Muitas vezes pensamos na educação
como uma maneira de verdadeiramente formar alguém, de modo a que o conhecimento
adquirido ─ seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Superior ─ represente algo
significativo, verdadeiro e que agregue condições reflexivas para se pensar
sobre a realidade, as culturas, as pessoas...
Vou contar um breve relato que
vivenciei em outubro do ano passado, quando visitei escolas em Portugal:
cheguei toda empolgada para contar para minhas alunas do curso de Pedagogia o
que tinha visto, como era o sistema público de ensino, da Educação Infantil até
o nosso Ensino Médio, enfim... Levei um banho de água fria quando uma aluna me
perguntou se aquele conteúdo cairia na prova e que, se caso se ela faltasse, se
iria ficar com falta. Na hora fiquei
indignada com tamanha estranheza por alguém do curso de Pedagogia não querer conhecer
sobre outras culturas educacionais, principalmente por uma cultura que tem
muito a ver com a nossa história!
No entanto, depois acabei
refletindo, e constatei que esta e outras alunas do curso não conhecem direito
nem a cidade onde vivem, e nem como funciona o sistema educacional do Brasil...
trabalham arduamente durante o dia e estudam à noite, a maior parte delas têm
marido e filhos pequenos... então, por que se interessariam por algo fora de
sua realidade, por algo que é impossível de ser alcançado devido à condição
material atual de um aluno de curso noturno e trabalhador, que mal consegue
pagar pelas cópias das apostilas solicitadas pelas disciplinas que está
cursando, ou mesmo pelas passagens de ônibus para ir à faculdade?
Percebi o quanto o que eu queria
trazer como relato de uma experiência vivida por mim seria algo extremamente
distante para ela, porque o mais importante naquele momento ─ infelizmente ─ era conseguir dar conta de
estar presente nas aulas e de conseguir fazer as provas! Refleti que o erro foi meu de querer que ela e
outras alunas conhecessem outras culturas educacionais, mas que isso só lhes
serviria de informação! No meu caso, entretanto, ter ido estudar, na prática,
por meio da experiência outro modelo de ensino, fez e faz todo sentido para
aquilo que quero alcançar em minha vida profissional! Para mim, tudo o que vi
acabou se transformando em conhecimento para a minha vida e, para ela, toda a
narrativa serviria somente de informação.
Espero que um dia possamos ter,
nos cursos de formação de professores, mais tempo para realizar experiências
concretas de conhecimento. As alunas, futuras professoras, merecem isso!
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