Uma
professora estava me contando sobre uma reunião do Conselho de Escola que
aconteceu no final do ano passado (2014). A Coordenação chamou todos os
professores para que eles expusessem os problemas enfrentados durante o ano
letivo com suas crianças. O motivo dessa atitude, segundo o que me foi dito
pela colega, era para que todos os professores tomassem consciência dos alunos
que iriam ter no próximo ano. Assim sendo, por exemplo, detectaram que para a
3ª série iriam 22 crianças com problemas de aprendizagem, tanto na escrita,
como na leitura, e também em raciocínio lógico-matemático. Esta professora me
perguntou o que eu penso sobre isto, já que é comum, nas reuniões, levantarem
os problemas, mas as soluções ficarem por conta da coitada da professora ─ ou
professor ─que ficará com esses alunos no próximo ano letivo.
Fiquei
indignada com essa reunião, mas vamos aos fatos. Perguntei a ela se essas
crianças “problemáticas” tinham sido diagnosticadas por profissionais da
educação, ou da saúde, e se elas tinham um laudo médico, uma avaliação
psicopedagógica, ou alguma indicação sobre qual o problema de aprendizagem que
elas possuíam. A professora, então, me respondeu assim: “Ora! Já não te falei
que eles possuem problemas de aprendizagem de leitura, escrita e raciocínio
lógico?”.
Percebi
que ela não tinha entendido a minha pergunta e onde eu queria chegar, devido à
falta de informação e conhecimento sobre as origens destes problemas
apresentados. Perguntei novamente: Vocês sabem que estas crianças não aprendem,
mas sabem por que isto acontece? Ela
disse que não.
Então,
precisamos de diagnósticos precisos para entender e compreender, de fato,
porque uma criança não aprende, ou seja, se são fatores biológicos,
psicológicos ou sociais. Biológicos incluem má formação do feto, alimentação
inadequada ─seja na vida intrauterina, seja na primeira infância ─, consumo de
bebidas alcoólicas e /ou drogas por parte de um dos pais, sono insuficiente ou
muito interrompido, dentre outros. Sociais: fatores socioeconômicos da família,
abusos sexuais, local inadequado de moradia, seja a casa, seja o bairro, etc.
Psicológicos: separação ou perda de um dos membros da família, depressão,
déficit de atenção, etc. E há, ainda, fatores de ordem Pedagógica, provenientes
do professor como o uso de uma metodologia desatualizada e/ou inadequada para
os tempos e contexto da vida atual. Pois bem: são tantos os fatores que podem
interferir na aprendizagem cognitiva de uma criança em relação à leitura,
escrita e raciocínio lógico... que não dá para se dizer, em uma reunião geral e
de forma bastante genérica, que há um número “x” de alunos, em determinada
série e escola, com problemas de aprendizagem! É preciso, antes de tudo, buscar
entender o que se passa com as crianças que apresentam algum tipo de defasagem
na aprendizagem escolar, para se superar este obstáculo. No meu conceito, não
adianta diagnosticar para amenizar a culpa dos professores dizendo assim:
“Estes não têm jeito mesmo, não aprendem nem com reza brava!” Infelizmente é
isto que escuto nos corredores das escolas, enquanto as perguntas certas
deveriam ser: Por que será que eles possuem dificuldades de aprendizagem? O que
será que está acontecendo? Como podemos auxiliar nesse processo?
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