Estava na fila de uma loja de
departamentos de um shopping, e na minha frente estavam uma mulher, um homem e
um menino de uns 4 anos. Enquanto os pais pagavam a conta, o garoto foi até a
prateleira e pegou um cinto do Homem Aranha. Ele experimentou sozinho e colocou
para os pais pagarem. A mãe logo disse que não iria levar, enquanto o pai não
se manifestou em nada. Nesse momento, o garoto simulou que iria bater na mãe
com o cinto, fazendo isso na frente de todos que estavam naquela fila do caixa,
dentro da loja. Bem, chegando a sua vez de pagar pelas compras feitas, a
senhora colocou sobre o balcão os produtos que havia escolhido e sobre os quais
estaria realizando o pagamento, e o cinto do Homem Aranha ela o manteve dentro
da sacola da loja. Deu uns passos e se
dirigiu para o outro lado do caixa para aguardar o pacote com suas compras. Nesse
momento o filho, dando uma de esperto, pegou o cinto e o colocou junto das
compras no momento em que a mãe se afastava e o pai inseria o cartão de
pagamento na máquina. Ele insistiu com o pai e este, diante da solicitação do
filho, pediu à moça do caixa que colocasse o produto na conta. A mãe, por sua
vez, quando percebeu a manobra do filho e a concordância do marido, ficou
inconformada e disse que aquilo estava errado, que não se poderia dar ao garoto
tudo o que ele queria, que se fosse assim sempre ele acabaria querendo cada vez
mais, enfim, falou e falou, enquanto o pai pouco lhe ouvia; acabou pagando pelo
produto e o menino agradeceu-lhe bastante alegre! Vamos às análises:
Não pode haver discrepância de
atitudes entre pai e mãe ─ principalmente na frente da criança e de pessoas
estranhas ─ porque isso acaba gerando um fator de que um fica como bonzinho e o
outro como o mau. Quando a criança percebe isto, ela tende a se aproveitar dessa
situação para fazer cada vez mais chantagens. O menino ameaçou bater na mãe,
mas não no pai. Por quê? Provavelmente,
porque esse tipo de situação já ocorreu outras vezes: a mãe é a chata e a
castradora, enquanto o pai é o benevolente e generoso.
Não devemos dar tudo o que a
criança quer, principalmente na hora que ela quer. Isso não é educativo, não
auxilia de forma alguma no desenvolvimento da personalidade e da compreensão da
vida social. Afinal, a vida adulta é cheia de limites e de frustrações e as
crianças devem aprender a lidar com isso desde pequenas. Atrás de mim, na fila
daquela loja, estavam duas senhoras conversando e observando a cena que eu
acabo de relatar; nessa conversa eu ouvia o que uma dizia prá outra: “Eu dei
pro meu, quando era pequeno, tudo o que ele queria, cedi a todas as chantagens
que ele me fazia, principalmente porque eu ficava longe dele o dia todo porque
eu trabalhava. Hoje, com 22 anos, eu não consigo mais dar o que ele quer. Mal
consigo pagar a faculdade, mas ele quer trocar de carro, quer roupa de marca,
tênis caro... Nossa! Como eu me arrependo de não ter dado um breque naquele
tempo!”
Então, pais: Nós nunca sabemos como
será o dia de amanhã. Vamos imaginar que o rapaz de 22 anos pudesse ter, ainda,
todas as coisas que o dinheiro pode comprar... mas apaixonou-se loucamente por
uma garota que apenas o quer como um amigo, um colega de faculdade; imaginemos
que essa garota também estivesse apaixonada por outro rapaz, namorando e sendo
feliz. Quem é que vai dar, agora, a esse rapaz que se acostumou a ter tudo o
que queria, a garota pela qual ele está apaixonado? E se ele não a conseguir, o
que fará para lidar com essa frustração, se ele nunca esteve sujeito a isso?
Pois bem: limites se aprendem na
vida, dos zero aos sete anos, principalmente!
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