Esta
história parte de uma amiga e aconteceu há
mais de 20 anos, mas acho prudente contá-la para que vocês possam
avaliar o que pode causar, na mente de alguém, quando uma mãe é controladora e
valoriza mais os objetos do que a filha
em si. Bem ela é a primeira filha, sua mãe sempre lhe exigiu demais, cobrando de uma criança o “ser adulto”, sem
ensinar o certo e o errado. Pois bem: em sua casa de infância tinha um sofá grande, de courino branco. Sua
mãe não deixava que este fosse usado pelas crianças, com receio de que o sofá
ficasse sujo ou viesse a ser rasgado, porque
“o que as visitas iriam pensar da casa dela caso o sofá não estivesse
intacto”? Porém, esta minha amiga me relatou que sua irmã mais nova comia
bolacha, sentava e pulava no sofá quando sua mãe não estava... e que quando ela
chegava e via o sofá todo sujo, ela perguntava o que aconteceu e a irmã mais
nova jogava a culpa toda na mais velha, sempre! Sua mãe, sem pensar duas vezes
e sem apurar os fatos, acreditava na irmã mais nova que, segundo minha amiga,
era a protegida porque apresentava problemas cerebrais desde pequena; como
consequência de encontrar o sofá do jeito que não queria, a mãe batia muito
nesta minha amiga, a filha mais velha. Hoje em dia, elas não possuem mais
nenhum tipo de relacionamento mãe e filha. Minha amiga me disse que não suporta
nem ao menos ver este tipo de sofá ─ seja onde for, na casa de alguém, em
lojas, escritórios ─ pois se lembra das cenas do quanto apanhava de sua mãe
quando pequena, em nome do sofá branco da sala de visitas!
Vamos
às considerações... Primeiro: que não devemos acreditar piamente no que as
crianças dizem, sem antes estar presente ou constatar os fatos. Segundo: o que
importa um sofá rasgado ou sujo... será
que é melhor um relacionamento verdadeiro e cordial para sempre ou um sofá
impecável para fazer bonito para as visitas?
Se o sofá é mais importante que os valores e laços familiares,
penso que esta mãe precisaria, naquela
época e, com urgência, de um tratamento
psicológico.
Quantas
pessoas não passam ou passaram pela mesma situação ou por algo parecido?
Quantos traumas poderiam ter sido evitados, quantas oportunidades de estarem
juntas, de se amarem perderam-se por causa de um objeto? Quanta vida deixou de
ser vivida intensamente e de forma saudável por causa de uma grade besteira?
Pior, ainda, por causa de futilidades...
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