segunda-feira, 26 de março de 2012

Trabalhando as Múltiplas Linguagens na Educação Infantil

Muito se tem falado hoje, na educação infantil, em se trabalhar as múltiplas linguagens das crianças. A escola italiana da cidade de Reggio Emilia, inspirada no trabalho do educador Loris Malaguzzi, destaca e vivencia as cem linguagens das crianças no cotidiano e na cultura infantil.
Mas o que, de fato, significa trabalhar as “Cem Linguagens” das crianças? Significa que devemos educar ensinando e cuidando para que as crianças possam maravilhar-se com o impossível, experimentando, investigando, descobrindo, fantasiando e criando sua cultura infantil.
Mas será que os pais e as instituições de educação infantil, aqui no Brasil, deixam que as crianças vivenciem estas descobertas ou simplesmente adestram as crianças para que elas possam responder àquilo que os pais e professores desejam?
Vivenciei uma situação em uma instituição de educação infantil, na qual até hoje me recordo e quero aqui compartilhar essa história, para que vocês possam refletir sobre as ações tomadas no dia a dia com as crianças pequenas.
Era Dia das Mães e a professora entregou um coração recortado por ela, para que cada criança pudesse desenhar sua mãe. Todos começaram seus desenhos, no final da atividade, a professora pediu que todos entregassem o que tinham feito. Bem, para a professora, o que aquelas crianças tinham realizado não estava bom, afinal, era o cartão para o dia das Mães. Ela recortou novamente os corações, entregou as crianças, e disse a elas: Eu vou desenhar na lousa e vocês vão seguindo o que eu faço. Bem, para encurtar a história, ela arrecadou os desenhos e disse: Agora sim, está bem melhor! Não quero, com esta história, condenar a atitude da professora, porque provavelmente alguém em algum dia em sua vida também já tinha feito isso com ela, e isto pode não ter causado nenhum dano a ela.
Mas esta maneira de trabalhar com as crianças, é promover as linguagens das crianças? É desenvolver sua criatividade ou podá-la? É valorizar as crianças ou simplesmente dizer a elas tudo o que você faz não serve para nada, mas o que eu faço, isso sim, é bom?
Por outro lado, as mães que recebem um desenho desses no “Dia das Mães” sabem, de fato, o que aconteceu no processo deste desenho, ou simplesmente acha lindo, abraça, beija, se emociona com o que o(a) filho(a) entregou?
Atitudes de adestramento para com as crianças, não contribuem e nem educam para o seu desenvolvimento integral e integrado, porque a criatividade, a emoção, a fantasia, a imaginação foi podada. Nesta história, em específico, a preocupação da professora era que as mães gostassem do que iriam receber, da aparência e não da essência em si. Era mais importante um produto apresentável do que o processo como ele foi desenvolvido. Aposto que se as mães soubessem do fato, o mais importante era justamente o contrário. Ainda mais em se tratando desta data. Para as mães, o que os filhos fizessem ou como fizessem era suficiente, porque o que está sendo demonstrado ali é o carinho, o amor, o afeto, e não o contrário.
Pais, mães e professores ligados a instituições de educação infantil, não acabem com as “Cem linguagens das crianças pequenas”...

Um comentário:

  1. infelizmente na realidade do ensino privado das escolas brasileiras o que mais interessa é se a família gosta ou do RESULTADO quantitativo do ensino.As crianças são induzidas para atividades que lhes preparam para o competitivo mercado de trabalho onde a doce inocência e o livre arbítrio já não são mais características das crianças de ensino infantil.

    ResponderExcluir