Uma
menina de 4 anos sujou a parede com canetinhas esferográficas coloridas;
desenhou, ou melhor, rabiscou e disse toda feliz para sua mãe: “desenhei você e
o papai!” Quando a mãe viu o que ela
tinha feito na parede, não pensou duas vezes: deu uma bronca, colocou-a de
castigo e verbalizou em tom áspero o quanto ela tinha ficado irritada com
aquele desenho! Pior ainda, disse que ela tinha rabiscado na parede limpa, e
que nem parecia um desenho de fato. Quanta ignorância desta mãe!
O
que é mais importante? Uma parede, ou a espontaneidade da manifestação
artística despontando? Crianças rabiscam, sim, paredes, sofás, portas... mas
precisam ser educadas para riscarem somente papel, ou o espaço que lhes for
determinado. Se elas não sabem que não podem e fazem sem causa, nesta hora é
melhor respirar fundo umas 3 vezes e, se isto te afetou tanto assim, conte até
10. Quando conseguir se acalmar, converse com calma sobre o ocorrido, mostre
para a criança que paredes não se riscam e que elas servem para pendurar
quadros. Peguem uma esponja de limpeza junto com elas, esfreguem e limpem a
parede! Em seguida, deem uma folha de papel e peçam para que ela desenhe ali,
naquele espaço, o papai e a mamãe! Estimulem o desenho feito no papel, incentivem
o ato criativo sem podar ou adestrar... mas ensinem onde ele pode ocorrer,
contem sobre a vida de algum pintor...que tal comprar uma tela e pedir que
façam o desenho nela, que depois pintem desse desenho... porque assim vocês
terão uma lembrança desta fase sempre presente!
Quantos
e quantos Picassos, Van Goghs, Chagalls, Salvador Dalis, Redons, Monets podem estar dentro de sua casa
se desenvolvendo se não forem podados quando se expressarem na infância? Uma parede é só uma parede, mas um processo
de criação não é só um processo de criação! Ele envolve mecanismos cerebrais
importantíssimos que estão sendo utilizados e desenvolvidos. Criança tem que
ter limite, tem sim, mas tem que entender estes limites e, para isto, é
necessário muito diálogo, muita conversa e muito entendimento. Para entender
algo é preciso que se explique com calma e não com raiva, xingamentos e
broncas. É importante lembrar que quando uma criança fica emocionalmente
abalada por questões de raiva ela poderá bloquear toda a sua expressão e, em
vez de um futuro Picasso você poderá ter, em sua família, uma pessoa frustrada
e derrotada. A escolha é sua: falar com calma, ou xingar? Desenvolver talentos,
ou bloquear?
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