Uma mãe desesperada me disse que
não iria conseguir superar o medo e a “falta de chão” se seu filho de quatro
anos fosse para a escola; até o momento, quem cuidava dele era a empregada e a avó,
sua mãe. Ela sabia que tinha que colocar o menino na escola, mas ao mesmo tempo
não se sentia segura porque também se sentia culpada por não poder cuidar de
seu filho no conforto e redoma do lar, tendo que precisar de terceiros para
fazer isto, enquanto ela trabalha. E para o seu desespero, a criança teria que passar
a ficar o período integral na escola porque sua mãe (a avó) está doente e não
pode mais cuidar do neto.
Entendo a insegurança desta mãe
diante da doença familiar, e do fato de ter que colocar seu filho na escola em
período integral. Entendo, também, a culpa que ela está sentindo porque sente
vontade de ser mãe em tempo integral, mas teve que delegar essa função para alguém
em quem ela realmente confia. No entanto, as circunstâncias mudaram e ela terá
que se adaptar a esta nova realidade.
O que eu a aconselhei a fazer era
que procurasse uma escola na qual ela sentisse segurança para deixar seu filho,
porque quando acontecesse (que seria em breve, se ela realmente fosse em
busca), ela não mais se sentiria culpada porque perceberia o quanto a escola
ajudaria seu filho a se desenvolver, a se socializar, aprendendo pela
convivência, pelo contato com outros adultos e com crianças de sua idade,
fazendo atividades físicas, motoras e cognitivas, próprias do ambiente
educacional, coisa que, em casa, geralmente não se consegue fazer.
Esta insegurança é sinal de
proteção. Quando amamos alguém, de fato, queremos sempre o melhor para a pessoa;
quando se trata de um filho, um ser tão pequeno e indefeso, o cuidado ainda é
maior! Porém, a insegurança não pode se transformar em neuroses, e nem se deve passar
isto para a criança, dizendo que a mamãe volta já, quando, na verdade, essa
volta representa horas e horas... ou, então, fazer chantagens com o filho
dizendo a mamãe é bem melhor que a professora, a casa é mais legal que a
escola... justamente porque a criança passará mais horas ativas na escola e com
a professora, que em casa com a mãe, a empregada, ou a própria avó, quando era
o caso.
Quando eu era professora de
educação infantil, sofria com mães que, em lugar de ajudar no período de
adaptação das crianças, mais atrapalhavam gerando inseguranças, dúvidas,
medos... Então, o que eu posso dizer é que quando tudo é conduzido de forma
harmônica e verdadeira, a criança não sofre e, como consequência, a mãe também
não. É preciso que as mães (e os pais e os avós, enfim a família) desenvolvam certeza
e segurança em relação à escola; este é o primeiro passo! Depois, é preciso
entender e discernir entre o que será melhor para o desenvolvimento, permitindo
a si mesmas trabalhar com sossego e tranquilidade. Dessa forma, as horas
passarão e quando se encontrarem com seus filhos, terão muito que falar um com
o outro sobre o dia de cada um.
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