Um pai me relatou que não suporta
ver o filho chorando e que esse comportamento da criança o irrita tanto que ele
acaba ficando estressado e nervoso. Confesso que fiquei surpresa com esta frase
dita por um pai que tem uma criança de três anos. Perguntei se ele realmente
queria ter filhos e ele me respondeu que não; mas que sua esposa queria muito,
e como ele a ama, resolveram ter um bebê.
Pior ainda: ele se sente culpado por ter esta atitude, mas me disse que
não consegue controlar; que ama o filho, mas que não sabe por que surgiu esta
irritação. Bem, fiz mais alguns questionamentos, inclusive perguntei se com
outras crianças, que não são o seu filho, ocorre o mesmo e ele me respondeu
afirmativamente que também se sente irritado com o choro de qualquer criança.
Conversa vai, conversa vem,
descobri que ele era o filho mais velho de uma família com cinco irmãos, e que
quando seus irmãos eram pequenos, sua mãe brigava muito com eles e a choradeira
era total. Bingo! Descobri que o fator não estava no filho em si, mas em algo
que vinha de sua infância. Aconselhei-o a procurar um especialista e a fazer um
tratamento com psicólogos para buscar resolver esta situação, já que amava seu
filho e sua esposa. Talvez o fato de não querer ter filhos era justamente por
causa do peso que sentia ─
como filho mais velho e irmão de mais quatro menores que ele ─ em sua infância.
Não podemos recriminar uma pessoa
por seus atos sem, ao menos, procurar entender qual é a origem que está por
trás de uma determinada atitude, ou de um sentimento. É preciso levar em consideração que cada
pessoa tem uma história ─ fruto de uma
infância ─ e que nem sempre isso é consciente, já que muitos anos se passaram e
a vida adulta cobra objetividade e prontidão nas ações. Tudo em nossas vidas
tem uma causa, e buscar esse conhecimento pode amenizar e ajudar a entender o
presente sem culpas, ou até mesmo arrependimentos. Às vezes, um problema que
parece tão grande para um, pode não ser para outro, e buscar ajuda de um
especialista pode amenizar sofrimentos, tornando a vida mais leve e fácil de
ser vivida e, principalmente, não produz traumas ou conflitos nas crianças que
estão sob nossa responsabilidade. Pensem nisso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário