quarta-feira, 1 de junho de 2016

Como trabalhar o desenvolvimento socioemocional com crianças de zero a 14 anos?

As escolas precisam aprender que não são somente os conteúdos de Língua Portuguesa ou de Matemática com os quais elas devem se preocupar para planejar suas atividades, mas que também devem pensar em como planejar o desenvolvimento dos aspectos socioemocionais de todos os seus alunos. Não se deve ignorar este fator, principalmente nos dias atuais, nos quais vemos muitos adultos destroçados porque não sabem como lidar com suas emoções e com os sentimentos em sua vida diária. Sentimentos como cooperação, solidariedade, empatia, senso crítico, curiosidade, imaginação, precisam ser ensinados ─ na verdade, precisam ser vivenciados ─ não nascemos sabendo como lidar com eles; é preciso que sejam incentivados nas escolas para que no processo do despertar eles possam ser trabalhados dentro de cada criança.

Não é só a cognição que deve fazer parte do período em que as crianças e jovens estão dentro da escola; é preciso lembrar que nesse tempo há um corpo presente permeado por todas as características e necessidades que lhe são próprias e compatíveis com cada idade. Não podemos nos esquecer da motricidade, dos aspectos lúdicos, da comunicação, da socialização e da afetividade, para mencionar apenas alguns. Precisamos nos lembrar que todas essas necessidades devem estar integradas e, para que isto aconteça, é preciso que o educador se preocupe mais com essa visão ampla, reflita mais sobre como pode trabalhar e desenvolver suas aulas... enfim, é preciso que o educador sinta que algo precisa ser mudado em relação à estrutura e à forma das aulas, facilitando o trabalho em grupo, discutindo textos em rodas de conversa, socializando o que cada um tem para falar, possibilitando que haja maior desenvolvimento e percepção sobre o tempo que cada um tem para falar, para ouvir, para compartilhar...  Procurar despertar o “se colocar no lugar do outro” experienciando, e compreendendo o por quê de cada posição, de cada atitude e conduta... Acredito que isso seja o início de um processo de aprender a trabalhar com o respeito ao outro.

Aulas específicas com profissionais da área da psicologia também precisam ser pensadas para que as crianças e os adolescentes possam entender sentimentos e emoções tais como: alegria, tristeza, perda, culpa, medo. Isto é trabalhar o desenvolvimento socioemocional, ou seja, cada um começar a compreender o que sente, como sente e porque sente de determinada maneira as coisas que acontecem ao seu redor. E, ao mesmo tempo, precisam aprender que os problemas dos outros não devem atingir a sua meta que é o seu aprendizado, o seu desenvolvimento escolar, por exemplo. Saber que a vida é cheia de conflitos, mas que temos que aprender a ter resiliência para superar traumas e seguir em frente.


Toda escola deveria ter uma área psicológica para dar esse suporte às crianças e adolescentes para que eles possam entender a si mesmos e aos outros de maneira compreensiva, podendo aprender sobre os sentimentos, por exemplo, a partir de personagens pela literatura, pelo teatro, pelo cinema e depois, tudo compartilhado, refletido, discutido, vivenciado sob a égide da psicologia e das relações humanas! É preciso que a escola amplie esse campo e comece a considerar os alunos muito mais como pessoas, como seres humanos com falhas e acertos, com defeitos e qualidades, sentimentos e emoções. Penso em uma escola que alie a psicologia ao seu dia a dia e, para isto, é necessário um profissional que saiba e queira ajudar alunos, professores e funcionários a entenderem o que passa consigo e com o outro, vencendo seus conflitos internos, em busca de uma vida mais saudável em todos os sentidos.  

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