sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

“Não chora isto não é nada, antes de casar passa”

Vi esta cena em um Shopping: a criança, sem querer, bateu a perna na quina de uma mesa; ficou vermelho o local da batida, a criança começou a chorar, e sua família dizia o tempo todo para não chorar, que não era nada, que logo iria passar. Mas, quanto mais eles falavam, mais a criança chorava. Percebi que estava doendo, mesmo até porque o local da batida estava bem vermelho, ou seja, não foi uma batida qualquer!  O pai verbalizou a frase “antes de casar isto passa”. A criança, que não é ignorante, disse assim: “... mas você não se casou com a minha mãe...” Enfim, a cena se prolongava, junto com o choro, em vez de diminuir.

Fiquei observando e pensando que seria bem fácil resolver isto: Era só pedir um gelo, colocar num papel toalha, e deixar em cima do machucado. Amenizaria a dor, socorreria a criança e a deixaria segura e atendida.


Negar o sentimento de dor, como os adultos estavam fazendo, é algo que sempre é repetido em nossa cultura; porém, isto não alivia a dor e ─ pior ainda ─ nega o que o outro está sentindo! É como dizer “fique quieto, isto é frescura, homem não chora, homem não sente dor”... Quanta bobagem! Homem chora sim, sente dor, sim! Desta forma, quando reconhecemos o problema, amenizamos o ocorrido fazendo com que a criança se sinta segura e protegida. Parece bobagem, mas quantos de nós, adultos, muitas vezes precisamos ser socorridos por nossos problemas e não temos ninguém com um ombro amigo para nos ouvir? E somos adultos, pais e mães de filhos, casados... ou seja, dizer que “antes de casar passa” é ridículo para alguém que nem sabe o que isto significa, de fato! Quando alguém se fere, seja fisicamente, ou psicologicamente, esse alguém precisa ser atendido e respeitado em seu direito. Trata-se de um ser humano que necessita de ajuda, e não de broncas!

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