Por
que é tão importante a primeira infância? Porque este período é a base de
formação do cérebro (cognição) e da autoestima (afeto) de todo ser humano. Os
cuidados devem começar desde o pré-natal porque desde esse período estão se
formando as estruturas mentais que compõem o cérebro de qualquer ser
humano. É na gestação que o cérebro é
formado e as conexões entre as células nervosas são estabelecidas, garantindo a
organização fundamental para comportamentos característicos que virão mais
tarde, como andar, saber se comunicar e se expressar diante das emoções
vivenciadas, aprender a lógica e as operações mentais complexas que compõem o
pensar e o modo de ser da vida adulta,
dentre outros.
Crianças
pouco estimuladas nesta idade ─ de zero
a sete anos ─ podem apresentar dificuldades de aprendizagem e sociabilidade
porque seus cérebros não tiveram a oportunidade de utilizar todo o potencial de
organização de suas redes neurais.
Um
lar saudável e rico de vivências e experimentações, com muito carinho e respeito,
com bons exemplos e uma boa instituição de ensino infantil ─ nos primeiros sete
anos de vida da criança ─ podem fazer diferenças significativas para o
desenvolvimento integral e integrado desta criança em sua vida futura, quando
ela vir a se tornar um adolescente ou um adulto. Não existem crianças que não
aprendem! É preciso se lembrar que cada indivíduo tem o seu ritmo e o seu
processo de aprendizagem. E que o que cada um é, sente e demonstra, acaba sendo
a somatória e os resultados do funcionamento de um sistema nervoso ─
estimulado, ou não ─, junto com a
interação do corpo com o ambiente, ou
seja, dessa criança com o mundo que a
rodeia. Aprendizagem depende de um cérebro em pleno funcionamento,
saudável, rico de experiências positivas, quer seja pelo contato/experiências
com objetos e/ou pessoas que as rodeiam, como de um ambiente rico de respeito,
atenção e bons exemplos de socialização. Só um fator ou outro não é suficiente.
Aprendemos com jogos, brinquedos e brincadeiras, mas também aprendemos sobre o
afeto nas interações entre crianças x crianças e crianças x adultos. Não somos
apenas cognição ou somente afeto! Somos os dois, ao mesmo tempo! As bases de
estruturação e desenvolvimento do cérebro, seja com relação à cognição ou à
afetividade, pertence a esse período da vida da criança, e nós, pais e/ou
educadores, somos os responsáveis pelos fatores que virão na vida adolescente e
adulta de um ser humano. Trata-se de uma grande responsabilidade, além de um
desafio constante e, para que isto aconteça de forma saudável, são necessários
adultos conscientes de seu papel diante desta faixa etária infantil. No
entanto, nem sempre vejo isto acontecer em lares e em instituições de ensino de
que ouço falar ou dos quais, às vezes,
freqüento! É uma pena porque quem tem a perder ─ e muito ─ com isto, são
somente as crianças...
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