quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Casinha é coisa de menina

Como vamos ter pais sensíveis e carinhosos se nós, adultos, colocamos na cabeça dos meninos pequenos que casinha é coisa de menina? Já vi em algumas instituições de ensino, quando trabalhava como professora de educação infantil, meninos pegarem bonecas e irem brincar em lugares separados e escondidos, com medo de serem repreendidos. Brincavam de carregar a filha no colo, sem preconceitos e, mais do que isto, aprendendo a ser carinhosos desde pequenos, querendo também, cuidar de um bebê.

Mas algumas mentes preconceituosas iriam abominar esta atitude e dizendo que aquele garoto estava virando “mariquinha”. Pois bem: sou contra qualquer tipo de preconceito e acho um absurdo, em pleno 2015, haver ainda este tipo atitudes preconceituosas, principalmente dentro de instituições de ensino! Para mim, não existem brinquedos de meninas e de meninos. Existem brinquedos que qualquer criança pode usar livremente, sem restrições ou chacotas, dependendo do momento que a criança está, e do tipo de brincadeira que ela quer brincar.

Quando alguém diz: “o que é isto? Menino brincando de boneca?” Esse tipo de observação gera agressões verbais e/ou até mesmo físicas, a criança se fecha e perde-se, neste momento, uma grande chance de um menino se tornar um excelente pai. O contrário também acontece: meninas não podem sujar-se, correr, não podem subir em árvores, nem soltar pipa, nem andar de carrinho de rolimã, afinal, “são brinquedos de meninos porque menina tem que ser delicada, e meninos brutos”!


Se compreendermos que o ato de brincar deve ser livre de qualquer preconceito e rico em experiências que propiciam o desenvolvimento do ser humano, independente de questões de gênero, avançaremos a educação deste país. Criança precisa brincar e brincar para ser saudável fisicamente e mentalmente. Esses preconceitos que se vê e se ouve sobre o ato de brincar são prejudiciais ao desenvolvimento integral e integrado de uma criança pequena. Reprimem experiências de aprendizagens, por exemplo, ao se permitir que uma menina brinque com um carrinho de rolimã, ela poderá perceber o que vem a ser velocidade, o sabor de uma aventura permeada pelo medo de cair, ou pela expectativa de chegar ao objetivo, enfim, dentre tantas outras experiências que têm o teor de aprendizagem. No entanto, se isso é negado porque não é o tipo de brinquedo ou de brincadeira que uma menina deveria ter, em qual momento ou circunstância da vida essa menina poderá vivenciar o que seja velocidade? Cuidado, educadores! Preconceito prejudicando desenvolvimento é muita ignorância!

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