Estava
dando uma aula de pós-graduação em uma cidade do interior do Estado de São
Paulo (não vou revelar nomes aqui por questões éticas), em cujo prédio fica
alocada, durante os dias de semana, uma escola de Ensino Fundamental. A minha
turma do curso estava em uma sala destinada à alfabetização, ou seja, acredito
que se tratava de um primeiro ano, pois, nas
paredes havia o alfabeto de um lado, números de outro e, embaixo, um
varal com atividades das crianças. Vamos às reflexões por partes...
As
letras do alfabeto estavam coladas na parede e eram de E.V.A., em três cores:
amarelo, rosa e azul; essas letras eram apenas em letra de forma maiúscula,
dispostas em uma altura consideravelmente fora do olhar das crianças que ali se
sentam e, além disso, em linha reta; os números também eram de E.V.A.,
coloridos, e tinham duas cores iguais às do alfabeto; para piorar a situação, os números estavam
dispostos um para cima, dois para baixo e o número dez estava até torto; também
havia números colados na porta do armário, bem no alto.
Vejam
só: as crianças que se sentam mais na frente não conseguem visualizar todos os
números e as letras do alfabeto; além disso, se elas estão no primeiro ano, é
sinal de que possuem 6 anos e, provavelmente, nem todas conhecem os números,
embora eles estivessem dispostos pela parede ─ não em linha horizontal ─ sem nenhuma
menção relativa à quantidade e, ainda por cima, com as cores iguais às letras
do alfabeto. Então, se as, crianças precisam aprender a identificar a diferença
entre letras e números, da forma como esses importantes registros estavam
dispostos pela parede da sala, nada sugeria que se tratava de um bom auxílio
para a aprendizagem, ao contrário! Estava mais para complicar do que para
auxiliar!
Qual
é a forma correta, então? Vamos lá: alfabeto completo (maiúscula e minúscula,
de forma e cursiva), com alguma referência significativa para as crianças, por
exemplo, A de Aline (aluna da sala), e os números, com desenhos ou imagens
relativas à quantidade que cada um expressa; importante, também, é que o nome
do número esteja escrito. Além disso, tanto letras como números devem estar
relativamente baixos na parede, para que todos possam visualizar e consultar
quando houver atividades próprias. Letras com uma cor e números com outra, ou
seja, se for azul o alfabeto, ele deverá ser todo azul, e não uma letra de cada
cor. Quanto aos números, estes também deverão ser de uma só cor, diferente da
cor utilizada para as letras. Pois bem:
organização é tudo!
Vejam
que organização é tudo! Quando as crianças aparecem, depois, com dificuldades
de organização na escrita, muitos professores acabam colocando a culpa em “n”
fatores psico-sociais e acabam se esquecendo de ver como é que foi o começo do
processo de apropriação da escrita. Lembrem-se de que o começo de tudo é
fundamental para que a criança se situe nesse mundo da escrita numérica e
alfabética!
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