Quando visito algumas
instituições de educação infantil, percebo que os semanários das professoras é
um capricho só. Capas pensadas com temas infantis e cheias de brilho são comuns
de serem vistas. Como eu estava fazendo uma pesquisa com crianças em
determinada instituição de ensino, pude observar que o que estava escrito no
semanário discordava da prática da professora em seu cotidiano.
Eu não estava lá para verificar a
prática da professora, e sim os relacionamentos entre as crianças, mas cheguei a
algumas hipóteses e fiquei surpresa quando percebi a discordância entre o registro
escrito e aquilo que era praticado. Fiquei pensando com os meus botões: Para
que, então, fazer semanário se nada do que estava escrito ali fora realizado,
de fato?
Perguntei à mesma por que ela não
seguia o planejado e ela me respondeu que aquele caderno era somente para a
coordenadora ver; que na prática do dia a dia ela seguia a vontade das
crianças. Indagada sobre o porquê disto,
ela me relatou que as crianças daquela escola não conseguiriam seguir nada do
que constava no planejamento, que elas não tinham condição de acompanhar as
atividades propostas. Bem, eu estava ali como pesquisadora e não poderia
intervir na realidade pedagógica, mas fiquei muito chocada com aquela resposta.
Achar que um ser humano não é capaz é a pior coisa que poderia acontecer em uma
instituição de ensino em 2015! E ainda mais, um grupo de crianças de educação
infantil, quando o cérebro desses pequeninos está em uma fase brilhante de
conexões e aberturas a novas aprendizagens? Como assim? Todos nós temos limitações e somos capazes de
realizar coisas extraordinárias, inclusive aprender coisas novas em qualquer
idade que seja! No entanto, quando não somos estimulados para tal, podemos nos
acostumar com não termos interesse pelas coisas, e aí poderemos ficar
atrofiados. Como acreditar que as crianças, em pleno desenvolvimento, não são
capazes? E depois, para quê fazer um caderno lindo, só pra mostrar para os
superiores, totalmente oposto à realidade prática? Olhem, esta educação
infantil precisa ser mudada...
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