Achei engraçada esta pergunta que
uma mãe me fez pelas redes sociais, e comecei a indagá-la o que é fazer algo sozinha
com três anos de idade? Perguntei-lhe como era a sua rotina, e o que quis dizer
com esta pergunta. A mãe continuou a teclar e foi me explicando o que ela
queria dizer. Ela é marinheira de primeira viagem e acha que sua filha não pode
comer sozinha por que bagunça tudo e a comida acaba caindo no chão. Ela
continuou dizendo que não deixava a filha recortar papéis e mexer nas coisas
como sua avó permitia que fizesse porque achava que bagunçar não é educar!
Disse, também, que a menina não pode querer escolher a roupa que quer vestir,
nem o que quer comer! Bem, nessa pequena conversa online, a mãe foi desfilando
uma série de ações que ela considera prematuras pela idade da menina. Vou
apenas relatar e comentar as que julguei mais importantes para se fazer nesse
espaço de reflexão:
Algumas ações precisam ser pensadas:
comer sozinha, por exemplo, desde que a criança não se queime com a comida e
que o prato e os talheres sejam adequados para a idade não vejo problema algum,
porque a criança começa a adquirir autonomia para aprender a comer; não se
aprende nada sem se passar pela experiência. Cobrar de uma criança de três anos
que coma sem fazer bagunça e até repreendê-la por isto, para mim é um crime!
Com três anos a criança está aprendendo a segurar os talheres; não é fácil
conseguir colocar a comida na colher sem derrubar porque requer equilíbrio e
orientação espacial. Muitas vezes até nós, adultos, temos dificuldade para
comer sem deixar cair ao lado, ou até mesmo ao chão. Não vejo motivos para tamanha
preocupação; deveria ser exatamente o contrário: ficar feliz que a criança
esteja progredindo com sua autonomia motora.
Recortar papéis era outra
reclamação da mãe; vamos lá: rasgar papéis com as mãos é um ótimo exercício
para a coordenação motora fina que, depois, irá ajudar a criança na hora da
escrita; além disso, cortar com a tesoura pequena, sem ponta ─ daquelas que os
professores usam na escola ─ também pode ser adequado, e mais uma vez este
exercício contribui para o desenvolvimento motor da criança. Para cada idade
existe um objeto adequado para ser usado; o que não podemos é privar a criança
de aprendizagens importantes para o seu crescimento saudável.
Escolher roupas com três anos de
idade, às vezes os adultos acham que a criança não sabe combinar, que está frio
e a criança não quer o agasalho... que tem determinadas roupas para cada
ocasião e que, por isto, ela não pode escolher com tão pouca idade. Será que
não podem mesmo escolher, negociar, ou os pais acham que precisam dominar tudo
e adestrar a criança do jeito que eles julgam certos, e que a criança tem que
ter submissão a tudo? Na vida adulta precisamos escolher o que é certo ou
errado para cada um de nós e, se não aprendermos isto quando crianças, quando
iremos aprender? O mesmo comentário serve para a escolha de alimentos: quando
vamos a um restaurante precisamos saber o que queremos comer, então, porque não
podemos fazer isto em casa também? Às vezes fico pensando que muitos conflitos
poderiam ser evitados se entendêssemos o funcionamento da vida de adultos e compreendêssemos
que é na infância que se aprende. Com paciência teríamos todos uma vida melhor!
É uma pena que muitos adultos fazem de suas vidas com a as crianças um
verdadeiro terror e inferno e acham que a culpa é das pequenas! Precisamos nos lembrar, sempre, que eles não
nasceram sabendo, mas que aprenderam, um dia, com alguém, a serem assim: com
quem será?
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