Como vamos ter pais sensíveis e
carinhosos se nós, adultos, colocamos na cabeça dos meninos pequenos que casinha
é coisa de menina? Já vi em algumas instituições de ensino, quando trabalhava
como professora de educação infantil, meninos pegarem bonecas e irem brincar em
lugares separados e escondidos, com medo de serem repreendidos. Brincavam de
carregar a filha no colo, sem preconceitos e, mais do que isto, aprendendo a
ser carinhosos desde pequenos, querendo também, cuidar de um bebê.
Mas algumas mentes
preconceituosas iriam abominar esta atitude e dizendo que aquele garoto estava virando
“mariquinha”. Pois bem: sou contra qualquer tipo de preconceito e acho um
absurdo, em pleno 2015, haver ainda este tipo atitudes preconceituosas,
principalmente dentro de instituições de ensino! Para mim, não existem
brinquedos de meninas e de meninos. Existem brinquedos que qualquer criança
pode usar livremente, sem restrições ou chacotas, dependendo do momento que a
criança está, e do tipo de brincadeira que ela quer brincar.
Quando alguém diz: “o que é isto?
Menino brincando de boneca?” Esse tipo de observação gera agressões verbais
e/ou até mesmo físicas, a criança se fecha e perde-se, neste momento, uma
grande chance de um menino se tornar um excelente pai. O contrário também
acontece: meninas não podem sujar-se, correr, não podem subir em árvores, nem
soltar pipa, nem andar de carrinho de rolimã, afinal, “são brinquedos de
meninos porque menina tem que ser delicada, e meninos brutos”!
Se compreendermos que o ato de
brincar deve ser livre de qualquer preconceito e rico em experiências que
propiciam o desenvolvimento do ser humano, independente de questões de gênero, avançaremos
a educação deste país. Criança precisa brincar e brincar para ser saudável
fisicamente e mentalmente. Esses preconceitos que se vê e se ouve sobre o ato
de brincar são prejudiciais ao desenvolvimento integral e integrado de uma
criança pequena. Reprimem experiências de aprendizagens, por exemplo, ao se
permitir que uma menina brinque com um carrinho de rolimã, ela poderá perceber
o que vem a ser velocidade, o sabor de uma aventura permeada pelo medo de cair,
ou pela expectativa de chegar ao objetivo, enfim, dentre tantas outras
experiências que têm o teor de aprendizagem. No entanto, se isso é negado
porque não é o tipo de brinquedo ou de brincadeira que uma menina deveria ter,
em qual momento ou circunstância da vida essa menina poderá vivenciar o que
seja velocidade? Cuidado, educadores! Preconceito prejudicando desenvolvimento é
muita ignorância!
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