sexta-feira, 10 de abril de 2015

Meu filho (a) quando nascer será Corintiano, São Paulino, Palmeirense...

Outro dia fui visitar uma amiga, em uma maternidade, porque ela havia ganhado bebê. Quando cheguei, fiquei olhando o enfeite da recepção do quarto: era uma camisa pequena, de um determinado time de futebol. O pai, todo orgulhoso do filho que havia nascido, dizia o tempo todo: “meu filho será um grande torcedor do time X (para não identificar). Quem sabe até pode vir a ser um grande jogador deste time”.

Fiquei somente observando e pensando comigo mesma. Coitado deste menino: tem apenas um dia de vida e já estão escolhendo para qual time ele terá que torcer e até mesmo projetando uma profissão para o garoto! Pais controladores, frustrados, ou mera projeção?  Poderia ser admiração?????? Eram as interrogações que passavam pela minha mente, tentando entender, sem julgar, o que acontecia com aquele pai. Perguntei ao mesmo se ele havia escolhido o time para o qual torcia quando ainda era criança, ou se seu pai já tinha feito essa escolha, por ele, desde o seu nascimento. Ele me olhou, pensou, e acabou me respondendo: “Sabe, pensando bem, meu pai torce por outro time; eu é que escolhi por este quando eu tinha 12 anos de idade e vi pela primeira vez este time jogar em campo. Fiquei tão emocionado em ir a um estádio, assistir assim ao vivo; o estádio, na época, era bastante moderno e isso tudo entrou dentro de mim que eu passei a venerar este time”.

Entendi a escolha do pai, e percebi a incoerência pela qual ele estava entrando; já pensaram se daqui a alguns anos o menino resolve torcer por outro time que não seja o do pai? Como é que ele vai conseguir ter clareza e consciência sobre a sua escolha? E depois, caso realmente o garoto faça a opção por ser fã e torcedor de outro time de futebol, ele acabará tendo um conflito com esse pai!


Vai, então, um toque: Pais, por favor, não escolham nada para seus filhos! Deixem que eles façam suas próprias escolhas, e os apoiem da forma que vocês puderem. Vejam que, com relação à escolha por um time de futebol, nada há de negativo, amoral ou antiético ser fã e torcer por um time A, B ou C. Procurem não contrariar ou influenciá-los em suas escolhas. Façam o possível para admitir as  escolhas de cada um. Afinal de contas, somos seres livres para pensarmos, sentirmos e agirmos de acordo com nossas vontades. A vida pede que sejamos capazes de fazer escolhas e de arcar com elas com responsabilidade e ética! 

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