Estava em casa de uma amiga, que
tem uma filha de 10 anos, a qual passou para o Ensino Fundamental II, neste ano
de 2016. E eu estava conversando com ambas (mãe e filha) quando a menina
comentou comigo que ela precisava muito comprar uma mochila de uma marca X para
levar à escola quando começassem as aulas. Ela me disse assim: “Vanda eu tenho
uma mochila desta marca, novinha, que minha mãe comprou em fevereiro de 2015...”
e me mostrou a mochila que, realmente, estava novinha porque a mochila é de
marca boa e durável. Pois bem, continuando a história, ela me disse que sua
professora da 4ª série disse a todos que trocassem a mochila de rodinhas para outra,
de levar nas costas, porque os alunos das salas mais adiantadas que elas iriam “tirar
sarro” dos pequenos se eles continuassem a levar a mochila de rodinhas.
Achei isto um absurdo, e
questionei-a de várias formas; ela me disse que estudava à tarde, e que neste
novo ano letivo passaria a estudar de manhã, junto com os alunos do Ensino
Médio. Disse, também, que a professora fez alguns comentários em sua sala para
que os alunos pudessem se adaptar melhor a esse novo ciclo. Aí ela nos disse
que uma das coisas que ela estava sentindo medo era de ser ridicularizada pelo
fato de ter mochila de rodinhas. Perguntei-lhe quanto ─ mais ou menos ─ custava
a mochila que ela queria ter, e ela me respondeu que era em torno de 600 reais!
Levei um susto com o preço, e depois fui conferir nas lojas e constatei que o
preço era este mesmo.
Fiquei pensando: como é que uma
escola, que prega sobre o bom desenvolvimento da formação humana, pode permitir
que alunos mais velhos ridicularizem os mais novos, ainda mais quando se trata
do fator consumismo, valores monetários sobre produtos... E achei ainda mais
absurdo a professora reforçar isso com os alunos, como se o rito de passagem,
de um nível escolar para o outro dependesse de critérios financeiros. Fiquei
estarrecida porque esta garota não fala outra coisa, e está com medo de ir de
manhã, à escola, e ser chamada de bebezinha só porque carrega uma mochila de
rodinhas.
Quanto consumismo, quanta falta
de respeito, e pior: em vez de conversar com os mais velhos para conviverem
melhor entre si, para receberem os novos alunos (novos nos dois sentidos),
acabam reforçando um tipo de comportamento que de educativo não tem nada! Um
comportamento que amedronta, que exclui, segrega e rotula! Que sociedade
estamos formando? Se esta aluna já está sentido insegurança por ter que mudar
de período, acordar cedo, ter diversos professores e matérias diferentes... enfim,
todas as mudanças compatíveis com o momento, por que a escola reforça esse tipo
de comportamento e de atitude? Além do mais, a mochila com rodinha é mais
saudável para a coluna, principalmente com tanto material que se faz necessário
carregar para ir à escola, hoje em dia!
Bom, diante do discurso feito
pela filha, a mãe, que não quer que a filha sofra discriminação, ou que seja
motivo de chacota e de risos, irá comprar a tal mochila, pensando em atender à
necessidade de adaptação de sua filha, principalmente por não querer ─ claro! ─
que a menina sofra bullying por parte
dos grandes. Pode isto? E estamos falando em Educação!
De fato um absurdo esse consumismo e pensar que esse educador é um educador, me preocupa demais essa situação,gostei da matéria de hoje,e muito bem formulado onde nos coloca á pensar sobre o queremos como educador e pais.
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