─ nas escolas ─ para este fator, se quisermos ter uma sociedade com pessoas
mais equilibradas. É uma nova maneira de ver a educação com um ser humano total.
Não temos, ainda, uma escola que respeite e que saiba lidar com todos os
aspectos do desenvolvimento humano. Mas está na hora de começar!
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