segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Reunião de Conselho de Escola: serve para quê?

Uma professora estava me contando sobre uma reunião do Conselho de Escola que aconteceu no final do ano passado (2014). A Coordenação chamou todos os professores para que eles expusessem os problemas enfrentados durante o ano letivo com suas crianças. O motivo dessa atitude, segundo o que me foi dito pela colega, era para que todos os professores tomassem consciência dos alunos que iriam ter no próximo ano. Assim sendo, por exemplo, detectaram que para a 3ª série iriam 22 crianças com problemas de aprendizagem, tanto na escrita, como na leitura, e também em raciocínio lógico-matemático. Esta professora me perguntou o que eu penso sobre isto, já que é comum, nas reuniões, levantarem os problemas, mas as soluções ficarem por conta da coitada da professora ─ ou professor ─que ficará com esses alunos no próximo ano letivo.

Fiquei indignada com essa reunião, mas vamos aos fatos. Perguntei a ela se essas crianças “problemáticas” tinham sido diagnosticadas por profissionais da educação, ou da saúde, e se elas tinham um laudo médico, uma avaliação psicopedagógica, ou alguma indicação sobre qual o problema de aprendizagem que elas possuíam. A professora, então, me respondeu assim: “Ora! Já não te falei que eles possuem problemas de aprendizagem de leitura, escrita e raciocínio lógico?”.

Percebi que ela não tinha entendido a minha pergunta e onde eu queria chegar, devido à falta de informação e conhecimento sobre as origens destes problemas apresentados. Perguntei novamente: Vocês sabem que estas crianças não aprendem, mas sabem por que isto acontece?  Ela disse que não.

Então, precisamos de diagnósticos precisos para entender e compreender, de fato, porque uma criança não aprende, ou seja, se são fatores biológicos, psicológicos ou sociais. Biológicos incluem má formação do feto, alimentação inadequada ─seja na vida intrauterina, seja na primeira infância ─, consumo de bebidas alcoólicas e /ou drogas por parte de um dos pais, sono insuficiente ou muito interrompido, dentre outros. Sociais: fatores socioeconômicos da família, abusos sexuais, local inadequado de moradia, seja a casa, seja o bairro, etc. Psicológicos: separação ou perda de um dos membros da família, depressão, déficit de atenção, etc. E há, ainda, fatores de ordem Pedagógica, provenientes do professor como o uso de uma metodologia desatualizada e/ou inadequada para os tempos e contexto da vida atual. Pois bem: são tantos os fatores que podem interferir na aprendizagem cognitiva de uma criança em relação à leitura, escrita e raciocínio lógico... que não dá para se dizer, em uma reunião geral e de forma bastante genérica, que há um número “x” de alunos, em determinada série e escola, com problemas de aprendizagem! É preciso, antes de tudo, buscar entender o que se passa com as crianças que apresentam algum tipo de defasagem na aprendizagem escolar, para se superar este obstáculo. No meu conceito, não adianta diagnosticar para amenizar a culpa dos professores dizendo assim: “Estes não têm jeito mesmo, não aprendem nem com reza brava!” Infelizmente é isto que escuto nos corredores das escolas, enquanto as perguntas certas deveriam ser: Por que será que eles possuem dificuldades de aprendizagem? O que será que está acontecendo? Como podemos auxiliar nesse processo?

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