Estava conversando com algumas
alunas do curso de Pedagogia que estão realizando estágios na educação infantil
e no ensino fundamental. Elas me relatavam como era o horário do recreio em
diferentes escolas públicas da cidade de Campinas. Algumas diziam que as
crianças corriam tanto e que, algumas vezes, acabavam brigando; que em alguns
momentos havia disputas entre os grupos de liderança da escola para baterem em
outras crianças... imaginem só! Essas estagiárias diziam achar um absurdo isso
tudo, até porque apenas um inspetor não dá conta de toda aquela criançada.
Outra aluna nos relatou algo
totalmente diferente dessa escola: lá onde ela estava realizando o estágio, a
direção é totalmente presente em todos os momentos da escola; existem câmeras
nas salas de aula, nos corredores e no pátio; porém, além das câmeras, ficavam espalhados
pelo chão da escola materiais como: bambolês, cordas, bola de plástico, e
alguns jogos de entretenimento. Assim sendo, nessa escola as crianças realmente
usavam esses objetos para brincarem entre si, e aquelas que não queriam brincar
podiam pegar livros para ler. Quando indagada se as crianças não corriam ou
brigavam entre si, ela nos disse que não, pois sabiam que estavam sendo vigiadas
e que sofreriam represálias, caso houvesse algo fora do corriqueiro. Além
disto, a aluna observou que as crianças daquela escola possuem muitas
alternativas para brincarem, portanto, não havia por que brigar.
Pois bem, cabe a nós, diante
desses dois exemplos, nos lembrarmos daquele ditado popular que diz “mente
vazia, oficina do diabo”, ou seja, quando as crianças ficam desocupadas e,
diante do seu desenvolvimento normal e biológico sentem necessidade de atividade
física ou mesmo de um pouquinho de adrenalina; se elas não tiverem com o que se
ocupar, com certeza irão procurar por algo, seja correr e brigar, seja
demonstrar liderança por meio da força física, das gangues e também do próprio
bulling!
Além disso, podemos verificar o
quanto a gestão, nesses dois casos, age de forma diferente: aquela que não
parece ligar para os alunos acaba deixando que eles fiquem desocupados demais; já
a outra, ao proporcionar opções para seus alunos no horário do recreio, parece
compreender o quanto os jogos e as atividades físicas e lúdicas preenchem o
vazio, possibilitando que haja o compartilhar entre as atividades propostas
livremente! Pois bem: quando oferecemos opções de brincadeiras, as crianças
brincam e não brigam porque estão ocupadas com situações de entretenimento e
diversão. Elas adoram se divertir, se sentir atuantes realizando algo que tem a
ver com sua idade, com sua necessidade biológica e social. Que tal em todas as
nossas escolas o horário do recreio ser pensado de forma a proporcionar aprendizagens
afetivas, cognitivas e sociais?
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