quinta-feira, 2 de abril de 2015

“Uma coisa me tira do sério: criança chorando.”

Um pai me relatou que não suporta ver o filho chorando e que esse comportamento da criança o irrita tanto que ele acaba ficando estressado e nervoso. Confesso que fiquei surpresa com esta frase dita por um pai que tem uma criança de três anos. Perguntei se ele realmente queria ter filhos e ele me respondeu que não; mas que sua esposa queria muito, e como ele a ama, resolveram ter um bebê.  Pior ainda: ele se sente culpado por ter esta atitude, mas me disse que não consegue controlar; que ama o filho, mas que não sabe por que surgiu esta irritação. Bem, fiz mais alguns questionamentos, inclusive perguntei se com outras crianças, que não são o seu filho, ocorre o mesmo e ele me respondeu afirmativamente que também se sente irritado com o choro de qualquer criança.

Conversa vai, conversa vem, descobri que ele era o filho mais velho de uma família com cinco irmãos, e que quando seus irmãos eram pequenos, sua mãe brigava muito com eles e a choradeira era total. Bingo! Descobri que o fator não estava no filho em si, mas em algo que vinha de sua infância. Aconselhei-o a procurar um especialista e a fazer um tratamento com psicólogos para buscar resolver esta situação, já que amava seu filho e sua esposa. Talvez o fato de não querer ter filhos era justamente por causa do peso que sentia  ─ como filho mais velho e irmão de mais quatro menores que ele ─ em sua infância.


Não podemos recriminar uma pessoa por seus atos sem, ao menos, procurar entender qual é a origem que está por trás de uma determinada atitude, ou de um sentimento.  É preciso levar em consideração que cada pessoa tem uma história  ─ fruto de uma infância ─ e que nem sempre isso é consciente, já que muitos anos se passaram e a vida adulta cobra objetividade e prontidão nas ações. Tudo em nossas vidas tem uma causa, e buscar esse conhecimento pode amenizar e ajudar a entender o presente sem culpas, ou até mesmo arrependimentos. Às vezes, um problema que parece tão grande para um, pode não ser para outro, e buscar ajuda de um especialista pode amenizar sofrimentos, tornando a vida mais leve e fácil de ser vivida e, principalmente, não produz traumas ou conflitos nas crianças que estão sob nossa responsabilidade. Pensem nisso!

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