sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A escrita do próprio nome: existe uma idade certa para aprender?

Esta pergunta me foi feita por uma mãe que tem uma filha de 3 anos frequentando uma instituição de educação infantil. Em sua opinião, a menina é muito nova e nem segura o lápis direito, mas as professoras estão forçando para que ela escreva seu próprio nome.

Algumas instituições realmente estão forçando as crianças na questão de alfabetização e começam pelo nome próprio. O que tenho a dizer sobre isto é que não existe uma idade correta; depende de cada criança. Forçar eu não concordo; mas se a criança apresenta alguma curiosidade e vontade de aprender, não vejo nada de errado. Precisamos entender que as crianças desta nova geração, logo no inicio de sua vida, são estimuladas pela própria família a ver em tablets, celulares e computadores, desenhos, figuras, músicas com desenhos e letras. Enfim, utilizam uma série de estímulos que as deixam desde cedo conectadas com o mundo exterior, e algumas despertam para querer aprender letras e até mesmo palavras; neste sentido é que não sou contra ensinar algo que a própria criança está interessada.

O que eu não sou a favor é de dar uma série de repetições de exercícios mecânicos para que a criança aprenda a escrever seu nome com 3 anos de idade. Na vida social constatamos que cada criança é única e depende de uma série de fatores para que ela se desenvolva e aprenda o que lhe traz interesse. Depende de como ela é educada na família e em outros ambientes onde ela vive e interage. Atualmente, contamos com uma variedade de estímulos e cada família os utiliza do jeito que acha conveniente.


Por isso, estipular idade certa para cada atividade acho muito perigoso, principalmente porque se alguma mãe lê ─ ou ouve ─ que a criança com tal idade tem que ter determinado comportamento e, por uma série de motivos seu filho não corresponde a estes, ela poderá pensar que ali existe um atraso, ou uma defasagem, quando, na verdade, não há! Cada um é cada um, dependendo da forma e das condições nas quais vive e interage socialmente. Sou contra pegar os estudos e pesquisas de Piaget, Vygotsky, Wallon, Brunner, dentre outros ─ que foram de grande importância por terem sido realizados em determinada época de nossa sociedade ─ e padronizar as crianças do mundo inteiro segundo esses estudos.  Vejam bem: as crianças possuem diferenças de desenvolvimento devido a sua cultura e local; então, querer padronizar é querer desrespeitar a cultura e a sociedade onde ela vive. Portanto, não existe uma idade certa para nada! Depende de cada criança e de sua cultura.

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