quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Você sujou a parede! Pode limpar agora!

Uma menina de 4 anos sujou a parede com canetinhas esferográficas coloridas; desenhou, ou melhor, rabiscou e disse toda feliz para sua mãe: “desenhei você e o papai!”  Quando a mãe viu o que ela tinha feito na parede, não pensou duas vezes: deu uma bronca, colocou-a de castigo e verbalizou em tom áspero o quanto ela tinha ficado irritada com aquele desenho! Pior ainda, disse que ela tinha rabiscado na parede limpa, e que nem parecia um desenho de fato. Quanta ignorância desta mãe!

O que é mais importante? Uma parede, ou a espontaneidade da manifestação artística despontando? Crianças rabiscam, sim, paredes, sofás, portas... mas precisam ser educadas para riscarem somente papel, ou o espaço que lhes for determinado. Se elas não sabem que não podem e fazem sem causa, nesta hora é melhor respirar fundo umas 3 vezes e, se isto te afetou tanto assim, conte até 10. Quando conseguir se acalmar, converse com calma sobre o ocorrido, mostre para a criança que paredes não se riscam e que elas servem para pendurar quadros. Peguem uma esponja de limpeza junto com elas, esfreguem e limpem a parede! Em seguida, deem uma folha de papel e peçam para que ela desenhe ali, naquele espaço, o papai e a mamãe! Estimulem o desenho feito no papel, incentivem o ato criativo sem podar ou adestrar... mas ensinem onde ele pode ocorrer, contem sobre a vida de algum pintor...que tal comprar uma tela e pedir que façam o desenho nela, que depois pintem desse desenho... porque assim vocês terão uma lembrança desta fase sempre presente!


Quantos e quantos Picassos, Van Goghs, Chagalls, Salvador Dalis,  Redons, Monets podem estar dentro de sua casa se desenvolvendo se não forem podados quando se expressarem na infância?  Uma parede é só uma parede, mas um processo de criação não é só um processo de criação! Ele envolve mecanismos cerebrais importantíssimos que estão sendo utilizados e desenvolvidos. Criança tem que ter limite, tem sim, mas tem que entender estes limites e, para isto, é necessário muito diálogo, muita conversa e muito entendimento. Para entender algo é preciso que se explique com calma e não com raiva, xingamentos e broncas. É importante lembrar que quando uma criança fica emocionalmente abalada por questões de raiva ela poderá bloquear toda a sua expressão e, em vez de um futuro Picasso você poderá ter, em sua família, uma pessoa frustrada e derrotada. A escolha é sua: falar com calma, ou xingar? Desenvolver talentos, ou bloquear? 

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