sexta-feira, 18 de março de 2016

Horário do recreio: pura diversão e aprendizados

Estava conversando com algumas alunas do curso de Pedagogia que estão realizando estágios na educação infantil e no ensino fundamental. Elas me relatavam como era o horário do recreio em diferentes escolas públicas da cidade de Campinas. Algumas diziam que as crianças corriam tanto e que, algumas vezes, acabavam brigando; que em alguns momentos havia disputas entre os grupos de liderança da escola para baterem em outras crianças... imaginem só! Essas estagiárias diziam achar um absurdo isso tudo, até porque apenas um inspetor não dá conta de toda aquela criançada.

Outra aluna nos relatou algo totalmente diferente dessa escola: lá onde ela estava realizando o estágio, a direção é totalmente presente em todos os momentos da escola; existem câmeras nas salas de aula, nos corredores e no pátio; porém, além das câmeras, ficavam espalhados pelo chão da escola materiais como: bambolês, cordas, bola de plástico, e alguns jogos de entretenimento. Assim sendo, nessa escola as crianças realmente usavam esses objetos para brincarem entre si, e aquelas que não queriam brincar podiam pegar livros para ler. Quando indagada se as crianças não corriam ou brigavam entre si, ela nos disse que não, pois sabiam que estavam sendo vigiadas e que sofreriam represálias, caso houvesse algo fora do corriqueiro. Além disto, a aluna observou que as crianças daquela escola possuem muitas alternativas para brincarem, portanto, não havia por que brigar.

Pois bem, cabe a nós, diante desses dois exemplos, nos lembrarmos daquele ditado popular que diz “mente vazia, oficina do diabo”, ou seja, quando as crianças ficam desocupadas e, diante do seu desenvolvimento normal e biológico sentem necessidade de atividade física ou mesmo de um pouquinho de adrenalina; se elas não tiverem com o que se ocupar, com certeza irão procurar por algo, seja correr e brigar, seja demonstrar liderança por meio da força física, das gangues e também do próprio bulling! 


Além disso, podemos verificar o quanto a gestão, nesses dois casos, age de forma diferente: aquela que não parece ligar para os alunos acaba deixando que eles fiquem desocupados demais; já a outra, ao proporcionar opções para seus alunos no horário do recreio, parece compreender o quanto os jogos e as atividades físicas e lúdicas preenchem o vazio, possibilitando que haja o compartilhar entre as atividades propostas livremente! Pois bem: quando oferecemos opções de brincadeiras, as crianças brincam e não brigam porque estão ocupadas com situações de entretenimento e diversão. Elas adoram se divertir, se sentir atuantes realizando algo que tem a ver com sua idade, com sua necessidade biológica e social. Que tal em todas as nossas escolas o horário do recreio ser pensado de forma a proporcionar aprendizagens afetivas, cognitivas e sociais?

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