Estava conversando com uma
professora de educação infantil que trabalha com crianças de cinco anos de
idade, quando ela me pediu que eu a ajudasse com algumas ideias para montar um
Projeto sobre as olimpíadas com os seus alunos. Perguntei se eles estavam interessados
neste tema, se sabem o que é uma olimpíada, se conhecem a história, a origem,
enfim, quanta coisa tem para se conversar a respeito desse assunto... Ela me respondeu
que não, que não sabia ao certo por onde deveria começar e que por isso mesmo
pensou em um Projeto, “já que em breve teremos as Olimpíadas aqui no Brasil”!
Quero que saibam que, para mim, Projetos
precisam ser feitos a partir do interesse das crianças, ou seja, é preciso que
exista uma situação problema para ser desvendada, que surjam atividades de
pesquisa, de chegada e de conclusões, enfim, Projeto com uma base científica. Então, é preciso deixar claro que o que esta
professora estava fazendo ─ ou pensando em fazer ─não era um Projeto em si, mas
um plano de atividades sobre um determinado assunto. Não está errado montar
atividades desta natureza, mas o que me incomoda é a falta de entendimento do
que realmente seja um Projeto, que tem a sua gênese pela Metodologia da Escola
Nova, segundo John Dewey.
Mais uma vez vejo que os
professores estão fazendo equivocadamente atividades e denominando-as de Projetos.
Projetos são para que as crianças possam ter liberdade e curiosidade na escolha
do tema, que saibam montar a pergunta-problema para ser investigada, que
procurem levantar hipóteses e que possam desenvolver atividades de pesquisa em
livros, revistas, internet. Além disso, que sejam capazes de fazer
experimentações ─ se for o caso ─ e de responder à pergunta-problema com
propriedades científicas.
Por exemplo: o tema a ser
investigado será Tartaruga, então, o problema a ser investigado é Tartaruga: onde
elas vivem, qual é o seu habitat, como se alimentam, procriam e sobrevivem? As
hipóteses a serem investigadas: dependem do ambiente para a sua sobrevivência,
ou independe se elas vivem na água, na terra ou nos dois? Pesquisar em livros,
ir até um zoológico, conversar com biólogos, enfim, o que tiver ao alcance das
crianças deve ser explorado e conhecido. Depois disso, devem compartilhar sobre
as conclusões às quais chegaram e se, ao final de tudo, quiserem escrever sobre
o assunto, eles podem relatar como conseguiram desenvolver o Projeto, desde o
começo até a chegada da conclusão. Isto é um Projeto de verdade, um despertar
para a pesquisa científica, e não meras atividades pré-determinadas a respeito
de um tema levantado pela professora e sem a participação das crianças. Isso
porque, quando as crianças fazem um Projeto no verdadeiro sentido da palavra, elas
desenvolvem o seu pensamento científico desde pequenos. Assim, quando precisarem
fazer um TCC, ou até mesmo um Projeto de Iniciação Científica, elas saberão
montar com facilidade porque já têm, dentro de si, a familiaridade com a
estrutura.
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