quinta-feira, 31 de março de 2016

Tire o exemplo da cartola!

Outro dia encontrei uma amiga, antiga colega de faculdade, dentro de uma livraria. Essa amiga me apresentou sua sobrinha, que tem um filho único de quatro anos e que mora sozinha com ele, sem o pai da criança, desde que o menino tinha poucos meses. Depois de nos atualizarmos rapidamente sobre nossas vidas, minha amiga foi logo abrindo o jogo diante da sobrinha, me perguntando o que eu poderia dizer para aquela mãe nova (de idade e de maternidade) sobre o que fazer para que seu filho se alimentasse direito. Segundo ela, já fez de tudo! Disse que o menino não come nem doces, nem bolachas ─ coisas que poderiam cortar o seu apetite ─ que acaba comendo arroz puro, na hora do almoço, sem absolutamente nada para acompanhar, e que esse é o seu único alimento sólido! Disse que ele se recusava a comer, inclusive, em festinhas de aniversário, que de fruta ele só aceita uma banana à tarde, que não janta e que depois toma leite ─ na mamadeira ─ antes de dormir. A mãe disse que já tinha feito de tudo, que o pediatra dizia que era para ela ir tentando, estimulando... mas que ela não sabia mais o que fazer porque estava preocupada com a saúde do filho, enfim, crise total!

Fui perguntando algumas coisas sobre a rotina dos dois, a escola, o trabalho da mãe. Fui procurando entender algumas coisas. Pois bem, não vou repetir nossos diálogos e sondagens para não ficar muito extenso esse texto porque o que importa é o final e não o percurso de como chegamos ao ponto: o menino foi alimentado com papinha até os dois anos de idade porque ela tinha uma boa empregada e pedia que ela fizesse a alimentação do menino com bastante variedade de alimentos, mas tudo passado no liquidificador porque a mãe tinha medo que a criança engasgasse. Vejam só! Aos dois anos e meio, eles viajaram para casa de uns parentes que tinham crianças mais ou menos nessa faixa etária e ali ninguém comia papinha mais. Ela disse que a impressão que deu é que o menino ficou com nojo de mastigar e muito incomodado com aqueles pedacinhos e grãozinhos dentro de sua boca. Que desde então, ele não comeu mais e ela achou que isso passaria logo; ao mesmo tempo, ela não quis mais dar papinha porque ele já estava em outra idade. Colocou o filho em uma escola em período integral, mas ali também ele só come arroz e se estiver misturado com alguma coisa ele não come nada!

Outro ponto, quando perguntei à mãe sobre a alimentação dela: faz dieta, eliminou glúten, carnes, frituras, derivados de leite, etc, etc... e seu almoço e jantar ficam em potes congelados ─ no freezer ─ que lhe são enviados semanalmente por uma empório de alimentação vegana e orgânica.


Vamos lá, mães! A criança não sente cheiro de alimento sendo preparado em casa, não vê a mãe comendo arroz, feijão, bife, salada, legumes... tudo quentinho, perfumado e feito em casa... e tem que aprender a comer como? Acho que esse texto já traz, em si, as reflexões pertinentes: faça o que eu quero, mas tire o exemplo da cartola!

Nenhum comentário:

Postar um comentário