quarta-feira, 23 de março de 2016

Nova base curricular para o ensino fundamental no Brasil

Está sendo realizada, em nível nacional, uma discussão sobre uma reforma no currículo da base curricular comum para todo o território nacional. Isso tem gerado inúmeras discussões em todos os âmbitos, do governo às entidades civis. Alguns conteúdos que faziam parte do currículo comum estão sendo deixado de lado e outros, novos, estão sendo colocados. A discussão gira principalmente em torno de História e Literatura. Querem retirar história da humanidade e colocar a história indígena e afro-brasileira.

Toda esta discussão gira em torno da qualidade de ensino, porém, para mim, qualidade requer mais do que simplesmente troca de conteúdos. Precisamos equipar nossas escolas em todos os sentidos, laboratórios de geografia, de história, de matemática, de língua portuguesa, de educação física. No meu entendimento, todas as disciplinas deveriam ter a mesma quantidade de carga horária distribuídas durante a semana, em tempo integral, mas isto não acontece! Geralmente os currículos propõem mais aulas de português e matemática em detrimento de outras disciplinas. Não há exercício de democracia nem mesmo na quantidade de aulas dadas. Assim sendo, se há um privilegio em detrimento de outras, no meu conceito isto é propor uma desigualdade já na escola fundamental.

Viajando para Portugal, no ano passado, achei muito interessante a divisão que fazem no que corresponde ao nosso ensino fundamental: eles estudam Português, Matemática e Estudo do Meio (geografia, ciências e história), além de terem aula de Inglês, desde a primeira série do ensino fundamental; mas essas aulas não eram chatas “to be or note to be”, mas sim aprendiam a língua conversando com a professora em inglês. Isto na escola pública. Estamos longe de resolver nossos problemas educacionais, mas, para mim, o que precisamos fazer não é alterar currículo, mas sim a forma como este é trabalhado em sala de aula. Aprendizagem pela experiência é bem mais rica a partir de uma metodologia que precisa ser desenvolvida baseada no real, no concreto, no que existe de fato. Por exemplo, aprender erosão num terreno de erosão e não por meio de desenhos sem sentido algum. Ver um filme sobre erosão, mas principalmente saber combatê-la para preservação da natureza. Assim, quando se estudar o tema “Erosão”, pode-se estudar geografia, história e ciências ao mesmo tempo, ou seja, estudando o meio dentro de uma realidade na qual vivemos. Como assim? O espaço da erosão é geografia, a ação do homem naquela terra e a sua utilização para sobrevivência é história; e a forma como combatê-la é ciências. Além disto, se lermos e interpretarmos algum texto sobre o assunto é língua portuguesa; e o tamanho da erosão é matemática. Este tema proporciona atividades interdisciplinares de forma real. Agora, ele também pode ser dado sem sentido algum dentro de um texto pronto, no qual as crianças apenas respondem às questões e pintam ─ no máximo ─ um desenho sem sentido! Dá para comparar?


Então, tudo depende de como o professor trabalha os temas do currículo! Para mim, esta discussão deveria ser em como trabalhar de forma atual os conteúdos que precisam ser aprendidos, de maneira a proporcionar aprendizagens e conhecimento de fato, possibilitando aos alunos aplicarem, depois, em sua prática diária o conhecimento adquirido, caso necessitem. Aprendizagem pela experiência é unir a aprendizagem escolar com a realidade na qual se vive!  

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