Estava lendo e me atualizando com
alguns de meus contatos de rede social, quando vi um exercício de matemática
que me chamou a atenção. Vou descrevê-lo aqui: Eram desenhos de bexigas
numeradas às quais as crianças deveriam colocar seus respectivos números em
ordem. Tratava-se de várias sequências nas quais faltavam números e as crianças
deveriam preencher o espaço colocando o número que faltava, seguindo a
sequência numérica. A princípio, uma atividade interessante, porém, percebi um
erro fundamental que preciso alertá-los:
Todas as sequências começavam com
o número zero, e a bexiga que vinha, a seguir, trazia um número, a outra trazia
outro número, a próxima tinha o espaço do número para ser preenchido... e assim
seguia a atividade, esperando que a criança registrasse, no desenho de cada
bexiga, a ordem sequencial. E aí é que surgiu o meu espanto: se a criança está
aprendendo sequência numérica (ordem) e valores (quantidades) o zero estando
assinalado dentro de uma bexiga pode corresponder à primeira bexiga do desenho,
assim, a criança poderá colocar o número 1 para a bexiga que contém o número
zero e... qual número para a segunda bexiga que vem após o zero? Seria a quarta
bexiga, ou o número três, já que o zero não é quantidade? Ou seja: o zero é
zero e jamais poderia estar dentro de uma atividade dessa forma, tendo um
desenho (de uma bexiga) para representá-lo! Isso porque se a criança fizer como
pede a atividade, o um é um e está na segunda bexiga! Dá prá perceber a
confusão?
Parece bobagem para nós, adultos,
mas os pequenos ainda estão aprendendo. Se quisermos ensinar sequência numérica
façamos assim: 0 ----- 2 ----4 sem colocar nada para o zero ─ nenhum
desenho, nenhuma representação ─, pois jamais poderíamos representar o zero a
partir da inexistência de algo que não está desenhado ou representado, já que o
zero é um número que não possui quantidade alguma. Depois que as crianças
apresentam dificuldades na aprendizagem numérica, muitos professores acabam
dizendo que se trata de um caso de discalculia quando, na verdade, o erro é da
professora e de sua atividade “sem noção”. Vejam só!
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