Uma aluna me contou que todas as
noites encontra com o mesmo rapaz na portaria do prédio onde mora, que ele mexe,
brincando, com sua filha de dois anos e meio, e diz assim batendo na cabecinha
dela: “Boa noite!” A menina, por sua vez, não responde e a mãe acaba ficando sem
graça com o rapaz. Perguntei a ela se a filha sabia o que significava “boa
noite” e ela me respondeu que a garota sabe o que é noite e o que é dia.
Continuei minha indagação: mas ela sabe o que é “boa noite” e “bom dia”? Ela me respondeu que boa e bom ela não sabe.
Pois é: nós, adultos, achamos que as crianças com dois anos e meio sabem tudo e
não é bem assim.
Essa menina, ainda por cima, leva
um tapinha na cabeça todos os dias e deveria responder de maneira educada para este
adulto? É óbvio que ela não deve gostar do tapinha e, além do mais, não
sabe/não entende o que o rapaz lhe está desejando! Para os adultos esta cena é
muito comum, mas para a criança, que não entende nem uma coisa e nem a outra,
com certeza não é!
Imagine você, adulto, levando um
tapinha na cabeça todas as noites de alguém que lhe deseja um boa noite! Vocês não acham que entre o tapa e a frase
tem alguma coisa de antagônico? Fazemos
coisas que até Deus duvida e depois queremos que as crianças sejam educadas em
uma situação como esta! Criança é espontânea e se ela sente que não está bem,
não vai responder, mas como os adultos não sabem o que fazer, esperam que as
crianças sejam gentis com quem lhes dá um tapinha em sua cabeça, à noite, quase
na hora de dormir! Pode isto?
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