Uma professora de ensino
fundamental de 3ª série me fez uma indagação nas redes sociais. Vou explicar o
fato: trata-se de uma aluna que não está conseguindo aprender a ler e a escrever,
embora já esteja na 3ª série. Segundo a professora, naquele momento a menina já
deveria estar lendo e escrevendo, ainda que com certa dificuldade, porque seus
colegas de sala já o sabem. “O que eu faço?”, foi o pedido de socorro desta
professora.
Alguns professores se esquecem de
que quando uma criança apresenta alguma dificuldade em relação à aprendizagem, é
necessário avaliar todos os aspectos e não colocar a culpa sobre a criança. Então,
vamos lá: a terceira série de hoje é a nossa antiga segunda, e aí fico me perguntando
se não estão tentando adiantar demais o processo da alfabetização? Também é
importante saber qual é o método de ensino que está sendo utilizado, como é o
relacionamento da criança com seus colegas e com a professora, como a
professora olha, sente e age com esta menina, enfim, há naturalidade diante
dessa situação, procurando auxiliar, ou ela é tida como uma aluna-problema,
tipo pau-de-enchente, atravancando o desenrolar das aulas? Afinal, ela está
sendo observada com atenção para se localizar o motivo da dificuldade, ou com
relativo desprezo? Vejam quantas questões!
Ainda seguindo com mais questionamentos,
poderíamos perguntar como é que anda o psicológico desta criança, se ela está
passando por algum problema em sua família, se está tudo bem em casa, tanto no
que se refere à alimentação, convivência, afetividade, atenção e interesse...
Levantando as hipóteses de que método
de alfabetização é bem condizente e adequado, que não há conflitos nos
relacionamentos familiares, e que, assim mesmo a dificuldade se mantém, é necessário
encaminhar a um profissional da saúde, para se avaliar as questões dos sentidos
(visão, audição), ou mesmo a um neuropediatra que procurará avaliar os
processos de atenção, concentração, retenção de memória e outros.
Como professores, precisamos
tomar um grande cuidado: nunca devemos mencionar, perto da criança ─ ou de seus
colegas ─ que ela é a única que não sabe nada! Todos nós temos dificuldades e
facilidades em nossas vidas; ninguém sabe tudo. No caso de uma criança com
algum tipo de defasagem na aprendizagem, precisamos considerar que ela precisa
ser analisada de forma correta para não ficar estigmatizada diante de si mesma
e dos colegas. Portanto, prudência é a melhor forma de agir em situações desse
tipo. Você pode construir ou destruir um ser humano, dependendo de suas
atitudes em sala de aula.
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