Vi esta cena em um Shopping: a
criança, sem querer, bateu a perna na quina de uma mesa; ficou vermelho o local
da batida, a criança começou a chorar, e sua família dizia o tempo todo para
não chorar, que não era nada, que logo iria passar. Mas, quanto mais eles
falavam, mais a criança chorava. Percebi que estava doendo, mesmo até porque o
local da batida estava bem vermelho, ou seja, não foi uma batida qualquer! O pai verbalizou a frase “antes de casar isto
passa”. A criança, que não é ignorante, disse assim: “... mas você não se casou
com a minha mãe...” Enfim, a cena se prolongava, junto com o choro, em vez de
diminuir.
Fiquei observando e pensando que
seria bem fácil resolver isto: Era só pedir um gelo, colocar num papel toalha,
e deixar em cima do machucado. Amenizaria a dor, socorreria a criança e a deixaria
segura e atendida.
Negar o sentimento de dor, como
os adultos estavam fazendo, é algo que sempre é repetido em nossa cultura; porém,
isto não alivia a dor e ─ pior ainda ─ nega o que o outro está sentindo! É como
dizer “fique quieto, isto é frescura, homem não chora, homem não sente dor”...
Quanta bobagem! Homem chora sim, sente dor, sim! Desta forma, quando
reconhecemos o problema, amenizamos o ocorrido fazendo com que a criança se
sinta segura e protegida. Parece bobagem, mas quantos de nós, adultos, muitas
vezes precisamos ser socorridos por nossos problemas e não temos ninguém com um
ombro amigo para nos ouvir? E somos adultos, pais e mães de filhos, casados...
ou seja, dizer que “antes de casar passa” é ridículo para alguém que nem sabe o
que isto significa, de fato! Quando alguém se fere, seja fisicamente, ou
psicologicamente, esse alguém precisa ser atendido e respeitado em seu direito.
Trata-se de um ser humano que necessita de ajuda, e não de broncas!
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