quarta-feira, 11 de março de 2015

Cobrança para ser machão

Estava em uma festa de casamento e vi a cena que preciso contar para vocês: Um menino bateu a perna em uma quina de mesa, sem querer, e devia estar doendo muito. Ele começou a chorar de dor. A mãe foi ver o que tinha acontecido, verificou se tinha havido alguma lesão mais forte, pediu gelo para o garçom, para colocar no hematoma, enfim, providenciou os primeiros socorros. Porém, o pai não se mexeu do lugar, já que a mãe fazia todo o papel de enfermeira. Enquanto ela colocava o gelo, acabou trazendo o filho para se sentar um pouco à mesa, mas o menino continuava chorando. O pai, então, verbalizou em alto e bom tom para que todos ouvissem “Você não é macho, não? Macho não chora! Vê se engole este choro! Você é homem, ou não é?”

Confesso que, na hora, senti uma raiva deste pai, mas como sempre, tive que me conter porque não posso me intrometer na vida alheia. Então, vamos pensar juntos: Você, adulto, quando bate o pé em algum lugar e sente uma dor danada, muitas vezes tem vontade de soltar um palavrão para ver se isso alivia! Fica sentindo a dor, saem lágrimas dos olhos, o coração acelera, enfim, e você tem vontade de gritar com todo mundo porque parece que gritando a dor sai junto! Agora, por que o menino da nossa história não podia chorar? O quê esse fato tem a ver com a masculinidade do garoto? Nossa! Quanta ignorância e preconceito deste pai, em pleno 2015!


Somos o que somos e o importante é sermos felizes, cada um com sua maneira própria de pensar, de sentir e de agir. Preconceitos, sejam eles quais forem, precisam ser eliminados porque somente as mentes pequenas é quem os têm. Senti muita compaixão para com este menino: bateu o pé, sentiu dor e ainda foi ridicularizado pelo pai diante de todos naquela festa! Queria saber se fosse o pai quem tivesse batido o pé, como é que ele procederia, até porque já deveria estar um pouco alcoolizado, de acordo com o horário e andamento da festa de casamento! Será que ele se comportaria com todo um silêncio diante da situação, ou iria fazer, talvez, uma cena pior que o filho (criança), fez? E mais: já pensaram se alguém perguntasse para esse pai ─ da mesma forma como ele fez para com o seu próprio filho ─ se ele era homem o suficiente para se calar diante da dor? Vejam que absurdo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário