Muito se fala na educação infantil de que os professores precisam ensinar as crianças a desenvolverem a autonomia, mas fico me questionando. Damos esta autonomia para os professores no seu trabalho pedagógico, no cotidiano das instituições de ensino ou, muitas vezes, estes profissionais são sujeitos determinados por um sistema educacional que impõe práticas de acordo com o interesse econômico, político e social vigente?
Os espaços e tempos de formação continuada poderiam ser momentos para os professores pensem e repensem “na” e “sobre” sua ação cotidiana, no qual eles possam exprimir suas marcas, sendo autores de sua construção de saberes e fazeres, isto sim seria coerente. Se quisermos que as crianças sejam autoras de suas próprias vidas, os professores também precisam ter esta consciência e prática no seu cotidiano.
A formação continuada também deve ser um lugar de produção, de partilhas, de parceiras, de diálogos entre os profissionais. Não se trata de um horário para discutir tricô ou receitas culinárias, como já vivenciei muita vezes em algumas escolas. Antes, deve ser um tempo para refletir e tomar consciência do seu papel enquanto professor, principalmente levando-se em consideração o produto de seu trabalho, que são as aprendizagens das crianças.
Também poderia ser um tempo em que pais e professores pudessem estar juntos, aprendendo e refletindo sobre a proposta pedagógica, para que não haja discrepância quanto ao que se aprende na família e na escola. Para isto todos precisam estar estudando, revendo seus papeis e atitudes e, principalmente, tendo humildade para entender que ninguém sabe tudo e resolve todos os problemas do cotidiano infantil.
Formação continuada nada mais é do que um espaço e um tempo de aprendizagem. Estudar sempre, este é o lema, pois a sociedade muda e, consequentemente, a educação também entra neste processo de transformação constante. O ontem talvez não sirva mais, o hoje não sabemos com certeza como lidar, e o futuro não temos como prever.
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