Outro
dia fui visitar uma amiga, em uma maternidade, porque ela havia ganhado bebê.
Quando cheguei, fiquei olhando o enfeite da recepção do quarto: era uma camisa
pequena, de um determinado time de futebol. O pai, todo orgulhoso do filho que
havia nascido, dizia o tempo todo: “meu filho será um grande torcedor do time X
(para não identificar). Quem sabe até pode vir a ser um grande jogador deste
time”.
Fiquei
somente observando e pensando comigo mesma. Coitado deste menino: tem apenas um
dia de vida e já estão escolhendo para qual time ele terá que torcer e até
mesmo projetando uma profissão para o garoto! Pais controladores, frustrados,
ou mera projeção? Poderia ser
admiração?????? Eram as interrogações que passavam pela minha mente, tentando
entender, sem julgar, o que acontecia com aquele pai. Perguntei ao mesmo se ele
havia escolhido o time para o qual torcia quando ainda era criança, ou se seu
pai já tinha feito essa escolha, por ele, desde o seu nascimento. Ele me olhou,
pensou, e acabou me respondendo: “Sabe, pensando bem, meu pai torce por outro
time; eu é que escolhi por este quando eu tinha 12 anos de idade e vi pela
primeira vez este time jogar em campo. Fiquei tão emocionado em ir a um
estádio, assistir assim ao vivo; o estádio, na época, era bastante moderno e
isso tudo entrou dentro de mim que eu passei a venerar este time”.
Entendi
a escolha do pai, e percebi a incoerência pela qual ele estava entrando; já
pensaram se daqui a alguns anos o menino resolve torcer por outro time que não
seja o do pai? Como é que ele vai conseguir ter clareza e consciência sobre a
sua escolha? E depois, caso realmente o garoto faça a opção por ser fã e
torcedor de outro time de futebol, ele acabará tendo um conflito com esse pai!
Vai,
então, um toque: Pais, por favor, não escolham nada para seus filhos! Deixem
que eles façam suas próprias escolhas, e os apoiem da forma que vocês puderem.
Vejam que, com relação à escolha por um time de futebol, nada há de negativo,
amoral ou antiético ser fã e torcer por um time A, B ou C. Procurem não
contrariar ou influenciá-los em suas escolhas. Façam o possível para admitir
as escolhas de cada um. Afinal de
contas, somos seres livres para pensarmos, sentirmos e agirmos de acordo com
nossas vontades. A vida pede que sejamos capazes de fazer escolhas e de arcar
com elas com responsabilidade e ética!
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