terça-feira, 29 de março de 2016

Bexigas em Sequência numérica

Estava lendo e me atualizando com alguns de meus contatos de rede social, quando vi um exercício de matemática que me chamou a atenção. Vou descrevê-lo aqui: Eram desenhos de bexigas numeradas às quais as crianças deveriam colocar seus respectivos números em ordem. Tratava-se de várias sequências nas quais faltavam números e as crianças deveriam preencher o espaço colocando o número que faltava, seguindo a sequência numérica. A princípio, uma atividade interessante, porém, percebi um erro fundamental que preciso alertá-los:

Todas as sequências começavam com o número zero, e a bexiga que vinha, a seguir, trazia um número, a outra trazia outro número, a próxima tinha o espaço do número para ser preenchido... e assim seguia a atividade, esperando que a criança registrasse, no desenho de cada bexiga, a ordem sequencial. E aí é que surgiu o meu espanto: se a criança está aprendendo sequência numérica (ordem) e valores (quantidades) o zero estando assinalado dentro de uma bexiga pode corresponder à primeira bexiga do desenho, assim, a criança poderá colocar o número 1 para a bexiga que contém o número zero e... qual número para a segunda bexiga que vem após o zero? Seria a quarta bexiga, ou o número três, já que o zero não é quantidade? Ou seja: o zero é zero e jamais poderia estar dentro de uma atividade dessa forma, tendo um desenho (de uma bexiga) para representá-lo! Isso porque se a criança fizer como pede a atividade, o um é um e está na segunda bexiga! Dá prá perceber a confusão?


Parece bobagem para nós, adultos, mas os pequenos ainda estão aprendendo. Se quisermos ensinar sequência numérica façamos assim: 0   ----- 2 ----4  sem colocar nada para o zero ─ nenhum desenho, nenhuma representação ─, pois jamais poderíamos representar o zero a partir da inexistência de algo que não está desenhado ou representado, já que o zero é um número que não possui quantidade alguma. Depois que as crianças apresentam dificuldades na aprendizagem numérica, muitos professores acabam dizendo que se trata de um caso de discalculia quando, na verdade, o erro é da professora e de sua atividade “sem noção”. Vejam só!

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