quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Sofá branco: Tenho pavor!

Esta história parte de uma amiga e aconteceu há  mais de 20 anos, mas acho prudente contá-la para que vocês possam avaliar o que pode causar, na mente de alguém, quando uma mãe é controladora e valoriza mais  os objetos do que a filha em si. Bem ela é a primeira filha, sua mãe sempre lhe exigiu demais,  cobrando de uma criança o “ser adulto”, sem ensinar o certo e o errado. Pois bem: em sua casa de infância  tinha um sofá grande, de courino branco. Sua mãe não deixava que este fosse usado pelas crianças, com receio de que o sofá ficasse sujo ou viesse a ser rasgado, porque  “o que as visitas iriam pensar da casa dela caso o sofá não estivesse intacto”? Porém, esta minha amiga me relatou que sua irmã mais nova comia bolacha, sentava e pulava no sofá quando sua mãe não estava... e que quando ela chegava e via o sofá todo sujo, ela perguntava o que aconteceu e a irmã mais nova jogava a culpa toda na mais velha, sempre! Sua mãe, sem pensar duas vezes e sem apurar os fatos, acreditava na irmã mais nova que, segundo minha amiga, era a protegida porque apresentava problemas cerebrais desde pequena; como consequência de encontrar o sofá do jeito que não queria, a mãe batia muito nesta minha amiga, a filha mais velha. Hoje em dia, elas não possuem mais nenhum tipo de relacionamento mãe e filha. Minha amiga me disse que não suporta nem ao menos ver este tipo de sofá ─ seja onde for, na casa de alguém, em lojas, escritórios ─ pois se lembra das cenas do quanto apanhava de sua mãe quando pequena, em nome do sofá branco da sala de visitas!

Vamos às considerações... Primeiro: que não devemos acreditar piamente no que as crianças dizem, sem antes estar presente ou constatar os fatos. Segundo: o que importa um sofá rasgado ou sujo...  será que é melhor um relacionamento verdadeiro e cordial para sempre ou um sofá impecável para fazer bonito para as visitas?  Se o sofá é mais importante que os valores e laços familiares, penso  que esta mãe precisaria, naquela época e,  com urgência, de um tratamento psicológico.


Quantas pessoas não passam ou passaram pela mesma situação ou por algo parecido? Quantos traumas poderiam ter sido evitados, quantas oportunidades de estarem juntas, de se amarem perderam-se por causa de um objeto? Quanta vida deixou de ser vivida intensamente e de forma saudável por causa de uma grade besteira? Pior, ainda, por causa de futilidades...

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