As escolas precisam aprender
que não são somente os conteúdos de Língua Portuguesa ou de Matemática com os
quais elas devem se preocupar para planejar suas atividades, mas que também
devem pensar em como planejar o desenvolvimento dos aspectos socioemocionais de
todos os seus alunos. Não se deve ignorar este fator, principalmente nos dias
atuais, nos quais vemos muitos adultos destroçados porque não sabem como lidar
com suas emoções e com os sentimentos em sua vida diária. Sentimentos como
cooperação, solidariedade, empatia, senso crítico, curiosidade, imaginação,
precisam ser ensinados ─ na verdade, precisam ser vivenciados ─ não nascemos
sabendo como lidar com eles; é preciso que sejam incentivados nas escolas para
que no processo do despertar eles possam ser trabalhados dentro de cada
criança.
Não é só a cognição que deve
fazer parte do período em que as crianças e jovens estão dentro da escola; é
preciso lembrar que nesse tempo há um corpo presente permeado por todas as
características e necessidades que lhe são próprias e compatíveis com cada
idade. Não podemos nos esquecer da motricidade, dos aspectos lúdicos, da
comunicação, da socialização e da afetividade, para mencionar apenas alguns.
Precisamos nos lembrar que todas essas necessidades devem estar integradas e,
para que isto aconteça, é preciso que o educador se preocupe mais com essa
visão ampla, reflita mais sobre como pode trabalhar e desenvolver suas aulas...
enfim, é preciso que o educador sinta que algo precisa ser mudado em relação à
estrutura e à forma das aulas, facilitando o trabalho em grupo, discutindo textos
em rodas de conversa, socializando o que cada um tem para falar, possibilitando
que haja maior desenvolvimento e percepção sobre o tempo que cada um tem para
falar, para ouvir, para compartilhar... Procurar
despertar o “se colocar no lugar do outro” experienciando, e compreendendo o
por quê de cada posição, de cada atitude e conduta... Acredito que isso seja o
início de um processo de aprender a trabalhar com o respeito ao outro.
Aulas específicas com
profissionais da área da psicologia também precisam ser pensadas para que as
crianças e os adolescentes possam entender sentimentos e emoções tais como:
alegria, tristeza, perda, culpa, medo. Isto é trabalhar o desenvolvimento
socioemocional, ou seja, cada um começar a compreender o que sente, como sente
e porque sente de determinada maneira as coisas que acontecem ao seu redor. E,
ao mesmo tempo, precisam aprender que os problemas dos outros não devem atingir
a sua meta que é o seu aprendizado, o seu desenvolvimento escolar, por exemplo.
Saber que a vida é cheia de conflitos, mas que temos que aprender a ter
resiliência para superar traumas e seguir em frente.
Toda escola
deveria ter uma área psicológica para dar esse suporte às crianças e
adolescentes para que eles possam entender a si mesmos e aos outros de maneira
compreensiva, podendo aprender sobre os sentimentos, por exemplo, a partir de
personagens pela literatura, pelo teatro, pelo cinema e depois, tudo
compartilhado, refletido, discutido, vivenciado sob a égide da psicologia e das
relações humanas! É preciso que a escola amplie esse campo e comece a
considerar os alunos muito mais como pessoas, como seres humanos com falhas e
acertos, com defeitos e qualidades, sentimentos e emoções. Penso em uma escola
que alie a psicologia ao seu dia a dia e, para isto, é necessário um profissional
que saiba e queira ajudar alunos, professores e funcionários a entenderem o que
passa consigo e com o outro, vencendo seus conflitos internos, em busca de uma
vida mais saudável em todos os sentidos.
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