Outro
dia encontrei uma amiga, antiga colega de faculdade, dentro de uma livraria.
Essa amiga me apresentou sua sobrinha, que tem um filho único de quatro anos e
que mora sozinha com ele, sem o pai da criança, desde que o menino tinha poucos
meses. Depois de nos atualizarmos rapidamente sobre nossas vidas, minha amiga
foi logo abrindo o jogo diante da sobrinha, me perguntando o que eu poderia
dizer para aquela mãe nova (de idade e de maternidade) sobre o que fazer para
que seu filho se alimentasse direito. Segundo ela, já fez de tudo! Disse que o
menino não come nem doces, nem bolachas ─ coisas que poderiam cortar o seu
apetite ─ que acaba comendo arroz puro, na hora do almoço, sem absolutamente
nada para acompanhar, e que esse é o seu único alimento sólido! Disse que ele
se recusava a comer, inclusive, em festinhas de aniversário, que de fruta ele
só aceita uma banana à tarde, que não janta e que depois toma leite ─ na
mamadeira ─ antes de dormir. A mãe disse que já tinha feito de tudo, que o
pediatra dizia que era para ela ir tentando, estimulando... mas que ela não
sabia mais o que fazer porque estava preocupada com a saúde do filho, enfim,
crise total!
Fui
perguntando algumas coisas sobre a rotina dos dois, a escola, o trabalho da
mãe. Fui procurando entender algumas coisas. Pois bem, não vou repetir nossos
diálogos e sondagens para não ficar muito extenso esse texto porque o que
importa é o final e não o percurso de como chegamos ao ponto: o menino foi
alimentado com papinha até os dois anos de idade porque ela tinha uma boa
empregada e pedia que ela fizesse a alimentação do menino com bastante
variedade de alimentos, mas tudo passado no liquidificador porque a mãe tinha
medo que a criança engasgasse. Vejam só! Aos dois anos e meio, eles viajaram
para casa de uns parentes que tinham crianças mais ou menos nessa faixa etária
e ali ninguém comia papinha mais. Ela disse que a impressão que deu é que o
menino ficou com nojo de mastigar e muito incomodado com aqueles pedacinhos e
grãozinhos dentro de sua boca. Que desde então, ele não comeu mais e ela achou
que isso passaria logo; ao mesmo tempo, ela não quis mais dar papinha porque
ele já estava em outra idade. Colocou o filho em uma escola em período
integral, mas ali também ele só come arroz e se estiver misturado com alguma
coisa ele não come nada!
Outro
ponto, quando perguntei à mãe sobre a alimentação dela: faz dieta, eliminou
glúten, carnes, frituras, derivados de leite, etc, etc... e seu almoço e jantar
ficam em potes congelados ─ no freezer ─ que lhe são enviados semanalmente por
uma empório de alimentação vegana e orgânica.
Vamos
lá, mães! A criança não sente cheiro de alimento sendo preparado em casa, não
vê a mãe comendo arroz, feijão, bife, salada, legumes... tudo quentinho,
perfumado e feito em casa... e tem que aprender a comer como? Acho que esse
texto já traz, em si, as reflexões pertinentes: faça o que eu quero, mas tire o
exemplo da cartola!
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