quinta-feira, 19 de março de 2015

“Por que você não é igual ao seu irmão? Não aguento mais!”

Ouvi esta frase em uma fila de banco; a mãe e um menino de + ou - 10 anos estavam esperando a senha para ir ao caixa e, sentados, conversavam sobre algo; percebi que a conversa gerava em torno do comportamento do garoto na escola. A mãe dizia o tempo todo que não aguentava mais reclamações da escola por causa dele, que ele brigava com seus colegas, que não fazia lição e que tudo ela precisava mandar. Para piorar a situação, comparou-o com seu irmão mais novo dizendo a frase citada no título deste texto.

Pensei, na hora, que o irmão mais novo talvez não fizesse as coisas que ela dizia, não porque fosse mais comportado, mas sim por causa das broncas que ela dá no mais velho! Isto é muito comum de ocorrer, ou seja, um filho mais novo acaba tendo um comportamento contrário ao de um mais velho, por medo de ser exposto e chamado à atenção. De tanto ouvir reclamações, por parte da mãe, sobre o comportamento do irmão, o menor faz diferente para ser aceito e para escapar da correção vexatória! Simples; é só observar.

Então, vamos às reflexões: comparar alguém com outra pessoa, seja um irmão, primo, ou até mesmo coleguinhas, não á nada salutar. Somos diferentes, cada um com sua personalidade, com sua maneira de pensar, sentir e agir. Nisto consiste a beleza de um ser humano. Esta mãe não pensou nas razões que levam o garoto a ter este ou aquele comportamento. Ela não pensou se ele gosta da escola (ou de estudar), se no espaço escolar (ou no familiar) ele tem como se expressar, quais as dificuldades, dúvidas e buscas que ele apresenta em seu dia a dia, quais são os seus medos, enfim.


A atitude dessa mãe é de dar uma bronca e o comparar ao irmão ─ que deve ser quieto e comportado em decorrência do medo ─ sem refletir o porquê o garoto age da forma como age! Buscar as causas de um comportamento inadequado é o primeiro passo para entender o ocorrido para, depois, partir para as ações. Broncas, xingamentos ou comparações não buscam a causa do problema, portanto, não resolvem e somente prejudicam, ainda mais, a relação mãe x filho, criança x criança. Mães: tentem entender as causas para depois cuidar dos efeitos. O contrário não funciona!

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