quarta-feira, 1 de abril de 2015

“Se você não parar de birra, vou embora e deixo você aí.”

Já imaginou alguém que detém o poder para te levar e buscar em qualquer lugar porque você ainda é uma criança? E esse alguém dizer isto, em público, como fator de ameaça? Pior ainda: essa frase falada bem alto dentro de um supermercado, porque a criança queria um biscoito de chocolate recheado e a mãe, também fazendo birra, não quis comprar?  Esta foi a cena que presenciei em um supermercado aqui em Campinas.

A mãe parecia não ter dinheiro suficiente para comprar o biscoito que a menina queria. Em função de como a cena se desenrolava, não dava para saber quem fazia mais birra: se era a criança ─ uma garotinha de uns cinco anos de idade ─ ou a mãe que fazia de tudo para mostrar que a palavra final era dela, claro! Ela dizia e explicava o tempo todo que já havia comprado chocolate, iogurte, que em sua casa tinha bolacha de chocolate, que dinheiro não nascia em árvore... mas a menina continuava querendo o pacote da bolacha tal, porque tinha os personagens do desenho que ela gostava de assistir na TV, e aí a birra foi aumentando e a mãe acabou ameaçando-a com a frase dita acima.


Vejo cada uma! Seria tão mais fácil resolver isto de outra forma, sem escândalos em público, sem falas desconexas e, principalmente, sem ameaças. Tudo poderia ser resolvido se a mãe levasse a criança em um canto, sem ninguém por perto, e explicasse que ela não tinha o dinheiro naquele dia, mas que em outro ela compraria a bolacha para ela; se ela conversasse com a filha com calma, olhando nos olhos, de igual para igual e com coerência na fala. Vocês acham coerente dizer que dinheiro não dá em árvore? Isto é uma expressão surreal, sem o menor nexo! Ao mesmo tempo, ser mais infantil que a criança, e ainda chegando a ameaçá-la de abandono ─ bem alto e diante de muitas pessoas em local público ─ isso não ajuda em nada na formação do discernimento de uma criança, para que ela possa aprender e entender sobre o que pode e o que não pode ser comprado em determinado momento, se é necessário, ou não, se o dinheiro é suficiente, ou se vai faltar, e ainda no fato de já haver outro biscoito em casa ─ que talvez não seja verdade e a criança saiba disso ─ enfim, são tantos fatores que podem contribuir para auxiliar na compreensão de uma criança na hora de uma determinada compra!  Infelizmente essa mãe não contribuiu em nada para a formação da criança; pelo contrário, só deixou a menina mais confusa, irritada e assustada!

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